A garota se dirigiu para o seu quarto e tomou um banho, ela precisava sumir com todo e qualquer vestígio de sangue ali presente. Ela deu um jeito de desaparecer com as roupas ensaguentadas e substitui-las por novas roupas, lavou os longos cabelos loiros e saiu do banheiro vestida com um lindo vestido rosado, com um espartilho branco que lhe apertava a cintura e deixava o busto farto em evidência, ela não pretendia dormir aquela noite. 

Ela se deitou na cama,  e ficou apenas observando o teto, a espera de algo que tinha feito quando saiu do quarto. 

Todas as noites quando ela dormia, sentia algo a lhe observar no canto esquerdo de seu quarto, perto do espelho. Ás vezes ela até chegava a ter um pouco de medo do que poderia ser, por que ela nunca conseguia pegar a tal "criatura". Assim que ela teve a certeza de que a tal criatura lhe observava, ela sentou-se na cama e esticou uma das mãos, lançando algo negro que voou contra a parede.

– AI! - Ela ouviu um barulho, um impacto contra a parede. Ela ascendeu a luz e se assustou um pouco, não era possível.

- Hiei ? - Ela andou até o garoto e se ajoelhou para soltar o garoto da "teia" que tinha lançado. 

– Você me machucou. – Ele protestou, ficando um tanto constrangido. Aurora tinha lançado uma espécie de espinhos de rosa que se prenderam aos braços do garoto causando alguns cortes. 

– Então é você que está me espionando de madrugada ? - Ela perguntou, rindo do constrangimento do garoto. 

– E se for ? - rebateu irritado, não gostava de sentir-se envergonhando. 

– Posso saber o por que está fazendo isso ? – Sangue escorria dos braços do garoto, e Aurora pareceu um pouco preocupada. 

– Não sei... - virou o rosto ao ver que ela encostava em seus braços. 

– É bom você falar, ou eu terei que usar alguns métodos pra fazer isso. 

– Que tipo de métodos ? - Ele indagou, tendo um tom diferente em sua voz. 

– Tortura talvez ? - ela falou tentando ignorar o "algo a mais" que tinha percebido no tom de voz do garoto. 

– E como pretende me torturar, Bela ? - Ele a segurou pela cintura, puxando-a para perto e ignorando os machucados em seus braços, que permaneciam sangrando.

– O q-que está fazendo ? - Gaguejou, desviando os olhos dos dele. O garoto pegou o queixo de Aurora e virou o rosto da garota para si, para que ela pudesse olhar em seus olhos. 

– Até quando eu vou ter que fingir que eu não sinto nada por você ? - A pergunta foi como um choque para garota, foi como se algo dentro de si explodisse, uma sensação estranha percorresse seu corpo. 

- E você senti algo por mim ? - Ela perguntou, tentando reunir coragem para encarar os olhos verdes e o sorriso perfeito. 

– Desde quando éramos pequenos, desde a primeira vez que eu te vi, quando você estava com aquele vestido azul e aquela mesma adaga vermelha nas mãos, você estava com o rosto manchado de sangue e estava sorrindo, e você perguntou "Quer ser o próximo ?". Desde aquele dia algo em minha mente relacionado a você não em deixa dormir todas as noites.

– Não temos tempo para isso, Hiei. - Ela tentava protestar contra enorme vontade de selar os lábios com os do garoto a sua frente, ele estava tão próximo. 

- Nós inventamos o nosso próprio tempo. - Ele assegurou - Sei que você também sente algo.

- C-Como pode ter tanta certeza ? - Aquele garoto com certeza podia abalar as estruturas de Aurora com um só olhar, ele podia fazê-la sorrir de verdade com uma só palavra. Ela não entendia como um garoto como aquele era capaz de enfrenta-la, era capaz de senti o contrário do medo ou ódio, era capaz de sustentar sentimentos por ela, ela era um monstro, afinal. Mas ela tinha esquecido, ele também era.

- Vamos convir que se não sentisse já teria me matado. - Ela só ficou com raiva do jeito dele, como ele era capaz de ironizar em uma situação como aquela ?. Não demorou muito para ela tomar a decisão que já estava querendo ter a tempos, calar-lhe com seus lábios.

Logo ambos selaram os lábios, em um beijo calmo, com muito receio de ambas as partes. Segundos depois eles se viram perdidos em um mar de sensações novas, um bem estar sem comparação.

Aurora sentia-se totalmente segura envolta nos braços de Hiei, e o garoto queria protege-la a todo custo. Ele queria fazer tudo por ela, fazer ela esquecer todas as tristezas, e acompanha-la em sua trajetória sem se importar qual caminho ela iria decidir seguir. Ele queria ser importante para ela, assim como ela queria ser o mundo dele, queria ser algo que ele desse muita importância, queria acompanha-lo onde quer que ele fosse, queria ser protegida por ele.

Ambos não se importavam com o caminho, contanto que o final valesse a pena.

Eles se separaram e se olharam por alguns segundos, Aurora estava um pouco corada, e Hiei também.

- Você deveria ter dito antes. - Ela repreendeu, fazendo o garoto sorrir e lhe envolver em seus braços mais uma vez. Eles foram andando sem se separar, trocando carícias e olhares que só eles seriam capazes de compreender, até que caíram de costas na enorme cama de casal e não deixaram de rir. Hiei tirou uma mecha de cabelo que estava atrapalhando a visão do rosto de Aurora, e tornou a beija-la.

Nada naquele sentimento que nascia tão forte tinha sido planejado, simplesmente aconteceu. Ambos nunca precisaram de exibicionismo ou alguma segunda intenção para chegarem onde estavam, sempre foram eles mesmos na frente um do outro.
Eles se desentendiam compreendendo-se, uma confusão de emoções que uma hora outra teria que ser revelado por um dos dois.
Nos anos que Aurora ficou presa e Hiei se afastou, a garota sentiu a falta dele, a falta de uma companhia, a falta de alguém que tivesse coragem de enfrenta-la mesmo sabendo o que ela era, ela sentiu falta dele. 
Hiei nunca parou de pensar na garota que conheceu em uma esquina, a mando de sua mãe. Ele sempre mantinha os pensamentos voltados para o doce sorriso que apenas ele era capaz de lhe arrancar, para a irritação e a preocupação que ela tentava esconder, os medos, as angustias, as mágoas, ele queria livra-la de tudo isso.