Soph POV’s

– Estranho – murmurei ao ler a mensagem que meu pai havia me mandando á segundos atrás.

– O quê? – Uma Mel curiosa me encarou com suas duas bolotas castanhas.

– Nada, eu, ahn... – Pensei – Vou comer algo, ok? Vá indo pra casa de táxi que depois eu vou.

– Tudo bem, nos vemos lá – Ela disse, forçando um sorriso.

Caminhei até a cafeteria, lendo aquela mensagem bizarra.

Oi Sophie!! Seu querido pai lhe espera na cafeteria do aeroporto, é urgente, anda logo caralho. Beijos

E mais bizarro ainda é que eu estou indo. Quer dizer, eu podia ignorar ou simplesmente fingir que não tinha lido. Mas o cheiro de perigo parecia me atrair.

– Minha bonequinha – Meu pai fingiu afeto, como sempre. Suspirei, jogando o fio que caia em meus olhos pra cima.

– O que faz aqui, pai? – Perguntei, demonstrando nojo por ele. Desde que ele me arrastou pra cá, não o considero gente.

– Tente entender, não dá pra ficar um clima desses entre nós – suspirou – Sou seu pai, e te amo. Te tirei da França e me arrependo, mas, não pode ficar assim comigo, como se eu fosse o pior pai do mundo.

– E você é – o encarei e ele revirou os olhos.

– Só porque sou ocupado?

– Aonde quer chegar?

– Que você vai passar uns dias comigo em Londres – sorriu, meio bizarro – E nem adianta recusar. Sua mãe viajou e blábláblá, me sinto sozinho.

– Não, obrigada – Falei me levantando, mas sua brutalidade em puxar meu braço me fez grunhir e sentar novamente.

– Embarcamos agora mesmo, avise a sua amiga ou seja lá o que ela for que vai passar uns dias viajando, não diga pra onde é, seremos eu e você – Falou, sorrindo meio assustadoramente.

– Você não manda em mim.

Em um movimento ágil, sua mão parou em minha boca, aquilo era um... pano (?). Não tive tempo de pensar e senti minhas pernas amolecerem; o que diabos era isso?

– Agora que está longe dos seus amiguinhos famosos, podemos nos divertir sem eles – Riu, e eu apaguei, literalmente.

Mel POV’s

Vou viajar com meu pai, amiga. Bjs não sei quando volto.

Amiga? “Bjs”? Essa definitivamente não era Soph, e eu sei que tem algo errado, mas, melhor não me meter, só se eu tiver certeza. Suspirei e me taquei no sofá, esperando qualquer notícia de Liam ou dos meninos, já que serei só eu nessa casa enorme.

Ouvi alguém bater na porta, e calcei minhas pantufas indo até lá.

– Oi? – Perguntei aquela menina um tanto baixinha em meu hall.

– Oi, é que... o Zayn está?

– Hm não, ele viajou hoje. Quem é você?

– Sou Isabela, ou Isa, tanto faz... Eu bem... cruzei com ele no parque e ele acabou deixando isso cair – Falou, balançando o isqueiro que Zayn carregava pra todo canto. – Mas tudo bem, eu volto depois.

– NÃO! – Falei, eu precisava de companhia e ela parecia ser legal – Não quer ver um filme?

– Vai mesmo chamar uma estranha pra ver um filme?

– Você me parece legal e eu to sem ninguém, entra – Apontei com a cabeça e ela riu. Não parecia ter nada pra fazer também.

(...)

Haviam passado por volta de três meses, os meninos fariam shows aqui, mas por dois dias e depois iriam á outros lugares. Isa é bem legal, tem ficado comigo em quanto Soph tá fora, e falando nisso... Soph respondeu duas mensagens minhas, apenas, não quis ligar nem nada do gênero. Não deu noticias fora um “eu to bem” e isso tem me preocupado.

– Porque não fala com os meninos? – Isa sugeriu.

– Nah – fiz uma careta – Isso vai estragar a turnê deles, por mais que seja importante... não temos nada concreto.

Harry POV’s

– E pensar que daqui algumas horas estaremos com nossas garotas – Liam comentou bobo, quando nos sentamos no avião.

Resolvi não falar nada, Mel tem respondido todas as mensagens e ligações de Liam, já Soph... nem pra dizer que tá bem. E algo me diz que ela não está, mas... resolvi não me precipitar.

– Consegui! – Zayn disse, não sou o único que tenta falar com Soph.

– Viva voz! – Gritei, e ele botou.

– Você tá no viva voz, pequena – Zayn disse.

– Oi meninos – Sua voz estava estranha, mas ela parecia tentar disfarçar isso. Zayn mantinha a testa franzida; ele também percebeu.

Niall até parou de comer pra fazer uma careta, ele também.

A face de Louis ficou séria e a de Liam preocupada, é, definitivamente eu não fui o único quem percebeu.

– Tudo bem ai? – Me pronunciei.

– Nossa... como é bom ouvir sua voz, estou com saudades de vocês – Falou, e foi agoniante não ouvi-la responder minha pergunta.

– Tudo bem ai? – Zayn repetiu.

– Tudo otimamente bem – Senti um pingo de mentira ali – Desligando, beijo.

Mel havia falado sobre ela viajar com seu pai e não ter data pra voltar. Me encanta ela não falar nada sobre nos ver logo, quer dizer, ela não deve saber então, certo? Suspirei. Se eu não a visse, seria certo que iria pirar.

(...)

– Porque diabos você não me atende? – Deslizei minha mão sob meus cachos, aquilo estava realmente ficando estranho. Haviam passado dois meses e quatro dias, DOIS M-E-S-E-S que tínhamos saído em turnê e ela foi viajar, e não voltou.

– Relaxa cara, a gente falou com a gente hoje – Louis disse, mas parecia tão nervoso quanto eu. – Ela deve estar bem.

– Não me contento com isso! Não me contento com ‘ela deve estar bem’ ela tem que estar bem, não entende?

– Olhe, vocês tem um show mais tarde, melhor descansarem... Eu e Isa veremos oque fazer, certo? – Mel encarou Isa, que assentiu.

Zayn POV’s

Ver Isa ali tinha me feito tão... bem. Eu parecia um fio elétrico desencapado que parecia que daria um choque ali á qualquer momento. Ok, ficou confuso mas... Ela era perfeita.

Mas era tão lerda ao ponto de não lidar com minhas indiretas... Só não era mais lerda que Soph, porque isso era impossível.

Ah, Soph... desaparecida praticamente. Todos estão surtando, não mais que Harry, mas estão.

Subimos pros devidos quartos e por incrível que pareça, não consegui dormir. Mesmo cansado com tudo isso de voo, a preocupação gritava bem mais alto.

Soph POV’s

– Me deixa sair! – Gritei. Eu havia acordado atacada, eu sei que deveria me controlar mas eu estava em pânico – ESTOU Á MESES SEM VER A PORRA DA LUZ DO DIA, VOCÊ QUER ME MATAR? PRA QUE ME TROUXE AQUI? SOCORRO.

Bati naquela porta numa tentativa frustrante dela se quebrar. Mas aquilo parecia ser o ferro em si.

– Você não vai conseguir, querida – Sua voz doce me fazia enlouquecer. A qualquer momento eu pularia no pescoço de meu pai, se é que se pode chamar de pai – Você é minha filha, porque diabos não gosta de minha companhia? Podíamos ser felizes se você não fosse tão pirada.

– EU? PIRADA? VOCÊ ENROLOU MERDA NO PAPEL E CHEIROU? VOCÊ É QUEM TÁ ME PREDENDO AQUI SEU ANIMAL! – Gritei, com todas as minhas forças e senti minhas pernas pedirem arrego. Deslizei minhas costas sob aquela parede suja e cai no chão, apoiando minha cabeça no joelho.

Onde estamos? Em Londres? Em Paris? No Afeganistão? Eu não faço a mínima ideia! Eu só preciso sair daqui.

– Terei que fazer de novo pra te fazer ficar calma e entender que eu mando aqui? – Perguntou, e se aproximou com um pano.

Em um movimento ágil, levantei e dei um pulo pro outro lado daquela casa imunda.

– Tudo bem aí, senhor? – Um dos capangas que estava do lado de fora da casa, abriu a porta sem imaginar que eu estaria ali perto dela.

– Eu cuido dela... – Meu pai falou, mas sem pensar, eu dei um chute bem dado na parte intima daquele animal que se dizia capanga do meu pai e sai daquela casa, correndo por qualquer que fosse aquele lugar. A luz do dia me atingiu, eu não conseguira ver mais nada; era agoniante esperar meus olhos se adaptarem.

– Você não vai conseguir, querida – Aquela voz doce se repetiu em meio aos meus berros, em quanto ele me puxava. – Mas agora, ficará de castigo.

Senti meu peso sendo jogado pra um lugar fundo; cai em meio ao nada, abri os olhos e aos poucos minha vista se adaptou. Aquilo me parecia um porão.