Desmaiada e suja. Foi assim que Will encontrou uma garota, que por suas vestes não era do reino de Araluen, ele desceu do seu cavalo Puxão com um estojo de primeiros socorros, sua vida como arqueiro lhe ensinou a estar sempre preparado para coisas inevitáveis, também pegou um cantil de couro com água despejando um pouco nas mãos e passou delicadamente no rosto da moça, ela tinha cabelo ruivo cacheado um pouco abaixo dos ombros, seu vestido como percebera antes era um pouco abaixo dos joelhos, o que o fez perceber que ela tinha cicatrizes que provavelmente provinha de quedas altas ou talvez de quem gostasse de subir em árvores ou em outras coisas, o vestido era numa cor de verde suja de cinza, acima tinha um corpete que marcava o corpo magro da moça, o vestido tinha um decote discreto na medida do possível, nas mangas curtas havia uma peça de armadura que segurava uma capa marrom de um couro mole, com um capuz. Suas botas de pano grosso quase no meio da canela eram parecidas com a de Will, provavelmente não fazia barulho quando andava.

Via que ela não aparentava ferimentos novos, poderia ter sido fome, cansaço ou até envenenamento, pois não havia como ele saber a causa de seu desmaio.

A cabana de Will não estava muito longe, pego-a nós braços com muito cuidado afim de não piorar o seu caso, por causa dos anos de prática com arco, que levava na sela de Puxão é com as facas, que levava em uma bainha dupla, conseguiria facilmente levá-la até a cabana, acender a lareira, e cuidar da moça, caso necessário, durante a noite. Decidiu que seria melhor verificar a noite, durante intervalos regulares, se ela estaria bem.

Puxão resfolegou, era assim que avisava a o arqueiro quando havia alguém os seguindo, seja qual fosse à intenção do perseguidor o cavalo iria avisar de formas diferentes para dar tempo ao seu dono de se preparar, mas esse sinal era de que não havia perigo, aliás, era sinal de que alguém conhecido e amigo se aproximava com rapidez.

Aberlard, o cavalo baio de Halt, da mesma raça de Puxão, passou de um galope rápido para um trote a fim de acompanhar Will, deixando um pouco de espaço entre eles.

Seu antigo mentor, Halt, é o experiente e respeitado arqueiro de Redmont.

A capa de Halt era preenchida com borrões de verde e cinza que misturava com a paisagem verde, seu rosto antes escondido por um capuz estava como Will se lembrava.

Como Will, Halt levava um arco e uma aljava com 24 flechas, dizia um ditado em Araluen que “uma arqueiro leva as vidas de duas dúzias de homens em suas aljavas”, porque raramente um arqueiro erra um alvo, levava também uma bainha dupla com duas facas.

–- O que aconteceu?

–- Eu a encontrei desmaiada a alguns metros atrás, não havia ninguém por perto e também não sei o que aconteceu com ela.

–- Já pensou em dar uma olhada na bolça que ela leva?—Halt apontou pra uma bolça relativamente media simples e um tanto suja.

–- Na verdade não havia percebido. – Era difícil para um arqueiro admitir que não havia percebido algo, já que passam anos estudando justamente para ser minuciosos e observar todos os detalhes que outras pessoas não se questionariam. Ainda mais para Will, pois Halt além de ser um grande amigo havia sido seu mentor.

–- Pois se houvesse algum perigo você não se importaria de que já estivesse na sua cabana para descobrir, não e verdade?—Halt inclinou um pouco as sobrancelhas em um gesto para que seu ex-aprendiz se explicasse.

–- Me desculpe, estava tão preocupado com a causa do desmaio dela que não percebi que ela pudesse me trazer algum tipo de problema. – Will disse num tom que sugeria ao antigo mestre a deixar de lado seu erro.

Chegando mais perto, Halt pode pegar com um tanto de dificuldade a bolsa que estava pressa no corpete com um tanto de engenhosidade, talvez para dificultar ao acesso de outras pessoas ao que continha dentro dela.

Dentro tinha uma bainha com uma adaga que possuía algumas inscrições que Halt desconhecia, tinha um vestido parecido com o que vestia e uma capa, só que estes estavam limpos, em um bolso pequeno tinha uma pedra de fogo, tinha luvas e um cachecol, Halt percebeu que com certeza ela não era dali, pois não fazia frio naquela região de Araluen. Tinha uma algibeira de moedas de Araluen, quando foi por tudo de volta na bolça derrubou algo de dentro das luvas, dois anéis e um colar, todos eles tinham uma pedra azul com detalhes na pedra, de diferentes formas e cores. O colar era na opinião de Halt a mais encantadora peça que a garota levava.

Tinha um detalhe na cor preta no formato de uma arvore e o fundo azul da pedra, parecia um céu azul com nuvens, com uma árvore seca sem vida no meio. A pedra tinha o formato de um triângulo nas pontas, arredondado. Para manter-se unido ao colar a pedra foi em seu redor bordada por um capim forte na cor amarelo escuro que ligava a pedra ao cordão; já o cordão era de um couro preto fino trançado.

Um dos anéis era mais escuro que o outro. O que tinha a pedra mais clara era feito de um fio de cobre, a pedra tinha um furo no meio para que se unisse ao anel, o fio de cobre dava voltas lindas na superfície da pedra. A partir desse furo, a pedra tinha umas linhas vermelho-sangue.

A pedra mais escura também era feita de um fino fio de cobre e seu furo ficava de uma lateral a outra da pedra. No meio da pedra, havia uma linha que parecia um céu estrelado e o fio dava voltas no contorno da pedra.

–- Acho que nossa viajante misteriosa deve algumas informações, assim que acordar. – Disse Halt pondo fim à conversa durante o caminho a cabana de Will.