Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 15
Abismo


Notas iniciais do capítulo

Sorry a demora gente! É que me enrolei no trabalho ... =/
Agradeço a Joana Rubin, a Sara Black que recomendaram a fic e estão sempre por aqui me dando forças! Amo vcs! ♥
Agradeço a gwinck, que também recomendou, mas não a conhecia! =D
Obrigado pelos comentários e espero que gostem deste capitulo que fiz com carinho! *-*



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*****

Parecia que o chão havia se aberto em uma fissura sob meus pés e agora eu estava em queda livre no abismo escuro e frio. Minhas pernas estavam dormentes e minhas mãos geladas. Meu coração havia parado de bater, enquanto eu perdia a noção de todos os meus sentidos.

Isso era um pesadelo. Eu tinha certeza.

Jacob não havia dito isto. O meu Jacob nunca diria ou faria aquilo que aquela estranha e sombria criatura em minha frente estava dizendo.

Quando minha cabeça parou de girar, consegui ouvir novamente meu coração bater, acelerado.

Encarando o rosto angustiado na minha frente, tentava desesperadamente encontrar minha voz, para pedir a ele que desmentisse isso. Que dissesse que estava brincando, que era uma piada de mau gosto.

Mas sua expressão já dizia tudo. Não era uma mentira, nem uma brincadeira.

– O que você disse? - minha voz não passava de um sussurro.

Seu rosto se contorceu em uma expressão de dor.

– Que eu fui apaixonado pela Bella. - ele repetiu também num sussurro. - Isso foi há muito tempo, antes de você entrar em minha vida.

Um tremor percorreu meu corpo.

– Mas como... – não conseguia formar nada coerente.

Minha mãe e Jacob? Isto não estava certo. Meu estômago se revirou.

Fechei meus olhos e engoli seco. Meu corpo todo tremia. Olhei novamente para ele, tentando controlar minha voz.

– Ela também te amou?

Jacob me deu um olhar triste antes de abaixar a cabeça. Eu tinha minha resposta.

A confirmação de toda essa mentira me sufocou. Meu peito se apertou e eu não conseguia respirar. Levei a mão em minha garganta, enquanto tentava não sucumbir à dor. Não podia ser verdade!

Mas de repente, tudo em minha mente se encaixou.

Jake nunca me amou. Ele sempre esteve lá, mas não foi por mim.

Foi por ela.

Sempre quis estar perto dela. Todos os momentos, todos os sorrisos e lágrimas, tudo que tivemos fazia parte da mentira.

Não havia amor. Não havia imprinting. Só havia mentiras.

Todas as atitudes de Edward com relação a Jacob passaram a fazer sentido.

Todas as brincadeiras e indiretas de Paul e Jared também se encaixaram.

Minhas pernas tremeram e tive que segurar em uma cadeira próxima para não desabar. As lagrimas de desespero, começaram a cair pelo meu rosto ao perceber que eu nunca fui amada como pensei.

Jacob deu um passo em minha direção com a mão estendida, como se fosse me tocar. Meu estômago revirou apenas com a ideia do contato e me afastei até encostar na parede.

Seu rosto se contorceu de dor e arrependimento.

– Nessie, por favor... - pediu abaixando a mão.

Olhei para Jacob com desprezo.

–Não me chame assim! - gritei para ele, finalmente transformando minha dor em fúria. As lagrimas corriam por meu rosto, como correntezas. - É nela que você pensava quando estávamos juntos?

Ele abriu a boca em espanto e me olhou como se tivesse enlouquecido.

– Não! Como pode sequer pensar uma coisa destas? - ele gritou de volta para mim. - E você quem eu amo! Você e mais ninguém! Tudo que aconteceu entre mim e Bella é passado...

– Pare! - eu gritei, fechando meus olhos com força e tapando meus ouvidos, tentando afastar as imagens que me invadiram minha mente. Não queria nem sequer imaginar o que poderia ter acontecido entre eles.

– Me deixe apenas te explicar. – ouvi sua súplica sussurrada.

Eu não conseguia respirar tamanha era a dor em meu peito. Só queria ficar com os olhos fechados até que tudo isto desaparecesse.

Quando consegui olhar para ele novamente, foi só para ter meu coração quebrado mais uma vez.

Seu lindo rosto só possuía emoções tristes. Eu não entendia o que estava acontecendo. Uma lagrima solitária rolou pelo rosto dele e eu lhe dei as costas.

Não conseguia ficar olhando-o mais.

– Jacob, preciso pensar ... - murmurei entre as minhas próprias lágrimas.

Então corri.

Voei pela porta, saltando os pequenos degraus da varanda, sentindo meu vestido se partir, dos joelhos ate coxa. Nem me importei. Eu já estava toda em pedaços mesmo.

Ouvi Jake gritar meu nome um pouco antes do ruído de tecido sendo rasgado e logo as pasta pesadas de lobo estavam batendo no solo atrás de mim. Acelerei os passos debilmente. Ele era mais rápido que eu e me alcançou sem dificuldades.

Virei-me bruscamente fazendo o grande lobo avermelhado, derrapar as patas no solo até para em minha frente, com a respiração ofegante.

Meu coração quebrado, doeu ao olhar nos olhos tristes do Jacob lobo. As lagrimas tornaram a descer, ao me lembrar que cada momento que passei ao lado do meu melhor amigo, fora mentira.

– Por favor, me deixe ir! - supliquei a ele - Preciso ficar sozinha.

Ele não fez nenhum movimento. Apenas continuou a me fitar com olhos tristes. Sem esperar resposta, tornei a lhe dar as costas e correr, mas desta vez ele não me seguiu.

Meu coração afundava cada vez mais, enquanto eu corria sem destino, me afastando dele.

Nuvens carregadas se aproximavam com velocidade ao sul. O céu ficava gradativamente negro, trazendo com ele a brisa gelada.

Era irônico, porque era exatamente a forma que eu me sentia por dentro.

Fria e escura.

Corri mais rápido tentando ao máximo deixar toda a dor e tristeza para trás. Mal podia acreditar que há poucas horas havia encontrado a plena felicidade, apenas para vê-la desmoronar na minha frente.

A dor me dilacerava enquanto me lembrava de cada toque, cada beijo dele.

Depois de correr por não sei quanto tempo, as arvores ficaram esparsas, no exato momento que a chuva começou a cair. A poucos metros à frente, enxerguei um penhasco e o oceano que se entendia em sua grandiosidade.

Eu não sabia se ainda estava na praia de La Push, nem se já havia atravessado a fronteira. E nem me importava. Tudo que eu queria era ficar sozinha.

Me sentei a beira do penhasco, enquanto a chuva lavava meu corpo, levando o cheiro dele para oceano. Mas a chuva não conseguia apagar o calor e o gosto de café de nosso ultimo beijo, nem o gosto amargo da mentira recém-revelada.

Meu coração estava em cacos e mesmo assim, continuava se partindo cada vez que me lembrava dos momentos lindos que passamos juntos. Lindos e mentirosos.

Me quebrei novamente, quando toquei em meu braço e vi a pulseira que ele me dera ainda criança, como o lobo minúsculo, pendurado nela. Levei a mão ao meu peito, para encontrar o relicário que havia ganhado de Bella também ainda criança. Arranquei os dois presentes das pessoas que eu mais amava neste mundo. Pessoas que eu daria minha vida por elas sem pensar. Pessoas que haviam me enganado durante toda minha vida.

Apertei-os em minhas mãos e por um segundo, cogitei jogá-los no mar.

Mas não pude.

Abracei meu próprio corpo e desabei deitada no chão ao lado do abismo, tentando impedir que a dor me rasgasse inteira.

Fiquei ali, deitada na chuva por não sei quanto tempo. As nuvens desabavam sem piedade enquanto eu soluçava e tremia de frio, desejando mais do que nuca ter Jacob junto a mim.

– Nessie! - uma voz preocupada soou. Virei minha cabeça, para enxergar Edward ensopado, me olhando com intensa piedade e alivio.

Sentei-me enquanto ele chegava até mim e me dava um abraço gelado e apertado. As lágrimas correram soltas, quentes, misturadas à chuva fria.

– Estávamos tão preocupados com você! - sua voz soou engasgada, em meio o barulho da chuva, como se ele também estivesse chorando.

Eu não disse nada, apenas encostei minha cabeça nos ombros dele e fechei meus olhos, na esperança que a dor sumisse.

Edward me ergueu em seu colo e disparou para dentro da floresta, me levando para a casa que sempre chamei de lar.

*****

– Por favor, Nessie... - Bella murmurou pela centésima vez na porta do meu quarto e eu encolhi mais a cabeça em meu travesseiro. - Apenas deixe-me explicar. - ela suplicava.

Cada pedido dela era uma punhalada em meu coração. Amava minha mãe com todas as forças do meu ser e era isso que tornava mais difícil ouvi-la. Ou perdoa-la.

Eu estava há algumas horas trancada ali. Quando chegamos em casa, não havia ninguém. Todos estavam engajados, na busca da garota semi-vampira enganada e desaparecida. Edward havia me ajudado a me secar e me deu roupas quentes e dois cobertores.

Não saberia dizer que horas eram, mas estava escuro lá fora há muito tempo. Me encolhi mais entre meus cobertores, tentando em vão acalmar o gelo pelo meu corpo. Sentia tanto frio, que tremia. Lagrimas desceram pelo meu rosto, enquanto eu desejava ter Jacob ali para me aquecer e espantar a nevasca do meu coração.

Bella estava pedindo que eu a ouvisse desde que chegou. Eu nem a respondi. Ela poderia ter arrombado a porta, mas não o fez.

Eu não queria ouvi-la. O que poderia me dizer? Confirmar uma verdade que eu já sabia? Pedir perdão por não ter me contado?

Nada do que ela dissesse iria mudar o fato de todos terem me enganado durante toda minha vida. Eu sempre tive uma mente bem desenvolvida. Eles poderiam ter me explicado isso mais cedo.

Eu não sabia quem eu odiava mais. Se Bella, por ser minha mãe e permitir que eu continuasse com Jacob enganada, ou Jacob que me usou este tempo todo para ficar próximo dela.

A dor atravessou meu peito novamente como um tição em brasa. Queimava, mas não era nem de longe o suficiente para aplacar meu frio. Ou deter minhas lagrimas.

Flashs de toda a minha vida com Jake passavam pela minha cabeça, alimentando minha dor.

Lembranças da minha infância quando ele era um irmão para mim. Sempre me fazendo rir, cuidando e protegendo.

Da minha fase adolescente, em que eu fiquei um pouco entediada e queria estudar em um colégio com humanos, apenas para saber como era. Ninguém queria aceitar a ideia, pois eu chamaria muita atenção, por causa meu desenvolvimento tanto físico quanto mental. Deu muito trabalho me convencer a desistir. E quem conseguiu, foi Jacob.

Lembranças do nosso primeiro beijo, de quando ele disse que também me amava. Dos carinhos enquanto fazíamos amor. Do nosso ultimo beijo, antes dele jogar tudo pela janela.

Edward ouvia meus pensamentos no andar de baixo, sem dizer uma palavra ou interferir. Ele sabia que eu já estava sofrendo o suficiente e que não precisava de sermões agora. Eu já tinha aprendido a duras penas que não devia se confiar no amor.

Os soluços balançavam meu corpo incontrolavelmente. Parecia que eu estava convulsionando.

Edward entrou no quarto com uma xícara de algo mal cheiroso e fumegante em sua mão. Bella não estava mais ali.

Ele me abraçou sem dizer nada. Ficou me acalentando enquanto eu continuava tentando expulsar minha dor através das lagrimas.

– Jasper. - ele chamou baixo.

No mesmo instante senti a onda de calma invadindo meu sistema. Meus músculos relaxaram enquanto os soluços cessavam lentamente e as lagrimas paravam de correr.

Edward secou meu rosto com um lenço e me ofereceu a xícara.

– Beba. Vai se sentir melhor... - ele murmurou tranquilizador, mas seu rosto estava tenso.

Dei um gole na bebida amarga e fiz uma careta para o gosto.

Olhei para o rosto amado de meu pai. Não conseguia sentir raiva dele por ter me enganado. Eu sentia que ele também era uma vítima do passado. Queria perguntar a ele, pedir a ele que contasse a historia.

Eu devia ser masoquista.

Mas minhas pálpebras pesavam, enquanto o chá que bebi fazia efeito e Jasper trabalhava em mim com seu dom.

Me deitei analisando a expressão de meu pai. Furiosa e preocupada ao mesmo tempo. Um arrepio percorreu minha coluna.

– Pai. - chamei, quando ele se levantou e caminhou até a porta. Minha voz estava estranha depois de ter chorado tanto. - Não vai fazer nada com Jacob não é? - perguntei amedrontada com a ideia.

Edward se retesou quando ouviu o nome de Jacob e trincou os dentes.

– Eu não vou atrás dele para resolver isso, se é o quer saber. - ele sibilou baixo. - Mas é bom o cachorro não atravessar a fronteira por um tempo. - sua expressão dizia que ele não estava brincando.

Mas eu sabia que mesmo com todo o rancor, Edward não era capaz de me machucar desta forma. Ou a Bella. Meu peito doeu com este último pensamento.

– Durma. Logo venho pra ver como você esta. - ele completou com ternura, fechando a porta.

A consciência estava me abandonando e a dor ficando entorpecida. Eu estava exausta. Mesmo assim não pude deixar de derramar lágrimas quentes e silenciosas antes de adormecer, ao me lembrar de lindos olhos escuros e tristes, me fitando.

*****

Ashes And Wine - Cinzas e Vinho

(clique aqui para ouvir)

Não sei mais o que fazer

Eu perderei o único amor pelo qual vale a pena lutar

Eu me afogarei em minhas lágrimas

Eles não veem?

Isso deveria mostrar á você,

Te fazer sofrer como fez á mim.

Tudo igual

Eu não quero brincar de ofender

É uma vergonha

Deixá-lo ir

Isso é uma chance?

Um fragmento de luz no final do túnel?

Uma razão para lutar?

É a chance para fazê-lo mudar de ideia?

Ou nós somos como cinzas e vinho?

Eu não sei se o destino está selado

Estes dias estão em espiral

Fico doente em pensar no seu beijo

O gosto do café em seus lábios

Deixe disso

Não irei reivindicar você

Não permitirei que você se dispa sua liberdade.

Isso é uma chance?

Um fragmento de luz no final do túnel?

Uma razão para lutar?

É uma chance para fazê-lo mudar de ideia?

Ou nós somos como cinzas e vinho?

Vou me afastar

Isso é o que você precisa

Não resta nada para dizer

Mas...

Isso é uma chance?

Um fragmento de luz no final do túnel?

Uma razão para lutar?

É uma chance para fazê-lo mudar de ideia?

Ou nós somos como cinzas e vinho?

Os dias terminam como cinzas e vinho

Ou nós somos como cinzas?

****

Acordei em um sobressalto, me sentando na cama, enquanto o choro me dominava mais uma vez. Meu coração batia descompassado, as imagens do sonho vívidas em minha mente. Sonho que havia se tornado pesadelo nesses últimos dias.

Mas não era um sonho. Era apenas a lembrança dos últimos acontecimentos que não me deixavam em paz mesmo dormindo.

Coloquei a cabeça entre as mãos tentando me livrar das lembranças, dos beijos e carinhos dele. Tentando esquecer a sensação maravilhosa de me entregar a ele de corpo e alma enquanto dizia que me amava.

Uma nova rodada de dor, assolou meu peito e eu apertei e meus braços em minha volta, como se dessa forma eu pudesse me manter inteira.

Mas meus pedaços continuavam caindo.

Os dias estavam passando, mas eu não saberia dizer o quanto já haviam passado. O tempo pouco importava para mim agora. O abismo havia consumido toda minha vontade de sair do meu quarto ou olhar pela janela.

Rosalie e Alice haviam comprado roupas para mim, tentando me animar. Emmett tentou me convencer a caçar com ele. Mas ninguém conseguiu me tirar dali.

Eu não conseguia esquecer seu calor ou seu toque em minha pele. Não conseguia expulsar o gosto de seus lábios dos meus. E isto só me torturava mais e me fazia querê-lo perto.

Mas o ódio por suas mentiras também não havia desparecido. Eu não conseguia conter as fortes emoções que me assolavam. Elas queriam me rasgar em duas.

O cheiro dele continuava em minha pele, mesmo depois de passar horas em baixo do chuveiro. E só parecia aumentar...

O cheiro estava dominando o quarto. Talvez não fosse apenas minha imaginação.

Meu corpo todo respondeu a ele. A dor também reconhecia seu perfume e atacou ainda mais.

Antes que eu pudesse assimilar se era sonho ou realidade, ouvi seu uivo me chamando do lado de fora da casa, logo seguido por seu rosnar e a ordem de meu pai.

– Saia daqui agora Jacob! - Edward sibilou entre dentes. - Ela não quer falar com você!

Meu coração deu um salto. Eu pulei da cama e corri ate minha janela, algo que não fazia há dias, para me deparar com um lobo solitário, em frente a uma fileira de vampiros, impedindo sua passagem.

O dia estava nublado, de uma forma que eu não saberia dizer se era manha ou tarde.

Pela expressão em seu rosto peludo, estava claro que ele dizia algo a meu pai através de seus pensamentos.

Apenas vê-lo me deixou trêmula. Minhas mãos voltavam a ficar gélidas e o meu coração tornou a quebrar-se.

– Não importa! - Edward respondeu em um rosnar. Ele estava completamente furioso. Percebi que Bella segurava seu braço em uma forma de conte-lo e Emmett estava um pouco mais a frente, preparado para impedir um confronto.

Jake mostrou os dentes para eles, seus olhos raivosos, mas de repente sua expressão se suavizou e ele olhou para cima, na janela do meu quarto.

Quando seus grandes olhos escuros de lobo encararam os meus, foi meu segundo inferno na terra. Nunca havia testemunhado tamanha tristeza, em minha curta existência.

Eu já havia passado por medo, culpa, raiva, tristeza. Mas sabia que teria que viver muito mais para entender a dor em seus olhos.

Eles estavam vazios. Como eu me sentia.

Mas eu não me esqueci o motivo de tamanha tristeza. Culpa, arrependimento. Nada disso mudava o que tinha acontecido.

Os outros acompanharam seu olhar, menos Jasper que continuava prestando atenção a cada um de seus movimentos. Bella me olhou com seu lindo rosto contorcido pela angustia. Seus olhos estavam negros pela sede e possuíam olheiras escuras. Me senti ainda pior, vendo o rosto da minha mãe depois de dias e constatar o quanto ela estava mal.

O silencio dominou o gramado da casa, preenchido apenas pelo martelar frenético do meu coração e as batidas pesadas do dele. Eles pareciam bater em sincronia, um completando o outro.

Este pensamento me trouxe uma nova rodada de lágrimas silenciosas. Elas pareciam não ter fim.

Seus olhos suplicantes me tentavam a esquecer tudo e correr para seus braços. Mas tudo que pude fazer foi dar-lhe as costas e voltar para dentro do quarto.

Desabei sentada ao lado da minha cama, enquanto os soluços me assolavam. O silencio do lado de fora permaneceu. Jacob não havia ido embora, pois ainda ouvia seu coração. As batidas dele, pareciam me chamar de volta a vida.

Depois de minutos que pareceram horas, ouvi-o voltar para a floresta. Suas patas batiam no solo com força enquanto um uivo de dor soava pelas paredes do meu quarto.

Ouvi por sobre meu choro, o burburinho com vozes tensas do lado de fora. Bella e Edward falavam com mais frequência, minha mãe com sua voz esganiçada. Mas não compreendi nada do que diziam.

Não conseguia expulsar da minha mente os olhos sofridos do meu amado. Ele estava abalado. Tão abalado quanto eu.

Porque se ele sempre esteve me usando e mentindo pra mim? Porque se tudo que ele sempre quis foi estar perto dela?

De repente minhas convicções não estavam mais tão firmes.

Ouvi quando todos retornaram para dentro da casa. Logo Edward entrou em meu quarto. Fitou-me com olhos desesperados e me ajudou a levantar e a me sentar na cama enquanto eu sentia o torpor me dominar. Jasper devia estar do lado de fora do quarto.

Encostei as costas na cabeceira, enquanto Edward me cobria as pernas com o cobertor.

Sua expressão era estranha. Serena e nervosa ao mesmo tempo. Ele me encarou por um minuto e então, comprimiu os lábios.

– Você não podia nem ter esperado o casamento? - ele questionou, visivelmente indignado.

Minha respiração parou enquanto eu analisava seu rosto. A dor voltou a me dilacerar, enquanto as lembranças retornavam a minha mente.

Edward fez uma careta.

– Por favor, não pense nisso. - ele pediu fechando os olhos - Foi uma péssima hora para está pergunta. - murmurou consigo mesmo, resignado balançando a cabeça.

Quando abriu os olhos novamente, me olhou com compaixão.

– Eu sei como esta se sentindo. Literalmente. - Edward deu um sorriso torto que não chegou aos olhos.

Não tive forças para retribuir o sorriso. Então ele continuou com olhos tristes.

– Mas não esta sendo justa em seu julgamento. Com nenhum dos dois. - ele murmurou.

Encarei os olhos dourados de Edward.

– E algum de vocês foi justo comigo? - perguntei num fio de voz, sem conseguir conter o ácido em minha língua.

Ele balançou a cabeça concordando.

– Realmente não fomos. Mas você precisa conhecer todos os aspectos da historia, antes que decida. Eu não posso deixa-la sofrendo e pensando tudo isto sobre Bella. Ou mesmo sobre ele. - completou de má vontade. - Então, eu vou lhe contar tudo que aconteceu há nove anos atrás.


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