Akai Ito escrita por Ushio chan


Capítulo 13
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Notas iniciais do capítulo

Oiê! Desculpem esse tempão que demorei para postar, a criatividade travou bonitamente... Deve ser esse frio. Já foram para a escola com a temperatuda em -1? Pois é, é foda. Ao menos a Ranjana voltou para casa comigo.
Bem, boa leitura!



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__PDV MATT__

Mello está deitado no sofá comendo chocolate, exatamente como tem feito nos últimos três dias. Eu realmente acho que ele deveria ir lá e falar com a Kim, já que isso o machuca tanto. Já sugeri isso a ele, mas ele disse que ir lá a machucaria ainda mais.

- Você realmente vai ficar aí para sempre, Mello?

- Vou. – Resmunga, mordendo o chocolate outra vez.

- Está assim há três dias, vá fazer alguma coisa! Só vai piorar se ficar aí pensando na dor.

- É fácil falar. – E ele também dificilmente dá respostas com mais de seis palavras.

- Mello, é realmente uma merda que a Kim esteja tão magoada com você, e você não sabe o quanto me culpo por isso, mas você não pode ficar a vida inteira aí deitado no sofá. Tente pensar em outra coisa!

- Não é sua culpa. – Ele suspira reflexivamente.

- Ok... Mas tente fazer algo! Você vai morrer se ficar desse jeito. – Suspiro.

- Tipo o quê?

- Sei lá... Vá tomar um banho, por exemplo. Acalma.

- Ok... – Ele se levanta do sofá e vai para o banheiro, resmungando algo sobre eu conseguir ser mais insuportável do que ficar sem chocolate. Bem, ao menos eu não sou tão insuportável quanto ficar sem Kim... Por um instante, fico irritado com minha própria piada de mal gosto.

Acho que vou ligar para a Íris... Há três dias não a vejo. Eu posso ir ao QG hoje e tentar arrastar Mello junto. Ele provavelmente ficará feliz quando estiver lá. Ao menos poderá ficar de olho em Kim por mais algumas horas.

Pego o celular e ligo para Íris, indo para a cozinha pegar algo para comer. Temos aqui chocolate, chocolate, chocolate e... Graças a Deus, um saco de batatas fritas. Pego-o e começo a comer enquanto espero que minha Emily atenda. Tenho que tomar cuidado para não chama-la de Emily na frente de todos...

- Matt?

- Íris? Tudo bem?

- Tudo... Estou com saudades. – Responde. Posso  imaginar seu rosto sorridente do outro lado da linha.

- Eu também... Gostaria de ir aí hoje. Tudo bem por vocês?

- Sim! Seria ótimo! Por favor, venha! – Ela quase grita ao telefone.

- Hm... Tudo bem se o Mello for? Ou a Kim...

- Acho que, no fundo, ela fica melhor com o Mello aqui. Desde que ele não a provoque. Não sei.

- Ok. Eu só vou esperar ele sair do banho... Te vejo mais tarde. Eu te amo.

- Eu também te amo, Mattie. – Sussurra enquanto sinto minha nuca se arrepiar ao ouvir o antigo apelido. Desligamos ao mesmo tempo em que Mello sai do banheiro já vestido.

- Nós vamos ao QG.

- O quê?! – Ele exclama desesperado. – Mas e a Kim?

- Você não está preocupado com isso, Mello, você está louco para vê-la, mas está com medo de sair magoado de novo. – Faço uma pequena pausa, olhando a surpresa no rosto de Mello. – A Kim, Mello... A Kim te ama. Se você não sabe disso, não a merece mais, porque não a conhece. E então você deve ter mudado demais, porque o Mello que eu conheci veria as emoções nos olhos da Kim a quilômetros de distância. Não fui só eu que vi nos olhos dela que ela ainda te ama, fui, Mello?

- Matt... – Ele suspira, enroscando os dedos nos cabelos louros e molhados enquanto a dor o transpassa. – Eu não posso ir. Não vou aguentar ver aquilo nos olhos dela. Não vou conseguir vê-la se afastar de mim a cada vez que tento dirigir a palavra a ela. Não vou aguentar saber que fui eu quem fiz tudo isso.

Eu sei o melhor jeito de convencer Mello a ir. E não é falando de como Kim o ama. Eu terei de insultá-lo até a alma, até ele querer me dar um soco, até ele querer provar, não para mim, mas para si mesmo, que eu estou errado.

- Você não merece a Kim. -  Começo. – Ela faria tudo por você, tudo. Eu me lembro de como ela te amava. Me lembro do jeito como ela tratava você, ignorando tudo de errado que você fazia. Ela fazia isso porque te amava mais do que tudo.

- Matt, não me provoque.

- E você dizia a ela que a amava mais do que tudo também. Você mentiu para ela, Mello? Mentiu mais do que o necessário? Passou todo o tempo que namoraram mentindo para ela?

- Matt...

- Isso só prova que é melhor mesmo que ela não te ame, porque aparentemente você não faria nada por ela. Não lutaria pela garota que ama. Ao menos ela tem o Near. Ele sempre foi melhor em cuidar dela do que você. – Mello, mesmo que negue, tem algum ciúme de Near. Talvez por causa do fato de que o albino é o único de quem Kim não desistiria por Mello.

- Matt... – Ele sempre tenta me interromper, mas não acha palavras para isso. Agora estou muito perto de fazê-lo chegar a seu limite. Só falta um pouco para que eu acabe com seu orgulho, despertando seu complexo de inferioridade.

- Covarde. – Minha ofensa não demora para ser respondida com um soco em meu maxilar. Devolvo-lhe o favor com um soco na bochecha e acho que ele se mordeu, porque cuspiu sangue. Logo estamos nos atracando no chão, rolando e trocando socos e xingamentos, como se não fossemos amigos

Demora para que percebamos o que estamos fazendo e paremos de nos machucar.

- Desculpe. – Diz ofegante enquanto se senta.

- Tudo bem. Eu fiz de propósito

- Para eu bater em você?

- Não. Para você notar que está sendo idiota.

- Eu… Matt… Ok, eu vou com você. – Suspira por fim. – E... Só para esclarecer, eu não queria ter te batido. Quer dizer, queria, mas você é meu amigo e...

- Tudo bem, Mello. Você é meu amigo e... Se você não me visse como amigo teria me matado. Digo, você está armado!

- É... Acho que teria. Anda, vai lavar esse sangue do rosto. Íris vai me matar se te vir ensanguentado deste jeito.

Levanto-me e o acompanho até o banheiro para lavar o rosto. Mello fez um pequeno estrago. E eu também não deixei barato. Há um pequeno corte no canto de sua cabeça que está sangrando muito. E o lábio está cortado.

Depois saímos para o QG.

***

Entramos no prédio e passamos pelos corredores rapidamente. Nenhuma porta tenta nos impedir. Já estávamos sendo esperados aqui hoje. Quando chegamos à sala, Near está sentado no centro de um círculo de cartas. Íris voa para meus braços em tal velocidade que eu mal posso vê-la. Logo estou sendo abraçado por ela e me apertando-a contra mim com força.

Mello nos olha tristemente. Íris é a única que nota nossa presença, o resto continua a fazer o que fazia.

__PDV MELLO__

Matt e Íris se abraçam, mas o resto da equipe parece não nos notar. Eles continuam a trabalhar. Meus olhos escaneiam a sala em busca de Kim. Ali está ela, sentada na poltrona fazendo algo em um caderno. Pelo som do lápis e pela força usada, está escrevendo. Provavelmente traça o perfil de alguém. Pelo jeito como observa Halle, é o dela. Incrível como Kim consegue pensar enquanto faz isso.

- Regras falsas... – Murmura Near em meio ao círculo de cartas.

- Nós todos concordamos que é a dos 13 dias. – A voz de Kim soa abafada quando ela fala sem tirar os olhos do caderno.

- Sim, é o mais provável. – Concorda, de costas para a porta.

- Gevanni, ligue para o segundo L. – O de cabelos escuros, Gevanni, faz algo no computador e liga para Yagami.

- Near?

- L, capturamos Mello.

- Hum? – Todos se surpreendem do outro lado da linha.

- Mas ele fugiu. Ainda assim conseguimos informações dele.

- Ele não fugiu, você o libertou, não?

- Não. Ele realmente fugiu. – Mente o albininho. Está mentindo para me proteger? Não. Para se proteger. - A propósito, Mello disse que cada caderno corresponde a um Shinigami.

- Ahn? – Assombra-se Yagami. O garoto mente bem.

- Você já confirmou isso? – Near também já captou a mentira.

- Sim, os Shinigamis de fato existem. Não achei que fosse acreditar em tal coisa, então omiti a informação.

- Gostaria muito de falar com um Shinigami... – Murmura Near. Olho para Kim, preocupado com sua reação às palavras do irmão. O termo Shinigami sempre a machucou. Desde a morte de Yukiteru. Vejo minha pequena albina enxugar uma lágrima rapidamente e me sinto tentado a correr até lá e jogar meus braços ao seu redor. – O que mais me instiga é saber que há uma regra falsa no caderno.  – Near passa a brincar com uma das cartas enquanto provoca Yagami, tentando força-lo a falar a verdade sem querer.

- Falsa?

- Sim. Diga-me o que acha disso. Se há uma regra falsa, qual seria?

- Por um processo de exclusão, diria que é a regra que diz que se uma nova vítima não for feita em um prazo de 13 dias, o dono do caderno morrerá.

- Também acho, mas não tenho certeza.

- Shinigami, há regras falsas no caderno? – Yagami fala do outro lado da linha. Filho de uma vadia...

- Tem um Shinigami com vocês, não é? – Posso ver os cantos das bochechas de Near se encherem em um sorriso de satisfação. Ele conseguiu o que queria. Agora tem cerca de 70% de certeza de que Yagami é Kira.

- Sim.

- Sei... Estou começando a entender. Em outras palavras, Kira está entre vocês e fez o Shinigami mentir em favor dele. – Agora é a parte em que Near abre o jogo e coloca uns contra os outros e, acima de tudo, contra Yagami. Mas eles provavelmente cairão em negação e ignorarão as suspeitas de Near. Cochichos ininteligíveis são ouvidos do outro lado da linha. – Que tal se eu provar assim; escreverei o nome de Mello no caderno. E Mello morrerá. Se eu morrer depois de treze dias, a regra é verdadeira.

- Near, você não pode fazer isso!!! – Um grito agudo e choroso é ouvido de um canto da sala ao mesmo tempo em que algo pesado cai no chão. Olho para a fonte do barulho. Kim parece ter entrado em pânico com a ideia e perdido o controle. Ela olha em volta, quase que se desculpando, e seus olhos param em mim, arregalando-se enquanto as mãos voam para a boca. Ela se vira e corre para algum lugar.

- O que foi isso?

- K não gostou da ideia. – Responde Near.

- Near, eu vou atrás dela. – Digo e o vejo se virar para mim e assentir.

- Só tome cuidado, ou vai piorar a situação dela.

- Que situação? De quem? – Yagami continua com o interrogatório.

- É algo pessoal. – Ouço Near explicar enquanto corro atrás de Katherine. Ela dispara pelos corredores comigo bem atrás dela. Ela sempre foi mais rápida do que eu, mas eu não posso desistir de alcança-la.  Então minha pequena albina some em um dos corredores. Os quartos, pelo que posso ver. Procuro pelo quarto de Kim e noto que o achei quando escuto soluços saindo de uma das instalações.

Bato na porta e a escuto dizer que está aberta. Provavelmente acha que sou o Near ou a Íris. Ou Ushio. Ou mesmo a pequena Leila. Entro no dormitório, um lugar amplo e organizado, com uma cama de casal com roupa de cama lilás; uma escrivaninha na qual se encontra o velho computador de Kim e várias anotações; um guarda roupas e uma mesinha de cabeceira com uma luminária aparentemente potente. Há também um banheiro no lado oposto ao da cama, que está colocada de lado para a porta. A albina está deitada de frente para mim, envolta no edredom e com a fronha do travesseiro ficando cada vez mais molhada por suas lágrimas. Ela olha para mim e parece chocada por um instante, quase assustada.

- Saia daqui, Mello.

- Kath... Eu...

- Por favor, não me chame por nenhum apelido. – Ela me interrompe.

- Ok. Kim, eu... Não chore, Kim. – Aproximo-me dela e me sento na cama a seu lado. Sua reação é assustadora, ela quase voa para o outro lado da cama, afastando-se de mim. – Não há motivos para isso. Nem para fugir de mim. – Ela volta para onde estava antes, ficando perto de mim. Estendo minha mão para tocar seu rosto. Desta vez ela não tenta fugir, apenas fecha os olhos e deixa que eu a acaricie suavemente. Mas não para de chorar baixinho, sem soluçar. – Vai ficar tudo bem, Kim.

- Não vai... E você sabe disso. – Responde com a voz embargada. Sem dizer nada, eu a puxo para mim em um abraço apertado, deitando sua cabeça em meu peito e acariciando seus cabelos. – Não faça isso comigo. – Implora.

- Kath... Por favor... Me deixe te abraçar ao menos uma última vez.

- Por quê?

- Porque... Eu te amo. - Ela não reclama mais do abraço, apenas se aperta mais contra mim por alguns instantes antes que eu a solte e olhe para ela.

- Como você pode fazer isso? Como pode me machucar desse jeito, Mello?

- Eu... Eu nunca quis te machucar. Sabe disso. No fundo, você sabe. – Vejo-a forçar as lágrimas a secarem em seus olhos.

- Não, não sei. Só sei que você me deixou e eu fui obrigada a conviver com isso. Se acha que depois de finalmente conseguir eu vou voltar correndo para você como um cachorro...

- Eu não acho isso. Na verdade, estive longe de acreditar que um dia voltaria para mim, embora tivesse esperanças. Só queria que estivesse a par deste fato. Não quero te provocar, ou te causar sofrimento, só quero que saiba que eu te amo, e que vou te amar sempre. Sempre amei. – Faço uma pausa, tentando adquirir palavras para concluir o que quero dizer. – Eu não deixei de te amar nem por um dia sequer e... Eu sempre estarei aqui para você, do jeito que você quiser que eu esteja.

- Por favor, não me torture assim. Não faça isso. Não me faça sentir por você o que um dia eu já senti. – Ela baixa os olhos, tentando inutilmente esconder os olhos cheios de lágrimas. – Por favor, vá embora, Mello.

- Quer que eu vá embora ou quer que eu me afaste de você para sempre?

- Eu... Só me deixe sozinha por agora... É muito para eu conseguir digerir.

- Snowdrop? Eu posso te pedir uma coisa, visto que pelo jeito não me aceitará de volta?

- O quê? – Ela soa quase mal humorada.

- Posso sentir o seu beijo uma última vez? – Levanto seu queixo e vejo um brilho diferente em seus olhos que ela faz questão de apagar.

- Bem, considerando que você atendeu meu pedido naquele dia, acho justo que eu atenda o seu. – Ela responde antes de levar os lábios aos meus em um longo e profundo beijo. Minha boca automaticamente se abre para que eu possa implorar que ela permita algum contato entre nossas línguas. E ela permite, inundando minha boca com seu gosto delicioso de chocolate com menta. Katherine suspira baixinho e eu a aperto contra mim, sentindo mais uma vez seu pequenino corpo se espremer contra o meu. Percebo que ela puxa suavemente meu rosto para baixo, como fez inconscientemente na primeira vez que a beijei.

- Tão bom... – Sussurro quando ela quebra o beijo. Observo-a tocar os próprios lábios, como que temendo encontrar alguma alteração na boca perfeita.

- Tchau, Mello. Tenha um bom dia. – Diz, voltando a deitar-se na cama e se enroscar no edredom. Desta vez ela não chora e tampouco precisa conter as lágrimas. Não há nenhuma lágrima. A dúvida e os pensamentos são os únicos sinais de vida que seus olhos violetas dão ao mundo. Saio do quarto, deixando-a sozinha. Espero que algum dia ela consiga me perdoar.

- Tenha um bom dia. – Digo antes de sair com um meio sorriso nos lábios. Retiro-me do prédio sem me despedir, desta vez com a intenção de voltar em breve. Muito breve.

Tenho esperanças de que Kim me deixe ser ao menos um amigo novamente... Ou que ela não me ignore.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Deixem reviews e, sem mais delongas, eu vou dormir!
Oyasumi!
Jya nee!
- Ushio