A Garota Dos Deuses escrita por CamsLaFont


Capítulo 1
Família Perfeita


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Todos a minha volta conversavam, e eu continuava ouvindo todas as conversas á minha volta, Jamie e as outras garotas conversavam sobre o cabelo da nova garota, os garotos – junto ao meu querido Namorado, Jensen – falavam sobre o jogo de Sexta-feira, e eu, é claro, estava atenta nas duas conversas. Mas ainda assim, pensando em minha família, na minha vida.

Eu sempre soube que não era filha de meus pais, pelo menos não de sangue, o que significa que eu tecnicamente fui adotada, mas não foi isso.

Eu não fui adotada.

Eu fui doada. Como um brinquedo velho e estragado. Meus pais me contaram a pouco tempo essa última parte. Na verdade, há exatas 5 horas. Antes de eu vir para o colégio, eles me chamaram para ter uma conversa séria, e começaram a me contar toda a história, que eles estavam jantando, dezesseis anos atrás, quando alguém bateu na porta, meu pai se levantou para atender e quando abriu a porta, só viu uma cestinha normal enfeitada com lacinhos rosa cheirosos. Ele chamou pela minha mãe quando viu o que tinha dentro, e minha mãe leu um pequeno – bem pequeno – cartão, onde estava escrito. “Á família LaFont, Camille, data de Nascimento: Seis de Janeiro de 1996. Sabemos que cuidarão bem dela, e ficamos felizes de quererem uma garota tão especial quanto”.

Foi como um tapa na cara.

Principalmente quando minha mãe me mostrou o bilhete que guardava muito bem guardado (e seguro) em alguma parte da casa, onde eu jamais encontraria.

Mas eu nem estava ligando para onde ela escondera aquilo, na verdade, eu nem estava ligando muito para o bilhete – apesar de provavelmente ter sido escrito pelos meus pais -, eu estava mais ligando era para o fato de que meus pais não me queriam! Eles simplesmente me deixaram com uma família, para que eles me criassem como pais melhores do que provavelmente seriam!

Meus olhos se encheram de lágrimas.

Respirei fundo e olhei para minhas mãos, que agora estavam fechadas em punhos sob a mesa. Terminei meu refrigerante e estiquei as pernas por baixo da mesa.

Jensen, num gesto bem normal para ele, colocou os braços em meus ombros e continuou falando com seus amigos.

-O que foi? – ele perguntou baixinho enquanto seus amigos “brincavam” de bater os músculos nos outros.

Balancei a cabeça.

-Nada. – ele levantou uma sobrancelha. – é sério. – grunhi e ele me deu um beijo na bochecha.

-Ok! – ele levantou uma mão, mas apertou mais forte meu ombro.

Trinquei os dentes, tentando controlar a raiva que eu estava sentindo, eu nem sei se estava sentindo raiva de meus “pais” ou de meus pais “verdadeiros” – os que haviam me deixado na casa de “desconhecidos” para que não eles, mas sim outros, cuidassem da própria filha – isso é muito chato... Ou irritante.

Eu nem sabia mais o que pensar.

O almoço terminou e eu voltei para minhas aulas, enquanto Jamie tagarelava sobre talvez ficar com Erik – um garoto do terceiro ano que era super gato e super pegador (e que supostamente pegava as garotas só uma vez na vida, sem repetir).

Ela finalmente me deixou para eu entrar em minha sala e foi para a sua.

Me sentei rapidamente e a aula passou, sendo seguida de mais duas, e então fui rapidamente para a saída.

Mas não tão rápido quanto eu queria, Jamie ainda provavelmente estaria lá dentro, conversando com suas outras amigas, marcando outro treino de lideres de torcida – que eu já sabia quando e onde seria – então, ela sabia que eu já estaria longe a essa hora e não tentaria me impedir, já que ela não percebeu nada de errado hoje. Mas Jensen sim.

Ele estava parado na minha frente, não me deixando passar.

-Posso te acompanhar em casa?

-Você sabe que meus pais não gostam de você. – falei, mas deixei ele passar a mão pela minha cintura.

-Tá, eu não vou exatamente até a porta da sua casa, você sabe disso. – ele disse e concordei.

Caminhamos por alguns minutos em silencio, quando ele finalmente falou.

-O que aconteceu?

Engoli em seco.

-Nada. – eu não olhei para o rosto dele, e arrumei o cabelo.

Ele parou e me segurou.

Ele segurou meu rosto com as  duas mãos e me fez encarar para ele, abracei meu peito com as duas mãos e trinquei os dentes.

-Por favor. – pedi baixinho.

Ele soltou meu rosto, mas segurou minha mão e se sentou num banquinho, perto da esquina e me fez sentar ao lado dele, enquanto olhávamos o movimento – o grande movimento.

-Eu não quero falar. – falei.

-Mas vai. – ele disse. – você precisa desabafar, tá quieta a manhã inteira, não ficou rindo das piadas sem graça que eu tentava fazer nem nada do tipo, e você sempre ri, vamos lá!

Balancei a cabeça.

-Foi com seus pais? – ele disse. – eles brigaram? Você sabe, se foi isso vai passar, todo casal briga e você sabe que...

-Eles não brigaram. – falei.

Ele parou e pareceu pensar um pouco.

-Seus pais estão te procurando? – ele sabia sobre eu ser ‘adotada’.

-Não. – rosnei e ele me encarou, surpreso com minha hostilidade. – que bom que não estão.

Ele ficou quieto, provavelmente pensando no que perguntar, quando eu falei.

-Eu descobri que eu não fui adotada, Jensen, eu fui doada.

-Han? – ele perguntou confuso.

-Meus pais estavam jantando, bateram na porta, meu pai foi abrir, viu uma cestinha no chão, tinha um bebê dentro, com o seguinte bilhete “Á família LaFont, Camille, data de Nascimento: Seis de Janeiro de 1996. Sabemos que cuidarão bem dela, e ficamos felizes de quererem uma garota tão especial quanto”.

-Eu não sabia... – ele disse.

-É obvio que não. – revirei os olhos, sentindo as lagrimas de raiva (ou de tristeza, não sei).

Me levantei do banco.

-Obrigado por me ouvir, agora, eu vou ir para casa encarar isso.

Ele se levantou também. Mas não olhava para mim, ele olhava para algo vindo do céu.

Ele mudou de posição e em um segundo eu já estava atrás dele, meio que protegida, meio que sendo defendida, e então me virei com tudo, vendo um tipo de ave – mas muito maior que isso – voando na nossa direção numa velocidade incrível.

-Cams, se eu te pedisse para correr, você faria isso? – eu não respondi, pois estava conseguindo ver a face da... criatura.

Ele me deu um empurrão leve – e suficiente.

Me virei e saí correndo em disparada.

De inicio foi fácil correr, mas quando mais uma daquelas coisas apareceu, foi difícil correr, uma tinha ficado para trás com Jensen – e eu realmente não queria imaginar o que poderia ter acontecido – e a outra estava voando em cima de mim, já descendo alguns metros, enquanto eu me cansava cada vez mais.

Eu não conseguia compreender o que era aquilo, mas todos os meus instintos me diziam para correr.

Parei com tudo e fiz a volta me apoiando no poste, já pegando o impulso e saindo correndo. Pude ouvir a criatura emitir um som horrível, mas não parei.

Virei em uma rua não muito movimentada, mas que eu tinha certeza de que chegaria mais rápido em casa e continuei correndo (feito uma condenada, convenhamos), e quando finalmente estava na rua de minha casa, vi minha mãe na porta, me esperando, já preocupada.

Quando ela me viu ela acenou, e então viu algo atrás de mim e percebeu que eu estava correndo.

Ela abriu a porta com tudo, e meu pai saiu, ele olhou rapidamente para a criatura e entrou dentro de casa, puxando minha mãe, mas eles deixaram a porta aberta, e vi ele ficar atrás da porta, pronto para fecha-la.

A criatura também percebeu o que ia acontecer e começou a abaixar mais, quase me alcançando, se eu não tivesse me abaixado.

E então, é claro, eu tropecei.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto, a fic corre o risco de ser excluída!
- CamsLaFont.