Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 23
Miopia


Notas iniciais do capítulo

Entre uma página de Dos delitos e das penas e outra....Sim, pessoal, um capítulo curto fugitivo. Mas ainda assim, espero que goste.



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Miopiaé o distúrbio visual que acarreta uma focalização da imagem antes desta chegar àretina. Uma pessoa míope consegue verobjetospróximos com nitidez, mas os distantes são visualizados como se estivessemembaçados(desfocados)

Pan fecha os olhos. Bernardo havia conseguido, após apresentar provas de que Priscila e Victor tinham um caso e que, poucos dias antes do assassinato (porque de morte natural passou a assassinato), Alberto di Campani tinha sido convencido por Priscila a aumentar a parte que cabia a Victor, como provado, com interesse próprio. Outro processo corria contra eles, agora, na seara penal.Abre os olhos, o assunto poderia estar encerrado. E deveria. Mas ela lembra do bizarro encontro deles naquela noite estranha.

- Pan...

E é ele. Ele e sua voz rouca e poética. Seus olhos oferecidos, como um menino que quer um brinquedo novo. Olha o bilhete que ela acabava de ler, o mesmo que ele lera antes.

- Eu...- ele começa a falar mas ela balança a cabeça em negativa e sai caminhando – Não, por favor... – segura o braço dela, no início ela tenta continuar o trajeto, mas abruptamente para e vira-se encarando o. Ela tem a boca contraída em repulsa e lágrimas nos olhos – Eu sei que não tenho direito nenhum de lhe pedir para me ouvir, e que você me odeia, e também que não mereço qualquer parte do seu tempo – ele respira fundo – Mas eu preciso dizer, eu preciso porque as palavras vão se acumulando dentro de mim há um tempo e eu preciso lhe dizer, Pan – ela não fez sinal de dizer nada, observava sem se mover – Eu não paro de pensar em você, nem por um segundo sequer, em todo o mal que eu lhe causei e toda dor que ainda vou causar só de você lembrar de mim. Só que, Pan, não ouse pensar que vivemos uma mentira, nem tente pensar nisso. Porque não é verdade.

Pan, você me deu muito carinho e eu não joguei fora, pode ter certeza....- Como ela estava imóvel, e ele não sabia mais o que dizer para um ser inanimado, olhou para os bilhetes da parede e lembrou de uma história, dentre as várias curiosas, que a mãe lhe contava – Um escorpião estava parado na beira do rio...- engoliu em seco, olhou para o chão e depois novamente para ela – Ele não tinha como atravessar o rio. Mas, mas...um sapo, um sapo passou por ali e perguntou se o escorpião não queria ajuda para atravessar, ele aceitou. Então, quando os dois se aproximavam da margem, o escorpião picou o sapo, e o sapo perguntou porquê o escorpião tinha feito isso, já que, ele o tinha ajudado a travessar o rio. O escorpião disse: “Me desculpe, mas é da minha natureza”...Pan, eu sou o escorpião da história e...eu sinto muito por você ter sido o sapo – ele volta a olhar os bilhetes na parede – Eu sinto muito.

- Não sente – ela finalmente falara – Você não sente. Você tem autoconfiança demais em achar que sente muito. Não, não sente. Você é só podre e cretino.

Saiu com passos apressados. Não sabia que a insônia poderia piorar, bem, não só poderia como piorou. Voltou para casa, mas parecia que tinha entrado de vez no inferno.

Abriu os olhos. Não sabia o que fazer com as lembranças de agora em diante.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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