Estava em um sono profundo, mas o interfone interrompeu esse meu momento. Levantei ainda meio sonolenta, mas quando ouvi o que o porteiro me dissera minha expressão havia mudado imediatamente. Alguém havia deixado uma carta para mim. Nessa hora, só passou pela minha cabeça que Sasuke me mandara uma carta com noticias. Mas, me enganei. Era uma carta de um admirador secreto.

“Seu perfume e a cor dos seus olhos são como uma droga para mim. Cada vez que a vejo minha vontade é de beijá – la,mas não posso,porque você não pensa em mim. Espero que agora você possa pensar em  mim mais vezes. ”

Assinado – Seu admirador secreto. 

Eu tenho um admirador secreto? Hmm, eu não sabia que eu era tão bonita assim. Um admirador secreto? Quem diria, hein?

Ao terminar de ler, coloquei uma roupa e desci. Perguntei ao porteiro quem deixara aquela carta, e ele dissera que fora um homem misterioso.

Eu fiquei intrigada, claro. Mas, depois eu só pensei em ir às compras – sozinha. Ir ao shopping em plena sexta – feira não me parecia tão divertido assim, mas mesmo assim não mudei de idéia. Poderia ser coincidência ou o acaso, mas acho que foi mesmo o destino. 

– Uchiha Itachi – murmurei.

Não podia imaginar que ele viria me cumprimentar, coloquei um sorrido meio forçado no rosto e o esperei chegar.

– Você é... Haruno Saku...

Meu nome parecia ter travado na hora da pronuncia, mas com paciência, eu tornei a esperá – lo falar.

– Você é... Haruno Saku... Sakuru – Meu nome é SAKURA – Interrompi dando ênfase ao “Sakura”.

– É mesmo. Tinha me esquecido – Debochou.

– Eu não devia esperar menos de um Uchiha. Agora, eu me pergunto o que você faz aqui, porque não tem cabimento um dos Uchihas vir ao shopping em uma plena sexta – feira. Então, anda logo, desembucha. O que é que você quer? Boa coisa não deve ser.

 Desconfiada? Sempre. Desconfio de um simples “oi” até um simples “tchau”.

– Então, eu lembrei que você existia e resolvi passar para dar um “Oi”.  É que nesse mundo tão grande, eu quase não lembrava que você existia. Ah, e eu até esqueci qual era o seu nome.

Na arte de deboche, Uchiha Itachi sempre foi o número um. Se eu bem me lembro, foi ele quem fez um garotinho da primeira série chorar, sim ele era realmente malvado. Se ele ainda não for assim... Vou achar que ele bateu com a cabeça e perdeu a memória.

– Impossível... Alguma coisa você deve querer. Anda garoto, desembucha, porque eu não caí nessa sua conversa mole. Hum, até parece que eu vou acreditar nisso. 

Desconfiança total, eu sentia um cheiro de armação no ar. Assim como Sasuke, Itachi nunca fora muito com a minha cara.

– Bem, acho que não vou mais te enganar... Vou direto ao ponto. Eu vim porque queria vê – la.

A expressão em seus olhos era de sinceridade. Mas, ainda assim não confiei em tais palavras.

– Ora, você acha que eu vou acreditar em você? Você é o “demônio” em forma de gente. Se eu não lhe conhecesse tão bem, diria que tais palavras poderiam até ter sido de sinceridade, mas suas ações, não me deixam me enganar.

Enquanto discutíamos, eu me perguntava o porquê de eu ainda não ter ido embora, já que eu não tinha nada a acrescentar naquela “conversa”.

– Então, nós podemos tomar um café? – Perguntou com um sorriso de dar medo.

– Depende. Você não pretende me envenenar para depois me espancar e logo em seguida me esquartejar, não é? Eu espero que não, por que se for isso, me espere, pois o meu espírito vai voltar do inferno.

– Então, o que você fez de tão grave para ir para o inferno? – Perguntou.

– Eu disse inferno – murmurei.

– Hã? Eu não escutei o que você falou. – Disse ele.

– Eu disse que eu disse inferno. Que meu espírito vai voltar do inferno para te assombrar.

– Fica calma. Você não é a Hell Girl, não, meu bem!

– Quer saber de uma coisa? Para mim já chega, porque eu não sei o que eu ainda estou fazendo aqui, batendo papo no shopping com alguém como você. Por que você não vai atormentar criancinhas? Por que se eu me lembro bem, era o que você sabia fazer melhor, não é?

– Olha quem fala. Uma louca, que na adolescência resolveu pintar seus cabelos castanhos de rosa. Ah, qual é Sakura, não vem dar uma de certinha, porque você não é.

– Imperdoável, Uchiha Itachi, imperdoável essas suas palavras.

Nessa hora virei – me para ir embora. Esperava não ter que vê – lo nunca mais. Porém, algo estava errado. Por algum motivo, senti que aquela não seria a última vez que eu o veria e sim a primeira.

– Ei, anã – chamou – me, sabe aquele seu vizinho, o Sr. Petres.

– É claro que eu sei, mas o que tem ele? – Perguntei curiosa.

– Lembra – se que ele estava de mudança? – É claro – interrompi – afinal, ele mora no apartamento ao meu lado. Seria estranho se não soubesse.

– Pois bem, agora quem irá morar lá, serei eu. O seu Uchiha preferido.

– Nossa você é bom em fazer piadas e coisas desse tipo. Mas, isso é impossível.

– Mas, é verdade e só para esclarecer, eu sou o seu admirador secreto.

– QUÊ? – Gritei não acreditando muito.