"O único motivo que vim para este local, esta floresta... Era cumprir meu simples - mas ambicioso - projeto de vida. E que sei que conseguirei, hora ou outra" - Era o que eu pensava, enquanto sentado, observava as grandes e coloridas trúfulas. Definitivamente, o formato, sua folhagem felpuda - perfeita para meu Thneeds... Tudo isso apenas incentivava a pegar um machado e cortar todas.

Mas tenho que encarar os fatos, nem meu primeiro Thneed vendi ainda - E mesmo que o vendesse, prometi ao Lorax que não cortaria mais as Trúfulas. E isto era o que pensava enquanto olhava o céu na busca de clarear as ideias.

"Eu tenho um objetivo! Mas também tenho uma promessa." Isso deixava minha mente confusa e em conflito com tudo.

A cada acordar na cabana - Vez ou outra, com ela infestada de animais pensando em comida, e isso me irritava profundamente, confesso -, a cada abrir da janela... A dúvida me consomia. Sei que só estou enganando esses animais que pouco a pouco começam a me ver como amigo - E até o Lorax, que começa a ser mais suportável comigo. Sei também que estou enganando a mim mesmo, e apenas finjo não saber.

Estou me enganando porque eu não vim para curtir a natureza e ser amiguinhos de animaizinhos. Vim para ser alguém melhor na vida, obter dinheiro, ser o orgulho da minha mãe, não importa qual fosse a barreira. Estou mesmo cumprindo meus objetivos? Será mesmo que estou me importando com ele? Chega! Estou indo me esforçar mais uma vez! Rumo a cidade!

...

Estou feliz - E agora, um tanto surpreso, admito. Enfim começaram a reconhecer a utilidade de Thneed! Mas mais uma vez a dúvida martelava em minha mente. Desta vez, minha mãe resolveu morar perto de mim para observar meu desempenho em vendas. Sinto que posso me realizar - Que as coisas podem andar!

Mas o remorso me bate, porque é apenas questão de tempo - Tempo para eu começar a quebrar minha promessa, esquecer de vez a vida que tive antes da fama... Será que estou sendo mau? Será que é tão ruim querer brilhar? Não acho que é. Só... quero que é melhor para mim! Minha realização! Meu destino! Será que isso é tão ruim assim? Creio que não. Então não faz mal cortar algumas árvores.

Uma Trúfula a menos aqui, é mais um Thneed circulando na cidade. O Dinheiro foi aparecendo logo depois das primeiras tentativas, numa velocidade animadora! Ao tal ponto de podermos comprar as máquinas e continuar com o desmatamento das Trufúlas. Ah, claro, enganando imprensa, contratando advogados contra grupos ativistas, sequer consigo mais ouvir o que aquele amendoim peludo me diz outra vez. Está tudo tão maravilhoso, e é assim que tem que ser. Repito: Será que sou tão ruim? Minha vitória já estava planejada.

As vendas só sobem, sobem! Logo precisei de roupas novas - E claro, caras -, para representar todo poder que estava tendo atualmente. Quanto mais enriqueço, mais esqueço o fracasso que era antes, pff. Que piada! Mas, ao menos, estou realizando meu sonho, sem barreiras, sem limites! Posso montar uma cidade agora mesmo se quisesse, de tantos clientes que compram, compram e compram! Que se dane o Lorax, e as Trúfulas! Eu só quero ganhar mais dinheiro!

...

– Veja, Once-ler... Aquela foi a última Trúfula de toda uma floresta inteira. Acho que agora, você será esquecido. - As palavras proferidas pelo Lorax me deram certo arrepio, e fui conferir tal evento de perto. E gelei ao confirmar o fato.

... A Paisagem calma e colorida de antes, a alegria dos animais, Onde está? Tudo parecia nublado, preto e feio para meus olhos que começam a despertar para a realidade. Ainda incrédulo, larguei meu chapéu para trás e fui observar melhor tudo. E não sabia o que era pior: O cenário bonito ser agora mera lembrança... Ou o fato d'eu destruir tudo. O que estava acontecendo? Minha mente rezava para ser só um pesadelo.

– Espero que agora, você perceba para onde se inclinou, meu jovem. - E assim, tempos depois, o Lorax sumiu da minha frente, me deixando sozinho... Todos partiram.

Foi, e sempre será um choque para mim. A que ponto cheguei para apenas me beneficiar? A que ponto fui idiota, de pensar que, realmente, nada ia acontecer como consequência? Que idiotice a minha.

Agora que tudo sumiu, vejo que meu castigo é permanecer neste local, com a esperança de que alguém realmente não siga meu caminho, e se importe com as árvores - Afinal... "A menos que se importe de montão, nada irá mudar, não vai não".

E então, fico a me perguntar: O que eu fiz, afinal?