Romeu One Direction escrita por Directioners forever


Capítulo 1
a carta




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Estava em casa sozinho, quando ouvi uma batida na porta. Louis saíra com os meninos e eu resolvi ficar em casa. Estava chovendo, uma chuva forte, e eu não queria sair. Apesar dos trovões, eu ouvi claramente a batida na porta. Levantei do sofá e fui atender a porta.

Era ela.

Ela estava encharcada, com a cabeça baixa e os cabelos lisos e negros, agora molhados, grudando em seu rosto. Eu não a esperava ali. Ela foi embora, eu mesmo a deixei e lembro disso. Talvez tenha sido um erro.

– Olá Harry.

Ela me olhou nos olhos e senti como se estivesse sendo esfaqueado. Seus olhos castanhos transmitiam dor e tristeza, a melancolia que ela sentia e eu conhecia bem. Sabia que ela não queria ser magoada, mas sabia que era inevitável. Só não entendia o por que dela estar aqui novamente.

– Oi.

Vi duas lágrimas saírem de seus olhos e se misturarem a chuva. Mas não consegui imaginar nada para dizer. Quem veio foi ela. Quem devia falar algo era ela.

– Aqui – Ela pegou algo do casaco e me entregou. Ela não olhou em meus olhos – Eu ia deixar e ir embora, sem incomodar, mas a chuva... Não colaborou muito. Então pega.

Peguei aquilo. Era uma carta. Um pouco molhada, mas as palavras eram legíveis. Olhei para ela novamente, que me olhou novamente com raiva e dor.

– Desculpe pelo incomodo. Prometo que nunca mais venho te importunar.

Ela foi embora e me deixou, olhando onde ela estava e a carta. Resolvi entrar e coloquei o papel na mesa. Comecei a ler.

“Querido Harry.

Sei que soa estranho começar a carta assim. Talvez pelo fato de que você me jogou fora, ou que simplesmente você não é querido. Não sei.

Ainda assim, é um bom começo.”

Liguei a rádio e ouvi uma melodia tocar. Ironia ou não, descrevia exatamente o momento. Enfim, continuei a carta, com a música tocando.

I once knew a girl

In the years of my youth

With eyes like the Summer

All beauty and truth

In the morning I fled

Left a note and it read

Someday you will be loved.

“Você deve estar se perguntando o motivo da carta. Acredite, nem mesmo eu sei. Mas eu precisava escrever essa carta, te atualizar, e ver o que você achava. Não que isso importe muito agora, mas eu ainda queria dizer.

Eu sinto sua falta.

Pode soar estranho, irritante, idiota. Mas eu ainda sinto sua falta, talvez por você ter sido o primeiro garoto a fazer meu coração bater forte. Eu entendo que eu fui só mais uma, não se preocupe. Mas eu queria que você lembrasse de nós dois.

Crianças, inocentes. Você era meu melhor amigo Harry. Lembra? Não havia One Direction, não havia Louis, nem Caroline. Não havia Felicity. Apenas nós dois, rindo e brincando como os dois amigos que éramos. Lembra daquela época? De quando tínhamos apenas dois anos?”

Sim, eu lembrava. Lembrava de como ela me olhou sorrindo e pegou minha mão, me puxando pelo restaurante para brincarmos. De como ela era pura, inocente, sorridente. Isso mudou. Mas foi culpa minha ou dela? Afinal, por que eu me importava?

I cannot pretend tht I felt any regret

Cause each broken heart will eventually mend

As The blood runs red down the needle and thread

Someday you will be loved.


“Eu te chamei para brincar quando nos encontramos naquele restaurante. Lembro de você com os cabelos claros, e de nós dois brincando de pique. Lembro também de quando nos encontramos na escola, e rimos ao saber que estávamos na mesma escola.

Lembro dos cinco anos, sua festa onde você comemorou com grande alegria. Foi a melhor festa, não foi? E três dias depois, fazia dois anos de amizade. É, éramos grandes amigos.

Com doze anos, saímos da escola. Outra vez, estávamos juntos. Eu conheci a Milena e a Ana e você conheceu o Marcelo e o Lucas. Ficamos amigos e andávamos sempre juntos, mas eu e você nunca nos separamos, até o dia em que a Ana sofreu o acidente.”

O acidente. Claro, era esse o motivo de toda a confusão. Um dia antes, ela me disse que estava olhando o Marcelo e que a Milena estava de olho em mim. Já Ana e Lucas tinham uma queda um pelo outro e ele ia pedir Ana em namoro. Nesse dia, aconteceu o acidente.

Lucas ficou arrasado, e ela, traumatizada. A mãe dela não a deixou ficar naquela escola, com as lembranças de Ana tão vivas. Então, como sempre...

“Lembra da minha mãe? Que não me deixou ficar na escola de tão triste que fiquei? Então, como a dupla inseparável que éramos, lá fomos nós de novo, para outra escola. Nunca mais tive notícias de Lucas, Marcelo ou Milena. Você teve?”

Não, eu não tive. Nunca mais tive notícia de ninguém daquela escola, depois do trauma de Ana. Todos sabiam o quão próximos éramos dela, e ninguém voltou atrás de nós. Ninguém.

“Que seja, não importa. Mudamos de escola e ficamos lá até... lembra até que idade ficamos lá? Eu lembro. Porque um ano antes, houve os problemas envolvendo o Drew.”

Drew. Lembro bem desse nome, e lembro quando fomos embora. Com quinze anos, estávamos em outra escola. Mudamos muito de escolas, nossas mães nunca as achavam suficientes. Mas esse era um motivo estúpido. Era?

You’ll be loved, you’ll be loved

Like you never have known

The memories of me

Seen more like bad dreams

Just a series of blurs

Like I never occurred

Someday you will be loved


“Foi com quatorze anos. Drew era o garoto popular, que nós evitávamos ao máximo. Mas ele foi se aproximando e viramos amigos. Nós três, lembra? Você estava gostando da Amy naquela época e eu, de Drew. Por algum milagre da época, talvez, eles ficaram a fim de nós. E eu comecei a namorar Drew. Até eu vê-lo beijando uma garota no meio do corredor da escola. Até eu ver fotos minhas da infância tão bem escondidas pelo chão. Até eu ver minha dignidade pisoteada e amassada. E ter a escola contra mim.”

Talvez eu não ligue mais pra ela. Talvez ela seja apenas um borrão, e eu não queira mais saber dela. Mas Drew foi idiota e nunca vou perdoá-lo por isso. Nunca. Ele a usou e eu não gostei disso. E continuo não gostando.

“Então nos mudamos pela última vez. E foi com quinze anos que a gente tentou ficar juntos. Estávamos naquela viagem de escola, naquele campo lembra? E você perguntou de quem eu gostava. Eu te disse que desde que terminei com o Drew e você com a Amy, eu estava gostando de você? Não, acho que não. Mas eu gostava. E então contei de quem era.”

Sim, ela tinha contado. Contou depois de uma semana de namoro, quando estávamos na escola esperando ir embora. E eu disse o mesmo. Se me perguntarem agora, não vou lembrar se era verdade ou não.

You may feel alone, when you’re falling asleep

And everytime tears float down your cheeks

But I know your heart belongs to someone you’ve yet to meet

Someday you will be loved


“Então você disse que sentia o mesmo. Acho que nunca fiquei tão feliz assim. Então você me pediu em namoro. E namoramos.

Mas então você foi até o The X-Factor. Você ia tentar e eu não podia ir, e você sabia. Eu te apoiei, você sabia disso. E você disse que cantou para mim naquele teste. Naquele dia. Era verdade?”

Era. Eu havia cantado para ela, e a música ainda se aplica a ela. Os olhos dela, ora melancólicos e feridos, ora alegres, estavam ali para me lembrar que alguém me apoiava.

“Mas como dizem, tudo que é bom acaba. Você ganhou. Você tinha Felicity. Você tinha Louis, e o One Direction. E eu? Eu caí no esquecimento. Todos se lembram de Felicity, todos se lembram de Caroline. Ninguém sequer sabe de mim. E quer saber Harry? Acho melhor assim. Eu não sou assediada por fãs, não vejo ninguém querendo me matar e nem querendo saber o porque terminamos. Estou feliz por isso.”

– Está mesmo Katty? – murmurei, chamando-a pelo apelido – Você está mesmo feliz por não estar aqui?

Eu não estava esnobando-a. Só não tinha certeza se queria ela longe. Ou se queria perto.

You’ll be loved, you’ll be loved

Like you never have known

The memories of me

Seen more like bad dreams

Just a series of blurs

Like I never occurred

Someday you will be loved


“Então esqueça tudo Harry. Esqueça as cartas de amor sem importância. Esqueça as risadas e as músicas, esqueça tudo. Lembre-se que você é Harry Styles, o garoto famoso do One Direction que gosta de mulheres mais velhas e gatos.

Pra mim, você sempre vai ser o Harry, o meu melhor amigo que eu conheci num restaurante. E ainda espero algum dia, te ver de novo, sorrindo, pegando na minha mão e me levando para brincar de pique. Como naqueles anos. Talvez muita coisa tenha passado. Talvez tudo tenha mudado.

Mas eu não esqueci você, Harry. E talvez você tenha esquecido de mim.

Sinto muito se te fiz perder tempo lendo isso. Afinal, se não queria ler, não teria lido.

Enfim, seja feliz Harry. Como você sempre soube ser.

Katty-K”

E aquela assinatura no final da folha mostrava que ela lembrava de mim. Da nossa infância. Da nossa vida.

– Eu não esqueci você Katty – murmurei – E eu vou ser feliz. Você lembra de mim. Isso basta.

Dobrei a carta e guardei-a no envelope. Fui até minha cabeceira e guardei a carta/envelope na última gaveta, que eu nunca mexia.

– Algum dia – murmurei baixo – vou abrir essa gaveta e ver sua carta aqui Katty. E vou lê-la, talvez eu até vá atrás de você. Mas por enquanto...

Fechei a gaveta e tranquei com a chave. Então, guardei a chave no fundo do armário.

–... Por enquanto você pode viver sua vida em paz.

Ouvi o barulho da porta. Os meninos chegaram. Fui até a porta do quarto, onde olhei para trás.

– Até um dia, Katty-K.

Desci.

You’ll be loved, you’ll be loved

Like you never have known

The memories of me

Seen more like bad dreams

Just a series of blurs

Like I never occurred

Someday you will be loved

Someday you will be loved


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