Já se passaram dois anos desde a última vez que eu tinha viajado a Forks. Toda aquela aventura não me apetecia mais. Eu não sentia mais vontade de estar lá. Nem mesmo de ler os livros.

Meus dias na livraria eram monótonos, e eu simplesmente trabalhava, e depois do expediente ia embora. Mary Poppins não queria que eu soubesse, para que eu não ficasse mais saudosista ainda, ou tivesse lembranças tristes, mas eu sabia que de vez em quando ela fazia uma viagem ou outra aos livros. Algumas, a Forks.

Ela parecia estar mais cuidadosa agora, pelo menos, mais cuidadosa que eu, já que todas as interferências causadas até aqui foram por minha culpa.

Ao menos, eu não iria atrapalhar mais.

Então ela veio com aquela conversa de limbo. A livraria tinha alguns clientes, mas conversamos na saleta particular dela.

"É assim que você parece: que está num limbo." ela começou.

"Mas eu tenho feito de tudo para deixar o trabalho o mais perfeito possível e..." eu disse, mas fui interrompida.

"É exatamente isso. Você está deixando tudo perfeito demais. Mas não está feliz. Isso qualquer um vê. É como se você estivesse aqui, mas somente seu corpo. Sua mente e seu espírito estão em outro lugar. Um limbo total!"

"É..." concordei. "Talvez seja isso mesmo."

"Por que você não vem comigo?" ela colocou os quatro livros da saga crepúsculo na mesa. "Escolha um lugar! Vamos fazer como da primeira vez. Você escolhe o lugar e nós vamos lá dar uma espiadinha. Que tal?"

"Eu não quero voltar lá. Eu não posso!"

"Mas por que não? Você adora esses livros!"

"E se eu me encontrar com ele de novo? E se... e se ele tiver uma impressão? E se eu não resistir? E se, por outro lado, ele não tiver nada quando me vir? Eu não vou suportar isso!"

Mary Poppins olhou para mim.

"Você está parecendo Bella Swan em Lua Nova. Você está deprimida. E por causa de um lobo!"

"Eu não posso evitar" eu sussurrei.

"Você nem ao menos lê os livros novamente!"

"Eu sofro muito com eles! As lembranças são muito vívidas. Não é como ler um livro qualquer. Eu estive lá! Eu os toquei, os abracei, os beijei! Eu os comprometi e depois os salvei. E eles nem sequer se lembram de nada!"

Mary Poppins me abraçou. "Querida, você precisa erguer sua cabeça. Nada de desânimo por aqui. Quero vê-la sorrir como antes. Não precisa mais ler os livros ou fazer suas viagens, se não quiser. Mas tente recuperar sua alegria de viver."

Eu suspirei. "Eu vou tentar, Sra. Poppins."

Ela saiu da saleta, deixando-me sozinha.

De repente, o limbo me pareceu um lugar aprazível.