Pov’s Emy

Por que na França eles insistem em falar francês? Seria tão mais fácil não ter que aprender outro idioma… Todo mundo com quem eu conversava falava inglês, mas era muito chato ver todos conversando em francês quando eu chegava e depois perceber que eles mudaram de idioma só por sua causa. Eu não queria ser um problema para ninguém. O único lugar que ultimamente eu tenho me sentido bem é no meu apartamento, que agora não é um cubículo. A única razão para isso é porque o Will veio para França e eu insisti para ele ficar no cafofo (era como eu chamava meu novo apartamento).

- Oi. – eu disse traçando a porta. – Não trabalhou hoje?

- Não. Me deram uma folga para conhecer a cidade.

- Ah, por que você não disse? Eu teria te levado comigo. Passei por vários pontos turísticos.

- Eu preferi minha cama.

- Ta tão cansado assim?

- Essas reuniões são muuuito chatas! E cansativas! E eu não posso dormir lá!

- Que absurdo, não poder dormir no trabalho.

- Também acho.

- O que você ta assistindo?

- Não faço a mínima idéia. Nem entendo o que eles estão falando!

Sentei-me na mesa da sala e liguei meu notebook. Abri a internet e adivinha qual era minha homepage? Pois é, era um site de fofocas sobre celebridades. Não tenho orgulho de admitir isso, mas é a verdade.

- Você não esqueceu esse cara, né? – de repente, Will estava do meu lado bem quando eu lia uma matéria sobre o Harry.

- Er… – ele riu. – Não tem graça!

- Foi por isso que você veio pra cá? Pra França?

- Claro que não. Nem tudo gira em torno dele.

- Sei… – com um sorriso safado no rosto- Ah, fica quieto! – eu ia dar um tapa nele, mas ele segurou minha mão e puxou para perto.

Ficamos nos olhando por um tempo, até que ele disse:

- Basta um pequeno movimento pra você esquecer dele. É só você querer.

Comecei a aproximar minha boca da dele, mas no meio do caminho me interrompi. Aquilo não estava certo. Will soltou minha mão e se afastou.

- Will, desculpa, é que…

- Eu sei.

- Não, não sabe.

- Você precisa de mais tempo pra esquecer ele.

- Não é isso…

- Eu sei que você ainda gosta dele.

- Não gosto. É que ele me… Eu não sei explicar, mas eu não consigo mais confiar em nenhum homem. Pra mim todos vão me usar e depois jogar fora. Aí eu fico lembrando do que o pai de uma amiga falou um dia, que homem nenhum presta, aí…

- Entendi. – me aproximei dele e o abracei. – Só não deixa que isso te impeça de alguma coisa.

- Pode deixar.

- Hey, que tal você me mostrar como é Paris a noite?

- Allons, mon garçon.

- Que?

- Vamos.

- Meteu o francês, que chique! 

Eu ri. Fui me trocar em meu quarto. Sim, no cafofo tinham dois quartos. E voltei para sala com uma roupa mais glamorosa que jeans e camiseta do Blink-182. Eu não sei o que tinha me dado aquela noite, mas eu bebi demais. Eu nunca bebia. Mas não sei porque eu inventei de beber aquelas três doses de tequila… Oh God! Não me lembro de como voltei pra casa, só sei que acordei na minha caminha coberta com meu cobertorzinho. Fui acordada pela campainha que parecia umabomba estourando na minha cabeça.

Fui daquele jeito ressacado atender. Abri a porta e meus olhos, ainda quase fechados pelo sono, se arregalaram.

- Harry?! – fechei a porta novamente.

- Surpresa? – disse a voz do outro lado da porta. – Por que você sempre fecha a porta na minha cara?

- Desculpa. Espera um pouco.

Fui correndo para o banheiro. Lavei meu rosto, penteei meu cabelo e escovei os dentes. Voltei correndo para porta e a abri.

- Oi. – e cruzei os braços.

- Acho que te acordei…

- O que você ta fazendo aqui?

- Não vai ter nenhuma social antes? Tudo bem então…

- Emy, quem é?

Will saiu só de samba canção de onde quer que ele estava enfiado e apareceu na porta.

- Harry? Er, oi.

Harry abaixou a cabeça e murmurou alguma coisa. Depois voltou a olhar para mim sorrindo.

- Foi bom te ver de novo. Tchau, Will.

- Tchau. – e Will fechou a porta.

Demorei muito para me mexer. Minha cabeça estava tão pesada e estava começando a doer. Quando meu cérebro decidiu fazer alguma coisa, como mexer minhas mãos, abrir a porta e fazer minhas pernas correrem até a rua, Harry já havia sumido sem deixar rastros.

- Oh shit! – ainda olhando para rua para tentar encontrar o garoto.

Aí eu me lembrei que eu era míope e estava sem meus óculos e que eu não conseguiria enxergar muita coisa, então voltei para o apartamento.

- Shit! – bati a porta.

- Que foi? – a voz dele explodiu na minha cabeça.

- O que foi? Você estava aqui.

- Qual o problema? – outra explosão.

- Você fechou a porta na cara do problema! O problema estava aqui. E ele foi embora…

- Isso é bom não é? – AH, PARA DE FALAR!

- Não! Eu queria saber o que o problema queria falar.

- Liga pra ele então.

- Isso! – corri para o telefone.

- Eu sou genial. – Ele podia ter ficado quieto.

- Atende, atende, atende!

- Alô? – essa voz não parecia uma explosão… era tão gostosa de ouvir…

- Harry, oi. É a Emy.

- Ah, oi.

- Você acabou de sair aqui do cafofo ou foi impressão minha?

- Cafofo?

- É. Da minha casa.

- Ah é, eu fui aí sim.

- Então…

- Então o que?

- Então, o que você veio fazer aqui?

- Te dar oi.

- Ah…

- Oi.

- Oi.

- Acho que é só isso… Tchau, Emy.

- Tchau. – desliguei. – Que conversa mais estranha.

- E aí?

- Fala baixo, menino!

- Acho que alguém precisa de café…

- Seria uma boa…

Pov’s Harry

Tivemos mais uma turnê neste ano. Desta vez fomos para a Austrália, para mais cidades americanas e pro Canadá. Se foi legal? É claro que foi. Era incrível ver como nossos shows estavam ficando cada vez maiores e mais cheios. Nossa carreira estava evoluindo e tudo estava ótimo.Tudo bem, nem tudo. Eu ainda me lembrava da Emy toda vez que eu cantava “One Thing” ou quando eu via um casal se divertindo ou quando eu via alguma loira alta e que usava óculos. Fiquei com algumas garotas esses meses, mas todas tinham um problema: elas não eram a Emy! E tinha outro detalhe, eu não podia pensar na Emy. Ela estava com o tal de Will agora. E se tem uma coisa que Harry Styles não faz é ficar pensando em mulher alheia.

Quando voltamos dessa turnê, a Mell não saia do apartamento do Niall, o que não ajudava com a missão de não lembrar da Emy. Ah, a propósito, a Mell e o Niall estão meio que namorando…

- Qual o problema, Styles? – Mell perguntou.

Nós estávamos no apartamento do Zayn que era no mesmo prédio que o do irlandês. O loiro cabeçudo tinha perdido a chave do apartamento e não tinha nenhuma cópia, então ele estava esperando o chaveiro. Já eu, estava no Liam porque o Boo Bear me expulsou de casa para passar uma noite com a Eleanor, ou seja, eles iam se reproduzir até no teto e não queriam que eu visse.

“Só pensando na sua amiga”, Eu não podia responder isso. Então preferi o bom e velho:

- Nada.

- Fala, homem! – eu só deixava ela falar assim comigo porque agora ela era brother.

- Nada não, tia!

- Hm, sei… – o celular dela tocou. – Alô? — Emy!

Meu estomago congelou e esvaziou ao mesmo tempo.

- Ah, não dá. Pelo menos, ainda não… — Mas o Will é rico! E eu to pagando meu carro.

Aquele maldito nome! “Will”, para mim todos os Williams podiam virar gays.

- Então vem pra cá você. — To na casa do Liam. O Niall também ta aqui e o Harry… A Emy ta mandando “oi” pra todo mundo. — Cala boca, você! — Hey, não vou mais fazer mousse quando você voltar! — Interesseira. — Ta bom. — Beijo. Tchau.

- Era a Emy.

- Ah vá. – disse Niall e ganhou um tapa na perna. – Ai…

- Falando na Emy… – a garota olhou pra mim. – Você nunca me disse o que aconteceu pra você para de gostar dela.

Não sabia o que responder. Olhei para os lados procurando ajuda do Liam e do Niall. O moreno resolveu me salvar.

- Ele conheceu uma garota na Austrália. Very hot!

- Ah… Mas e aí? Vocês…

- Isso. Só que eles perderam o contato. Mas o Harry continua completamente apaixonado pela linda australiana. – Niall se intrometeu na mentira perfeita do Liam e estragou tudo. Mell riu.

- Pode falar a verdade.

- Mas é verdade.

- Sei…

- Eles ainda se falam na verdade. – interviu Liam. – Ela vai vir pra cá semana que vem, daqui duas semanas, né, Harry? Pra quele negócio de moda?

- É. – concordei. Esse Payne sabia mentir…

- Ela é modelo?

- É sim. – concordei.

- Qual o nome dela?

- Abbey Kershaw. – respondeu Liam. Agradeci sua inteligência e perspicácia.

Mell se deu por satisfeita.

- A Emy também vai nesse negócio da moda. Talvez elas se encontrem lá. – a garota adicionou após alguns minutos.

O interfone tocou e eu corri para atender. Não queria continuar falando da minha namorada de mentira. Era o porteiro falando que o chaveiro estava lá embaixo.

- Obrigado. – eu disse no interfone, depois que desliguei: – O CHAVEIRO CHEGOU! 

Niall e Mell foram embora.

- Então, você vai ir atrás da Emy quando ela estiver aqui ou não?

- Quê?

- Emy em Londres. Sim ou não?

- Não. Ela tem namorado agora.

- E daí? Você gosta dela. Lute por sua mulher!

Comecei a gargalhar e ele me seguiu.

- A minha mulher ta comprometida. Eu não roubo mulher dos outros.

- Você acabou de falar que ela é sua mulher. Então você não vai roubar.

- Ela não me quer mais. Estraguei tudo quando fui pra cama com a Caroline.

- Você é bem melhor que aquele cara.

- Seu viado! – Liam piscou e mandou um beijo pra mim.

- Lindo! Uhuuul! Harry pega eu! – fazendo uma voz afeminada.

- Get away from me!

- Não resista ao nosso amor!

- Cala boca…

E cumprimos a tradição de começar a nos bater depois do “cala boca”.

Pov’s Liam

Ah, é tão bom deitar no sofá depois de ter jogado video game… Ficar fazendo nada, só assistindo desenho e rindo quando a Candace não consegue mostrar pra mãe dela o que o Phineas e o Ferb estavam fazendo e quando o Dr. Doofenshmirtz grita “Eu te odeio, Perry, o ornitorrinco!”. Eu podia passar meu dia todo…

- LIAM!

Caí do sofá. Puta susto dos infernos!

- Liam? – vi a cabeça de Danielle. – Te assustei?

- Não. Eu gosto de me jogar do sofá… – ela sorriu e revirou os olhos.

- Desculpa, mas você me deu a chave.

Eu a beijei e voltei a sentar no sofá.

- Er… Esqueci o que eu ia falar…

- Você sempre faz isso.

- Só porque você sempre me beija. – sorri e a beijei novamente. – Viu? Não to lembrando.

Depois de algumas horas…

- Lembrei! – e deu um pulo do sofá. – Sabe a Emy? Do Harry?

- Sei.

- Eu estava naquele desfile, sabe? Aquele que eu te falei?

- Sei.

- Então, ela estava lá também. Ela me deu oi e nós ficamos conversando a noite toda. Ela é muito legal!

- Sei. – ela riu.

- Para de falar “sei”.

- Entendo. – ela riu de novo. – Foco, Dani.

- Ah é. Então conversamos o evento todo e…

- Você não trabalha, não? – ela revirou os olhos. – Desculpa, continua.

- Então, nós ficamos amigas e tal. Aí ela foi muito seca com uma modelo e eu perguntei pra ela por que, aí ela disse que ficou sabendo que aquela garota tava saindo com o Harry.

- Mas o Harry não ta saindo com ninguém. Ele ainda gosta dela.

- Foi o que eu pensei. Eu ia falar isso, mas aí ela me confessou que ainda gostava do Harry, mas que tinha vergonha de voltar a falar com ele…

- E você só me conta isso agora?!

- A culpa é sua! Você me fez esquecer.

- Eu preciso falar com o Hazza. – procurei meu telefone em todos os bolsos da calça, foi inútil.

- Liga do meu. – e ofereceu o celular para mim.

Peguei, disquei o numero do Harry e esperei. Tuuu-tuuu-tuuuu-tuuuu.

- Alô?

- Hazza!

- Liam?

- É!

- Ah, oi.

- É assim que você me dá oi?

- OI!! Tudo bem?!

- Melhorou… Hey, eu tava aqui com a Dani…

- Não precisa me contar detalhes da vida amorosa de vocês…

- Cala boca, não é isso

.- Ah ta. Porque seria estranho…

- Ela encontrou com a Emy e a Emy disse que ainda gosta de você. – soltei tudo de uma vez.

- Quê?!

- A Dani encontrou com a… – comecei a repetir lenta e pausadamente.

- Eu ouvi. Não sou surdo. Só não consigo acreditar.

- Ta chamando minha namorada de mentirosa?

- Não, mas… A Emy ta namorando com aquele William.

- Dani, a Emy ta namorando?

- Não.

- Ela não ta namorando ninguém, Hazza.

- Sério? Sério, mesmo?

- Sério.

- A Dani por acaso sabe onde ela está?

- Dani, onde a Emy está?

- Na casa da Mell

.- Na casa da Mell. – repeti.O barulho seguinte foi: tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu.

- Ele desligou.

- Oh, acho que ele foi correndo ver ela. Que romântico!