Hermione’s POV

Ele realmente estava namorando? Ele realmente estava namorando! Ele voltou a ser o Draco de antes, o Draco que não trocava nem uma palavra comigo direito. Tá, ele não é mais arrogante como antes, ele é até legal, mas não fala mais comigo, e isso me entristece! Hoje, enquanto me abraçava ele era o Draco que eu conheci, mas depois que voltou do quarto da Lillith, nem me olhou mais!

Eu sei que eu estou com Fred, e eu estou feliz com ele, mas eu não gosto dele tanto como eu gosto do Malfoy, não mesmo, sem dúvidas. Mas agora acabou tudo e não existe mais Hermione e Draco e eu preciso dar um fim nisso tudo!

Peguei meu diário chorando, e escrevi tudo, tudo o que eu sentia e tudo o que eu precisava esquecer tudo, tudo mesmo! E quando reli, ri de tamanha besteira, mas também me assustei com tamanha verdade contida ali. Arranquei a folha do diário e queimei, deixei as cinzas irem pela janela com esperança de que elas levassem todos os meus sentimentos por Draco Black Malfoy.

Draco’s POV

A letra estava tremida, como se ela houvesse chorado ao escrever. Aquilo me matava, saber que ela chorou por mim, saber que o culpado fui eu. Como eu fui egoísta! Ali estavam escritos todos os sentimentos dela, todos! Era a carta mais bonita que eu já havia lido, sem endereço, sem dono, sem rumo, sem intenção de ser lida, apenas o retrato de todos os sentimentos que atormentam uma garota.

Corri para o meu quarto e encontrei Leah deitada em minha cama, fitando o teto. Ao perceber o meu desespero ela correu até mim e me abraçou forte e carinhosamente, um abraço acolhedor.

–O que aconteceu Draco, calma, vem aqui, senta. –Ela disse e então ela me puxou pra cama e nos sentamos. Ela me abraçou de novo, então eu comecei a chorar em seu ombro. –Calma meu anjo, o que aconteceu? Conta pra mim!

–A Mi... Ela... Eu... –Não consegui continuar, eu chorava compulsivamente.

–O que ela fez? Draco, calma, não chora, você não é assim. -Ela me disse apertando o abraço.

Leah’s POV

Draco chorava compulsivamente em meu colo, eu estava desesperada então olhei para o chão e vi um pedaço de papel jogado, não era um pergaminho, era uma folha com linhas. Separei-me de Draco, que não parava de chorar, então peguei o papel e vi que era uma carta. Comecei a ler.

Natal, tempo de alegrias, comemorações, presentes, festas. O dia que todo mundo se alegra em rever a família. Então... Porque eu estou tão triste? Por que eu me sinto vazia? Por que eu me sinto como se nada do que eu sonhei pra mim aconteceu? Eu tenho um namorado perfeito, e os melhores amigos do mundo, tudo está perfeito, como toda garota sempre sonhou, não é? Mas o problema é que eu não gosto do perfeito, nunca gostei, muito pelo contrário, eu gosto do total imperfeito, gosto do estrago, da bagunça e eu acho que qualquer um que leia isso, vai chegar à conclusão óbvia: Eu gosto mesmo, é de Draco Black Malfoy. O garoto insolente, irritante e extremamente bonito, que há um tempo, tem habitado noventa por cento dos meus sonhos. Graças a Merlin, os outros dez por cento, são habitados por meu atual namorado e meus amigos e nesses sonhos eu sempre acabo feliz, diferente dos sonhos que tenho com Draco, nos quais eu acabo chorando, sozinha ou as vezes até morta. O pior é que mesmo eu tendo esses sonhos tão tristes, sonhos que acabam comigo, sonhos em que eu SEMPRE acabo sofrendo, eu não esqueço do Draco, não consigo esquecer, sonho em ser feliz com ele.

Eu sei que Fred não merece isso, EU não mereço isso, eu mereço ser feliz, eu mereço acabar com uma família estruturada e feliz, mas meu coração não entende! Eu tento organizar meus pensamentos todos os dias e nunca consigo!

Talvez o meu erro seja justamente esse: a ordem. Eu gosto de colocar ordem em TUDO o que eu faço, sem excessões, e quando eu estou com Draco, ele bagunça tudo, minha mente, meu coração, minha vida... Ele me vira do avesso e eu não ligo, por que o avesso pra mim, parece ser o lado certo, o lado onde eu estou com quem eu amo.

Nessa noite de natal, tive a certeza que Draco namorava Leah. Não tenho nada contra a garota, aliás, hoje, quando estava arrumando o seu cabelo, percebi que ela é bem legal, e será o melhor pra Draco, mas eu não consigo suportar a dor de saber que ele não é meu. A dor de saber que ele já me amou e eu acabei com tudo isso, e que hoje ele não quer mais nada comigo.

Se me perguntassem qual foi o dia mais triste da minha vida, eu responderia sem pensar: O dia em que Fred Weasley me beijou no mundo trouxa. Não que eu não tenha gostado, senão eu nem estaria com ele hoje, pra falar a verdade, depois do beijo de Draco, o do Fred era com toda a certeza o melhor do mundo, a tristeza mesmo foi quando eu estava voltando ao dormitório com a Luna. Ela havia falado comigo e eu havia decidido me desculpar com Draco por tudo, inclusive pela grosseria e pelo beijo daquela noite, mas ao chegar ao dormitório, fui tratada com a mesma frieza dos anos anteriores por Draco. Aquilo me destruiu totalmente, eu me senti um lixo, a pior pessoa do mundo, eu só havia ficado triste daquela forma, quando achei que Harry tinha morrido, só aquele dia e nunca mais. Eu corri para a torre de astronomia e foi nesse dia que encontrei esse diário, presente dele. Fiquei feliz em saber que ele ainda queria o meu bem, mas isso não bastava pra mim, eu queria ele de volta.

Mas Fred acabou me pedindo em namoro e eu acabei aceitando, não sei porque. Não posso dizer que estou infeliz com ele, mas acho que o que estou sentindo agora, também não pode ser descrito como felicidade, senão eu não estaria chorando tanto.

Sabe, eu acabei de reler o que escrevi aqui e percebi que não gosto de Draco Malfoy, eu o AMO. E como ninguém vai ler isso posso falar abertamente:

EU AMO DRACO MALFOY. E isso tem que acabar. Dizem que amor só acaba quando não é correspondido, não é? Pois bem, esse amor não é correspondido, não mais, ou seja, uma hora tem que acabar, não é?! Espero realmente que seja assim... Eu não quero magoar o Fred, não quero magoar mais ninguém. Eu sei que desse jeito quem se magoa sou eu, mas é melhor assim. Isso mesmo, o amor que sinto por Draco tem que acabar aqui, e agora.

Queimo esse papel e jogo as cinzas pela janela, com esperança de que elas levem com elas, todos os sentimentos por Draco Black Malfoy citados aqui.

Hermione Jean Granger.

Só mais uma tola enganada por seus tolos sentimentos.

Eu não acreditei no que li. Percebi que Draco já havia parado de chorar, e estava sentado na cama fitando a mim. Engoli toda a tristeza, toda a dor e sorri.

–Isso é só o que você precisava pra ser feliz, meu anjo. –Ele me fitou confuso. –Vai atrás dela querido, ela te ama!

–Não. Ela não quer isso Leah, você leu o fim da carta? -Ele respondeu triste.

–Li! Ela não quer isso por que acha que você não quer isso Draco, quem ama quer a felicidade da outra pessoa, e ela deixa bem claro aqui que não está feliz! -Eu respondi.

–Ela também deixa claro que não vai ser feliz comigo. -Ele disse abaixando a cabeça.

–São só sonhos, Draco! Se você não for atrás daquela menina AGORA, eu vou te lançar um Crucio. –Disse com a voz realmente ameaçadora. Ele me olhou com um olhar desafiador, então puxei minha varinha das vestes, estava realmente disposta a continuar com isso. –Cru...

–Tá, eu vou. –Ele falou com pressa, percebendo que eu falava sério. –Não sabia que você era tão determinada! –Ele respondeu e eu sorri, guardei a varinha nas vestes. -Você ia mesmo lançar uma maldição imperdoável em mim?

–Ia doer menos em você do que está doendo em mim. -Eu respondi com um soriso triste. -Agora vai logo!

–Me desculpe, meu anjo. -Ele disse então me abraçou mais uma vez, com força, e saiu do quarto.

Hermione’s POV

Quando finalmente consegui dormir, senti algo me cutucando como achei ser o Fred, ignorei.

Minutos depois, parou, achei que ele tinha desistido, então escuto um sussurro.

–Mi, por favor, acorda. –Malfoy? Ah! Mais um sonho e eu não vou abrir os olhos.

–Merlin, eu já disse que tudo tem que acabar com aquela carta, só me ajuda. -Eu sussurei aos céus.

–Eu li a carta, e se você quiser eu vou embora agora, mas eu realmente queria que você me ouvisse. –Aquilo me fez abrir os olhos. Não era um sonho. Ele leu a carta. Impossível, eu a queimei.

–Malfoy? O que faz aqui, no meu quarto? E de que carta você está falando? –Perguntei com uma voz calma, mas por dentro eu não estou nem um pouco calma.

–Dessa aqui. –Ele me deu a carta sorrindo presunçoso.

–Não é certo ler cartas que não estão endereçadas a você! E como você... Eu a queimei! -eu respondi, confusa.

–Pelo que entendi, ela estava endereçada a qualquer um que quisesse ler. -Ele respondeu.

–Ela estava queimada, eram apenas cinzas. Ninguém lê cinzas, Draco! Como você a trouxe de volta?

–Um feitiço, aprendi com meu pai, quando ele ainda era um pai. Você deve saber qual é, sabe tudo. –Ele disse e sorriu fraco. –É tudo verdade, o que você escreveu?

–Não. –Respondi calma.

–Mentira, você olhou pro nada e tremeu o canto da boca, está mentindo. –Ele sorriu.

–E se for verdade, que diferença faz? Nenhuma. -Respondi, sem mudar o tom de voz.

–Claro que faz Hermione, faz toda a diferença. Faz diferença por que eu também te amo. -Ele respondeu e por um momento eu vacilei, mas logo voltei a razão.

–E sabe quem além de você também me ama? O Fred. E sabe quem além de mim, também te ama? A Leah. E por coincidência, eles são nossos atuais namorados. Um deles está na cama ao lado por sinal–Eu falei com pressa.

–Da pra você parar de pensar tanto nos outros? Parar de ser tão certinha? Olha só pra você Hermione, esse cara tá te estragando! Você ta virando uma bagunça organizada demais! Eu não vou sair daqui enquanto a gente não se entender. Ele disse então vi Fred se levantar da cama e sorrir pra mim, então ele veio até nós, sentou-se ao meu lado e falou:

–Mi, eu te amo, e é por isso que eu quero que você seja feliz, mesmo que seja ao lado do Malfoy, não importa. O que você decidir, eu aprovo, mesmo não gostando dele. –Então eu sorri e ele olhou pro Malfoy. –Lembra quando eu disse que eu não ia perder? Eu não perdi, a felicidade dela é um prêmio pra mim, o melhor deles, obrigado de novo. –O Malfoy sorriu. –Onde está Leah? Acho que eu e ela, precisamos de um ombro amigo. Ou no nosso caso, quase amigo. –Não pude evitar sorrir com a bondade do Fred.

–No meu quarto, última porta do corredor. –Draco respondeu, e Fred saiu. –Voltando a nossa conversa, me desculpa por aquele dia Hermione, por favor, eu não queria te magoar, eu só achei que... Você não seria feliz comigo, mas eu só vou ser feliz com você Mi, Eu sei que eu posso estar sendo um completo egoísta mas eu não tenho coragem de escrever uma carta assim, ou fazer qualquer coisa assim como você fez, qualquer coisa que chegue próximo de desistir de você, por que eu sou mesmo só egoísta filho da mãe, que não consigo deixar as pessoas irem e se tornarem felizes e mesmo sabendo que talvez eu as faça sofrer, eu quero elas comigo, sem pensar e sem me importar com o futuro. Desculpa se eu te fiz ou vou te fazer sofrer Hermione Granger, mas eu não consigo me afastar de você. Eu, como já disse, sou só um egoísta filho da mãe que tá aqui engolindo o orgulho e te pedindo pra voltar comigo, você aceita? –Segurei uma lágrima que queria cair. Segurei sorriso que queria surgir. Pensei e disse:

–Leah... Eu não quero que ela sofra, ela não merece. –Ele sorriu.

–Ela quem me MANDOU vir aqui, sob ameaça de levar um Crucio. –Sorri. Ela era maravilhosa mesmo. –Graças a ela e a minha mãe é que eu estou aqui, elas me amam de verdade e querem me ver feliz, com você. Aceita? –Não precisava nem pensar, mas ele ainda era Draco Malfoy!

–Então você acha que é assim? Chegar aqui no meu quarto as nove horas da manhã de um dia que eu fui dormir as sete, falar meia dúzia de palavras bonitas me pedir pra voltar e ser feliz pra sempre, Malfoy? -Eu disse me fingindo de irritada e ele ficou pálido. –Eu aceito! –Eu completei rindo, então ele me beijou, o melhor beijo da minha vida... Até agora. –Você leu a carta toda? -perguntei curiosa.

–Cada palavra... –Ele disse triste.

–Então você leu a parte que eu falei que o seu beijo é melhor que o do Fred, não é? –Ele sorriu triunfante e afirmou com a cabeça. –Mas eu agora fiquei em dúvida... –Ele me olhou confuso. –Posso confirmar? –Fiz uma cara maliciosa e ele me puxou pra mais um beijo, o qual eu desviei e o empurrei pra longe de mim. -Você não entendeu, eu vou chamar o fred aqui. -Eu disse rindo e então corri pra porta e me preparei pra gritar, mas antes que eu pudesse emitir qualquer som, ele correu até onde eu estava, me prensou na parede e me beijou mais uma vez e eu tive a certezade que eu era a mulher mais feliz de todo o mundo.