Uma semana após o Ed ter ido a Londres, seu CD chegara em Framlingham. Após as aulas a tarde, fui com Ed para a casa dele, para podermos abrir a caixa com 30 CDs. Ed tirou o lacre e finalmente pegou seu primeiro CD. Ele apenas o observava em silêncio e eu peguei um outro na caixa. Reparei cada detalhe do “The Orange Room” e me sentia sortuda por estar presenciando esse momento.

“Vamos ouvir?” – Perguntei.

“Agora?” – Ele perguntou.

“Não, talvez quando você lançar o quarto CD, não sei!” – Eu disse ironicamente.

Acho que Ed demorou para entender o que eu disse, mas logo colocou o CD para tocar no som que tinha na sala. Uma música começara, olhei no verso do CD e seu nome era Moody Ballad of Ed. Tentei compreender o nome. As músicas em sua voz se tornavam agradáveis aos meus ouvidos. Queria saber quem fora a inspiração para sua música, mas preferi deixar para lá.

“É estranho me ouvir!” – Disse Ed.

“Acho fascinante.” – Eu disse.

Ele sorriu para mim e voltou a olhar para o som de onde saia sua música. Ouvimos todo o cd e eu achei incrível, para ser o primeiro. Só acho que em Framlingham ele não conseguiria muita coisa, talvez Londres fosse seu próximo destino.

“Está lindo o CD, mas falta uma coisa...” – Eu disse.

“O que?” – Ele perguntou.

“Uma dedicatória no meu CD!” – Eu disse entregando a ele.

Ele olhou para o cd em minhas mãos e voltou seus olhos para os meus. Sorri e ele pegou o cd da minha mão. Ele abriu o mesmo e começou a escrever algo na parte de trás da capa.

“Quanto custa?” – Perguntei.

“O CD? Como posso cobrar isso de você? É presente.” – Ele disse.

“Ed, eu quero pagar por esse CD! Quero ser a primeira a comprar!” – Eu disse.

“Ta bom. Mas promete que os próximos serão presentes?” – Ele perguntou.

“Prometo!” – Eu disse sorrindo.

Ele voltou a escrever algo na capa. Eu estava sem dinheiro no momento, pagaria no dia seguinte. Ao terminar, Ed fechou o CD e me devolveu.

“Leia quando chegar em casa.” – Ele disse.

Concordei e guardei o CD na bolsa. Sua mãe nos serviu uns cookies com Leite, que por sinal, estavam tão bons quanto os da Mary.

“Como estão indo as aulas de violino?” – Ed perguntou.

“Estou melhorando a cada dia.” – Eu disse sorrindo.

“Fico feliz que esteja conseguindo aprender.” – Ele disse.

“Um dia quero gravar uma música contigo!”

Sabe, que eu nem havia pensado nessa possibilidade antes, poder tocar com o Ed seria algo o qual eu poderia me sentir completa de alguma forma. Talvez, pudéssemos criar uma versão para a música dos vagalumes ou até mesmo, folhas de outono, a qual escrevemos juntos.

“Pretende lançar Folhas de Outono no seu próximo cd?”

“Não, quero lançar em um álbum futuro, quando minha carreira estiver firme e forte, e que eu saiba que esse cd viaje o mundo. Quero que o mundo inteiro ouça a nossa música.” – Ele disse.

Eu realmente não tinha o que dizer, apenas ficava ouvindo em minha mente, inúmeras vezes, o que ele acabara de dizer. A amizade do Ed era o melhor presente que eu poderia ter ganho na minha vida. Depois que o Ed passar pela sua vida, nem que seja por um minuto, o resto da sua vida, seu coração sentirá falta dele. Ed é o que chamaríamos de essencial em nossas vidas.

“Sabe, você me apelidou de Landy e eu te chamo de Ed, isso é injusto.” – Eu disse.

“Por que?” – Ele perguntou.

“Porque só você me chama de Landy e Deus e o mundo te chamam de Ed, também quero um apelido exclusivo.” – Eu disse.

“Ok, pense em um agora. Te dou essa chance.” – Ele disse.

“Teddy!” – Respondi rapidamente.

“Teddy?” – Ed perguntou.

“Sim! Meu brinquedo favorito era um urso Teddy, eu o abraçava quando sentia medo, até que um dia minha mãe o jogou fora, porque queria me ver crescer e desde então, fiquei vulnerável aos meus medos. Agora encontrei um novo Teddy!” – Eu disse.

Ed ficou me olhando por longos minutos e finalmente sorriu. Ele se aproximou e me abraçou apertado e pude sentir uma segurança que ao seu lado, parecia não ter fim. Eu precisava da amizade do Ed, agora Teddy, para que alimentar meus sonhos e ver que é possível. Ele agora estava dando um grande passo para realizar seu sonho e eu queria esse grande passo para mim um dia e eu me inspirava em Ed, para não perder minhas esperanças. Sabe? A vida é um teste de paciência, força e fé. Fracassei em todos esses tópicos um dia, mas hoje os tenho em mim e a vida está me recompensando, me sinto feliz, me sinto completa, me sinto eu.

“Landy, por que você é tão legal comigo?” – Ele perguntou.

“Como assim? Ed, digo, Teddy, você que me tratou bem desde o primeiro dia o qual você me levou até o meu armário e só me deixei levar pela sua maneira de ser. Não sou uma pessoa legal, sou uma pessoa que considero de “reação”, eu o trato como me trata, mas... Teddy, você que é a melhor pessoa do mundo!” – Eu disse.

Eu não sabia mais o que dizer, ele me deixa sem palavras. Apenas era impossível tratar o Ed mal. Se alguém fez isso um dia, aposto que o carma deve ter o achado agora e digamos que, sua vida não esteja boa. Não acredito em destino ou que as coisas acontecem por a caso, acredito que eu tenho a escolha de levar a minha vida de maneira certa ou de maneira ruim, sei que o “destino” acontece por causa de algo produtivo que fiz no passado e me trouxe a esse caminho e Ed era a melhor recompensa pela vida que tive.