Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 64
15 anos




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As pessoas conversavam alto e nenhuma música estava tocando. Permaneci em frente ao Teddy e engoli seco. O som de Green Day começara a tomar conta de todo o ginásio e decidi sair da pista. Quando olhei para trás, Teddy já não estava mais em seu lugar. Voltei a olhar para frente e bati em Ethan.

“Pra que a pressa?” –Ele perguntou.

Neguei a cabeça e nada disse. Não havia o que dizer, nem eu sabia para onde ia. Ethan tentava me olhar nos olhos mas eu evitava qualquer contato visual.

“Quer ir para casa?” –Ele perguntou.

Por puro reflexo a palavra “casa” levantei meu rosto e pude olhar nos olhos de Ethan. Afirmei com a cabeça e ele me deu seu braço direito. Hesitei em segurar seu braço, mas não resisti por muito tempo e já estava presa a ele. Fomos em direção a saída e ninguém nos impediu.

“Está de carro?” –Perguntei.

“Tenho 14 anos, Yolanda.” –Respondeu Ethan.

Claro, o errado era Joe, que tinha 15 anos. Me sentei no meio fio enquanto Ethan falava com seu pai ao telefone. Estava bastante gelado, minha respiração tomava forma e virava fumaça. Eu ainda não havia me acostumado com isso.

“Meu pai já está vindo.” –Disse Ethan se sentando ao meu lado.

Eram 11:24 p.m e não faltava muito para o fim do baile. Abracei meus joelhos e deitei minha cabeça no ombro direito de Ethan. Ele não fez o que muitos acham que ele deveria ter feito, me dado sua blusa para passar meu frio. Ele também estava com frio, eu que me virasse.

“Vi que dançou com Ed.” –Ele comentou.

Não respondi nada e permaneci com minha cabeça apoiada em seu ombro.

“Está dormindo?” –Ele perguntou.

“Não, Ethan...” –Eu disse quase sem voz.

Estava cansada, com frio e a voz do Ethan estava alta e irritante. Umas pontadas em minha barriga me davam a entender que eu estava ficando com cólica e meu bom humor me abandonaria.

“Vir para esse baile foi um erro.” –Falei baixo.

“Não acho que tenha sido. Pelo menos dançou com Ed.” –Disse Ethan.

“Pelo amor de Deus, pare de falar nisso!” –Eu disse aumentando o tom de voz.

Levantei a cabeça e a deitei sobre meus braços, apoiados em meus joelhos. Ethan passou sua mão em minhas costas e a deixou lá. As vezes ele fazia carinho com seu polegar, mas logo parava. Seu pai estacionou há um metro da gente. Ethan se levantou primeiro e estendeu sua mão para eu segurar.

“Boa noite, Senhor Raymond” –Eu disse ao entrar no carro.

“Boa noite, linda.” –Ele disse. –“Como vai a Cheryl?” –Ele perguntou.

Arregalei os olhos e Raymond me olhava pelo espelho retrovisor.

“Eu contei a ele o nome do violino.” –Disse Ethan.

“É, eu achei que percebi.” –Eu disse. –“E Cheryl está bem.” –Completei.

Raymond me deixou na porta de casa e apenas Ethan desceu do carro.

“Muito Obrigada.” –Eu disse a Raymond.

Parei ao lado da janela do motorista e estendi minha mão direita para cumprimentar Raymond. Simpático, ele apertou minha mão e sorriu.

“De nada.” –Ele disse. –“Tenha uma boa noite.”

Abracei Ethan e entrei em casa. Todas as luzes estavam apagadas, menos a da escada. Assim que entrei, pude ouvir uma porta abrir no segundo andar. Mary aparecera e permaneceu no topo da escada.

“Como foi o baile?” –Ela perguntou.

“Sabe aqueles bailes de filmes?” –Perguntei.

“Sim!” –Ela respondeu sorrindo.

“Então, não foi assim.” –Eu disse tirando meus sapatos.

“Mas se divertiu?” –Ela perguntou descendo as escadas.

“Diversão não é bem a palavra correta, mas foi menos trágico do que eu achei que seria.” –Eu disse.

Mary foi até a cozinha e a segui. Me sentei a mesa e deitei minha cabeça sobre meus braços.

“Nunca mais chamo Joe para nada.” –Eu disse.

“Espero que mantenha esta palavra.” –Disse Mary abrindo a geladeira.

Ela pegou um vidro de leite e o colocou em um copo de vidro. Mary o esquentou por um minuto no microondas e o colocou sobre a mesa, para que eu bebesse. O copo estava insuportavelmente quente, mas o leite não. O bebi aos poucos.

“Sabe, estou ansiosa para o reveillon.” –Disse Mary se sentando a mesa.

Eu ainda estava com o vestido. Dei um longo gole no leite para não ter que conversar sobre isso com Mary.

“Você não parece muito animada, querida.”- Ela disse.

“Vou tirar o meu vestido.” –Eu disse logo após o último gole do copo de leite.

Limpei minha boca e deixei o copo sobre a mesa. Com as duas mãos, levantei um pouco o vestido e subi a escada correndo. Fechei a porte e dei uma volta na chave. Tirei o vestido e fiquei apenas com a roupa íntima. Meu quarto estava quente, o aquecedor da casa estava ligado. Coloquei uma camisola lilás e me deitei.


22 de Dezembro.

15 anos, a idade tão esperada para a maioria das garotas, eu sinceramente, nunca vi nada de especial em tal idade. Eu apenas estava ficando velha e com o tempo, meus privilégios de crianças, iam escapando por entre meus dedos, como finos grãos de areia. Eu definitivamente não queria crescer, nunca quis. Sempre acreditei que com o tempo, eu não ganharia liberdade e sim, uma prisão semi aberta.

Um tímido sol invadia meu quarto. Ao lado da minha cama, havia um pequeno envelope amarelo claro. O abri e dentro tinha um bilhete escrito a mão.

Siga as dicas para encontrará os próximos bilhetes. Dica 1.: Conhece mais você do que todo mundo

Fiquei com o recado vagando em minha mente e não sabia o que era. Decidi arriscar meu caderno, onde eu deixava escapar todos os meus pensamentos os quais eu não contaria para ninguém. Abri na metade dele e nada. O sacudi um pouco e outro pequeno envelope caiu. Dessa vez, era azul claro. O abri.

Antes que me xingue, não li nada dentro do caderno. Dica 2.: Você guarda suas roupas.”

Corri até o guarda-roupa e o abri. Colado a porta, havia outro recado. Como eu não ouvi ninguém entrando no meu quarto? Pensei. Peguei o envelope branco.

Um pouco bagunçado seu armário. Dica 3.: Te leva para baixo (ou pra cima).”

Abri a porta e fui até a escada. No primeiro degrau, havia um envelope azul escuro.

Não desça correndo. Dica 4.: Onde você costuma matar sua fome.”

Ignorei totalmente o recado e desci a escada correndo. Ao chegar na porta da cozinha, pude avistar um pequeno bolo com cobertura de baunilha e M&Ms colorido.

“Surpresa!” –Gritaram Mary e Teddy.

Levei um susto com o grito e tapei a minha boca com ambas as mãos. Eu não sei se ficava surpresa com a “festa” ou com Teddy. Mary veio em minha direção.

“Parabéns, querida! Nosso primeiro aniversário juntas!” –Ela disse me abraçando extremamente apertado.

“Obrigada, mãe!” –Eu disse quase sem ar.

Mary me soltou e passou suas mãos pelo meu rosto e parecia emocionada. Eu só queria respirar. Teddy permaneceu em seu lugar, com um sorriso tímido. O fiquei olhando e acabei indo até ele. O abracei e senti seus braços envolverem minha cintura.

“Parabéns, my little blue.” –Ele disse.

Suas palavras entravam gentilmente em meus ouvidos. “My little blue” foi como ele me chamou em “I love you”, a primeira música que ele me mostrou. O soltei e fiquei encarando seu rosto. Seus olhos me passavam uma paz, como sempre.

“Muito obrigada pela surpresa.” –Eu disse me virando para Mary.

“A ideia foi do Ed.” –Ela disse apontando para ele.

Me virei para Teddy e sorri. A criatividade dele para tentar me agradar, me surpreendia cada vez mais. Nós ainda não voltamos, ele nunca quis ter uma conversa a qual me dissesse que se sentia confiante com nossa relação.

“Hora do meu presente.” –Ele disse.

Teddy foi até a sala e Mary me deu seu braço esquerdo e o segurei. Fomos juntas atrás de Teddy. Ele pegou seu violão e se sentou no sofá. Me sentei ao lado de Mary e o esperamos começar. Era uma nova música, não a conhecia.

Darling don't be nervous, I'll understand if you let me go, I did this on purpose now. When i'm missing you i'll stop eating food and i'll squeeze in to a dress so i can be like you” Dizia o refrão da música.

Teddy continuou cantando e Mary apenas sorria e fazia carinho em minha mão. O som do Teddy me atraia de uma forma inexplicável.

Maybe i'll put you to a test and say that i love you, I think that i love you.

Mary me olhou na hora e deu uma leve apertada em meu braço e sorri sem graça para ela. Teddy terminou a música e Mary aplaudiu toda empolgada e eu aplaudi em seguida. Me levantei e Teddy também.

“Vamos partir o bolo!” –Ela disse indo para a cozinha.

Teddy e eu permanecemos na sala, nos encarando. Ele esperava que eu dissesse algo e eu procurava o que dizer.

“Linda música.” –Apenas consegui dizer isso.

“Obrigado, trabalhei nela desde quando terminamos.” –Ele disse.

Engoli seco e eu tentei sorrir, mas não consegui.

“Vamos... vamos pra cozinha.” –Gaguejei.

“Espera, Landy.” –Ele disse colocando o violão no sofá.



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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem minha fanfic *-* espero conseguir postar o 65 hoje ou de madrugada.
Espero que ainda estejam gostando. ♥333
@eddictedhoran



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