Caress Me With Your Sweet Ballerina escrita por TinaCriis


Capítulo 1
Capítulo Único




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- Developê. – foi a palavra dita vagarosamente. Repetiu-a ainda mais uma vez, enquanto terminava o passo com um breve giro da perna. O pequeno vestido de rendas rosadas e tecido quase transparente fora o presente ganho naquela manhã. Encontrara-o no armário, acompanhado de um breve bilhete: “Estarei longe, mas espero que isso a faça sentir-se próxima de mim”. A reação foi imediata: buscou pelas antigas sapatilhas de gesso, tão surradas quanto o tempo lhes havia permitido. Os cabelos, longos e negros, permaneceram soltos, contrastando com a palidez do delicado vestido. Começou a dançar. Levada pelos movimentos leves que realizava, cantarolava uma composição qualquer. Os olhos, fechados, davam-lhe a sensação de que flutuava como em um sonho. Era como se aquele pequeno cômodo, aquele ornamentado quarto, fosse o palco que em tantas apresentações a havia acolhido. Tropeçou, quase indo ao chão. O coração acelerou, mas a mente dava a ordem para que se acalmasse. Lembrou-se do que ele costumava dizer-lhe: “Não se preocupe, é normal. Já se passaram tantos anos...”. Levanta-se, recuperando-se da queda. “A dança é a minha vida”, disse. Como em resposta ao seu desabafo, uma doce música pôde ser ouvida não muito longe dali. Os orbes anis ergueram-se, interessados. O som parecia provir do cômodo ao lado, mais precisamente do quarto “dele”. A passos lentos, ainda ostentando a velha sapatilha, se aproximou. Identificou a melodia de uma caixinha de música. A porta de madeira branca rangeu, sentiu que inalava um pó acumulado pelo tempo. O quarto, açoitado pelo vento, tinha as janelas abertas. Aquilo não poderia ser normal, não depois do tempo que se passara desde que “ele” havia partido dali. No entanto, como se fosse uma pequena garota, interessou-se apenas pela caixinha de música. Detalhada com arabescos negros, a transmitiu uma doce sensação de prazer. Sua melodia, contínua, a embalava. Ali mesmo, sem preocupar-se com o restante que a rodeava, a morena começou a dançar aquela dança, a que dedicara para “ele”. “A dança é a minha vida e sempre será. Nada mais me importa. Morrerei dançando”, pensou. Como teria sido agradável que aquelas palavras jamais tivessem surgido em sua mente! Um frio intenso tocou-lhe o corpo. Sentiu os pés arderem e o vestido derreter-se sobre eles, como gelo. Os olhos desesperaram-se, o corpo não conseguia parar de dançar. Devagar e sem que pudesse gritar ou correr, sentiu que a própria castidade era-lhe mutilada. Não havia nada naquele cômodo, nem um criminoso, nem uma bailarina. Restara apenas uma caixinha de música detalhada com arabescos negros. Restara uma melodia contínua... E uma doce bailarina de porcelana. Cabelos negros, sapatilhas surradas, vestido de rendas rosadas... Girando e dançando para sempre.
Caress me with your sweet Ballerina domingo, 19 de fevereiro de 2012 // 12:47

Título: Caress me with your sweet Ballerina Autora: Cristina Conde (TinaCriis) Escrito em: 28 de março de 2011 Gêneros: Dark Fic, Mistério Categoria: Conto Original Classificação: +14
Avisos: contém tortura leve ✦✦✦

Capítulo Único 

- Developê. – foi a palavra dita vagarosamente. Repetiu-a ainda mais uma vez, enquanto terminava o passo com um breve giro da perna. O pequeno vestido de rendas rosadas e tecido quase transparente fora o presente ganho naquela manhã. Encontrara-o no armário, acompanhado de um breve bilhete: “Estarei longe, mas espero que isso a faça sentir-se próxima de mim”. A reação foi imediata: buscou pelas antigas sapatilhas de gesso, tão surradas quanto o tempo lhes havia permitido. Os cabelos, longos e negros, permaneceram soltos, contrastando com a palidez do delicado vestido. Começou a dançar. Levada pelos movimentos leves que realizava, cantarolava uma composição qualquer. Os olhos, fechados, davam-lhe a sensação de que flutuava como em um sonho. Era como se aquele pequeno cômodo, aquele ornamentado quarto, fosse o palco que em tantas apresentações a havia acolhido. Tropeçou, quase indo ao chão. O coração acelerou, mas a mente dava a ordem para que se acalmasse. Lembrou-se do que ele costumava dizer-lhe: “Não se preocupe, é normal. Já se passaram tantos anos...”. Levanta-se, recuperando-se da queda. “A dança é a minha vida”, disse. Como em resposta ao seu desabafo, uma doce música pôde ser ouvida não muito longe dali. Os orbes anis ergueram-se, interessados. O som parecia provir do cômodo ao lado, mais precisamente do quarto “dele”. A passos lentos, ainda ostentando a velha sapatilha, se aproximou. Identificou a melodia de uma caixinha de música. A porta de madeira branca rangeu, sentiu que inalava um pó acumulado pelo tempo. O quarto, açoitado pelo vento, tinha as janelas abertas. Aquilo não poderia ser normal, não depois do tempo que se passara desde que “ele” havia partido dali. No entanto, como se fosse uma pequena garota, interessou-se apenas pela caixinha de música. Detalhada com arabescos negros, a transmitiu uma doce sensação de prazer. Sua melodia, contínua, a embalava. Ali mesmo, sem preocupar-se com o restante que a rodeava, a morena começou a dançar aquela dança, a que dedicara para “ele”. “A dança é a minha vida e sempre será. Nada mais me importa. Morrerei dançando”, pensou. Como teria sido agradável que aquelas palavras jamais tivessem surgido em sua mente! Um frio intenso tocou-lhe o corpo. Sentiu os pés arderem e o vestido derreter-se sobre eles, como gelo. Os olhos desesperaram-se, o corpo não conseguia parar de dançar. Devagar e sem que pudesse gritar ou correr, sentiu que a própria castidade era-lhe mutilada. Não havia nada naquele cômodo, nem um criminoso, nem uma bailarina. Restara apenas uma caixinha de música detalhada com arabescos negros. Restara uma melodia contínua... E uma doce bailarina de porcelana. Cabelos negros, sapatilhas surradas, vestido de rendas rosadas... Girando e dançando para sempre.

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