Akai Ito escrita por Ushio chan


Capítulo 25
Pedido


Notas iniciais do capítulo

Então... demorei, né? Mas essa porra tá enorme.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/269837/chapter/25

__PDV KIM__

Sentamo-nos em uma mesa em um restaurante um tanto antigo. Nunca vim aqui antes, mas confio na seleção de Kyou e Tomoya. Pedimos a comida e um estranho momento se faz. Os assentos são um tipo de sofá, de forma que estou colada ao corpo de Mello, que me aquece. Seguro sua mão por um instante e olho para frente, encontrando o olhar de Kyou.

- Você não mudou nada, sabia? – Sorri. O primeiro sorriso vindo dela que vejo hoje. – Continua exatamente a mesma menina. E nem você, Mello, até onde te conheço.

- O que quer dizer com isso? – Perguntamos juntos antes de cruzarmos os olhares e soltarmos uma risadinha constrangida.

- Você continua completamente focado na Kim, Mello. E você continua a mesma garotinha apaixonada que esconde alguma coisa importante. – Ela apoia o rosto nas mãos. Depois arregala os olhos e se levanta. – Você está grávida?

- Nani?! Não! É claro que não! Isso seria completamente impossível! – Digo rapidamente, corando.

- Não venha me dizer que nunca fizeram nada, eu sei que seria mentira. Você está atrasada? Fica enjoada de manhã? – Sinto meu rosto ainda mais vermelho do que quando Íris e Ushio me interrogaram sobre ontem à noite.

- Oka-san... Onegai, pare de fazer perguntas constrangedoras. – Peço.

- Quando foi a última vez de vocês? Acho que podemos calcular...

- Mas eu não estou grávida!

- Tem certeza? – Desconfia. Aperto ainda mais a mão de Mello.

- Sim, porque dormimos juntos pela primeira vez ontem! – Cospe o louro em um japonês relativamente bem falado. Escondo meu rosto com a mão livre, apoiando o cotovelo na mesa e corando violentamente. – Droga. Eu disse isso mesmo, não disse? – Faço que sim com a cabeça. – Desculpe.

- Ok... Bem... Er... – Tento desesperadamente pensar em algo que nos desvie de tal assunto, mas nada se passa por minha cabeça. Ouso levantar os olhos,  mas baixo-os de novo quando encontro o olhar quase reprovador de Tomoya. Engulo em seco, sentindo-me quase suja. Os dedos de Mello acariciam minha mão, pedindo desculpas silenciosas.

- Eu não devia ter me metido. – Conclui o louro. Acaricio-o de volta, alegando silenciosamente que está tudo bem. Yuki, sem querer, salva a pátria.

- Oka-san, onde é o banheiro? – Pergunta.

- É ali atrás. – Aponta Kyou. – Mello, se importa de ir com ele?

- C-claro. Vamos, Yuki. – Chama o louro enquanto sinto o sangue sumir de meu rosto. Yuki não me salvou, ele me condenou à morte! Agora é o momento em que terei a pior conversa da minha vida, tenho certeza. – hesito por um instante antes de soltar a mão de Mihael para que ele acompanhe meu irmãozinho. Depois, encaro as expressões frias de meus pais adotivos.

- Então... – Forço-me a ficar inexpressiva também.

- Você dormiu com o Mello. – Não é uma pergunta. Faço que sim. - Vocês se protegeram, Kim? E se ele tiver alguma coisa? E se ele te engravidar? – Preocupa-se Kyou.

- Bem... Não foi só a nossa primeira vez juntos, foi realmente a nossa primeira vez. Nenhum de nós tem nada e não tem a menor chance de eu engravidar agora, porque não estou naquele momento do mês. – Respondo.

- O que pretende fazer se engravidar, Kim? Abortar? Colocar o seu filho em um orfanato? Ou dá-lo a alguém?

- Pretendo criá-lo, se for o caso.

- E se seu namorado não quiser ajudar? – Pergunta Tomoya. Parece que, desde que é fato conhecido que meu namorado transou comigo, ele perdeu o nome.

- Farei isso sozinha, então. Não tive problemas no Wammy’s, muito pelo contrário, mas não quero uma vida assim para uma criança minha. Também não teria coragem de abortar, a menos que o bebê fosse morrer logo depois do parto.

- Mas, Kim...

- É sério, está tudo bem. E... Bem, minha mãe conversou comigo sobre isso quando eu tinha onze anos, então não precisamos falar disso agora.

- Ok. Mas seja responsável. Eu sei que você é adulta e legalmente não sou sua mãe e tampouco temos uma ligação sanguínea, mas eu realmente te amo, Ki-chan. Você ainda é uma filha para mim

- Hai, Oka-san. Também te vejo como uma mãe, acho. – Para ser bem sincera, não sei mais o que é ter uma mãe. Minha infância parece ter se apagado de minha mente.

- Bem... Acho que não há mais nada a dizer.

- Arigatou. – Sussurro ao mesmo tempo em que Yuki e Mello voltam à mesa. Levanto-me, alegando que vou lavar as mãos. Desta vez é o louro quem parece se desesperar. Kyou vem comigo. Não conversamos durante todo o curto processo, ao menos até o momento em que Kyou começa a enrolar para voltar, provavelmente para ter certeza de que o sermão de Tomoya já acabou. – Kyou, eu realmente acho que preciso ir lá salvar o Mello...

- Ele vai ficar bem, e Tomoya não vai me deixar dormir à noite se ele não fizer isso. Então, onegai, deixe-o terminar. – Pede a mulher. Suspiro longamente e faço que sim. – Arigatou.

- Só espero que Mello sobreviva. – Lamento-me.

- Tomoya não vai mata-lo. – Alega. Um longo minuto de silêncio se faz, a ansiedade tomando conta de mim a cada segundo. Kyou me olha como se esperasse algo de mim.

- O quê? – Arregalo os olhos suavemente.

- Não vai me contar como foi? – Ela se encosta em uma parede e espera.

- Kami-sama... Você também vai me interrogar sobre isso?! – Enfio os dedos no cabelo, mordendo o lábio e corando?

- Hai! Pode ir abrindo a boca e me contando tudo. – Ela fecha os olhos. Kami...

- Por onde eu começo?

- Onde vocês estavam?

- Estamos hospedados na casa do Akira junto com o Near e alguns amigos. Mello pediu para a namorada do Near trocar de quarto conosco por uma noite e vagar a cama para nós. - Fico corada.

- Qual foi sua reação a ideia dele?

- Eu também queria. – Novamente começo a me lembrar dos toques do louro e meu corpo se contrai.

- E vocês começaram assim que deitaram ou...?

- É. Depois de muita hesitação de ambos os lados. Eu porque estava nervosa e ele, primeiro, porque achou que eu não queria e, depois, porque teve medo de me machucar.

- Sei. E ele colocou logo ou...?

- Mello disse que “queria me deixar bem molhada para entrar mais fácil”. Para ser bem sincera, ele conseguiu. – Revelo, fazendo aspas com os dedos ao citar as palavras do louro ontem.

- Ok. E vocês tiveram algum problema no meio, como você sangrar mais do que o esperado ou ele demorar para ficar duro ou...?

- Não. Não saiu muito sangue e nem demorou em nenhuma das vezes. – Pego-me falando mais do que seria necessário e ponho a mão sobre a boca.

- Então vocês repetiram a dose? – Surpreende-se. Faço que não. – Então o que quer dizer com “nenhuma das vezes”? Ele gozou antes ou você chupou?

- Eu... Eu... Eu chupei.

- Porque você quis ou porque ele pediu? – Kami! As perguntas de Kyou são piores do que as de Ushio e Íris! Se bem que elas certamente perguntariam coisas assim se Mello não viesse em meu socorro.

- Bom, eu tinha colocado a mão por vontade própria, aí beijei o pescoço dele e ele começou a pedir e... Deu no que deu. – Explico, quase revivendo o momento dentro de minha mente. Sacudo a cabeça de um lado para o outro, tentando me focar no agora.

- Entendi. Você engoliu? – Faço que sim em resposta, corando mais do que jamais o fiz. – Wow. Pessoalmente eu só engoli da segunda vez que fiz isso. Ele te pediu? – Faço que não, imaginando que não poderei falar em voz alta. – Então, por quê?

- Em parte porque imaginei que ele ia ficar excitado e em parte porque eu gostei da ideia. Até que funcionou.

- E aí? – Implora minha ex-mãe adotiva.

- Ele fez algumas coisas que me deixaram encharcada até eu não aguentar mais e pedir para ele colocar logo.

- Que tipo de coisas?

- Bem, ele apertava um dos meus seios e o outro estava sendo mordido e lambido.

- Ele te tocou... Lá embaixo?

- Caramba! Você é ainda pior do que as minhas amigas! Espero que você não conte isso!

- Não vou contar! Por favor! Eu gosto de me sentir uma adolescente pervertida de vez em quando! – Pede. Quantos anos ela tem mesmo?

-  Certo. Sim. Depois de tudo isso, nós dois chegamos lá e acabou.

- Como você se sentiu depois do orgasmo?

- Sei lá... Calma, tranquila, cansada, com preguiça de me mexer... Conversamos um pouco e eu dormi. Foi realmente estranho quando o meu irmão veio nos acordar... Imagino o que ele deve ter pensado. Deve estar me chamando de vadia até agora.

- Duvido muito. Pelo que você falava sobre o seu irmão, e você passava sessenta por cento do seu tempo falando do “Ne-Ne”, ele te amava muito e jamais pensaria nada assim de você. Em especial sabendo que teve a sua primeira vez com alguém que conhece e ama há tanto tempo, e sei que o ama porque o resto do seu tempo você passava falando do Mello.

- Não é assim tão simples. O Mello saiu do orfanato por um tempo e disse que não me amava... Nunca tive certeza se era verdade ou mentira, para ser sincera. E foi um período muito ruim para mim. Eu passei cinco anos em uma depressão profunda, sabe? Tinha certeza de que morreria sozinha. Eis que, um belo dia, Mello voltou. E ele voltou como se nada nunca tivesse acontecido, o que me enfureceu e magoou muito. – Faço uma pausa. – Da segunda vez que foi me visitar, não aguentei e saí chorando. Ele me seguiu até o quarto  e me disse que tinha mentido para poder sair sabendo que eu estaria em segurança, Deus sabe o que isso quer dizer. Eu sei quando o Mello está mentindo, então acredito nele. Aí nos beijamos e no dia seguinte eu o estava evitando de novo. Depois de um tempo nós começamos a dividir o quarto, porque não conseguíamos mais nos afastar.

- O que os ligou de novo? – Pergunta. Os olhos castanhos de Kyou brilham de preocupação. É estranho vê-la assim. Me lembra daquela noite.

- Uma vez eu estava falando com o Akira pelo Skype e admiti para ele que ainda amava o Mello. Infelizmente ele estava do lado de fora do quarto. Quando saí dei de cara com ele, que disse que tinha escutado. Depois eu não quis mais me controlar. Nós nos beijamos e passamos a tarde no quarto, trancados e dormindo.

- Ok... Há quanto tempo isso aconteceu?

- Mais ou menos uma semana.

- Ok, tudo bem. Não vejo realmente um problema nisso. Só te daria uma bronca se tivesse acabado de conhece-lo. Mas, sinceramente, se vocês não quiserem um bebê em suas vidas, recomendo que se protejam daqui para frente. – Recomenda Kyou, pousando a mão em meu ombro. Sorrio para ela, agradecendo em silêncio. – Vamos, Tomoya já deve ter acabado. – Saímos do banheiro e voltamos para a mesa ainda a tempo de escutar o fim da bronca de meu “pai”.

- E espero que a proteja com a sua vida também!

- Hai. – Vejo o louro assentir. – Eu a amo. Vou protegê-la até o fim.

- Se a magoar, não te perdoarei.

- Não me perdoaria, se fosse o caso. – Concorda Mello e meu coração se derrete. Eles ainda não podem nos ver. – Eu a vi sentimentalmente ferida um vez e foi por minha causa... Nunca mais quero vê-la daquele jeito. Não vou deixar que aconteça. – Sinto o sangue subir ao meu rosto quando Kyou me olha e aperta minhas bochechas.

- Então está tudo bem. – Diz Tomoya. Tudo isso por causa de uma noite.

 Assim que sento no banco ao lado do louro, sou abraçada com tanta força que perco o ar. Posso sentir Tomoya e Mello se encarando enquanto retribuo o abraço quente e confortável, inalando o cheiro de chocolate com couro.

- Onee-chan? Aconteceu alguma coisa? Por que oto-san e onii-san estavam brigando? – Pergunta o garoto albino.

- “Onii-san”? – Questiona Mello. Dou um tapinha em seu braço.  – Ok, ok. Não precisa me bater, eu já apanhei demais de você por uma vida só. – Não consigo me impedir de rir e abraça-lo mais forte por um instante.

- Não briguem. – Peço para Tomoya e Mello, que começou a acariciar meu cabelo.

- Ok. – Sussurra o louro.

- Não vamos brigar. Só estava explicando para o Mello que você não deve ser tratada como qualquer outra garota. – Explica Tomoya.

- Eu já sei disso, não há necessidade de me dizer.

- Mais ainda assim a levou para a cama. – Diz. Faço bico e novamente pouso a cabeça nas mãos.

- Oto-san... É realmente constrangedor dizer isso, mas não foi uma escolha só dele. Eu queria também.

- Queria o quê? – Impacienta-se Yuki. – Onee-san e onii-san fizeram algo de errado?

- Não. Só inesperado. – Diz Kyou. – Falaremos disso quando for mais velho, ok?

- Hai. E por que estão brigando com ela?

- Não estamos brigando, apenas pedindo que ela seja responsável. – Tomoya explica calmamente.

- Ok. Ei, a comida chegou! – Anuncia o menino. Isso é bom. Estou mesmo começando a ficar com fome.

- Itadakimasu! – Dizemos juntos. Passo o resto da refeição ensinando Mello a usar os Hashis.

***

Entramos no metrô e nos sentamos. Há muito tempo não ficamos completamente sozinhos juntos, sem nenhum conhecido em um raio de 5 quilômetros. Deito a cabeça no peito de Mello e fecho os olhos. Lembro-me de quando tinha treze anos, logo depois que voltei do Japão e Mello me levou para um parque, aonde passamos a tarde abraçados e trocando beijos intensos. O louro volta a acariciar meu cabelo, massageando o couro cabeludo e me deixando com sono. Logo seus dedos afastam os fios brancos do caminho para tocarem meu pescoço e, por fim, minhas costas.

- Você fica muito fofinha dormindo, sabia? – Sussurra. Levanto os olhos para encontrar os seus e sorrio. Senti falta de sorrir durante estes último anos sem ele. Senti falta de expor os dentes em uma genuína demonstração de felicidade.

- Eu te amo, sabia? – Digo em resposta.

- Imaginava que sim. Só para constar, eu também te amo. – Aproximo a boca de seu rosto, tocando sua bochecha com meus lábios e nela depositando um beijo molhado.

- Quer saber de outra coisa? – Pergunto, lembrando de uma questão que há muito tenho em mente.

- Hm?

- Você ainda me deve uma explicação. E Near também. Eu tenho o direito de saber seus motivos para ir embora e de saber o que o Near tem a ver com isso.

- Não discordo de você. Mas vamos conversar sobre isso com os três juntos quando chegarmos em casa, ok? Não acho justo o Near não participar disso também, porque todos tem direito de se defender diante de uma acusação. Não vou te pedir para não ficar brava comigo, porque eu provavelmente ficaria bravo com você se fosse o contrario. Isso também envolve uma... Longa história sobre minha vida antes do Wammy’s House.

- Como assim? – Questiono, unindo as sobrancelhas.

- Há uma verdade, na realidade uma mentira, muito sombria a respeito da vida de Mihael Keehl. – É tudo que diz. Franzo os lábios, mas fico calada. Não há nada mais sombrio do que as coisas que já sei que ele fez, certo? Certo?! Embaixo de mim, o peito do louro faz um longo movimento, indo de baixo para cima e para baixo de novo, indicando um suspiro. – Está questionando sua relação comigo, não está? Você... Vai querer terminar comigo? Ou... Um tempo para pensar? – Seus dedos apertam meu cabelo, como se isso pudesse me prender eternamente a ele. Estremeço, abominando a sugestão que ele acaba de dar.

- Não. Não acho que algo possa me fazer questionar minha relação com você. Ou o meu amor. Eu te amo, Mello, te amo desesperadamente. Já senti a dor de ficar longe de você por tempo demais. Não preciso pensar, eu apenas quero ficar com você. Sempre. – Volto a me aproximar dele, deitando minha cabeça na cavidade em seu ombro, que parece ser feita para que eu me encaixe nela. Seus braços me envolvem como se eu fosse um bebê, confortando-me e afastando de mim tudo de ruim que existe no mundo.

- Eu disse ontem e repito; ninguém neste mundo é mais doce do que você, Kath. – Seus lábios capturam os meus, levando-os para um beijo paradisíaco. – Eu te amo. – Movo os lábios, dizendo as mesmas palavras, porém em silêncio. O beijo tirou todo o meu fôlego e a voz. – Quero ficar com você para sempre.

- Sempre. – Concordo. Novamente eu fecho os olhos e a viagem termina sem novos comentários sobre como eu sou fofinha.

__PDV MELLO__

Chegamos a porta da casa de Akira e eu paro, segurando Kim e puxando-a contra mim para que olhe em meus olhos.

- O que foi? – Pergunta a albina. Meu coração paralisa completamente e sinto que vou morrer se ele não voltar a trabalhar. A mão fria de Kim se ergue até meu rosto do lado direito, tocando minha cicatriz e acariciando-a desde onde começa, logo acima do olho, até onde termina, atrás do maxilar. – Está tudo bem? Está se sentindo bem?

- Não sei, Kath. Não sei. Eu não sei se você vai me odiar depois de saber da verdade, não sei se você vai ficar com medo de mim ou... Kim, eu não posso te perder. Eu não posso, não vou conseguir passar nem mais um minuto sem saber que você me ama. Sem poder dizer “eu te amo” todos os dias. Sem poder te beijar e te abraçar. Sem poder sentir o que sinto abertamente. Sem poder segurar a sua mão e saber que você sente o mesmo por mim. Sem poder acordar ao seu lado todas as manhãs e ver como você é linda.

- Mihael Keehl. Mello. Meu louro. Não importa qual o seu nome, apelido ou o que fez. Eu te amo acima de tudo, Mello. Eu não me importo com o que você fez durante a sua vida, eu te amo. Eu preciso de você. Sempre precisei e sempre vou precisar. Jamais te deixaria, Mello. A não ser que você esteja me traindo, o que realmente acredito não ser o caso. – Depois das palavras de Kim, sinto que é a hora de fazer o que queria fazer há muito tempo. É este o motivo de eu ter ido com ela à casa de Tomoya e Kyou. Pensei que seria apropriado dizer a ele, uma vez que eu não poderia falar disso com o pai biológico de Kim. Sendo assim, seguro delicadamente a mão de minha amada enquanto me ajoelho diante dela e fixo meus olhos nos seus. Está surpresa, chocada, sem saber o que está acontecendo.

- Katherine Anne River, eu juro para você que nunca mais me afastarei até o instante em que a morte me leve. Eu te amo com todo o meu coração, meu corpo, minha alma e minha mente. Te amo em cada instante de cada dia, desde que acordo até o momento em que pego no sono e, quando o faço, te amo pelos sonhos. Você é o anjo que mantém meu coração batendo, coração o qual pertence a você. Por um milagre vindo de alguém realmente muito bom e que deve realmente gostar de mim, você me ama também. Por um milagre maior ainda me aceitou de volta. Neste momento, Katherine, eu estou aqui ajoelhado aos seus pés na esperança de outro milagre acontecer e você aceitar passar o resto das nossas vidas ao meu lado. Katherine... Se nós dois sobrevivermos ao caso Kira, você se casaria comigo? – As palavras apenas fluem para fora da minha boca como se eu as tivesse decorado, coisa que não o fiz. Decidi que falaria com o coração e diria o que me soasse melhor no momento. Por fim, estendo a mão até o bolso de minha calça e a trago de volta, segurando um pequeno anel de prata fino e simples, tão delicado quanto a própria Kim. O único ornamento da joia é um pequeno rubi retangular que brilha como os olhos de Kim. Eu teria lhe dado alguma outra pedra, mas então me lembrei de meu sonho a respeito de como somos ligados por um fio vermelho invisível, a Akai Ito, e pensei que seria mais adequado dar-lhe uma pedra vermelha.

- Mello... – Sussurra. Há lágrimas escorrendo de seus olhos violetas. Meu deus... E se ela não me aceitar? Eu não terminarei com ela por nada, mas isso me magoaria bastante. – Mihael Keehl, eu não sou uma pessoa adepta ao casamento... Mas se existe alguém com quem eu aceitaria me casar... Esta pessoa é você. Então sim, eu me casaria. Eu te amo com todo o meu ser e não me imagino mais longe de você. Eu não me sinto viva sem você e quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Então a minha resposta é sim. – Ela chora abertamente, soluçando. Coloco o anel em seu anelar esquerdo antes de me levantar para abraçá-la e tentar conter suas lágrimas.

- Por que está chorando? Eu te magoei de alguma forma? Se não for o que você quer, eu não quero te forçar a nada. – Repito as palavras que disse ontem a noite antes de tirar a virgindade de Kim.

- Não é isso. Eu quero isso e muito. É que eu estou feliz! Eu não poderia estar mais feliz. São lágrimas de alegria, não de dor ou mágoa. Se eu estou com medo? Em pânico. Nunca me imaginei me casando, mas sei que vai ser bom se for com você.  – Diz em um tom infantil, fofo e inocente. Minha pequena Snowdrop. Deus... Como eu posso amar tanto esta menina em meus braços? E como pode ainda haver espaço em meu coração para que eu me apaixone mais a cada dia?

- Eu te amo tanto, Kim... Tanto. – Sussurro ao seu ouvido. Seus lábios vêm de encontro aos meus com paixão, com desespero. Sua língua pede passagem enquanto eu forço minha entrada em sua boca e seus lábios quentes, macios e carnudos dançam junto aos meus.

- Eu te amo, Mello. – Diz rapidamente antes de retornar ao beijo apaixonado. Meus dedos deslizam por suas costas, segurando sua cintura e recusando-se a soltá-la.

- Ei! Vamos entrar? – Chama a voz de Akira. – Deixem suas línguas descansarem um pouco.

- Oh... Kon’nichiwa, Akki-san! – Kim enxuga o resto das lágrimas e abre um largo e reluzente sorriso, os lábios ainda molhados com minha saliva e com sua própria.

- Por que está chorando?

- Estou feliz... Depois conversamos. – Diz ao mesmo tempo em que entrelaço nossos dedos. Akira baixa os olhos por um instante ao assentir, mas logo os levanta, agora arregalados de choque.

- Kim... O que diabos... – Ele puxa sua mão, tirando-a da minha e aproximando seus olhos do delicado anel. Depois olha para o rosto de minha... Noiva? Acho que sim. Isso me assusta um pouco, para ser sincero, mas se for com a Kim, então sei que é o que quero. – Você! Você deu isso para ela? – Pergunta o garoto. Faço que sim, quase me assustando. – Então é melhor que você cuide muito bem da minha amiga! – Ele me agarra pelo colarinho e me puxa para perto de si, nossos rostos a milímetros de distância. – Se a trair eu te mato.

- Akki-san... – Reclama a albina. O garoto me solta e eu volto a abraçar Kim. Mas não a mantenho presa a mim por muito tempo, uma vez que ela é arrancada de meus braços por Akira, que a abraça e a gira no ar.

- Eu não acredito nisso, sua fantasma! – Ele grita, rindo. Kim ri com ele, deliciada com a situação. Suas risadas de sino de vento entram em meus ouvidos, acelerando meu coração e novamente me apaixono por ela. Decido que a farei rir com mais frequência. Ele a devolve ao chão e ela se vira para mim com um sorriso de tirar o fôlego que freia as batidas de meu coração. Nunca a vi sorrir assim. Nunca a vi tão contente. Akira vem até mim e me abraça de leve. – Parabéns, cara. Você tem sorte.

- Acredite, eu sei disso. Obrigado. – Digo mais para Kim do que para seu amigo. A albina volta para meus braços e descansa a cabeça em meu peito. Seguro sua mão novamente, desta vez de uma forma que ela não se soltará tão facilmente.

Entramos na casa ainda com os dedos entrelaçados. No sofá, Matt está deitado com a cabeça no colo de Íris, os olhos focados em seu velho PSP.

- Finalmente chegaram! – Exclama a menina. – Leila disse que não vai mais dormir naquela cama e o Near está tentando convencê-la de que tudo estará bem depois que lavarem os lençóis. Acho que ele mesmo concorda com ela, só não quer que vocês fiquem no mesmo quarto para sempre... Mas, sério, quero gemidos mais baixos da próxima vez... E sem gritos! – Olho para minha albina. Ela está corada novamente, mas nada parece ter o poder de apagar este lindo sorriso de seu rosto. Abraço seus ombros e acaricio seus cabelos brancos antes de beijar sua testa.

- Daremos um jeito nisso. – Diz a menina. Bem... Eu não me importaria de passas mais uma noite ou duas no mesmo quarto que ela. Seria bom sentir tudo aquilo de novo. Fazê-la sentir tudo aquilo de novo e ouvir seus gritos de prazer outra vez... Merda, tenho que parar de pensar nisso. – De qualquer forma, temos que falar com o Near. – Declara Kim. Imagino se ela não vai jogar o anel em cima de mim depois de saber de toda a verdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem achou que isso nunca ia acontecer levanta a mão (~le levanta a mão).
Espero que tenham gostado!
Comentem aí, amores!