Lilith

O dia já havia raiado, eu ainda sentia os efeitos daquele sonho, algo no fundo da minha mente me guiava para dentro do bosque, meus passos eram decididos e largos, nem mesmo os troncos caídos, ou espinheiros caídos pelo meu caminho se opunham ao meu desejo, meu corpo irradiava algo além da minha compreensão, tudo a minha volta era apenas borrão, eu sentia o meu corpo arder de uma forma inexplicável era como se eu não fosse mais eu era uma sensação diferente, cheguei à beira de um riacho, pus meus pés na água, a água era fria, eu andei de forma calma até a beira da queda d’água, eu via apenas o fundo negro, de onde vinha o barulho da água, e que formava uma grossa camada de névoa, algo na minha mente me mandava pular, meus pés começaram a se mover, eu já sentia o cheiro da nevoa fina.

Rarwey

Algo além da minha noção me arrastava para dentro do bosque os galhos tentavam impedir, mas eu estava dando o meu máximo para chegar logo ao riacho, eu sabia que tinha que chegar logo lá, eu não sabia por que, mas eu tinha, meus pés mal tocavam o chão, eu passava por entre as arvores desesperadamente , o vento estava cada vez mais forte, cheguei no riacho, e vi Lilith  em pé  na beira do precipício, um surto de adrenalina me tomou, eu sentia o meu sangue correr frio em minhas veias, meus músculos se puseram em movimento, eu corria como se minha própria vida dependesse disso, cheguei a base de um metro dela a agarrei pela cintura, e a girei no ar, eu perdi um pouco o equilíbrio  e cai sobre ela, sua respiração tocava em meu rosto, era um cheiro de menta e baunilha, eu não conseguia mais resistir  aquela garota, eu a desejava para mim, uni os nossos lábios em um selinho, mas Lilith, começou a intensifica-lo, sua língua tocou no meu lábio inferior,pedindo passagem,ela pressionou seu joelho na minha coxa, e se pós sobre mim, ela começou a me beijar de um jeito intenso, e provocante, e arrebatador, ela agarrou meus cabelos e pressionou ainda mais nossos lábios, queria, seus beijos eram tão quentes, de repente ela se desgrudou de mim, e se jogou para longe de mim.

- oh meu Deus me desculpe, eu não podia ter feito isso.

- me desculpe, eu é que não devia ter te dado aquele beijo.

[...]

Estávamos ensopados, e com areia pelo nosso corpo.

-Lilith por que você estava na beira desse precipício?

- por nada, só me deu vontade.

- ah ta, mas isso é estranho.

-Vejo que os dois pombinhos deram inicio ao jogo- falava uma garotinha de lindos olhos de um verde estranho e vestidinho branco, seus cabelos loiros estavam presos numa  fita de seda também branca, e caiam dois pequenos cachos lhe modelando o rosto.

- o que você está fazendo aqui garotinha? Seus pais sabem que você está aqui?

- um, eu não sou uma garotinha, dois NOSSOS pais estão mortos, por sua causa serpente.

- como assim NOSSOS pais?

- isso mesmo serpente, eles morreram pra te dar a vida, você é uma assassina, eu nunca confiei em uma serpente.

-

- ah sua pirralha duma figa repete pra ver se eu não arrebento sua cara.

- eu não duvido. Você já me matou uma vez, nada impede que me mate de novo – falou a menina firme- mas se quiser me matar sinta- se a vontade S-E-R-P-E-N-T-E.

  Lilith voou pra cima da garotinha, eu tinha certeza de que Lilith ia bater naquela garotinha, mas antes que ela se aproximasse o suficiente, eu agarrei Lilith pela cintura,  ela começou a se debater em meus braços, a pequena garota, olhou apenas para nos e com apenas um acenar de mãos ela fez com que uma nevoa grossa se formasse ao nosso redor.

-hinc et vade ad auroram.( saiam daqui e volte para o amanhecer.) – falou a garotinha e de repente uma luz ofuscante nos tomou, e quando dei por mim já estava na minha cama, eu ainda estava com o sangue correndo acelerado, eu sentia a pele de Lilith em contato comigo, eu estava com o braço arranhado, e isso foi um sinal de que aquela cena não tinha sido uma ilusão, eu tinha estado com Lilith, e isso não me parecia mentira, e com certeza eu ia chegar ao fundo desse mistério, com ou sem a ajuda de Lilith.

Lilith

Eu ainda sentia o toque quente dos dedos de Rarwey na minha pele, e o meu peito parecia que ia explodir, e além do mais, eu sentia que eu precisava descobrir algo sobre essa garota.

Sai decidida a encontrar com Rarwey, desci as escadas rapidamente.

-Lilith, vai sair?- falou minha mãe na porta da cozinha.

- vou falar com o Rarwey, tenho alguns assuntos pra resolver com ele.

- ok, mas volte antes do jantar.

- tchauzinho mãe!-falei já saindo.

[...]

Eu já estava andando a base de cinco minutos, quando eu vi a silhueta de Rarwey correndo em minha direção, eu não me fiz de rogada, e corri até lá, me joguei em seus braços, meu peito ardia de vontade de ter Rarwey todo para mim, acabei por unir nossos lábios num beijo quente, mas delicado, nossas línguas se entrelaçavam de uma forma excitante e muito sensual, ele se agachou um pouco a ponto de cegar ao chão, eu ainda estava com as pernas em volta da cintura de Rarwey, sua mão deslizava por minhas costas, e parava na base de minha nuca, quando o ar se fez necessário, ele desceu seu beijo para o meu pescoço, me fazendo arfar de desejo, minha pele ardia de desejo de encontro à de Rarwey.

Alguém se aproximou de nós batendo palmas:

-Clap, clap, clap... Bateu palmas a garotinha maldita.

- ah agora não vai me dizer que esse é só mais um sonho não é garota?

-Vejo que a serpente do paraíso, está a cada vida mais esperta - falou de uma forma nada infantil.

-serpente? Olha aqui quem é a pentelha que fica enchendo o saco dos outros?

-vade hinch...(sumam daqui)

-vade hinch?Clausum et permitte mihi loqui.(sumam daqui? Cale-se e deixe-me falar)

- o que? Você sabe falar a língua dos anjos?- falou a garota que tinha agora o medo estampado no rosto...

- olha aqui, por que você aparece nos nossos sonhos? Você é algum tipo de espírito desencarnado?

- eu?- a garota pegou uma faca que estava na parte de trás a ergueu, como em um sacrifício.

Continua...