Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 124
Pequena carta




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As gotas da chuva paravam com força na janela do quarto. Estava tudo escuro, mas já eram oito da manhã. Teddy dormia virado de costas pra mim. O barulho lá fora se misturava entre motores, buzinas e trovoadas. Eu não tinha forças para levantar. Era manhã do dia vinte e quatro. Teddy viajaria no fim da tarde. Suas malas já estavam prontas ao lado da cama. Eu cheguei a separar algumas roupas para mim. Ainda não sabia se o certo era ir embora com ele. Sei que não seria para sempre, mas eu estaria indo embora. Levantei e passei pela porta do quarto de Camilla, ela sussurrava algo com sua mãe, sobre estar sentido dores. Eu até entraria no quarto, mas fui atraída pelo som de algo caindo na cozinha. Dei passos lentos. Eu havia me despedido de Marcela na noite anterior. Teddy pagou cinco diárias de uma hotel três estrelas pra ela. Na cozinha, a porta de baixo do armário estava aberta e alguém estava ali. Marcela se levantou. Seu cabelo estava bagunçado. Ela sorriu gentilmente após me desejar um bom dia. Não desejei o mesmo e fui até a geladeira para pegar as coisas para por na mesa.

“Deixa que eu arrumo tudo.” –Disse Marcela, fechando a geladeira.

“O que está fazendo aqui?” – Perguntei.

Marcela disse que queria mostrar que mudou, antes que eu fosse embora. Ela disse que Camilla, com lágrimas nos olhos, contou que eu estava partindo e voltaria em um futuro incerto. Pouco conversei com Camilla sobre minha decisão. Nem eu mesmo sabia. A deixei arrumar tudo e voltei para a sala. A cortina estava aberta e eu conseguia ver as gotas da chuva escorrendo pela janela. Ouvi uma porta se abrir, era o quarto de Camilla. Ela estava com o rosto amassado e ainda parecia estar com muito sono. Ela me abraçou. Camilla nunca fazia isso ao acordar. Em seguida, Joana saiu do quarto. Camilla ajudou Marcela a por a mesa. Joana me chamou para o quarto.

“Camilla escreveu uma carta. Ainda está em seu caderno.” –Ela disse, pegando um caderno com a foto de um gato. –“Leia.”

Pensei duas vezes antes de segurar o caderno. Talvez Camilla não quisesse isso agora. Sua letra estava bonita e a caneta de tinta azul. Não parecia um rascunho e sim, uma carta final. Parecia incompleta.

“Não posso ler...” –Eu disse, devolvendo o caderno.

“Talvez mude a sua escolha.” –Disse Joana.

Olhei para o caderno novamente e devolvi a Joana. Neguei com a cabeça e sai do quarto. Ao me sentar do lado de Marcela, Camilla comentou sobre ter escrito uma carta, falando sobre a minha possível partida a noite. Fiquei em silêncio e Joana me olhava com medo de eu dizer algo. Teddy foi o último a acordar. Seu sono ainda estava perturbado devido ao fuso horário. Após o café, a chuva aumentou e a força com que batia na janela a era maior. Camilla se sentou ao meu lado e estava com uma folha de seu caderno em mãos.

“Posso ler em voz alta?” –Ela perguntou.

“Você quem escreveu. Você que decide.” –Respondi.

Camilla se ajeitou e desdobrou a folha de papel. Teddy se sentou ao meu lado e Joana ao lado de Camilla. Marcela lavava as louças do café.

“Quantas vezes não atrasei meu sono te culpando por tudo? E quantas vezes também já não agradeci em minhas orações por ter você ao meu lado? Sei que, talvez, minha vida fosse muito melhor se você não tivesse vindo de um país desconhecido para mim, até então. Cansei de te culpar por tudo que me aconteceu, agora agradeço por ter me ajudado. Para tudo você encontrou solução. Quando olho em seus olhos, esqueço de todos os momentos difíceis pelos quais passamos e apenas lembro de nossos sorrisos. Quero que esteja ao meu lado quando Penélope nascer. Quero que ela esteja em seus braços quando for batizada. Posso estar parecendo egoísta, mas não gostaria que fosse embora. Temos muito o que compartilhar juntas. Temos muitos muros a derrubar. Não conquistamos tudo o que a vida nos levou um dia, sei que não conquistaremos por completo, mas ainda temos que tentar.

Sempre imaginei o dia o qual nós duas, juntas, pudéssemos dizer “hoje estou feliz”. Há quanto tempo não dizemos isso? Se é que dizemos algum dia. Mas depois que descobri estar grávida e você voltou para o tão falado Teddy, posso dizer que sim, hoje estou feliz, mesmo com a sua partida ao fim da tarde. Sei que voltará no réveillon ou o meu aniversário. Sei que nunca vai deixar de pensar em mim. Saiba que a casa ficará vazia sem seu radiante sorriso. Esta carta eu escrevi depois de conhecer sua mãe. Deveria perdoá-la. Se fosse comigo, eu não faria isso, mas sei que, o perdão agora, é muito válido para você agora. Tem muita angústia em seu coração. Marcela pode ficar com seu quarto. Joana e eu conversamos sobre isso. Não quero que, não sei, fique para me deixar feliz, mas sua felicidade partiu no avião.

Quero que leve esta pequena carta contigo, para se lembrar que eu torço por você sempre e me arrependo de todas as vezes que a chateei com palavras, que a feri de alguma forma. Você me fez forte. Agora vá ser feliz. Não olhe para trás. Nunca olhe. Mesmo que seja para ver algo que a fez feliz. Não olhe. Siga em frente. Te espero voltar.

Te amo.

Camilla.”

Um longo silêncio tomou conta da sala. Ninguém disse nada. Apenas nos olhamos, buscando palavras. A abracei. Foi a única reação que consegui ter. Suas palavras me deixaram feliz. Tive certeza de que Camilla já era madura o suficiente. E ela estava certa, eu voltaria no réveillon, voltaria sempre. Não conseguiria viver sem tocá-la novamente. Quero sentir o cheiro de bebê que exalará do corpo de Penny. Mais uma vez ela tinha razão, eu estava feliz. Onde eu decidisse ficar, eu estaria feliz. Queria poder levar tudo comigo. Reli a carta para Teddy que disse estar impressionado com tudo o que Camilla disse. Parecia tudo tão verdadeiro. Era possível sentir que Camilla ficaria feliz com a minha partida, pois eu estaria indo viver com Teddy. O famoso Teddy. De quem eu tanto falei com ela em nossos momentos de fraqueza e desespero. Em um pequeno “P.S” na carta, o qual ela não leu em voz alta, dizia.

“Pedro sempre foi um ótimo primo. Brincávamos, ele me levava a praia. Você apareceu, desaparecemos. Pedro mudou. Eu não o reconhecia. A obsessão por te ter de alguma forma o fez descobrir um outro lado. Ele não era o certo para você, Yolanda. Nunca confiei nele. A mente de Pedro é fraca, sempre foi. Ele se fingia de mal na escola, para ganhar popularidade e chorava em casa por ter batido em um garoto gordo. Sei que Pedro foi o melhor para você em um momento certo da sua vida. Garanto que ele não sentiu sua perda. Sinto em lhe informar isso. Agora tire esse anel.”


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Notas finais do capítulo

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Jenny, thewalkingteddy



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