Segunda-feira, dia de olhar na cara de Susan e tirar satisfações, Teddy havia me pedido para não arrumar briga com ela, mas acho que ele se esqueceu que sou brasileira. Ao pisar na escola, todos os olhos se voltaram para mim e Teddy, nós estávamos de mãos dadas, mesmo depois do que ocorrera sábado.

“Não aguento mais essas pessoas nos olhando.” –Disse Teddy.

“Não se preocupe.” –Eu disse.

Pude avistar Susan no pátio externo. Soltei a mão de Teddy e acelerei meus passos até ela, que estava de costas para mim. Susan estava acompanhada de Lori, que estava de frente para mim e me olhava, logo Susan se virou pra mim.

“Estava te esperando!” – Ela disse sorrindo.

Sem pensar, dei um tapa em seu rosto, com a minha mão direita. Todo seu cabelo tapara seu rosto e eu a encarava com raiva.

“Não mexe comigo, garota!” –Eu disse.

“Você me agrediu!” –Ela disse com a mão esquerda no rosto.

“Isso não é nada comparada ao que eu imaginei fazer contigo!” – Eu disse elevando o tom de voz.

Pessoas se aproximavam de nós e pude sentir alguém me puxar pelo braço direito, me virei para ver quem era e era Teddy.

“Você está maluca?” – Ele perguntou.

Fomos para a aula de história e assim que a mesma terminou, a diretora me esperava do lado de fora da sala.

“Senhorita Ferragni.” –Disse ela.

Nesse momento eu comecei a me preocupar com a minha permanência na escola. A acompanhei e Teddy foi junto comigo até a porta da sala da diretora.

“Apenas a senhorita Ferragni comigo, rapaz.” –Ela disse.

Teddy afirmou com a cabeça e se sentou em frente a porta. Entrei primeiro e a diretora entrou logo em seguida. Me sentei em uma cadeira a frente da mesa da diretora.

“Eu sinto muito pelo o que eu fiz.” –Eu disse. –“Porém não me arrependo.” –Eu completei.

“Calma, Ferragni.” –Disse a diretora.

Respirei fundo e endireitei minha postura na cadeira.

“Bom, eu vi as fotos de sábado, eu observo todo vocês.” – Ela disse.

Permaneci olhando para ela e senti meus olhos arderem, o que sempre ocorrera antes de eu chorar.

“Não lhe dou razão mas, eu também faria isso com ela.” –Ela disse.

Dei um leve sorriso e uma lágrima escorreu do meu olho direito. Para a minha surpresa, ela também sorriu e abriu uma gaveta da sua mesa, ela tirou um lenço de papel e me entregou, o peguei e seguei a lágrima do meu rosto.

“Sei que deveria ter feito fora da escola, mas eu só a encontro aqui e não me controlei.” –Eu disse ainda secando meu olho direito.

“Você levará uma advertência e estará proibida de pisar nesta escola amanhã.” –Ela disse.

Respirei aliviada e coloquei meu cabelo atrás da orelha esquerda.

“Pensei que me expulsaria.” –Eu disse.

“Isso apenas quando você tiver três advertências.” –Ela disse.

“Então posso bater na Susan mais uma vez?” –Perguntei.

A diretora começara a rir e negando com a cabeça. Enquanto ela sorria, pude notar seu cabelo curto e negro, cheio de gel, seus olhos azuis por detrás de seus óculos, que aparentavam pouco grau, seus lábios estavam pintados de rosa, quase no tom natural de sua boca. No seu blazer, azul marinho, havia seu nome “Peters”, Daisy Peters era seu nome completo.

“Evite bater na Susan ou em qualquer outra pessoa.” –Ela disse. –“Ligarei para a sua mãe, aguarde ali no sofá.” –Ela completou.

Me levantei da cadeira, que era bem macia, por sinal. Caminhei até o sofá, que era próximo a janela. Fiquei olhando Daisy, que ainda estava em sua mesa, ela apertou algum botão em sua mesa e imediatamente uma mulher entrara pela porta.

“Por Favor, Natasha, ligue para a responsável de Yolanda Ferragni Lane.” –Ela disse.

Natasha afirmou com a cabeça e saiu da sala. Enquanto Daisy não conversar com Mary, reparei em toda sua sala, que tinha madeira até a metade de baixo da madeira e verde escuro pintado da metade pra cima. Haviam quatro estantes enormes, que iam até o teto, todas cheias de livros e alguns prêmios, o quais eu não conseguia ler sobre o que eram. Um lindo lustre enfeitava o teto, porém estava apagado. O telefone apitou e Daisy logo o atendeu.

“Obrigada, Natasha.” –Ela disse.

Em seguida, ela apertou um botão no telefone.

“Senhora Ferragni?” – Disse Daisy.

“É Lane, Senhora Peters.” –Eu disse rapidamente.

“Desculpe, senhora Lane, aqui quem fala é Daisy Peter, diretora da Thomas Mills High School.” -Ela disse.

Daisy ficou em silêncio, supostamente esperando Mary terminar de falar.

“Então, senhora Lane, sua filha foi suspensa das aulas de amanhã e gostaria de conversar com a senhora ainda hoje.” –Ela disse.

Ela novamente permaneceu em silêncio e me olhou.

“Estou te aguardando. Um abraço. Desculpe o incomodo.” –Ela disse.

Daisy desligou o telefone e se levantou, permaneci sentada e só me levantei quando ela caminhou em minha direção.

“A senhora Lane disse que já está a caminho.” –Ela disse.

“Devo esperar aqui?” –Perguntei.

“Não, aguarde lá fora com o Edward.” –Disse Daisy.

“Com licença.” –Eu disse.

Sai da sala e Teddy se levantou ao me ver.

“E então?” –Ele perguntou.

Me sentei e ele se sentou em seguida. Contei tudo o que acontecera. Vinte minutos depois, Mary aparecera no final do corredor e caminhava em nossa direção. Me levantei e fui até Natasha.

“Com licença, poderia informar a Peters que a senhora Lane já se encontra aqui?” –Perguntei.

“Claro.” –Ela respondeu, com uma voz meiga.

“O que você fez, Yolanda?” –Mary me perguntou.

“Digamos que eu bati em alguém...” –Respondi.

“Em quem?” –Ela perguntou novamente.

“Quem mais poderia ser?” –Perguntei.
“Pode entrar, senhora Lane!” –Disse Natasha abrindo a porta da diretoria.

Mary entrou e me sentei ao lado de Teddy, novamente. Deitei minha cabeça em seu ombro esquerdo e assim ficamos até Mary sair da sala, meia hora depois.

“Não acredito que você agrediu alguém.” –Ela disse.

“Bom, sendo Susan, não é exatamente alguém.” –Eu disse. –“E foi um belo tapa.” –Completei.

“Não achei graça, Yolanda.” –Disse Mary.

“Mas eu não...” –Fui interrompida por Mary.

“Chega!” –Disse Mary, com um tom de voz alto.

Fiquei calada e abaixei a cabeça. Senti Teddy segurar minha mão direita.

“Ela só agiu por impulso.” –Ele disse.

“Erradamente. Queria ser expulsa de outra escola? Igual a sempre foi!” –Ela disse.

“Não ouse usar o meu passado contra a mim agora, você não sabe dos meus motivos! Mesmo sendo minha mãe agora, não lhe devo satisfações. E sabe do que mais? Não sou mais a babaca que atura as coisas dos outros, se vocês estão com falta de sexo, não me culpem e procurem uma pessoa fraca, que não saiba reagir. EU reagi, e poderia ter feito mais!” –Eu disse.

Mary ficou em silêncio me olhando. Desviei o olhar e caminhei em direção a saída.
“Landy! Me espera!” –Dizia Teddy vindo atrás de mim.

Parei de andar, porém não me virei para ele. Teddy parou na minha frente e segurou meus dois braços.

“Hey, pequena, não fique assim.” –Ele disse.

Olhei em seus olhos e o abracei.

“Mary está vindo.” –Ele sussurrou em meu ouvido.

Teddy me soltou e me virei para Mary.

“Só quero ir para casa.” –Eu disse.

Fiquei de costas para ela novamente e segurei a mão direita de Teddy e fomos para a porta principal da escola. Chegamos no carro de Mary e Teddy abriu a porta do carona para eu entrar. O carro de Mary possuía apenas duas portas e me sentei no banco de trás, a deixando sozinha na frente. Teddy fechou a porta, ele ainda tinha que permanecer na escola. Ele acenou para mim e Mary enfim, partiu com o carro.

Ainda não era 12 p.m quando finalmente chegamos em casa. Sai do carro, antes de Mary e abri a porta de casa com a minha chave. Fui direto para o meu quarto e lá me tranquei. Joguei a mochila no chão, próxima a cama e me deitei. Não demorou muito e comecei a chorar. Várias vezes pensei se eu havia mesmo motivo para estar chorando, mas ainda assim minhas lágrimas saiam descontroladamente. Talvez eu estivesse chateada comigo mesma, realmente agi de forma errada batendo em Susan, perdi a minha razão. Ela deu sorte de eu não ter batido como sempre bato em minha mente. Confesso que, eu não ia bater nela, eu já havia um diálogo formado, mas ao ouvir seu deboche, agi por impulso, assim como Teddy já havia dito. Juro que não sou uma má pessoa...