A Bela Não Está Adormecida escrita por Coala Voador


Capítulo 11
O Encontro.


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários e pelas duas recomendações, sério mesmo *-* estou lindamente feliz aqui, parecendo uma criança retardada ~sou quase isso mesmo~



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O sol nem havia se levantado no céu do reino e Aurora já estava em pé.
Ela estava vagarosamente descendo as escadas no intuito de sair do castelo despercebida.
A garota andou pelas ruas da cidade, com seu longo vestido vermelho que não era tão sofisticado, tinha um espartilho branco deixando sua cintura em evidência e alguns detalhes em dourado, um vestido bonito que ficava ainda mais belo em seu corpo bem moldado. 
 Ela andou até chegar em uma floresta, lugar onde Hiei tinha dito que a encontraria. Ela estava perdida em seus pensamentos quando sentiu alguém encostar em seu ombro. Ela se virou violentamente e torceu o braço desse alguém contra suas costas.

– Que menina violenta. - O garoto disse virando o braço da menina e fazendo-a cair no chão, de forma que ele ficasse muito perto de seu rosto.

Aurora revirou os olhos – O que pensa que está fazendo ?

O garoto não deixou de observar de perto o rosto muito bem feito de Aurora, seus lábios vermelhos, seus olhos azuis e as bochechas levemente rosadas. Ela estava caída entre as folhas secas de colorações amareladas e o garoto estava segurando seus dois braços, de forma que ela acabava imobilizada.

– Eu disse que não sabia nada sobre luta. - Ele sorriu, e Aurora revirou os olhos. Ele levantou estendo uma mão para a garota levantar-se também, ela não estava nem um pouco bem humorada. 

– Você bem que poderia ficar calado. - Rebateu enquanto sacudia seu vestido e cabelo, que estavam repletos de folhas. 

– Acordou de mau humor princesa ? 

– Não, mas estou prestes a ficar. - Aurora seguiu Hiei, que estava com as mãos atrás da cabeça enquanto ria do estresse dela, e talvez isso estivesse fazendo com que ela ficasse ainda mais estressada.

Os dois avistaram uma pequena casa, uma casa um pouco estranha. Logo eles se aproximaram, e adentraram o local, que era muito grande.

Toda a sala era coberta por um tapete de veludo vermelho e cortinas negras caiam sobre as janelas, como se fossem projetadas para  impedir a passagem da luz para dentro do local. 
Aurora parou com o sinal de Hiei, e um trono que estava de costas para ela virou-se. Uma mulher de cabelos negros e olhos da mesma cor, pele pálida como a neve, que parecia estar muito debilitada pela magreza e fraqueza na voz.

– ­Bela... - Ela cumprimentou sorridente, limitando-se a fazer o mínimo de movimentos possíveis.

– Então, você é a bruxa Malévola ? 

– Sim... - Apoiou as mãos no queixo, revelando um olhar de cansaço - Suponho que tenha ficado curiosa todo esse tempo, mas como vê eu não estou em perfeito estado de saúde.

– Antes das explicações, quero saber o porquê. – Falou com seu jeito frio de sempre, e Hiei apenas assoviou colocando as mãos na cabeça enquanto tentava sair despercebido. 

– Sente-se querida- Pequenos anões esverdeados surgiram carregando uma cadeira pela sala, até colocarem atrás de Aurora. A garota se sentou, e fitou Malévola.

– Por onde posso começar ? - Perguntou divertida enquanto fitava a garota

– Pelo começo. – Disse a Aurora um pouco estressada

– Certo...Me lembro até hoje do dia em que seus pais vieram até aqui. Eles estavam desesperados para terem um herdeiro, pois seu pai tem uma grave doença que na época havia se manifestado violentamente, e  caso ele viesse a falecer não haveria ninguém para assumir o trono, já que sua mãe não tem sangue real e por isso não pode comandar o reino. .Então, ambos vieram a minha procura, para obter um filho

– Prossiga... – Recostou-se na cadeira, colocando uma das mãos no queixo. 

– Eu lhes disse que faria um feitiço que funcionaria o mais rápido possível, como se você surgisse no ventre de sua mãe, e era exatamente disso que eles precisavam. Em troca, eu pedi que o reino me aceitasse como uma das sete bruxas, ou fadas brancas. Imediatamente eles concordaram, e eu fiz o feitiço. 
Depois de alguns dias, sua mãe estava grávida de você, e seu pai retornou aqui para dizer que não poderia me tornar uma das sete fadas do conselho, e me ofereceu qualquer outra coisa, mas eu disse que não queria...Depois de dois meses você nasceu e seus pais não ficaram contentes por ter nascido uma menina, já que eles queriam um menino para assumir o lugar do Rei Algust se algo desse errado...Perceberam também, que você nasceu com uma marca negra atrás do pescoço, coisa que não poderia ser mudada porque você era resultado de um feitiço...E no seu primeiro choro, você quebrou todos os vidros do castelo apenas com o som, não aceitava ninguém mais ao seu lado a não ser sua mãe, e qualquer um que chegasse na beira do berço desmaiava e dormia por algumas horas...
Seu pai retornou aqui, dizendo que não queria uma filha como você, que seria melhor você não ter nascido e outras coisas dessa natureza...Então, eu lhe disse que não poderia fazer nada, já que quando me pediram para fazer o feitiço, eu disse que seria impossível nascer uma criança normal. Então, no dia do seu batizado, eu decidi ir para de dar um dom, que facilitaria a despertar os seus poderes, A psicose.
Logicamente era o melhor dom a se dar para uma criança como você, já que seus pais queriam que você tivesse morrido. Sua mãe nem tanto, mas seu pai não suportava olhar para você. Seria muito cruel deixar uma criança pequena em mãos de pessoas que poderiam facilmente te matar. E depois que você recebeu esse dom, eles aceitaram o fato de que você nunca poderia ser uma criança normal...Te torturaram, trancando você em quartos e dizendo que eu lancei uma maldição...No seu décimo quinto aniversário você espetaria o dedo em um fuzo e todo o reino cairia em um sono profundo...Esse era o feitiço.
Não havia nada de despertar psicose, esse sentimento já estava com você, não tinha mais o que fazer...Seus pais disseram isso apenas para te deixar trancada em um quarto escuro amarrada por correntes todos esses anos, e para iludir o reino e não denegrir a imagem da família real. Seus pais não sabem que você não precisa espetar o dedo em um fuzo para se tornar uma psicopata, eles ainda tem a esperança de que você é e será uma garota normal, porque com o isolamento eles acreditavam que você não saberia usar seus poderes e que não se tornaria uma psicopata. Eles te deixaram todo esse tempo trancada para tentar uma recuperação, que pelo visto não deu certo.

– Então...Eu sou resultado de um feitiço seu, e por isso tenho esses poderes estranhos ?

– Sim...Você é como uma pseudo-bruxa...Ainda há um pouco de humanidade em você.

– O que posso fazer para me vingar ?

– O que você quiser, querida...

– São tantas opções... - ela riu divertida

– Sim...Muitas.

– O que posso fazer para desenvolver os meus poderes ?

– Bom...Isso demoraria um pouco, já que você não tem controle sobre seus pseudo poderes, que na verdade são muito mais fortes que os poderes das sete fadas brancas do reino, mas eu poderia te treinar.

– Hm. - ela concordou - Há quantas bruxas nesse reino ?

– Além de mim e de você, pelo meu conhecimento há apenas mais quatro que praticam a bruxaria negra, que consiste em matar pessoas.

– Certo...

– Hiei pode te ensinar algumas coisas sobre transmutação também, ele é bom nisso.

– O Hiei ?- Perguntou um pouco incrédula tentando não rir . - Falando nisso, por que ele se transforma em uma coruja ?

– Hiei é meu filho - Ela disse firmemente - Consequentemente um Mago negro.

– O Hiei... – Aurora ficou um pouco incrédula, não estava aceitando a ideia de ter que pensar em Hiei como um ser poderoso. 

– Sim... - Ela afirmou - Acho melhor você arquitetar um plano o mais rápido possível se quiser destruir o reino.

– É o que vou fazer. 

– Conte comigo para o que precisar, tenho uma pequena dívida com seus pais.

– E quem não tem ? - Ela perguntou sorrindo - Com certeza irei voltar aqui –  Ela precisava se apressar, caso os criados acordassem e a vissem e entrando no castelo as coisas iriam ficar um tanto complicadas. - Obrigada.

– Disponha sempre querida...

Aurora se levantou da cadeira, não estava surpresa com nada revelado ali, nada mais o que esperado.
 Hiei estava sentado em uma árvore do lado de fora da casa, apenas olhando para o céu enquanto assoviava alguma música e afiava sua faca
. Assim que viu Aurora ele desceu para acompanha-la de volta até em casa, para garantir que ela não matasse ninguém antes da hora.
Aurora entrou no castelo e seguiu para seu quarto, e Hiei já estava sentado no muro da sacada. Ela se dirigiu até lá e apoiou as mãos no muro, ficando lado a lado com o garoto.

– Então...Você é um mago negro ? - Ela falou entre um meio sorriso

– Ela te contou - lamentou  – Pedi que não contasse.

– Por que não queria que eu soubesse ?

– Porque...por que não! - ele apenas desviou os olhos dos dela, como se não se sentisse confortável.

– Ela é sua mãe.

– Ela está morrendo... - Lamentou - Aos poucos ela está morrendo. Isso está errado, tudo errado - Aurora ficou um pouco confusa com as palavras desconexas do garoto, que parecia até um tanto perturbado.

– Como assim, Hiei ?

– Eu não queria ser assim. Não queria estar no meio desse mundo de bruxaria e feitiços, eu não queria ver as bruxas morrerem se degenerando, pagando pelos próprios erros aqui mesmo, na terra. Não queria ver minha mãe passar por isso.

– Todos um dia vão morrer Hiei. Nada é eterno, e até mesmo  bruxas morrem. Elas podem aumentar a estadia na terra, só que haverá um preço.

– Eu sei - lamentou - Olha, é o sol - Era como se ele olhasse esperançoso para o enorme sol que nascia do horizonte, uma visão perfeita de uma nova oportunidade que nascia a cada dia junto com aquela bola flamejante. 

– O que tem ele ?

– Apenas olhe pro céu e deixe de ser tão fria. Quando eu olho pro nascer do sol, é como se eu me sentisse confortado por algo, não sei ao certo o que é.

– Eu li um livro que descrevia o nascer do sol. Dizia que é algo mágico e que costumava unir príncipes e princesas, dizendo que não importa a distância entre os dois , eles estarão vendo o mesmo nascer do sol.

– Realmente é a única coisa segura entre a distância de duas pessoas.

- Você olhou para o sol durante esses seis anos que esteve longe ? -Aurora sem querer esbarrou a mão em uma das mãos de Hiei. A garota ficou corada, e se virou para o lado fazendo uma cara mais séria que o normal.

Hiei apenas balançou a cabeça rindo, aquela garota ao seu lado era estranha, só que de um jeito bom. Estranha de um jeito que ele gostava, o que acabava tornando-a perfeita na visão dele.

Ele repreendeu os pensamentos e teve vontade de se dar um belo tapa  para parar de pensar esse tipo de coisa, era idiotice, não era algo que assassinos  costumavam sentir. 

– É, eu olhei sim. - Foi como um instinto do garoto segurar a mão de Aurora, que o olhou e sorriu, olhando para o pôr-do-sol. 


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