Juliet

Londres! Ah, Londres! Você é mais bonita do que eu pensava, nem acredito que vou passar duas semanas aqui. Deitei em minha cama, absorvendo tudo. Foi quando Char pulou em cima de mim.
— ANIMAÇÃO MENINA! NÓS ESTAMOS EM LONDRES! — ela gritou como sempre eufórica.
— Eu sei, eu sei! Agora sai de cima de mim que eu vou morrer antes das férias terminarem! — falei empurrando-a.
Na verdade, Char sabia por que eu não estava tão animada assim. Nós cinco não temos vidas perfeitas, todas temos problemas. E meu problema é brigas constantes com a minha família. Eu não consigo ficar quieta no meu canto só ouvindo meus pais reclamarem de mim. Ainda bem que logo vou entrar na faculdade e adeus família.
Mas vamos esquecer isso. Estou em Londres, estou realizando meu sonho — o maior de todos. E é claro que eu estou com minhas amigas, porque sem elas eu sequer viria pra cá. Minha melhor amiga é a Charlotte, mas ainda tem a Ella, a Sophie e a Amy. Eu que estava preocupada com as brigas em família, mas eram elas que estavam jogadas pelo quarto do hotel. Cruzei os braços chateada, pois antes era eu que não queria fazer nada, agora eram elas que estavam fazendo isso.
— Vocês vão ficar aí? — perguntei. Levantando-me da cama.
— Sim. — elas responderam entediadas.
— Então ta. — dei de ombros, afinal eu queria era curtir a vista. — Vou andar de patins por aí, e estou levando meu celular. — falei enquanto ia pegar meus patins.

— Só não se esqueça que você tem amigas te esperando e não se perca.— Amy disse, rindo.
— Pode deixar. — falei e saí o mais depressa possível. Enquanto andava de patins, uma súbita lembrança da despedida me fez voar no tempo voltando diretamente para o Brasil.

— Você é o desgosto da família. — meu pai gritou.
— Ok pai, agora conte uma novidade. — falei, suspirando. Eu estava esperando a Charlotte chegar para irmos ao aeroporto. Por que ela estava demorando?
— Não fale assim com pai, Juliet. — mamãe disse entrando na sala.
— Ah quer saber? Estou de saco cheio de vocês! Essas duas semanas vão ser o paraíso, pois não vou ter que olhar na cara de vocês. — vi a mãe de Charlotte estacionar o carro na frente de casa. — e tchau pra vocês dois. — peguei minhas malas e tentei sair correndo, mas caí no meio do caminho, como sempre um pouco desastrada demais. Vi Char dar risada, e eu provavelmente havia a estrangulado mentalmente.
— Por que nós a tivemos, mesmo? — ouvi meu pai gritar enquanto eu entrava no carro. Suspirei. Que novidade: meus pais não me amam.

Isso não saía da minha cabeça e eu não sei por quê. Desde quando fico abalada por uma discussão com meus pais? Vi que logo em frente havia uma roda de meninas gritando, e querendo tirar fotos. Algumas choravam e outras até desmaiavam. “O que será que era?”, pensei mordiscando o lábio.

Enfim, não liguei porque odeio adolescentes escandalosas que só sabem gritar. Rapidamente uma única frase me veio à cabeça: “Por que nós a tivemos, mesmo?” Droga! Isso não saía da minha mente? Talvez tenha sido por isso que não percebi, mas alguém saiu do meio da roda de meninas e veio correndo em minha direção. Ele não percebeu que eu estava logo a sua frente e nós nos esbarramos. Como eu estava de patins, caí de costas no chão e ele ficou ali me olhando com uma cara assustada.
— Droga! Não olha por onde anda, não? — perguntei, tentando me levantar. Ele me estendeu a mão, pelo menos não era mal educado.
— Você está bem? — perguntou, parecia preocupado.
— É, — dei de ombros — eu não morri. — sorri irônica.
— Me desculpe, mas eu estava fugindo das meninas. Elas são loucas! — ele riu.
— Sim. — suspirei esbofeteando minha saia. Ela era nova e agora possuía um grande rasgo na lateral. Legal! — E você por acaso é famoso? Ator?
— Você não me conhece? — ele ficou assustado. Os olhos estavam arregalados, mas brilhavam furtivamente.
— Ahn... Não? — fui sincera. Eu o olhei melhor e realmente não o conhecia.
— Meu Deus! Eu preciso contar isso aos meninos e... — ele riu. Eu não havia notado os seguranças logo atrás de nós. Ele deveria ser famoso mesmo.
— Olha, eu tenho que ir, ok? Tchau — falei rapidamente. Eu não gostava dessas coisas toda de celebridade, muito menos ficaria falando com um estranho. Voltei a patinar o mais rápido que conseguir, só queria me afastar daquela gritaria.
— Espera! — ele gritou, mas como eu estava longe fingi não escutar e continuei o meu caminho.

Zayn

A verdade é que eu estava um pouco cansado de ficar entre tantas pessoas. Os seguranças já começam a ameaçar nós tirar dali, mas se fosse para decepcionar nossas fãs eu preferia ficar histórico com elas.
— Duvido que você saia correndo como um louco para que elas possam te seguir. — Louis tentou não ser engraçadinho, mas é claro que aquilo era uma grande oportunidade, apesar de que minhas bochechas temiam em ficar vermelhas. Enfiei as mãos nos bolsos, mordendo o lábio e ouvindo as diversas garotas gritarem.
— Zayn me engravide! — eu havia mesmo escutado aquilo ou era coisa de minha imaginação? Harry continuava a mexer em seus cachos, Louis era como sempre todo fofo com as meninas, até conseguia tirar algumas fotos sem ser puxado pela multidão, Liam estava recostado sobre o ombro de Harry enquanto pousava para uma foto com Niall — que escondia seu bolinho atrás do corpo. Eu não iria correr, mas o empurrão do Harry me fez cambalear para fora da restrição dos seguranças. Ou eu corria ou era atacado pelo amor das fãs — o que não seria nada ruim. Meu deus, o que eu estava pensando? Sair correndo daquele jeito tendo milhares de garotas atrás de mim nunca fora esperado pelo meu imaginário. A emoção era uma das melhores, ouvir as garotas gritarem “Dj Malik eu amo você” enquanto corriam atrás de mim fora engraçado, e fofo.

Olhei para trás, e pude jurar que haviam sido poucos minutos, mas foram suficientes para me fazer derrubar uma garota de patins.
— Droga! Não olha por onde anda, não? — sua voz estava irritada. Que diabos! Eu havia derrubado alguém.
— Você está bem? — perguntei assustado, dando-lhe a mão.
— É — resmungou, dando de ombros — eu não morri. — seu sorriso era do mais irônico possível. Nunca havia visto sorriso igual aquele, a não ser o de Harry, mas esse não conta.
— Me desculpe, mas eu estava fugindo das meninas. Elas são loucas! — tentei sorrir sem parecer envergonhado. Eu havia a derrubado, pelo menos deveria conversar com ela para checar se estava tudo bem. Ainda assim podia escutar as garotas eufóricas, mas é claro que já havíamos sido cobertos por uma montanha pequena de seguranças.
— Sim. — seus dedos percorrem a minúscula saia. Havia um rasgo ao lado. — E você por acaso é famoso? Ator?
— Você não me conhece? — aquela frase parecia estúpida vinda de mim, mas eu nunca havia sido tratado daquele jeito. Ela parecia não me reconhecer mesmo ou só estava fazendo teatro. Um teatro muito bom.
— Ahn... Não? — seus olhos foram sinceros. Antes eu poderia ignorar aquilo, mas agora parecia surreal alguém não me conhecer. Olhei-a assustado, tentando não parecer bobo demais ou assustado demais, só que conhecer alguém que não fazia idéia de quem eu era parecia mais como um sonho do que como a vida real.
— Meu Deus! Eu preciso contar isso aos meninos e... — sorri.
— Olha, eu tenho que ir, ok? Tchau — ela parecia assustada. Não era de menos, eu era um desconhecido quem havia a derrubado e agora estava agindo como um maluco, mas eu precisava falar com os garotos. Eles não iriam acreditar naquilo. Puxei o celular, mas antes que pudesse chamar algum dos garotos ela já havia se afastado.
— Espera! — eu gritei, mas ela já estava longe e não me escutou

Eu havia ficado lá parado, olhando-a se afastar rapidamente. Quem era aquela menina? E que sorriso lindo era aquele? Corri de volta para o lado dos garotos, por sorte logo estaríamos em casa e eu poderia lhes contar o que havia acontecido. Contei os minutos, e quando finalmente entramos no carro disse: — Não vão acreditar no que aconteceu hoje.
— Você deixou de ser tímido? — Louis sorriu irônico.
— Não. — revirei os olhos. — Melhor...
— Você encontrou um novo restaurante e nós vamos comer lá hoje? — Niall me interrompeu com seu riso alto.
— Não, Niall. — ri idiota. — Eu conheci alguém que não faz idéia de quem eu seja.
— O que? — Harry virou-se para mim largando seu Iphone. Finalmente algo havia tirado sua atenção das fãs. Afinal ele adorava gravá-las pelo vidro do carro. — Como isso é possível?
— Não faço idéia, mas ela não soube quem eu era. — dei de ombros. Encostei a cabeça no banco. — E ela tinha o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida.
— Zayn, — Liam possuía aquela sua voz séria. Aposto que lá vinha uma advertência. — Tome cuidado, não sabe se é verdade ou truque.
— O que importa? — Harry resmungou. — Ela por acaso era gatinha? Tenho chances?
— Harry!? — Louis gargalhou, puxando-o para perto.
— Eu to com fome. — Niall suspirou, deitando-se no colo de Liam. Eu sabia que eles não estavam me dando muito ouvidos, mas eu podia sentir que ela não mentia. Aqueles olhos nunca iriam mentir sem serem pegos. O que eu estava pensando? Respirei fundo. Acho que estou ficando louco.