Wake Me Up When September Ends escrita por AnnySama


Capítulo 1
Prólogo no Hospital


Notas iniciais do capítulo

Primeiro episódio da fic ^^ Espero que gostem.



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Lembro-me das flores crescendo incertas pelo campo devastado no inverno. Do Sol tornando todo o céu um degrade profundo de cores vivas e tristes. Da tonalidade de tudo, das roupas, das casas, do mundo, transformando-se em frias, mas harmoniosas. Era a passagem, do inverno rigoroso ao verão triunfante. Tudo tinha um cheiro enjoativo de açúcar. E, além disso, era sempre associado á Primavera a alegria. E, no meu ponto de vista, é totalmente o contrário.

      Março foi marcado por algo mais sério do que flores se abrindo e o inverno dando adeus. Março foi marcado por sangue e tragédias. Por infortúnios e desgostos.

      Março foi marcado por ele. Ou pela falta dele.

      As luzes fortes e sem espaçamento, e o ambiente branco como um pós-morte, com cadeiras juntas e destacadas é muito familiar para mim. Eu nunca imaginei que iria voltar para cá, e se voltasse, que fosse para estar à beira da morte.

      Sentada aqui, observando todas essas pessoas, com olhos vermelhos e vazios. Déjà vu... Era a única coisa que vinha á minha cabeça. Todos naquela sala pareciam rezar baixinho, olhavam para além dos tetos da sala de espera. Não ostentavam olhares tristes, aquela fase já passara, agora era a hora de começar a se acostumar a viver sem motivos, sem alegria nenhuma.

       Errado estava que disse que a ausência de alegria era a tristeza. Se fosse, seria bom demais, até um pouco doce.

      -Senhorita Collins. – Chamou a enfermeira, com voz calma e olhos amendoados. Por sorte, não era a mesma daquele triste dia.

      Levantei-me, sentindo minhas costas cansadas de tanto ficar sentada. Caminhei até o lugar de onde a enfermeira surgira. A porta estava aberta, e eu não podia respirar e me acalmar, não podia esperar do lado de fora até ter “cara” para entrar lá... Eu apenas tinha que... Lidar com aquilo.

      Quando entrei, vi a enfermeira com a prancheta na mão, num canto do quarto, olhando comovida para a cena. Os pais de Brendon, Sr. e Sra. Lewis. Sua mãe estava em um vestido tubinho curto preto de renda, e tinha um lenço delicado na mão. Seu pai usava um terno risca de giz e olhava sofrido para... Ele.

      E Brendon estava lá. Do jeito que eu o vira a 6 meses atrás, em Março. Cabos estavam ligados ao seu peito, ao seu nariz e boca, a seus pulsos e a todos os lugares possíveis. Ainda usava o avental azul e ainda tinha o curativo com gaze acima da sobrancelha. Seus cabelos ainda estavam arrumados cuidadosamente sobre seu rosto e seus olhos continuavam fechados tranquilamente, dando a impressão de que dormia e sonhava com a melhor coisa do mundo.

      -Rachel, querida. Desculpe-me por fazer você esperar... Mas tínhamos que ficar a sós com ele. – Falou Isabel, sua mãe, com a voz embargada de choro.

      -T-tudo bem. – Respondi automaticamente. Diferente de qualquer coisa que já sentira, tive vontade de sorrir para ele. Uma saudade estranha se apoderou de mim, e eu apenas estava feliz por revê-lo.

      -Queremos resolver isso logo. – Garret, seu pai, anunciou. Eu o olhei confusa... Resolver o que? – Vamos desligar os aparelhos. Não iríamos chamar ninguém. Mas... Você tem o direito de vê-lo mais uma vez. Sabe... Meu filho gostava muito de você.

       Assenti, incapaz de me pronunciar. Minha visão ficara turva. Meus joelhos fraquejaram e eu procurei desesperadamente o banco duplo que eu vira encostado na parede. A Enfermeira, percebendo meu estado, pegou em meu braço e me levou para me sentar. Olhava, engolindo seco, para meu antigo amigo. Nada mais passava pela minha cabeça. Eu não conseguia raciocinar.

      -Eu sei o choque que deve estar sendo para você. – A Sra. Lewis fungou baixinho. -  Mas 6 meses já passaram... E não há como prolongar mais o sofrimento. Queremos dar um fim a tudo isso. Ele, você sabe, não vai acordar.

      -Eu... Eu sei.

       -Quer um tempo sozinha com Brendon? Acho mais que justo. – Garret me olhou, afetuoso. Não pude olhar educadamente para ele nem nada. Apenas assenti. Sentindo que não podia mais esconder o quanto aquilo estava me fazendo mal.

      -Se... Não se importarem. Eu gostaria muito. – Esclareci da forma mais rápida possível.

      Seus pais sorriram fracamente e foram saindo acompanhados pela enfermeira.

      Olhei novamente para seu rosto passivo. Aí vamos nós.


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Notas finais do capítulo

Eu amo reviews, sabe? *-*