Justin B.

Depois de terminar de gravar o videoclipe novo, finalmente arrumei um tempo para voltar para casa, reviver os velhos hábitos. Por mais que eu queira, nunca vou conseguir ter uma vida normal de novo. Claro, ser um astro teen da música pop é uma grande responsabilidade. Às vezes eu queria desistir de tudo, só voltar para a minha cidade e ir para a escola apenas como o Justin, o cara que anda de skate com os amigos.

Mas isso é às vezes. O lado bom da fama é saber que tem gente que gosta do que você faz e te apoia nisso. E também, os bons amigos famosos, como a Selena, Demi, Usher.

Estávamos na sala da minha casa assistindo Hora de Aventura. Se eu e Selena temos algo em comum, adorar esse desenho é uma das coisas dessa enorme lista. Não que isso seja importante – não tanto quanto antes – porque nosso namoro acabou. O bom de ter ela como companhia, é que não me sinto estranho com isso, afinal ela é minha melhor amiga, antes de tudo. Isso é um assunto que ela se recusa a falar. Toda vez que alguém toca nele, suas bochechas ficam queimando, mas isso é detalhe, porque ela fica envergonhada com qualquer assunto que a envolva + namoro.

Ouvi batidas na porta, mas ignorei.

– E aí Bieb... Peraí... – Chris falou cortando a si mesmo na frase quando viu Selena deitada no meu colo.

– O quê? – Perguntei esperando já a primeira gracinha.

– Porque a Mamacita tá deitada no teu colo? Os boatos do fim de namoro foram mentira?

– Claro que sim, olha como estão juntinhos... – Chaz entrou também, rindo.

– Estou ignorando vocês. – Selena falou colocando outra porção de Doritos na boca.

– Quando se ignora uma pessoa, não anuncia isso. – Ryan falou dando um sorrisinho. Merda, eu devia trancar essa porta.

– Estou te ignorando também, Ryan. – Selena declarou se levantando.

– Em primeiro lugar: não se invade a casa dos outros assim; segundo: ela é minha amiga, estamos assistindo desenho; terceiro: o namoro acabou sim. – Falei em um fôlego só.

– ALELUIA! – Chris sacudiu as mãos para cima. – Justin Drew Bieber finalmente colocou juízo na cabeça e terminou com a Selena-Voz-Irritante-Marie-Gomez!

– Dessa vez não vou te ignorar. – Selena anunciou enquanto pegava uma almofada, então começou a fazer guerrinha com Chris. Eles se amam fazer o quê... Estou pensando seriamente em que presente de casamento dar para eles em alguns anos...

– Já falou com a Demi? – Chaz perguntou.

– Por que... Tá com saudades? – Selena perguntou arqueando as sobrancelhas em desafio.

– Dessa vez, eu estou te ignorando. – Chaz disse bem sério e ri.

– Quem paga a pizza hoje? – Selena perguntou depois de jogar a almofada na cabeça de Chris que caiu com o impacto.

– Você é rica, você paga. – Chaz murmurou e logo se virou para mim, – Você também Bieber. – Falou por fim, revirando os olhos.

– Ahã, e você é pobre e folgado. – Falei, mas ele me ignorou completamente. Já me acostumei com isso...

– Já falou com a Deeemi? – Chaz quase gritou para Selena.

– Ô caramba, vou ligar... – Ela falou assustada e antes de colocar o celular no ouvido, perguntou: – E você Chris, falou com a Caitlin? – Questionou.

– Achei que não gostasse dela. – Chris deu um meio sorriso.

– E isso não quer dizer que a odeio. Se tivermos algo em comum, é ter namorado o Justin... – Selena parou no meio da frase para me encarar, – E não seria melhor se fôssemos amigas? Nunca tivemos uma boa oportunidade para conversar...

– É, porque você sequestrou o Justin da gente enquanto namoravam. – Chris falou com raiva.

– Desculpa, cacete! – Selena gritou. – Ok, sei que errei tá bom? Perdão... Eu pago a pizza. – Ela bufou e dei uma gargalhada. Ela olhou para mim e sorriu maliciosamente. Lá vem... – Aliás, as ex-namoradas do Justin são superlegais.

- Vá.se.ferrar. – Falei pausadamente para ela.

Melissa H.

- Por favor, papai! – Fiz meu biquinho convencional.

Ele suspirou, girou os calcanhares e me olhou.

- Tudo bem, farei isso.

- Yay! – Gritei, mas ele logo me interrompeu.

- Se, – bufei, é claro que ele iria impor uma condição. – você ficar uma semana sem fazer compras.

- O que? Não, foi pedir demais. – Murmurei emputecida (tradução: fiquei puta agora).

- Melissa...

- NÃO! – O cortei na hora. – Não me chama assim. Meu nome é Ann. Ann Hutschie.

- Não é isso que diz sua certidão de nascimento, Melissa Hale. – Ele revirou os olhos. – Porque é tão difícil? Você tem toneladas de roupas no seu armário enorme, e tem roupas que nunca usou.

- É porque saíram de moda. – Defendi-me.

- Não, é porque você compra o mundo com meu cartão de crédito que nem consegue usar tudo. É sério Melissa... – Bufei. – Sugiro que você pare de jogar meu dinheiro pros ares. Bem, depende do seu autocontrole e força de vontade.

- Tá papai, uma semana. Pode por favor, fazer o que te pedi? Minhas amigas lesadas gostam desse tal de Bieber, quero mostrar que posso ter tudo e elas não. Acredita que hoje de manhã, Chelsie usou sapatos iguais aqueles que usei mês passado? – Falei incrédula.

- Não! – Papai colocou a mão na boca sarcasticamente.

- Isso é sério! Preciso provar que sou melhor e tenho mais estilo que ela.

Ele deu um suspiro chateado.

- Tá, Melissa. Eu pago esse maldito show particular.

- As meninas vão morrer de inveja! – Gritei e saí correndo para meu quarto.

A mãe dela morreu quando ela tinha apenas nove anos de idade.

- Mel, quer uma irmãzinha? – Helena perguntou ajoelhada para chegar ao tamanho da menina em sua frente.

- Aham. Mas eu escolho o nome! – A menina enfatizou bem o pronome.

- E como ela vai se chamar? – Marshall perguntou sorrindo.

- Ann, papai. Ela vai se chamar Ann. Não é bonito? Dei esse nome a uma boneca. – Melissa sorriu.

Depois disso,

- Mãe, Melissa entrou em uma depressão profunda. Sinto falta da Helena, mas... Isso mexeu muito com a Mel. – Marshall falava com dificuldade no telefone.

Com treze anos, ela saiu da depressão. Ou fingiu isso.

Melissa não era ingênua. Sabia desde sempre que seu pai era um dos empresários mais ricos dos Estados Unidos. Sabia que podia ser tudo o que quisesse – será mesmo? – com o dinheirinho do papai.

Ela não superou a morte de Helena.

Melissa mudou todo o visual, toda sua atitude, e passou da esquisitinha a mais popular do colégio.

Ela ficou tão fria...

- Será que você pode CALAR A SUA MALDITA BOCA? – Ele gritou com ela.

- É DIFÍCIL SER EU! – Melissa gritou.

- Correção: É difícil aturar você.

Nem tudo é o que parece. Pessoas nem sempre se tornam outra coisa, por qualquer coisa. Não julgue ela. Você não sabe o que ela teve que suportar.