Rio De Janeiro, 15/07/2001

Querido diário,

Meu nome é Marina. Hoje percebi que deveria retratar em texto sobre um pouco da minha vida, quem sabe um dia vira um livro e eu ganho muito dinheiro com isso? Meio difícil, mas não pretendo desistir da ideia agora. Decidi isso ontem a tarde, quando sai com as minhas amigas e varias coisas aconteceram, mas isso eu te conto daqui um tempo.

Tenho 17 anos, apesar de aparentar ter uns 14 e realmente curto escrever. Enquanto escrevo, consigo esquecer dessa sociedade vazia aonde me encontro... ou pelo menos tento. 

Julia, minha melhor amiga, uma vez me disse que quando inventarem uma maquina do tempo eu poderia ser a primeira pessoa a testa-la, porque não ligo pra nada. E isso, definitavamente, me deixou pra baixo. Acham que puxei meu pai, que abandonou minha mãe quando eu tinha 8 anos. Até hoje, só recebo seus telefonemas nos aniversários e em feriados, como natal. Ele acha que pode preencher a ausência com presentes e agrados, mas não sabe como me sinto. Não quero ser como meu pai.

Naquela tarde soube que algo ia mudar, só não sabia o que. Mamãe diz que quando a gente quer muito alguma coisa ela sempre se realiza, por mais que, muitas vezes, não quando precisamos. Essa tarde, desejei mudar, desejei ver a vida de outro ângulo, um ângulo inimaginável. 

Ju me ligou e logo veio a ideia: irei com ela a uma festa do povo popular do colégio. Quero ver onde isso pode me levar. Chegando lá o que não faltava era cerveja, decidi beber um pouquinho. Aquele gosto de álcool na minha boca me embrulhou o estomago, mas mesmo assim bebi o copo todo e fui procurar por mais, de repente a ideia de dançar me pareceu maravilhosa, assim, fui ao encontro de Ju e começamos a dançar, se me lembro bem, uma musica da Britney Spears. E foi aqui que um camarada de uns 20 e poucos anos, cara fechada e musculoso nos ofereceu um comprimido. Ju rapidamente o colocou na boca, decidi fazer o mesmo e esse foi o meu erro.