Kennedy - O Segredo Do Amuleto escrita por Lost


Capítulo 1
Capítulo 1: O herdeiro


Notas iniciais do capítulo

Johnny Kennedy é deixado com os tios pela Ordem de kennedy, após a misteriosa morte de sua mãe Lúcia Kennedy.



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O herdeiro


    O Sr. Denis Dodds e sua esposa a Sra. Tânia Dodds aguardavam ansiosos por uma chegada nada agradável. Já era tarde da noite e os dois andavam de um lado para outro na sala de estar.
    A quase dez anos de casados eles não esperam por isso em suas vidas calmas e normais. O Sr. Dodds era dono de uma empresa chamada “Meu Bolso”, onde se fabricava calças e jaquetas jeans, era um homem bem magro, moreno e tinha belicismos olhos verdes a qual era útil para com seu trabalho, era um homem muito vaidoso.
    A Sra. Dodds não era diferente, uma mulher morena, cuja sua pela era mais branca que a neve, usava vários vestidos de todas as cores e adorava gastar horas no shopping da cidade, fisicamente a Sra. Dodds perecia uma mulher muito arrogante, mais era uma mulher adorável por todos.
    Os Dodds tinham um filho de cinco anos chamado Afonso – o afonsinho – a que era muito mimado e adorado, adorava ser o “filho único” e sempre se ficava se gabando de que era o mais bonito da vizinhança e o maior galã. Afonsinho era muito esperto na escola, suas notas eram bem altas, não era o tipo de menino que fazia encrencas.
    Como toda família comum, os Dodds tinham também algo a esconder. A existência dos Kennedy. A Sra. Kennedy era irmã do Sr. Dodds a qual ele adorava muito. O problema era que o Sr. Kennedy não era um homem muito comum, eu diria, pois ele só avia trazido algo de ruim as famílias. Era apenas cinco da tarde quando e Sr. Dodds estava em seu escritório na empresa “Meu Bolso”num dia muito avançadíssimo e lá recebera uma noticia nada agradável.
    – Senhor a uma ligação para você. – disse a secretaria atrás da porta.
    O Sr. Dodds agarrou o telefone a mesa ainda sentado.
    – Alô. – disse ele na mais calma, para um dia cansativo de trabalho, e para sua surpresa a voz de um homem, cujo nunca queria ouvir, era a voz do Sr. Kennedy e suas palavras foram sinceras ao disser: “Morta”.
    A conversa não fora longa, se fosse verdade o que o Sr. Kennedy disse então sua irmã, a Sra. Kennedy estaria morta aquele momento e nada o faria ele ficar naquele local por mais tempo. Pegou seu casaco e sua meleta e saiu apresado da sala.
    – O Senhor Já vai?... espere... senhor – A secretaria gritava, mais Denis Dodds já estava entrando no elevador. Desceu do décimo terceiro andar até a garagem e entrou em seu carro, e não demorou muito para liga-lo e sair da empresa.
    Morava em Nova Lisa, uma cidade pequena, mas industrial. E na rua João Barros, numero 52 era onde ficava sua casa bela e econômica. A sra. Dodds esperava o marido ao pé da porta com um ar de preocupada, usava um belo vestido verde com esmeraldas brilhantes nas barras. Estava segurando Afonsinho pelo braço um menininho gordinho com os mesmos olhos do pai. O Sr. Dodds estacionou o carro na garagem e foi se ajuntar a mulher e ao filho.
    – Soube da noticia? – perguntou ela quando os três já estavam no sala de estar.
    – Sim Tânia. Sim, fiquei sabendo. – disse Sr. Dodds ficando de frente com a mulher. –  soube por ele.
    – Sinto muito mesmo. – Tânia Dodds estava quase começando a chorar, afonsinho puxava ela pelo braço querendo brincar. – o que acontecera com o menino?
    Os Kennedy tinham um filho de dois anos, chamado Johnny, era um menino muito bonito, se fosse verdade que a Sra. Kennedy tivesse morrido o Sr. Kennedy teria de alguma rasão ter de ir em bora. Esse era um grande mistério sobre o Sr. Kennedy.
    – Na certa Tânia, vão deixar o garoto com a gente. – sugeriu o Sr. Dodds fazendo cara feia para a esposa. - não vou aceitar isso.
    – Ele é nosso sobrinho, Denis. – A Sra. Dodds agora pegou Afonsinho no colo para evitar que a leva-se ao chão. – deve aceitar.
    Os olhos verdes do Sr. Dodds chegavam a brilhar de lagrimas, a perda de sua irmã fazia ele ser capaz de qualquer coisa e era muito doloroso, pois Denis Dodds adorava a única irmã.
    – Poderão vir a qualquer hora. – disse ele caindo de cansaço no safá da sala de estar com os pensamentos as alturas.
    – O que vamos fazer? – perguntou Tânia desorientada com Afonsinho no colo se mexendo sem parar.
    – Aguardar Tânia, apenas aguardar.
    A noite caiu profundamente , mais rápido do que um dia comum.
    Os Dodds nem imaginavam o que estava acontecendo a mais de duzentos quilômetros da rua João Barros Nº 52. Duas pessoas caminhavam numa pequena ruazinha iluminada apenas pelo luar, era duas mulheres de aparência completamente diferentes, uma era uma velha corcunda, usava vestes pretas onde apenas as mãos apareciam, seu rosto estava completamente coberto, apenas os olhos estavam expostos, um tipo de lenço tampava sua boca, mas não eram olhos comuns tinham cores diferentes um do outro, o olho esquerdo tinha uma cor belíssima verde claro e o da direita era de aparência banco leitoso.
    A outra mulher tinha a aparência completamente diferente, parecia uma moça, mas era uma outra velha da mesma idade que sua companheira, usava um vestido branco com detalhes dourados, seus cabelos estavam enrolados em uma linda transa tão grande que com cada passo da mulher o cabelo dava a impressão de se arrastar ao chão, seus cabelos grandes tinham uma coloração estranha, era cor-de-rosa berrante. A cara da velha era como a de uma menina de quinze anos, sem nenhuma ruga ou qualquer outra coisa, usava muita maquiagem e tinha a aparência de ser muito vaidosa.
As mulheres caminhavam sem destino, uma não olhava para a outra apenas cochichavam entre si baixo, pareciam esperar algo ou alguém mais nada vieram ao encontro delas. A quase no final da rua escura a mulher de cabelos cor-de-rosa parou de repente em frente ao um murro pichado por malandros.
    - Chegamos. - disse a velha corcunda, passando a mão sobre a pichação. - é aqui.
    - Aqui. - exclamou a mulher de cabelos cor-de-rosa, agora verificando a pichação. E depois verificando as horas no relógio de pulso - logo aqui, Chito não poderia ter escolhido um lugar melhor?
    - Calma, meu bem, Chito chegara e ele explicara tudo. - disse a mulher corcunda . – Espero que ele nos de uma boa explicação.
    O tempo  passava mais rápido que o normal, agora a rua estava começando a formar uma nebrina muito gelada, o único som produzido na rua era de um vira-lata rondando os sacos de lixo da calçada de uma das casas da rua, a mulher de cabelos cor-de-rosa olhava para o relógio a cada segundo como se espera-se algo muito importante, que de fato estava. A velha corcunda parecia estar na maior calma, como se ela já estive-se acostumada com tudo aquilo.
    - O que faram com o menino. - disse a mulher dos cabelos cor-de-rosa, estava agora pálida, mais branca do que seu vestido.
    - Calma Alicia. - disse a velha corcunda e Alicia voltou sua atenção ao relógio de pulso. - Alfredo esta trazendo ele, temos que espera-lo.
    - Ele  esta meio atrasado, não acha, meu bem? - disse Alicia agora batendo o pé. - se aquele velho não chegar logo, terei de deixar essa missão, olhe só a minha pele, esse frio está me matando.
    - Será que você só pensa em você mesmo? - disse a velha corcunda. - não terá mais como sair dessa missão você faz parte da Ordem, e não terá que abandonar.
    - Por que o pai do garoto não o leva emborra, Linda, seria bem mais fácil para todos nós. - Alicia estava meio perturbada, olhava para Linda (A velha corcunda) com um ar de preocupação, ela de fato não gostaria de estar ali, naquele lugar.
    - Já tivemos essa conversa. - disse Linda encarrando Alicia com seu olho leitoso. - o pai do garoto é um  Lendário, você sabe muito bem Alicia, eles não são capazes de pensar em ninguém, para eles o mundo se resume a só uma coisa.
    - O que? - Alicia vez cara feia para Linda ao dizer, mas a velha nem se importou.
    - Eles são como você minha amiga. - riu Linda. - só pensam em si próprios.
    Alicia riu por alguns segundos, Linda continuava parada no lugar em que chegou, Alicia olhou novamente para o relógio, o vira-lata que estava rondando a lixeira da casa olhou para Linda e rosnou, no segundo seguinte o vira-lata se contorceu e saiu latindo na rua escura. Alicia olhou para Linda e deu outra risadinha.
    - Assim você assusta até vira-lata.
    - Todos sabem que você, por dentro é como eu. - disse Linda tirando o sorriso da cara de Alicia. - Não negue, mesmo com essa magia da juventude, você não engana ninguém.
Alicia era uma velha de aparência de menina, usava uma magia em que a deixava jovem, Alicia era muito vaidosa e nunca aceitou envelhecer, porem sempre usava magias  para tudo. Já Linda não ligava para a velhice, o que realmente a importava era a missão que estavam tendo agora. Depois que Linda falou de sua magia, Alicia não falou mais nada, pois continuava olhando furiosa para o relógio de pulso e para o horizonte, que era aonde o tal homem viera trazer o menino.
    Enfim, um vulto vinha do fundo da rua e em seu braço algo brilhava, não trazia nada e caminhava lento, ao se aproximar das “senhoras” a aparência estava mais visível. Era um homem baixo e meio gordo, tinha longas barbas e cabelos negros, tinha sobrancelhas grossas e olhos miúdos, usava uma jaqueta preta de couro e calça jeans com sapatos pretos, o homem não possuía a mão direita em vez disso tinha uma mão mecânica de prata que girava em sentido horário sem parar.
    – Senhoras. – Cumprimentou ele.
    – Alfredo. – disse Linda sem sair do lugar.
    – Aonde está o garoto? – berrou Alicia, seu rosto estava agora vermelho de raiva.
    - O pai irá trazer-lo. – disse Alfredo fazendo parar sua mão de rodar.
    - O que? - gritou as duas “senhoras” numa especie de surpresa com as palavras de Alfredo. Linda agora começou a andar de uma lado para o outro, Alicia resmungando baixo e batendo sem parar o pé no chão.
    - Mas o pai dele. - exclamou Linda novamente. - impossível.
    - Sim linda. - disse Alfredo e ele também parecia estar surpreso com a própria noticia, estava olhando sem parar para o murro em que as “senhoras” estavam esperando. - Aqui é o ponto de encontro.
    - Sim, mais temos que esperar Chito. Ele é que nos levara a rua João Barros para deixarmos o menino para os tios. - Linda agora estava nervosa. - como Chito pode aceitar isso? Como pode deixar o pai trazer o garoto? Chito está bem? E se o Homem quiser levar o filho dele? e... e...
    - Calma Linda. - pediu Alfredo a segurando. - Chito é um homem esperto, não é? Sabe o que está fazendo, confie nele, lembre-se, ele é o mais sábio de nós e sabemos disso.
    Os três ficaram em silencio por algum tempo. E nesse momento um carro preto passou entre eles tão lentamente que parecia que ia parar, mas não parou, o carro derrapou e seguiu viagem. Alfredo olhava para as casas que estavam todas de luzes apagadas, Alicia continuava olhando para o relógio e batendo o pé evitando olhar para Alfredo e Linda, que estava olhando as constelações acima de suas cabeças. Linda aproximou-se do murro pichado aonde avia uma pichação e tentou decifra-la.
    - Totos lor zm. - disse ela baixo.
    - Todos por um. - desembuchou Alicia ainda batendo o pé. - significa para eles, que estão sozinhos no mundo, é eu sei, meus parentes convivem com eles.
    - Não somos diferentes dos normais Alicia. - riu Alfredo, permanecendo o olhar para as casas que estavam silenciosas. - temos os mesmos costumes, mas de maneira diferente.
- O que quero disser é que minha filha Patricia casou-se com o mutante Mett. - suspirou Alicia e Linda e Alfredo viraram os olhos. - é deles que estou falando.
    Ouve mais um momento de silencio entre os três, que foi quebrado por um gato branco que passava no murro pichado entre as cabeças deles, o gato miava e ronronava para eles, Alfredo continuou a olhar para as casas e Linda para as constelações e Alicia pegou e gato no colo e começou a acaricia-lo com as suas mãos jovem e para a surpresa de todos os presentes o gato olhou para Alicia e disse com todas as palavras:
    - Boa noite moça, mais poderia me colocar no chão, por favor.
    Alicia o soutou e o gato pulou para chão deixando Alicia espantada.
    - Obrigado! - agradeceu o gato.
    - Quem é você? - Alicia parecia assustada com a “berração”.
    - Eu... Ora. - Falou o gato com uma voz fina masculina. - eu... eu sou Jorge.
    - Alicia. - Alfredo riu. - esse é o gato de Chito... o Jorginho.
    O gato olhou e fez cara feia para Alfredo.
    - Prefiro que me chamem de Jorge … Ok. Obrigado.
    O gato quebrou o sorriso do rosto de Alfredo, e Alicia caiu na gargalhada e pegou novamente o gato no colo que resmungou que o coloca-se ao chão.
    - Muito obrigada moça. Mais peço que não me pegue outra vez. - pediu o gato.
    - Achei você uma gracinha. - Alicia ajeitou o vestido branco. - e se parece comigo.
    O gato arregalou os olhos para ela e Alfredo deixou escapar uma risadinha maliciosa, e depois que recuperou o folego perguntou:
    - Trouxe alguma noticia de Chito?
    - Está a caminho Senhor. - disse o Jorge. - Embora pude notar que ele esta meio atrasado, não é mesmo?
    - Atrasado. - berrou Alicia deixando de lado seu bom humor. - Você fala isso que se fosse o mais normal do mundo, estamos esperando a quase duas horas. Tenho compromissos sabia.
    Linda encarrou Alicia e se segurou para não dar uma bofetada na cara dela.
    O tempo continuava, a neblina estava mais tensa, Alfredo tornou a olhar para as  casas de cara virada para o gato, Linda verificara o murro pichado e Alicia acariciava Jorge que ronronava. O silencio tomava conta da pequena rua, onde o vento ouvia quando  os quatros ficavam quietos e além do vento o ronronado de jorge era maior. Depois de algum tempo outra pessoa estava se aproximando deles.
    - Até que em fim. - disse Alfredo olhando para o fim da rua.
    Caminhava ali uma homem, vinha mancando, mais não parecia nada velho, o homem era mais alto do que todos ali. Usava também uma jaqueta de couro preta  com  uma bermuda vermelha. O homem tinha a aparência de um adolescente, devia usar o mesmo processo de magia que Alicia usara. Pois tinha um rosto fino e olhos verdes vivos com um nariz de gancho, seus cabelos eram vermelho fogo.
    Parecia estar cansado, tinha uma aparência de frustração, caminhou até o grupo e levantou a cabeça para o gato que agora estava em cima do murro.
– Chegou antes de min, não é Jorginho? - disse o homem rindo de si mesmo o gato não pareceu se importar quando o dono o chamou de Jorginho, ele apenas acenou com a cabeça e deu um lago sorriso.
    - Chito, aonde é que você estava? - berrou novamente Alicia furiosa.
    - Calma Alicia, ele está aqui, não está. - Linda estava começando a se enfezar com ela, pois seus olhos verdes-leitoso estavam vibrados. - A questão é a seguinte, o por que você deixou o garoto com o pai?
    Chito abaixou a cabeça para Linda.
    - Senhora Linda Bell, estou feliz em vê-la também. Alfredo Bolton que honra em vê-lo também, meu amigo e Alicia Mello ainda me pergunto o porque esta nessa missão.
    Alicia ficou vermelha e não disse nada, Linda fechou a cara para Chito.
    - Olá, meu velho amigo. - disse Alfredo apertando a mão de Chito. - Como vão os gêmeos? Vão bem?
    - Sim caro amigo. - falou Chito e abaixou a cabeça. - Vai se completar um ano desde que minha filha morreu, e não a nada... nada mesmo que me faça mais feliz de que aquelas crianças.
    – OK. – surtou Alicia agora olhando para o murro. – O por que aqui nesse murro? E como vamos chegar a rua João Barros que é quilômetros daqui?
    Chito olhou para o murro.
    - A resposta esta a sua frente. - Chito apontou para o murro pichado. - Passaremos por ai.
    - OK. - Alicia delirou, procurava alguma coisa em seu vestido branco.
    - E o menino? - perguntou Linda olhando intensamente para Chito. - Vamos ter que espera-lo.
    - Ele já deve estar lá, Bell. - Chito tirou de dentro da jaqueta uma especie de caneta. - Agora temos todos que ir esta ficando tarde.
    Chito aproximou-se do murro e fez um circulo com a caneta em volta da pichação “Todos Por Um” e nesse exato momento, dentro do circulo uma luz azul brilhante começou a se formar fazendo um barulho como água caindo. Chito olhou para as casas.
    - Está tudo certo, eu vigiei não tem ninguém vendo. - disse Alfredo acenando com a cabeça.
    - Todos para trás. - pediu Chito e estendendo a mão para o murro, disse as seguintes palavras em Francês:

au nom de Harry Ghana
à mon contact
Ce portail va s'ouvrir.

    No mesmo instante Chito tocou com a palma de sua mão no centro do circulo desenhado e o circulo começou a se abrir até formar um arco suficiente para passar
uma pessoa. O gato pulou no ombro do dono, Linda ajeitou suas vestes pretas, Alfredo tornou a rodar sua mão em sentido horário, Alicia continuava a procurar algo em suas vestes. Todos estavam ansiosos para terminar com tudo aquilo logo.
    Alicia tirou de seu vestido um frasco transparente contendo um liquido azul dentro, o pequeno frasco era comprido e tinha uma abertura, parecendo um frasco de perfume. Alicia se aproximou do portal e tirou a tampa do frasco.
    - O que pensa que está fazendo, Alicia. - Berrou Linda.
    - Se vamos passar por esse murro sujo. - explicou ela, lançando o liquido no portal que brilhou intensamente e voltou ao normal. - Terei de deixa-lo mais limpo. Pronto, agora está melhor.
    Todos ali estavam prestes a mata-la, mais por fim todos riram de seu jeito de ser. Linda por outro lado fechou a cara e levou a mão a cabeça.
    - Já que não quer se sujar vai na frente. - disse Linda. - Faça esse favor para todos nós.
    Sem dizer nada, Alicia se aproximou do portal e esticou a mão. Ao tocar no portal o som de água caindo se transformou e vidro quebrando, e ao corpo inteiro de Alicia passar o som voltou a água.
    - Você agora, meu velho amigo. - pediu Chito lançando uma risada para Alfredo.
    Alfredo Bolton se posicionou e fez o mesmo processo que Alicia, mais por alguma rasão o som de vidro quebrando foi menor. Chito fez sinal para Linda prosseguir, mas ela o olhou nos olhos aproveitando que os dois estavam a sós.
    – Você tem certeza de que o pai do garoto vai leva-lo em segurança.
    - Certeza absoluta, minha amiga. - Chito parecia confiante.
    Linda respirou fundo.
    - Você sabe como eles são? Você sabe Chito? - perguntou
    - Ele me deu total confiança para levar o filho. - respondeu Chito fungando com seu nariz torto. - Confiei nele e cumprirá a promessa. Confie.
    Linda ficou por algum momento olhando para Chito, depois recolheu as mãos para dentro das vestes ajeitou sua corcunda e seguiu em direção ao portal. E assim sobrando apenas Chito e Jorge – o gato – eles passaram pelo portal adentro em seguida.
    Chito via-se saindo em uma rua completamente diferente da anterior, essa rua era mais iluminada e mais barulhenta. Eram pouco mais de onze horas e os abitantes da rua João Barros permaneciam acordados conversando. O portal saia de frente com a casa de número 45, onde Alfredo, Lina e Alicia aguardavam por Chito e o gato. Chito se aproximou com Jorge ao seu ombro, se aproximou dos três e olhou de um lado para o outro da rua João Barros, nada viu.
    - Que estranho. - disse Chito fungando, Jorge ronronava baixinho em seu ouvido.
    - parece que ele não está aqui. - disse Jorge em fim pulando do ombro do dono e indo verificar a rua, onde só avia uma nebrina tensa.
    – Eu sabia. – berrou Linda dando um empurrão em Chito que quase caiu para trás. - Você não podia ter deixado o garoto com ele, viu só no que deu, não podemos
deixar o garoto com o pai, isso seria terrível para todos nós, ele tem que ser educado por humanos...
    Chito hesitou.
    – Eu sei Linda... não entendo... como... como.
    – Achei que soubesse o que estava fazendo. – falou Alfredo franzindo a testa.
    – Para min já chega, vou emborra, estou abandonando essa missão. – surtou Alicia voltando para o portal que foi fechado pela mesma pessoa que o abriu. - Abra isso!
    – Ninguém vai emborra. – gritou Chito. – Era para ele estar aqui com o garoto, não faz sentido algum... será que ele levou o menino emborra?
    Todos ficaram em silencio por alguns segundos, e então foi quebrado por Alfredo.
    – O que vamos fazer?
           – Vamos aguardar ele. – disse Chito e Jorge pulou novamente em seu ombro. – Vamos até a casa dos Dodds e espera-lo.
    O grupo começou a caminhar na rua a lua estava grande e muito iluminada, era noite de lua cheia, e os postes da rua não era a única coisa que iluminava o caminho deles, Chito estava agora muito preocupado com o tal o homem que viera trazer um garoto que tinha de ficar os tios. Esse tal homem era o Sr. Kennedy, iria trazer o filho Johnny, para morar com os tios, pois o Sr. Kennedy não era um homem comum, não poderia criar o próprio filho e os Dodds eram a única solução para essa criança. Teria de ser criado por humanos? Vamos disser que sim, o Sr. Kennedy não era humano. Então o garoto Johnny também não seria humano? Digamos que Johnny é meio Humano e meio – a raça do pai dele – e isso o garoto teria de descobrir e que os Dodds não poderia esconde-lo para sempre. Chito Gana, Alfredo Bolton, Alicia Mello e Linda Bell, até mesmo Jorge sabia do perigo que ele correria sem ser criado por humanos. A Sra. Kennedy mãe de Johnny morreu misteriosamente. Foi um choque para todos, principalmente para Denis Dodds, seu irmão mais velho que era o que mais sofria.
    Todos estavam esperando a chegada do Sr. Kennedy a rua João Barros, mais Kennedy não apareceu por lá, Chito estava cada vez mais perturbado, agora não estava aceitando o seu erro de confiar nas pessoas como o Sr. Kennedy. O grupo estavam chegando a casa de numero 52 – a casa dos Dodds – seria necessário dizer que Johnny não ficaria mais em suas mãos? Que o pai dele o levou embora para além do planeta terra. Chito não sabia, só tinha uma certeza, que isso ele também não poderia esconder dos Dodds.
    Enfim chegaram no numero 52, Chito olhou os rostos de cada um. Alfredo estava espantado seus olhos miúdos estavam praticamente oculto nas suas longas e grossas sobrancelhas. Linda tinha seus olhos tenebrosos, seu olho leitoso parecia estar brilhando diante dos olhos de Chito. Alicia estava como sempre de mal humor, olhava o tempo todo para onde Sr. Kennedy deveria ter chegado.
    A nebrina estava tensa, o Sr. Dodds andava de um lado para o outro na sala de estar incapaz de ver o grupo em frente a sua casa.
    – Chito. – Alfredo o encarrou, sua voz estava baixa. – Ele não vem.
– É melhor abandonarmos essa missão... acabou. –  disse Linda.
    – OK. - Chito perdeu as esperanças. – Vamos emborra.
    Ao se virarem para sair, um vulto ou apenas um homem estava chegando ao numero 52. lá de longe os passos pesados eram escutados com facilidade. O homem trazia em seus braços um pequeno embrulho onde algo estava dormindo profundamente, a cada passo  o homem parecia duplicar de tamanho, a dez passos adiante o homem parecia ter três metros, a cinto passos ele tinha quatro metros e por fim oito metros. Apenas seus pés eram visíveis quando chegou a frente do número 52 junto do grupo de “quase idosos”.
    Jorge arrepiou de medo e se escondeu atrás do dono. O gigante estava diminuindo, diminuindo até chegar ao tamanho de um homem normal. Sua aparência era encantadora, Alicia soltou um suspiro.
    O homem tinha cabelos castanhos escuros caídos sobre o rosto, tinha uma barba bem feita, usava vestes brancas com um capuz que lhe cobria a cabeça. O mais impressionante nele eram seus olhos. Um azul claro muito bonito brilhava intensamente como dois faróis de carro em seu rosto, era quase impossível olhar diretamente em seus olhos, a não ser é claro que você queira ficar cego para o resto da vida.
    O homem se aproximou com o bebê no colo.
    – Senhores, senhoras. – disse ele sem ao menos olhar suas faces.
    – Senhorita, para sua gentileza. – falou Alicia pondo a mão na cintura.
    – Alicia... – Linda começou a falar, mas foi interrompida pelo homem que ergueu a mão para ela que se calou rapidamente.
    O homem se dirigiu para frente do grupo, de frente a porta da família Dodds e olhou intensamente para a casa onde a sombra do Sr. Dodds passava de um lado para o outro atrás das cortinas na sala de estar. O homem virou novamente para o grupo e estendeu o pequeno embrulho em seus braços.
    – Tome. – disse muito calmo.
    Chito se direcionou a sua frente e sem olhar nos olhos de homem ele pegou a criança em seu colo, todos muito calados. Chito olhou o pequeno embrulho. Uma criança dormia.
    – Sr. Kennedy. – chamou Chito novamente quando o homem se virou outra vez para a casa dos Dodds. – Se é particular para você não diga... mas, queremos saber o que realmente aconteceu com Lúcia Dodds, ou como se casaram Lúcia Kennedy, sua esposa e mãe desta criança.
    O Sr. Kennedy não disse nada e mais uma vez todos ficaram no mais profundo silencio, ninguém ousou interromper o silêncio, mas...
    – Não quero falar no assunto. – disse Kennedy virando novamente para o grupo que abaixaram as cabeças para evitarem olhar para os olhos do homem.
    O Sr. Kennedy observou as estrelas, o local estava todo iluminado por uma luz azul que viera de seus olhos, ele abaixou a cabeça novamente.
    – Eu devia saber. – ele engoliu em seco. – Hoje é noite de lua cheia, meus olhos só brilham nessas noites, quando a lua esta totalmente cheia e brilhante. Eu tinha que verificar o meu único filho.
– Do que você está falando? – interrompeu Alfredo.
    O Sr. Kennedy respirou fundo e prosseguiu:
    – O meu filho cujo está em seus braços agora, eu tinha de ter certeza de que ele seria Humano como a mãe ou seria como eu... até o momento de hoje... quando a lua cheia apareceu e eu vi... dois pequenos olhinhos azuis brilhando como o do pai.
    – O que quer dizer? – Perguntou Chito nervoso.
    – Significa, que meu filho é da minha raça... o que quero disser é que ele pode ser o herdeiro do Clã Ucrânia e do quinto elemento.
    O silêncio invadiu a rua novamente, todos estavam chocados com o que acabaram de ouvir.
    – O garoto é... é... – Linda não conseguia falar.
    – Sim. – Confirmou Kennedy. – Bom acho melhor eu ir indo.
    – Você, não vai ficar para entrega-lo aos Dodds? – perguntou Chito.
    – Meu caro homem. – disse Sr. Kennedy no mais natural possível. – Essa não é tarefa minha, um dia eu ainda vou vê-lo, mais por hoje é só.
    O Sr. Kennedy tirou o capuz da cabeça, revelando seus cabelos cumpridos caírem sobre o rosto e então deu um beijo na testa do filho que se mexeu sem acordar, estava completamente desacordado... Kennedy virou-se para ir, voltou a crescer quando estava a vários metros do numero 52, e então, com um breve estralho o Sr. Kennedy virou pó e foi levado com o vento.
    O silêncio permaneceu por alguns estantes. Todos estavam chocados ao vê-lo, pois não era comum ver um deles tão perto assim. Linda e Alicia trocaram olhares, Alfredo franziu a testa e Chito espantava Jorge de cima do bebê. Chito parecia o mais entusiasmado com o ocorrido, pois ali em seu colo dormia nada mais nada menos do que Johnny Kennedy, o garoto filho de um Deles... Estavam todos abobalhados, mas a missão ainda não tinha terminado, teriam de deixar Johnny com os tios, pois já estava muito tarde.
    Chito se posicionou a frente do Grupo e esticou a mão.
    – Vamos fazer o juramento que este menino precisa.
    – O que? Não podemos fazer isso! – Berrou Alicia tão alto que Linda teve de dar um empurrãozinho nela.
    – Você se candidatou a missão não foi. – Rosnou Alfredo por trás de sua barba e cabelos enormes parecendo até mesmo um grande urso. – não poderá sair. – Alfredo colocou a mão por cima da de Chito, Linda fizera o mesmo.
    – Mas...
    – Ou aceite a missão ou de meia volta e vá embora. – Chito perdeu a paciência.
    – Está bem, está bem, mas é apenas para mostrar as vocês que eu não sou covarde.
    Alicia estendeu a mão e tocou nas mãos reunidas e naquele exato momento uma luz branca saiu das quatros mãos, e Chito prosseguiu com a fala em Francês:

à ce stade
prêter le serment de Kennedy
la protection que ce garçon a besoin de

    A luz parou de repente, o menino agora tinha a proteção deles...
    – Muito bem. – disse Chito, quando todos soutaram as mãos. – Temos agora que entregar o garoto aos tios.
    – Agora basta esperar. – Comentou Linda. – O tempo fara tudo para nós.
    – E o que vamos fazer a respeito de Victor? – Perguntou Alfredo que em seus rosto estava a certeza de que estava preocupado.
    – Nada podemos fazer até a profecia relacionada aos dois sair. – disse Chito. – Temos que esperar até os Ucrânios obtê-la.
    Chito se aproximou da porta e bateu três vezes... o homem cujo ainda andava de um lado para outro na sala de estar parou de repente, na sombra mostrava Sr. Dodds abraçando o esposa e o filho e em seguida vindo receber a visita nada agradável... O Sr. Dodds abriu a porta para receber o garoto.
    E então, naquele momento, Johnny Kennedy estava dormindo tranquilo, sem ao menos saber que era muito mais que especial, era diferente de todos e que um dia saberia, iria viver com os Dodds e um dia iria descobrir que não era o que ele pensara ser e sim algo muito mais que especial... O Sr. Dodds acolheu o menino e voltou para seu aconchego junto de sua mulher e seu filho, lançando olhares estranhos sobre o pequeno grupo ao lado de fora de sua casa.


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Notas finais do capítulo

Os Dodds acolheram Johnny... O colocaram numa escola local chamada "Bener" aonde estuda com seu primo Afonso.



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