Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 70
Tio Luiz




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“Ah, vocês estão aqui.” – Mary disse se aproximando.

“Não conta.” –Eu sussurrei para Pedro. “Mary!” –Eu disse sorrindo.

“Custei para achar vocês.” –Ela disse me abraçando.

Fomos juntos para a segunda e última estação do Pão de Açúcar.

“Dá uma vontade de me jogar daqui de cima.” –Eu disse.

“Está falando sério?” –Pedro perguntou assustado.

Afirmei com a cabeça e Pedro ficou me encarando, talvez me chamando de maluca mentalmente. Ficamos por três horas no Pão de Açúcar e decidimos voltar para a Pousada.

“Mary, você já falou com um tal de Luiz que está lá na pousada?” –Perguntei no caminho.

“Não, querida, não sei o nome de ninguém por lá.” –Ela respondeu.

Eu estava aflita e a cada passo mais próximo da pousada, eu suava mais. Eu queria cuspir toda esta minha angústia para Mary, mas eu poderia cometer um erro enorme.

Chegamos na pousada e Luiz estava folheando uma revista no sofá da recepção. Assim que nos viu, ele fechou a revista e se levantou.

“Boa tarde!” –Ele disse para nós. -“Sou Luiz!”

Ele disse estendendo a mão para Mary. Ela segurou a mão dele e Luiz a beijou na mão. Aquela fachada de cavalheirismo não me impressionava. Luiz se virou para mim e fez o mesmo. Me recusei segurar sua mão e fiquei olhando para a mesma lá estendida para mim.

“Não seja mal educada, Yolanda.” –Disse Mary.

“Eu fui mal educada.” –Eu disse olhando para Luiz.

“Yolanda...” –Ele disse. –“Belo nome. Me traz ótimas recordações.”

“Mesmo? Te lembra alguém especial?” –Mary perguntou.

“A mim, óbvio.” –Eu disse encarando ele.

O sorriso que tinha no rosto de Luiz, desaparecera.

“Modesta.” –Mary disse rindo sem graça.

Permaneci encarando Luiz e eu não conseguia ouvir mais nada ao meu redor. Apenas pude sentir Mary me empurrando, mas nada desviava minha atenção dos olhos castanhos escuros de Luiz. Mary, enfim, conseguiu me tirar a recepção e fomos para o corredor que leva aos quartos.

“O que foi aquilo?” –Ela perguntou.

“Nada!” –Eu disse indo para o quarto.

Pedro não nos seguiu e fiquei sozinha com Mary. Sentei na minha cama e encostei na parede. Mary apenas andava de um lado para o outro e nada dizia, até sair do quarto. Peguei meu celular, que estava no bolso da calça e mandei uma mensagem para Teddy.

Me tire daqui.” –Escrevi.

Eu ainda não estava acostumada com o fuso horário e o sono fazia parte de mim a cada novo minuto da minha vida. Era um choque de realidade estar passando uns dias no Rio de Janeiro. Calor, horário diferente, cultura, língua. Como eu havia me esquecido de como era isso. Mary estava demorando e decidi ir atrás dela. Deixei meu celular sobre a cama e fui em direção a recepção. Antes que eu entrasse, vi Pedro conversar com Luiz e fui me aproximando lentamente.

“Luiz, posso conversar com você?” –Perguntei.

Ele afirmou com a cabeça e Pedro permaneceu ao seu lado.

“A sós.” –Completei olhando para Pedro.

Ele demorou a entender e enfim, saiu. Não havia ninguém na recepção, nem Ana. Nos sentamos no sofá branco.

“Eu sei quem você é.” –Eu disse.

Eu estava gelada, mas determinada a dar um fim nisso. Luiz me olhava sério, como se não se importasse com o que eu estava dizendo.

“A Camilla me chama de tio Luiz.” –Ele disse com um sorriso em seu rosto.

Confirmado, esse era o homem que dera o primeiro passo para um fim da minha vida. Me levantei e dei um soco em seu nariz. Imediatamente, o sangue começou a sair vagarosamente de sua narina direita e Luiz começou a rir. Meu punho coçava por outro soco, mas Pedro entrou na recepção.

“O que aconteceu?” –Ele perguntou indo até Luiz.

“O Luiz tentou me agarrar!” –Eu disse parecendo apavorada.

“O que?” –Pedro perguntou me olhando.

“Ele tentou me agarrar.” –Comecei a forçar um choro.

“Você ta maluco?” –Pedro perguntou.

“Eu não fiz nada com ela!” –Luiz disse limpando o sangue.

É, ele não havia feito nada, pelo menos não agora. Pedro fez com que Luiz se levantasse.

“Sai desse hotel agora!” –Ele disse.

Ana entrou na recepção e, assustada, ficou observando a discussão entre Pedro e Luiz. Fui até ela e acusei Luiz assim como fiz com Pedro.

“Lamento, mas o senhor terá que sair deste hotel.” –Ana disse com a maior calma do mundo.

Luiz se soltou de Pedro e ficou me encarando enquanto caminhava até seu quarto, para pegar as coisas. Pedro o seguiu. Me sentei com Ana no sofá e fingi estar me acalmando. Descobri que eu sou uma excelente atriz. Minutos depois, Luiz saiu com duas malas pretas e nem quis se defender.

“Ele abusou de você?” –Pedro me perguntou.

“Ele tentou três vezes.” –Eu disse com uma voz triste.

Mary apareceu desesperada, a fofoca já havia corrido por todos os quartos. Ela ficou me encarando e algo dizia que ele não acreditava em todo o meu drama. Eu tentava não fazer contatos visuais com ela, mas era quase impossível. Seus olhos atraiam toda a minha atenção.

“Deixa eu conversar com ela.” –Disse Mary.

Ana e Pedro foram para os fundos da pousada e Mary se sentou ao meu lado. Fiquei olhando para o lado oposto ao dela.

“Yolanda, me conte essa história direito.” –Ela disse.

Não olhei para ela e respirei fundo.

“Tudo começou com ele.” –Eu disse ainda olhando para o outro lado.

“Tudo o que?” –Mary perguntou.

Finalmente virei meu rosto para Mary.

“Não diga que é o que estou pensando...” –Disse Mary.

Afirmei com a cabeça e me levantei.

“Olha, eu não achei que esse homem existia ainda e que muito menos ia me encontrar aqui.” –Eu disse. –“Eu nem lembrava do rosto dele direito.” –Completei.

“Agora está tudo bem, ele foi embora.” –Mary disse se levantando.

Nos abraçamos e deixei minha cabeça relaxar sobre seu ombro. Mas será mesmo que tudo estava bem? Ele ainda sabe onde eu estou hospedada. Há sete anos que não nos reencontrávamos, ele não desistiria assim tão fácil. Meu medo agora era Camilla. E se quando eu voltasse para a Inglaterra, ele acabasse com a infância dela assim como acabou com a minha? Eu só queria terminar o ano bem e parece que isso não seria tão fácil assim.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanhar minha fanfic *_____*
@eddictedhoran ou @mylifeasjenny (tt pessoal)



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