Acordei sozinha a noite, desci para tomar um copo de água e olhei para a sala, lá estava Teddy dormindo. Por um momento, eu havia esquecido que ele ficara dormindo lá. Fui para a cozinha, evitando fazer barulho. Peguei a garrafa d’água na geladeira e a fechei, assim que me virei, Teddy estava entrando na cozinha, coçando o olho esquerdo. Levei um susto e quase larguei a garrafa.

“Que susto, Teddy! Te acordei?” – Perguntei, colocando a garrafa na mesa.

“Desculpa. Não, acostumo acordar no meio da noite.” – Ele disse.

“Quer água?” – Perguntei colocando água em um copo.

“Gostaria de um leite.” – Ele disse.

Fui até a geladeira e peguei o garrafa de leite para ele. Teddy pegou um copo no armário e se serviu com leite, até a metade do copo. Me sentei na mesa, de frente para o Ed. Terminei minha água e permaneci no mesmo lugar, observando Teddy terminar seu leite.

“O sofá é confortável?” –Perguntei.

“Até que é sim, dormi que nem senti!” – Ele disse.

Ed terminou o leite e limpou sua boca. Minhas mãos estavam sobre a mesa e observei Teddy colocar sua mão esquerda sobre a minha mão direita. Senti sua mão gelada, por causa do copo de leite. Depois de ficar olhando sua mão sobre a minha, olhei para ele.

“Você é uma excelente companhia...” – Ele disse.

Confesso que eu fiquei sem graça dessa vez, talvez porque, sua mão segurava a minha. Queria poder sentir tudo o que eu sentia com o toque da sua mão, mas eu não sentia preparada para isso, porque a amizade dele era uma das poucas certezas na minha vida. Eu tinha medo de fazer alguma coisa errada e arruinar tudo. Sabe, eu tenho medo de não agradar as pessoas, posso dizer que não ligo para o que pensam, mas no fundo qualquer rejeição dói. Sua mão acariciava a minha e uma paz corria dentro de mim.

“Fico feliz por pensar assim.” – Tudo o que consegui dizer.

“Sábado nós poderíamos ir ao castelo.” – Ele disse tirando sua mão da minha.

“Eu vou adorar!” – Eu disse um pouco animada.

Olhei para o relógio na parede e eram 3:45 am, deveríamos estar dormindo, para acordar as 6am. Decidimos voltar a dormir. Nos levantamos e paramos em frente a escada.

“Durma bem.” – Ele disse, e em seguida me beijou na testa.

Senti seus lábios tocarem a minha testa e fechei os olhos. Fui para o meu quarto e rapidamente peguei no sono.

SÁBADO

Já era o fim de semana e, como marcado, Ed e eu iriamos ao castelo de Framlingham. O passeio estava marcado para as 9am e eram 7am. Tomei um banho rápido e demorei para me arrumar. Nunca achei que demoraria para me vestir para alguém. Escolhi um vestido florido que Mary comprara para mim e um sapato Oxford branco. Sequei meus cabelos e fiz uns pequenos cachos nas pontas. Coloquei meu colar com um pingente de cruz prata. Aguardei em minha cama, Ed chegar. Já eram 8:45 am e eu não via a hora de pisar no castelo, que é um dos pontos turísticos da cidade.

Ed enfim, chegou. Como já feito antes, andamos até a estrada para pegar o ônibus.

“Nem disse o quão está linda.” – Ele comentou.

“Devo agradecer?” –Eu perguntei sorrindo.

“Acho que não, isso acontece sempre.” – Ele disse.

Pegamos o ônibus, que não demorara muito, e sentei na janela. A viagem parecia mais curta do que da outra vez, talvez porque eu já tenha me familiarizado com o lugar. Ao chegar no Castelo, pude observar o lago o qual acampamos perto. Ao chegar na porta do castelo, pude notar que não tinham muitos visitantes, na verdade, quase ninguém. Um enorme muro no meio da natureza, era um cenário perfeito. Ao entrarmos, pude notar um enorme quintal e uma casa ao fundo. Confesso que não era um castelo como eu imaginava, mas era um lugar perfeito para se passar o dia.

Ed e eu nos sentamos em uma meda em frente a casa. Um homem, que aparentava ter 33 anos, se aproximara de nós. Ele era o guia do castelo que agora, estava disponível para locação.

“Sou Edwin Lloyd.” – Ele disse apertando a mão esquerda de Ed.

Nos levantamos e fomos andando ao lado de Edwin, que por sinal, tinha o mesmo apelido do Ed. Ele era um homem simpático e fora nos contando toda a história do castelo, como deveria ser bom morar ali, isolado do mundo conturbado, ou talvez, preso nele. Depois de toda a explicação de Edwin sobre o castelo, Ed e eu voltamos para a mesa e Ed tirou uns biscoitos caseiros que trouxera na mochila.

“Muito lindo aqui, quero voltar mais vezes!” – Eu disse e mordi o cookie.

“Claro, voltaremos sempre que quiser.” – Ele disse sorrindo.

“Esse lugar te inspira escrever uma nova música?” – Perguntei.

“Não é o lugar, e sim com quem eu estou nesse lugar.” –Ele disse.

Era tão bom ouvir essas coisas saindo da boca do Teddy. Aliás, ele gostou mesmo do apelido “Teddy” 

e briga comigo quando o chamo de Ed. Algo me dizia que eu tinha que arriscar algo com Teddy e que ainda assim continuaríamos amigos. Me sentei ao seu lado e o fiquei encarando. Ele nada fez, apenas ficou olhando em meus olhos e eu não conseguia desviar o olhar. Antes que qualquer coisa pudesse acontecer, o meu celular tocou, era Ethan.

“Claro, não poderia ser outra pessoa.” – Disse Ed.

“Ele não fez nada, é só eu não atender.” – Eu disse.

Voltei a encarar o Ed e o celular continuara tocando.

“E agora?” – Eu disse olhando para ele.

Teddy colocou sua mão direita em meu rosto, eu estava sentada ao seu lado esquerdo, senti seu polegar fazer carinho em minha bochecha e seu rosto ficar mais próximo ao meu, até que meu celular volta a tocar. Teddy imediatamente para, pega meu celular, com a mão que estava em meu rosto, e o atende.

“Ela está ocupada.” – Disse Ed.

Ele ficava me olhando enquanto esperava Ethan responder.

“Não, não interessa o que ela está fazendo.”- Ele disse. – “Ela não pode responder.” – Ele continuou. –“Tchau.”

Teddy desligou o celular e mexeu em alguma coisa.

“O que Ethan queria?” – Perguntei.

“Empatar minha vida.” – Disse Ed colocando meu celular na mesa.

“Mas então...” – Teddy disse se virando para mim novamente.

Sua mão voltara para onde estava em meu rosto, era quente e delicada e seu rosto cada vez mais próximo do meu. Poderia sentir vagalumes em meu estômago. Sim, vagalumes, porque era o que me fazia lembrar de Teddy. Eu agora poderia sentir sua respiração se misturar a minha. Isso não poderia estar acontecendo.