A chuva insistente que caía do lado de fora estava me deixando me deixando extremamente frustrada. Passava das três da manhã quando eu resolvi levantar da cama e parar de pensar que eu iria conseguir voltar a dormir a essa hora.

Edward roncava baixinho do meu lado esquerdo. Nós estávamos noivos há quase um ano, porém já levávamos uma vida de casados. Resolvemos juntar nossas escovas de dente com pouquíssimo tempo de namoro, mas como sempre fui uma pessoa impulsiva resolvi me jogar sem medo nessa nova fase da minha vida.

Coloquei o robe estampado por cima da minha camisola e calcei os chinelos, pegando o controle da televisão que estava na mão do Edward e desliguei-a. Peguei meu livro e os óculos de grau de cima da mesa de cabeceira e saí do quarto.

Para a minha surpresa, uma luz forte vinha da sala e eu estranhei. Pé ante pé eu fui caminhando lentamente até chegar ao cômodo. Entrei no ambiente precavida de um guarda-chuva que estava no final da escada e respirei fundo.

Sentada no sofá, estava Emma com um pote de cookies de chocolate e vendo um desenho animado qualquer na televisão. Soltei minha respiração que eu tinha prendido e larguei o guarda-chuva junto com o meu livro e os meus óculos em cima da mesa.

– Emma, o que você está fazendo acordada? – perguntei com as mãos na cintura.

Ela se virou assustada com a boca cheia de biscoitos e a mão toda suja de farelos. Seus olhos arregalados demonstravam que ela entendia que estava muito encrencada.

– Tô vendo desenho, mamãe. – ela falou como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Às três horas da manhã? Nem pensar! – retruquei pegando o controlo da mão dela e desligando a televisão.

– Mas mãe, eu não tava conseguindo dormir e amanhã eu não tenho aula. – implorou. Eu não conseguia negar nada para aquela pimentinha.

– Ok, mas só hoje, hein?

Fui para a cozinha e fui um chocolate quente para nós cheio de marshmallows. Peguei um cobertor de dentro do armário e me sentei ao lado de Emma, entregando uma caneca para ela e nos enrolando com o cobertor.

– Está vendo o que? – perguntei tomando um gole do chocolate super quente.

– Tava vendo Phineas e Ferb, mas já cabô.

Emma em seus quatro anos de idade ainda tinha dificuldades de pronunciar algumas palavras, mas Edward e eu já estávamos cuidando disso com a fonoaudióloga do hospital onde eu trabalho, a doutora Jéssica Stanley.

– Está a fim de ver Encantada? – seus olhos achocolatados brilharam. Desenrolei-me do cobertor e dei a caneca para Emma segurar.

Abri a estante de DVD's e peguei a embalagem do filme. Coloquei no aparelho e fui pro lado da minha filha de novo. Emma se aconchegou no sofá, deitando-se e colocando a cabeça em meu colo. Fiquei fazendo carinho na cabeça dela até eu senti-la começar a adormecer.

Tentei me focar no filme, porém o sono foi mais forte e me pegou de jeito. Não sei quanto tempo passou, só sei que quando eu abri meus olhos, tentando me localizar, eu estava sendo carregada por um par de braços fortes.

Edward.

– Emma... – tentei me soltar de seus braços após me lembrar que eu estava dormindo com a minha filha.

– Calma. Eu peguei e a coloquei no quarto. – ele sorriu de forma carinhosa. – Pelo visto as duas resolveram me abandonar hoje à noite, né?

Eu sorri fraco e senti minhas costas encontrarem a maciez da cama. Edward deitou-se ao meu lado e me puxou de encontro ao seu peito, beijando-me castamente nos lábios.

– Tive insônia. Você sabe como eu fico quando chove, não é?

– Sei sim, mas por que você não me chamou? A gente podia arranjar coisas melhores para fazer. – ele piscou para mim.

– Sei muito bem as coisas que você queria fazer. – dei um sorrisinho sem graça. – Você acredita que eu encontrei Emma lá embaixo com um pote de biscoitos debaixo do braço e assistindo desenho animado?

– Claro que acredito. – ele riu. – Eu já falei pra tirar o açúcar dela, mas parece que não adianta.

– Eu prefiro nem imaginar o perigo que ela correu subindo na cadeira para pegar os cookies em cima do armário.

– Ainda bem que nós temos uma médica em casa, né?

Não tive tempo de responder. Seus lábios encostaram-se aos meus e aos poucos foram se tornando mais quentes. Eu já sabia como o fim da minha noite iria terminar e, sinceramente, eu só poderia agradecer e pedir por dias – ou noites – como essas.