Lá estava eu , fitando o nada, quando percebo eu estava sendo arrastada por minha mãe que decidiu do nada me levar ao hospital, e o porquê? Não, eu não sei, minha mãe é daquelas que te leva para o hospital até por um espirro, é, mas isso não vem ao caso, o fato é por que ela tá me levando pro hospital? 

Cheguei lá, e quando entrei aquele cheiro de hospital nada agradável invadiu minhas narinas.... Eu fiquei zonza mas logo recuperei meu controle. Minha mãe, que estava conversando com a secretária do estabelecimento, e dizia que eu estava com câncer, eu não tava entendendo nada, até que eu acordei e percebi que tinha sido somente um sonho, graças à Deus, mas por que eu tive esse sonho? Decidi descer, pra tomar um café da manhã, com o intúito de falar com minha mãe, mas lembrei que eu estava Alemanha, na casa dos meus tios.... E bem, estava de madrugada e eu não queria acordá-los, quando vi minha tia sentada na cadeira do computador com uma cara de espanto, eu perguntei pra ela o que estava acontecendo mas só recebi um olhar triste.

- o que aconteceu tia?? - falei novamente, preocupada.

- sua mãe... Ela .... mor.... reu. - ela disse enxugando a lágrima que caía em sua face esquerda.

- O QUEE??? - eu falei gritando - COMOO??????

- ela estava com câncer , mas não queria magoar você, então não contou ... - eu via que mais lágrimas caíam, e começavam a brotar em mim também.

Eu só consegui me ajoelhar no tapete e continuar chorando feito uma criança quando tem de se separar de seus pais... Mas eu sabia que, no meu caso, era pra sempre... A minha vida estava perdida, como eu ia para a faculdade? Para quem eu iria contar de minhas atrocidades ridículas? O que eu ia fazer de minha vida?

Tentei pensar de como era bom quando eu estava com ela, de suas piadas bestas... Mas pensar que eu nunca mais iria vê-la me magoava e muito...

Minha tia me abraçava e chorava tanto quanto eu, ela era uma ótima pessoa, e eu tinha certeza que ela ia me ajudar nessa batalha, perder uma mãe não é fácil, mas quando vocês têm alguém no mundo que te ame tanto quanto sua mãe, fez com que eu me reconfortasse.

Eu fui me deitar mas demorei muito a realmente conseguir dormir.

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Eu acordei com uma dor de cabeça muito forte, eu não tinha dormido nada bem, fui tomar um banho bem quente pra ver se 'esfriava' minha cabeça (foda-se a lógica), depois voltei para o meu quarto , coloquei uma roupa e fui até a cozinha comer algo. Meu tio estava lá, ele me olhou de lado, mas continou a fazer a comida, suspirei, e ele veio e me deu um abraço, uma lágrima caiu , o meu tio me olhou e disse:

- não fique assim, é a vida, todos nós já passamos ou teremos um dia que passar por isso- eu sorri fraco, ele restribuiu.

- obrigada tio , eu só não entendo é porque ela não me falou da sua doença- falei pegando o leite na geladeira.

- ela não te falou nada , porque não queria você triste, queria que você continuasse pensando na sua faculdade em Berlim,  na qual você tanto queria passar, e que conseguiu. Então você precisa superar- ele deu um beijo da minha testa.

 - é verdade, tio, mas eu vou pra Rússia, tenho que ir ao enterro dela... Se eu não for, vou me culpar por toda a minha vida, por não dar meu último adeus - eu falei enxugando minhas lágrimas que ainda caíam.

- eu também acho bom você ir - ele disse e eu saí da cozinha em direção à sala, onde estavam minha tia, e minhas duas primas que quando me viram, vieram correndo me abraçar, eu retribuí, e comecei a chorar mais. 

- calma, Ustadida,  tudo vai ficar bem... - falou minha prima mais velha . 

Eu apenas assenti, e voltei para meu quarto, peguei o celular e liguei para meu pai :

LIGAÇÃO MODE ON:

 - alô?

 - alô, sou eu, pai.

 - ah oi filha... Eu fiquei sabendo do que aconteceu... Você está bem?

 - na medida do possível... Mas e você? 

- eu tô bem sim filha, mas... Então o que você vai fazer?

 - eu não sei... Acho que vou ao Canadá, mamãe.