Jonathan Davis escrita por 09041977
- Bom dia, filho! - lá proferiu ele, repleto de regozijo matinal.
- Bom dia. - respondi, inexpressivo.
- Que se passa? - ele inquiriu. Eu me afastei da sala, onde estaria a Hannah e chamei o meu pai para junto de mim.
- Ela agrediu-me de novo. - revelei, esperando alguma compreensão, que me foi logo desde o ínicio, negada.
Do nada já estava gritando comigo, com uma expressão de repulsa no rosto, o que me deixava triste. Como é que o meu próprio pai, não é capaz de acreditar em mim?
- Eu já pedi para não armar intrigas! Ela é boa pessoa. Quando é que você vai meter isso na cabeça? Meu filho, estou farto da sua falta de educação. - Ele estava gritando comigo, a modos que a Hannah ouviu e foi ter ao epícentro da repreensão.
- Então, que se está passando, Joshua? - perguntou, de voz dengosa, dirigindo-se a meu pai.
- Agora você vai pedir desculpas. Já! - Ele me ordenou.
- Não. Jamais. Ela é uma rameira querendo roubar tudo o que você tem, até mesmo a sua dignidade! Ela não... - não me deixou terminar. Deu-me um tapa, deixando-me uma marca avermelhada no rosto. Eu não falei mais. Para quê falar, se sei que ninguém irá acreditar em mim? Desperdício de latim. Dirigi-me à porta, para ir cumprimentar o tal novo vizinho.
Meu pai vociferou algo, mas não ouvi nem quis fazer ideia sobre fosse o que fosse.
Andei até à casa de frente, em passos largos. Quando estou irritado, ninguém me apanha.
Espero que esse vizinho seja simpático.
E essa tradição de ir cumprimentar os vizinhos novos? Quem faz isso? É tão impertinente. Mas minha família quer sempre parecer bem aos olhos dos outros. Os retratos dos quadros e os retratos que os outros pintam acerca de nós, são bem diferentes da realidade. Para quê disfarçar todo o mal que a minha família produz? Estou tão farto.
Toquei à campaínha, sem qualquer ânimo.
Vi a porta abrindo e na frente dela, achou-se um homem alto, com alguns músculos delineados, cabelos loiros caídos sobre os ombros, dançado na pequena brisa calorenta que por ele passou. Seus olhos eram verdes.
- Boa tarde. - falei, mais uma vez, sem alento.
Ele se aproximou.
- Sim, sou. Bem-vindo. - exprimi quase por obrigação.
- Obrigado! Quer entrar? - ele me pareceu demasiado convidativo. Tenho receio de novas amizades. Ninguém é o que realmente aparenta ser.
- Não, obrigado. Tenho uns trabalhos para acabar. Boa tarde, vou indo. - respondi educadamente, claro, e voltei para o meu lar, amargo lar. Abri a porta e logo me encarei com Hannah. Olhei impávido para ela. São raras as alturas que me sinto mais forte; menos indefeso.
- Você quer arruinar minha vida, não é? - perguntei, nervoso.
Ela não respondeu. Parecia indiferente. Achei estranho. Deixei-a para trás e me dirigi para a sala.Estava lá meu pai... Claro, por isso ela nunca me iria responder, de forma sincera, claro.
- Então? Já foi conhecer? - meu pai me perguntou, como se há uns minutos nada tivesse acontecido.
- Fui. - respondi seco, tirando uma maçã da taça sobre a mesa.
- Ok. - se levantou. - Até logo.
- Onde você vai, pai?
- Vou com a Hannah a uma loja e vou dar as boas-vindas ao novo vizinho. Ainda fica a pensar que ninguém nessa família percebe de etiqueta. - antes de ele ter terminado a frase, perguntei, novamente desconfiado:
- Mas vocês não foram já?
- Não. Até logo, filho. - Ele saiu juntamente com Hannah.
E eu... eu dexei cair a maçã e gelei por completo. Eu pensei que já o conhecessem. Como ele sabia o meu nome?
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