Wake Me Up When September Ends escrita por AnnySama


Capítulo 3
2º dia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Os raios de sol esquentaram meus braços que cobriam meu rosto. A sensação gostosa de estar sendo naturalmente confortada me acordou do melhor jeito possível. Fazia um tempo que eu não usava mais despertador, pois eu me acostumava fácil com... Tudo. E logo me acostumei a acordar ás seis da manhã sem nenhuma ajuda.

      Fui direto para o banheiro, minha aparência estava horrível. Era como se eu estivesse sofrendo de uma dessas doenças que consome progressivamente o doente. Poderia apelidá-la de “Ensino Médio”. Minhas olheiras estavam mais profundas e minha pele começava a amarelar de tão branca. Estava fraca e sempre cansada... Por que Evelyn ou Diane não eram assim? Elas não estavam no mesmo ano e na mesma escola que eu?

      Vesti um moletom com pequenas letras dizendo “Come on, the hell is here!”. Um jeans surrado e um all star rasgado de lado. Não é como se eu fosse uma mendiga, eu apenas não queria gastar minhas roupas mais bonitas e novas para ir ao lugar que eu, bem, mais odiava.

      Meu celular sobre a escrivaninha começou a vibrar, girando loucamente. Jogando os cabelos para trás, peguei-o com pressa. No visor, apenas um nome: Brendon. Atendi.

      -O que foi? Estou com pressa, o ônibus chega daqui... – Já fui falando, mal-humorada. Eu não era nada legal ás seis da manhã.

      -Pode esquecer isso! – Falou contente. Coloquei uma das mãos na cintura, só esperando para ver o que ele aprontara agora. – A escola está fechada para desinsetização. Eu vim até aqui... Que raiva! Cara... A gente podia aproveitar para fazer alguma coisa, não é?

      -Bem... Eu ganhei o dia com isso. Enfim... O que quer fazer? E se nós fossemos ver umas coisas para usar no baile?

      -Calma ai, eu não sou a Michaela! Ok? – Falou, fingindo aborrecimento. Michaela era a minha única amiga na escola, ela se encarregava de deixar meu lado feminino sempre ativo, me levando de vez em quando para fazer compras.

      -Tá... Vamos para o lago de Catterchase, então? Vai estar tranquilo hoje. É a estréia da dança das águas do lago de Rhamstrong. Ninguém irá lá com outro lago para ir. – Falei confiante. Já saindo de casa, a caminho da escola.

      -Pode ser. Me encontra na esquina da Henrique VIII com a Jersey. – Falou apressado. Depois desligou o telefone. Eu o soquei dentro da bolsa e continuei caminhando.

      Fui andando apressadamente. Passando pelos bairros nobres da região. As grandes mansões cercadas por altos muros eram as residências de muitos da minha escola.

      Fui chegando ao lugar combinado, e já o avistava parado, encostado sobre a grade de uma loja de aluguel de fantasias. Seus cabelos se sacudiam sobre o vento e seu óculos de aros pretos e grossos caiam sem parar sobre seu nariz. Ele estava vestindo uma camisa xadrez preta e branca e uma camiseta preta por baixo. Demorou a me enxergar, mas logo que o fez, acenou com a mão de maneira exagerada.

      Sentei sobre a grama molhada a uns cinco metros do lago. Recolhendo um joelho e tombando meu queixo sobre ele. Brendon se apoiou folgadamente em meu ombro e deslizou, sentando-se. Eu o olhei com reprovação. Ele riu e nós encaramos o lago, calmo e verde-água. Algumas carpas faziam borbulhas no meio dele, e logo depois uma grande floresta se abria com suas árvores floreadas com flores rosas, violetas e brancas. Tudo estava muito bonito.

      -Por que aqui é tão... Legal? – Meus olhos lacrimejaram quando olharam para o sol forte ás oito da manhã.

      -Talvez por não ser o lago mais querido da região. Por estar em um lugar isolado. Sabe, que ninguém se dá ao trabalho de encontrar? Por ser velho e não ter a “dança das águas”. Mas mesmo assim é legal. Porque ele trás a nós uma sensação de familiarização. – Brendon olhou para o horizonte, seus olhos cor de âmbar ficaram muito claros, podia ver sua alma.

      -É verdade. – Assenti, sentindo uma forte nostalgia. – Será que é por isso que nós... Somos assim? Quer dizer, por que... Nos odeiam tanto?

      Para isso ele não tinha resposta. Ele abaixo a cabeça, deixando seu óculos escorregar um pouco em seu nariz. Pude ver sua tristeza em sua boca crispada e sua veia no pescoço pulsando fortemente.

      -Desculpe. A gente não fala sobre isso, certo? – Tentei me deter, mas foi impossível não afagar seus cabelos delicadamente. Eu sabia do que ele estava se lembrando. Brendon havia sofrido bullying terrivelmente desde a 5ª série até a 8ª. Eles chegavam a bater nele. Eu não sabia metade sobre como ele conseguiu superar aquilo. Eu também sofrera, mas era com fofocas e agressões verbais... E sofria ainda. E ele estava aliviado, ofensas e boatos eram como uma tarde de descanso para Brendon.  Para mim, bem, era como sempre fora. – Mas eu queria falar.

      -Na faculdade... Não vai ser assim, não é? – Ele interrompeu o silêncio que se formara por alguns segundos.

      Sorri feliz pela sua esperança. E não me importei em abraçá-lo e tombar minha cabeça sobre seu ombro.

      -Não, não vai. – Disse, enquanto fechava os olhos e sonhava com esse momento de liberdade.

      Mas eu não deveria ter certeza daquilo. Porque ele não entrou na faculdade.


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