Passei alguns minutos na frente do espelho do banheiro. Queria muito dizer que estava tentando fugir das minhas obrigações sociais com os outros tributos antes do Desfile dos Tributos no Círculo da Cidade, mas a verdade e que eu não conseguia parar de pensar naquele bilhete do almoço.

Quem é esse cara? Porque ele esta me mandando bilhetinhos? Sera que é mesmo um cara?

E principalmente, como e que ele conseguiu mandar aquele bilhete? Eu duvido que seja o próprio garçom. Ele não teria muitos meios de interferir nos Jogos para garatir a minha morte. Ou teria. Deus, isso esta me matando. Eu devia deixar esses pensamentos de lado por um segundo e tentar me concentrar na droga do desfile. Mas como eu gosto de sofrer, eu estou aqui, torrando meus miolos para tentar decifrar esse cara.

Eu já tinha inimigos, mas quem? Pensando bem, acho que seria interessante sair um pouco e dar uma olhada nos outros tributos. Talves, quem me mandou o bilhete queira falar comigo pessoalmente. Talves seja um dos tributos.

Pus a mao na maçaneta, me lembrando do segundo motivo pelo qual eu não queria sair do banheiro. Eu odeio estar no meio de situações sociais

Quando sai, Enobaria me esperava com as mãos na cintura, em desaprovação. Eu bufei.

– Isso é mesmo necessário? Vou ter que matá-los alguma hora, não? Me fazer de amiguinha deles vai pesar na minha conciência.

– Não se faça de santa, Snow. Você nem vai se importar com isso. E nós duas sabemos que fazer parte de um grupo te ajudará a sobreviver ao primeiro dia. Depois, você decide quando largá-los. Agora vá.

Bufei denovo e marchei em direção ao pequeno grupo á minha esquerda formada por Joy, Matthew, uma menina que eu reconheci como sendo Reese e outro garoto chamado Dean Monteih. Pelo o que eu soube, eles são os que estão recebendo mais apostas. Pode-se dizer que são os Carreiristas.

Quando estava no meio do caminho, acabei trombando com um ser loiro.

– Ei olha por onde anda! – exclamou a menina.Ela então virou-se para me olhar e pude notar um pouco de surpresa naqueles olhos azuis.

Mackenzie D. Spencer, eu a conhecia. Estudávamos juntas quando eu era criança, antes de eu saber sobre a história da guerra, do meu avô e do meu destino. A única fase da minha vida em que eu era feliz e não tinha preocupações. Como eu tive que me distanciar nunca mais ouvi falar dela. Menos agora, que eu podia notar seu nariz extremamente empinado.

– Carolynn – ela disse meu nome com um falso sotaque extremamente enjoado. Acho que no Velho Mundo, era esse o “sotaque francês”.

– Mackenzie – devolvi com uma dose de sarcasmo.

– Parrece que você está fazendo um bom trabalho cumprrindo o seu “destino”.

– Não é como se eu tivesse outra opção.

Ela sorriu falsamente.

– Clarro que não. Esperro que sobreviva tempo o suficiente para trazer alguma honrra ao seu nome.

Eu estava prestes a dar uma resposta um tanto quanto mal educada para ela quando uma garota ruiva chamou:

– Mackenzie, por favor, não vamos começar as briguinhas.

– Mika, prriminha, a quanto tempo.

– Pois é, muito tempo. Espera, isso é um sotaque franc~es? A França nem existe mais! Porque está com sotaque francês?

– Nos últimos anos eu me interessei pelas línguas do Velho Mundo. E como eu estava aprrendendo frrancé, acabei ficando com sotaque.- ela sorriu falsamente

– Ah Meu Deus, tinha história pior par inventar? Ah não, espera!- ela disse, interrompendo Mackenzie antes que essa falasse mais alguma coisa- Guarde sua resposta para quando estivermos na frente de uma câmera. Eu quero aproveitar que para dividir com Panem inteira as pérolas que saem da sua boca.

– Já se passou a fase em que eu falava qualquer bobagem, Mika. Não sou mais a garrotinha que era zoada por você. Além do mais, agorra eu sei que você só pegava no meu pé porque você sempre teve inveja de mim.

Mika deu uma gargalhada alta.

– Inveja? Inveja do quê? Da sua vidinha de merda, ou do seu sotaque falso? Eu tenho é pena de você Mackenzie. Porque você nunca foi feliz com a as vida, e a única forma de se sentir bem é esculachar os outros. Então, se eu pego no seu pé, é porque você merece.

Mackenzie a olhou incrédula, e apenas fingiu olhar algo atrás do meu ombro.

– Estão me chamando. Vejo vocês no trreinamento.- ela disse com certa frieza, e saiu marchando com seu nariz cirurgicamente empinado, eu presumo.

– Essa é a parte em que você diz ‘muito obrigada, jovem defensora de garotas arrogantes’.

– Eu não precisava da sua ajuda.

– Tudo bem durona. Um ‘obrigada’ já bastava.- ela disse e se afastou em passos lentos.

– Espera! – eu a chamei – Er... Obrigada.

– Ai está. Foi muito difícil?

– Eu realmente não precisava da sua ajuda. Sua sorte é que eu estou de bom humor, então, não tente estragar tudo. Do contrário, eu vou ser obrigada a chutar o seu traseiro até a sua cova.

– De nada, querida- ela sorriu, docemente, mesmo que com uma pontada de sarcasmo.- Meu nome é Mika Donavan.- ela estendeu a mão.

– Car...

– Eu sei quem você é.

– Ah, é claro que sabe- eu revirei os olhos, a fazendo rir.

– Eu e Edwart somos a outra dupla da Enobaria.

– Que bom – eu realmente não sou de fazer amiguinhos, mas creio que isso seja necessário visto que vamos trabalhar juntas essa semana. Então, me senti na obrigação de responder- Cole é meu parceiro.

– Cole?Oh meu Deus, como vocês se aguentaram ate a gora? Ele me parece tão de bem com a vida e você... Bem, você e Carolynn Snow. Eu e que não irei questionar seus motivos pra ser deste jeito.

– Obrigada. – respondi seca e irônica.

– Tudo bem, me desculpe... Mas e verdade, ele e tão legal e...

– Ele é um idiota.

– Awnn,vocês são tão fofos juntos!

– O QUÊ? – engasguei. “Como assim, fofos?” eu queria gritar para ela. Mas como eu disse, eu engasguei no meu próprio espanto. - Garota, a história de chutar a sua bunda até a sua cova ainda está de pé.Ok?

– Ah, menos, por favor! Foi só um comentário, não é preciso toda essa raiva por causa de um comentário.

– Quem é você pra me dizer quanta raiva sentir?

– Olha, eu realmente não estou a fim de começar uma briga. Só quero achar alguém pra ser meu aliado que seja bom lutador e que não seja idiota. Não quero fazer inimigos logo no primeiro dia.

– Então seu plano é o pior de todos. Olhe para o lado. Todos são seus inimigos.

– Não no momento. Eles serão meus inimigos. Mas por enquanto, eu só preciso de alguém que me ajude a sobreviver no primeiro dia. E pelo o que vejo, você não é um poço de inteligência. Eu sou. Não que você seja estúpida, mas acredite, você vai precisar de mim. E então, o quê me diz?

– Humm – refleti por um momento. Essa garota é realmente inteligente. Quer dizer, não que eu seja um ser acéfalo, mas não sou tão esperta como ela. Seria bom te-la comigo. Mas pensando por outro lado, ela é tão esperta que pode estar me manipulando com palavras. Argh, sem paciência pra pensar nisso agora. – Tentador. Vou pensar sobre o seu caso.

E firmemente, me afastei da ruiva, seguindo em direção aos cavalos da minha carruagem. Cole já estava lá e estendeu a mão para me ajudar a subir como um cavalheiro, mas eu a penas a recusei formalmente com a mão. Ele não riu como eu pensava. Ele apenas repuxou os cantos dos lábios no que eu imaginaria se um sorriso sem mostrar os dente, e se virou para a frente, me ignorando.

E então, o desfile começou.