He Is Dead escrita por Mileh Diamond


Capítulo 1
Hes Dead


Notas iniciais do capítulo

Não sei se vão gostar, mas dêem uma chance



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O dia estava cinzento no Acampamento Júpiter. Grande parte dos restos das casas e monumentos ainda estavam espalhados pelas ruas da Nova Roma.  Eram diversas batalhas uma atrás da outra, não havia tempo para retirar os escombros.
Três anos. Esse foi o tempo que durou a guerra*. Três anos que os sete da profecia estavam fora para lutar, só voltavam de seis em seis meses para buscar mais suprimentos e manter todos informados. As mensagens de Íris não funcionavam mais como antes, as conexões estavam ruins e não havia nem como ouvir o que o outro estava falando.
Ao contrário do que pensavam o sétimo da profecia não era Annabeth nem Reyna. Era na verdade, uma filha de Netuno. Sim, Percy havia uma meia-irmã romana. Seu nome era Evelyn Fowl. Como ela conseguiu passar despercebida pelos guardas da fronteira do Acampamento Júpiter ninguém sabe, mas de qualquer forma ela estava lá e era a sétima- o que deixou Reyna e Annabeth se debulhando em lágrimas por não poderem ir com seus namorados.
Annabeth andava pelas ruas da cidade olhando para o nada. Os últimos anos tinham sido muito difíceis sem Percy. Ela já era praticamente uma mulher em seus 19 anos, mas seu amor de adolescente pelo garoto de olhos verdes desmentia isso. Seu coração se quebrava no dia 18 de agosto, não podia nem falar para o garoto um simples "feliz aniversário". A única coisa que a fazia resistir eram as palavras que ele dizia nas poucas vezes que veio ao Acampamento Júpiter na guerra. Ela se lembrava de cada letra:
"--Sabidinha, eu vou ficar bem, ok?
--Como eu posso passar mais de um dia sem você ao meu lado?- ela falou em meio aos soluços.
--Lembre-se que eu nunca irei te deixar, sempre estarei aqui contigo de um jeito ou de outro. - ele disse olhando nos seus olhos.
--Prometa que vai voltar.- disse com a voz rouca.
--Prometo, Annabeth. Eu vou voltar por você.- ele terminou, beijou-a e voltou para o navio voador  mandando aquele sorriso que ela amava."
Não via a hora dele voltar para casa. Seus pensamentos são interrompidos pela chegada de um campista. Ele disse que Reyna estava lhe chamando e que era importante. Estranhou mas disse que estaria lá em breve e caminhou para a Principia.

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Reyna estava mais deprimida que o normal. Suas saudades estavam no ponto máximo, saudades do menino de olhos azuis, saudades de Jason.
Havia sido difícil o suficiente ficar sem ele da primeira vez, agora parecia pior. Os piores anos da sua vida, perdiam apenas para o tempo em que foi prisioneira dos piratas da Ilha de Circe.
Quanta ironia, todos da profecia dariam tudo para não serem eles, mas Reyna gostaria de ser a sétima apenas para ficar perto de Jason. Seus beijos tão doces, o jeito que seu olhar brilhava ao vê-la...Todas essas lembranças trouxeram lágrimas aos olhos da filha de Bellona. O amor não poderia ser mais cruel.
Nesse instante uma pequena névoa surge em frente a menina, uma mensagem de íris. A imagem falhava muito mas ela podia enxergar a pessoa do outro lado: Leo Valdez.
--Leo?
--Reyna, só queria...avisar...que nós...já estamos...chegando...- a mensagem era entrecortada por chiados.
Ela não podia acreditar, será que estava entendendo certo?
--Espere, vocês estão voltando? Definitivamente?
--...Sim...estamos voltando...a guerra...chegou ao fim...
Ela não podia conter a emoção, iria ter seu amor de volta.
--Onde está Jason? Quero falar com ele.
Mesmo a imagem estando ruim ela viu a face de Leo assumir uma expressão triste, muito triste mesmo.
--Leo? Não me ouviu? Quero falar com Jason!
--...Reyna...
E a névoa se desmanchou. Ela não entendeu porque não podia falar com Jason mas deixou isso de lado. Ele ia voltar! Seu namorado iria voltar! Ia começar a dar pulinhos como uma adolescente fanática por artistas quando se lembrou que deveria se comportar como uma líder disciplinada. Mandou um campista da guarda chamar Annabeth, ela iria gostar das novidades.
Depois que começou a guerra contra Gaia elas viraram boas amigas. Talvez a saudade dos garotos tenha unido elas, já que frequentemente elas consolavam uma a outra quando choravam - o que não era tão raro.
Em poucos minutos Annabeth havia chegado.
--Algum problema, Reyna?
Ela não aguentava esconder o sorriso.
--Recebi uma mensagem de Leo. A guerra acabou de vez. Eles estão voltando, Annabeth. Estão voltando!
Por um momento a filha de Atena ficou estática. Até que sua mente mandou a mensagem: Percy vai voltar. Sua alegria não tinha tamanho, chorava e ria ao mesmo tempo em que agradecia a todos os deuses existentes. Reyna não estava muito diferente. As duas estavam tão felizes que nem pareciam as garotas que choravam toda a noite por seus amados. Depois do pequeno ataque de felicidade Annabeth pergunta:
--Quando eles chegarão?
--Pelo que Leo disse, a qualquer momento!
--Então vamos logo! -disse e puxou Reyna para a porta.
Uma pequena aglomeração havia se formado, o motivo era o grande navio grego voando em direção ao Acampamento Júpiter. Era fato de que o Argo II havia sofrido com a guerra. Havia marcas de explosões pelo casco; um mastro havia sido quebrado e as velas estavam chamuscadas.
O frio na barriga das duas amigas era grande assim como o fluxo das lágrimas. Annabeth mal podia esperar para provar o gosto dos beijos de Percy. Reyna não via a hora de se afogar nos dois lagos cristalinos que eram os olhos de Jason.
O Argo II não pousou com tanta suavidade como na primeira vez, foi mais como se não pudesse ficar no ar mais tempo. A escada desceu devagar, o que aumentava a ansiedade das meninas.
A primeira pessoa a descer foi Evelyn, seus cachos castanho-mel balançando com o vento. Seus olhos verdes estavam vermelhos de tanto chorar. O próximo, ou melhor próximos, eram Leo e Piper. Agora ao vivo podía-se ver Leo melhor: ele havia crescido, não era mais o garoto que montava helicópteros de brinquedo com alguns parafusos. Seus olhos também estavam vermelhos e ele parecia não ter dormido há dias.
Piper estava em seus braços, estava pálida e com o tórax enfaixado, as bandagems manchadas com sangue. Annabeth estava preocupada com a situação deles, será que Percy também estava machucado? Dois filhos de Apolo apareceram com uma maca para Piper e a levaram para a enfermaria, Leo ainda segurando a sua mão.
Os próximos a descerem foram Frank e Hazel. Hazel também estava machucada mas nem tanto quanto Piper, ela só havia torcido o pé e Frank a ajudava a andar.
Depois deles foram a vez dos guerreiros semideuses descerem. Infelizmente mais de um quarto dos meio-sangues não retornou. Quando os últimos saíram Reyna e Annabeth estavam confusas e assustadas.

Pov. Annabeth

O que aconteceu? Por que eles não desceram? Reyna parecia pensar o mesmo que eu. Olhamos para Frank e Hazel fazendo a mesma pergunta silenciosa: Onde ele está?
Hazel começou a chorar no ombro de Frank e esse também tinha lágrimas nos olhos. Tudo que ele fez foi balançar a cabeça negativamente e olhar para baixo. E com um calafrio eu entendo: Percy não poderá cumprir sua promessa, porque ele não pode voltar pra mim. Ele está morto.
Eu não sei o que eu fiz a seguir só sei que o vento batia no meu rosto molhado de lágrimas enquanto milhares de coisas passavam na minha cabeça: Por que? Por que isso teve que acontecer com ele? Por que teve que acontecer COMIGO? Ele não merecia isso! Quando vi onde estava me sentei. Era um pequeno lago afastado da Nova Roma, Percy havia me mostrado antes de partir em viagem. Disse que se sentisse saudades podia ir ali para se lembrar dele. Olhei para as águas calmas do lago, coloquei as mãos no roso e chorei mais do que havia chorado em toda a minha vida, mais do que da primeira vez que Percy havia desaparecido, mais do que quando Luke havia morrido, mais do que qualquer um já chorou. Meus olhos ardiam mas eu não conseguia evitar, fazer o que a partir de agora além de chorar? Uma grande parte de mim morreu apenas ao ver o gesto de Frank.
Ele nunca iria voltar como havia prometido, nunca mais poderia abraçá-lo e sentir seu perfume de maresia, nunca mais beijá-lo depois de ele dizer alguma coisa idiota...em poucas palavras, nunca mais teria meu cabeça de alga de volta.
Seus lindos olhos verdes estavam gravados na minha memória, os mais belos olhos que eu já vi.
Lembro-me da primeira vez que eu o vi no Acampamento Meio-sangue, quem diria que o garoto com o chifre do minotauro iria ser o amor de minha vida. E o qual foi a primeira frase que eu falei a ele quando acordou? Talvez um "Meus parabéns" ou "você tem olhos bonitos" mas não. E o que eu disse? "Você baba enquanto dorme". Sorri me lembrando daqueles tempos, até que para semideuses éramos felizes. Eu ainda observava o lago quando alguém se sentou ao meu lado, era Evelyn. Ela deu um pequeno "oi" que eu não respondi, não estava com ânimo para conversas.
--Acho que você gostaria de saber o que aconteceu, não?- ela disse tão baixo que eu mal pude ouví-la.
Eu comecei a chorar de novo com força, os terríveis soluços que vinham não me ajudavam em nada.
Ela me abraçou também chorando.
--Ele se foi como um herói. Ele e Jason.
Olhei pra ela. Não queria saber o que havia acontecido, mas tinha que ser forte. Nada iria trazê-lo de volta, não havia mais nada que eu podia fazer. Sinalizei para ela continuar.
--Foi em uma luta contra os gigantes no mês passado.
Isso fez meu coração doer mais ainda. Já fazia um mês que ele tinha morrido e eu não sabia de nada, continuava acreditando que ele voltaria.
--Sabíamos que os gigantes só poderiam ser destruídos com a união de semideuses e deuses, mas não tínhamos ajuda, não sabíamos o que fazer. Estávamos lutando bem por um tempo, mas grande parte dos soldados já haviam caído, Hazel e Piper estavam machucadas seriamente e Leo e Frank só se importavam em protegê-las. A única alternativa sensata era recuar.
Minhas lágrimas estavam caindo no lago formando pequenas ondas enquanto eu escutava o que Evelyn falava.
--Não havia como todos voltarem para o Argo de uma vez, os gigantes nos atacariam e rodos estaríamos mortos. Então ele e Jason se ofereceram para distraílos enquanto fugíamos. Nós tentamos nos opor mas eles estavam certos do que fazer.
Ela não aguentava falar mais de duas palavras sem soluçar, igual a mim. Ele havia se sacrificado pelos outros mesmo sabendo que não havia chance de voltar vivo, como alguém assim mereceria a morte? Era óbvio que ele iria para o Elísio.
Depois de alguns minutos em silêncio Evelyn voltou a falar:
--Annabeth...
Olhei para ela esperando o que ela ia dizer.
--Percy me pediu para entregar isso a você.- ela disse tirando algo do bolso.
Uma pequena caixinha de veludo, do tipo em que se colocam...anéis.
Peguei a caixa com as mãos trêmulas e abri devagar. Não tive sucesso em evitar um grito, como eu pensava era um anel. O típico anel de noivado.
--Percy planejava te pedir em casamento depois da guerra. Disse que era o mínimo que podia fazer depois de te deixar tanto tempo esperando. Pediu desculpas...por não cumprir a promessa.
Agora não havia mais coração para ser quebrado. Talvez a morte seja menos dolorosa do que perder alguém amado. Foi difícil ver o anel melhor por causa da visão embaçada pelas lágrimas, mas eu consegui perceber os detalhes. Era dourado, com um aro de prata em volta. Tinha dois pequenos diamantes verde e prata no topo. E se você olhasse melhor a parte de dentro melhor, viria que estava escrito alguma coisa, obviamente em grego por causa da nossa dislexia. Palavras simples mas que fizeram sorrir por um momento: Eu te amo, Sabidinha.
As Parcas não poderiam ser mais cruéis. O que eu daria para ser a escolhida como sétima da profecia neste momento, apenas para ficar perto de Percy. Este também era o desejo de Reyna por causa de Jason...Reyna. Passei tanto tempo me lamentando que nem me lembrei de Reyna. Ela havia perdido Jason deveria estar tão inconsolável quanto eu.
--Onde está Reyna?
Eu me assustei com a minha própria voz, estava rouca e fraca.
--Na Principia chorando. Ela não teve forças nem pra sair de lá.
Me levantei e disse:
--Vamos lá.

....

Pov. Reyna

Minha alegria ao descobrir que Jason voltaria era grande, mas não tão grande quanto a tristeza que eu senti quando soube o que aconteceu.
Ao ver o sinal negativo de Frank demorou um pouco para eu poder entender a verdade. Mas com a imagem de Annabeth correndo para longe eu compreendi: Meu Jason não voltaria mais para mim.
Meus joelhos caíram mais rápidos que as lágrimas. Eu deveria parecer forte para os campistas mas naquela hora isso não importava. Ser forte não traria o dono dos olhos azuis de volta. Se você nunca sofreu com a perda de alguém você não sabe o que é dor. Imagine levar um tiro no peito enquanto é esfaqueado. Conseguiu imaginar a dor? Se sim você não chegou nem perto desse tipo de dor. Meu mundo havia caído, estava sozinha novamente.
Depois de incontáveis minutos chorando sinto que alguém se sentou ao meu lado, Hazel. Ela havia crescido e com tanta coisa acontecendo ela deve ter amadurecido mais rápido do que crianças normais. Bem, quando eu digo normais eu digo mortais, semideuses têm uma vida difícil por natureza.
--Saiba que ele foi um herói, Reyna.- ela disse com a voz embargada.- Pediu para dizer que te amava mais que a própria vida.
Eu daria a minha vida por ele. Seria capaz de ir no lugar dele naquela viagem se soubesse o seu destino.
Quando eu vejo Annabeth e Evelyn estão ao meu lado também. Os olhos de Annie estavam inchados e vermelhos, provavelmente eu estava igual.
--Eu sei o que você sente, Rey.
A voz dela estava muito fraca, quase um sussurro. Estava com medo de ouvir a minha própria, mas me esforcei a falar:
--Nada irá trazê-los de volta.- como eu esperava, tão fraca quanto a de Annabeth.
--Eles não iriam gostar de saber que estamos sofrendo tanto.
--Eu sei, mas é difícil.
--Eles nos fizeram uma promessa: disseram que sempre estariam conosco. Eles não mentiram, nos fizeram tão felizes que nunca iríamos esquecê-los. Eles nos queriam felizes, vamos ser felizes por eles, Reyna.
Ela tinha razão. Não havia como trazê-los de volta, mas têm como realizar seus últimos desejos: nos ver felizes. Mesmo sendo difícil teríamos que fazer isso, viver a vida.
-- Você tem razão, Annie.
--Sentirei falta do meu Cabeça de Alga.- ela disse com lágrimas se formando nos olhos novamente.
--Sentirei falta do meu garoto de olhos azuis.- falei com os olhos marejados.
Uma pequena brisa passou por nós e eu apenas mexi os lábios formando a frase: Eu te amo, Jason.
Não sou uma expert em leitura labial, mas ao olhar para Annabeth pude ver ela dizendo: Adeus, Cabeça de alga.
E este foi o dia em que perdemos nossos meninos, não havia nada para ser feito. Ele está morto.


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Notas finais do capítulo

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