Lilith

Já passavam das 2:00 da madrugada, eu estava no meu quarto, estava sentindo um misto de saudade e ansiedade mas eu não sabia o por que daqueles sentimentos , meu coração batia descompassado,  eu comecei a me sentir mal, andei de um lado para o outro no meu quarto,mas o mal estar não passava ,então decidi abrir a janela, o vento frio da madrugada invadiu os meus pulmões, eu me senti relaxada de uma forma única, sentada no peitoril da janela eu lembrava da minha trajetória, todas as lembranças iam e vinham, menos  a do dia em que eu cai daquele bendito cavalo, quanto mais eu tentava lembrar, mais eu esquecia daquele dia.

Um uivo agonizante, um frio me percorreu, eu senti todos os meus pelos se eriçarem, eu me joguei para dentro do quarto, acabei batendo a minhas costas na quina da cômoda, fechei a janela com um empurrão, e me arrastei para o cantinho que ficava entre minha penteadeira e minha cama, meu corpo tremia, o lobo e o vento uivavam lá fora, milhões de imagens começaram a se alternar em minha mente, sombras, folhas, chamas, quedas d’água, aquilo estava me torturando, eu estava exausta de ser refém dos meus medos.

-Parem! Eu já cansei- berrei para o nada-não vou mais deixar vocês me dominar, meu corpo se ergueu do chão, os moveis começaram a rodopiar os vidros estilhaçaram e vieram todos em minha direção, e me cortaram o queixo e o braço, pois eu usei o braço para proteger meu rosto, acabei caindo no chão de novo, eu estava machucada e assustada, corri para o banheiro, lavei os ferimentos passei um remédio para cicatrização e fiz um curativo, e voltei para o meu quarto, me deitei na minha cama, assim que encostei a cabeça no travesseiro fui tomada por um sono pesado e profundo.

“Eu via uma garotinha de longos cachos loiros brincando em um balanço, ela usava um vestido de seda preta, com uma fita também preta que amarrava-lhe os cachos, seus olhos eram de um verde sobrenatural, logo a frente tinha uma garotinha de cachos negros que caiam de  forma desordenada pelos ombros, ela usava um vestido de seda branca, ela estava sentada ao pé de uma arvore, enquanto um lobo cinza a rodeava rosnado, a garotinha loira olhava com um estranho divertimento no olhar, eu tentei correr para salvá-la, mas meus pés não tocavam o chão, eu tentava proteger aquela garota, mas eu estava inútil enquanto isso, eu lutava contra a gravidade.

-GAROTA SAIA DAÍ – eu gritava desesperadamente enquanto tentava me mexer.

 De repente um vento forte e abafado começou a soprar, o sol foi tapado por uma camada grossa de chuva, fazendo com que tudo se tornasse escuro, mas eu ainda estava vendo as garotinhas, mas uma revoada de corvos encobriu o meu campo de visão, quando eu olhei de novo as garotas não estavam mais lá, as garotas tinham sumido”.

-Não vocês não podem ter sumido, não podem- gritava enquanto me debatia na cama, e me enroscava nos lençóis- nãããããõ - gritei me arrancando daquele sonho, eu estava transpirando muito, de repente a porta do meu quarto abriu e eu pude ver a silhueta da minha mãe na porta.

-Lilith, o que aconteceu?

- nada demais, apenas um sonho ruim e nada mais, daqui a pouco eu desço para o café da manhã, eu só preciso de um banho.

-Tudo bem, seu pai e eu estamos te esperando.

Quando minha mãe saiu, eu percebi que o espelho da penteadeira estava intacto, olhei para o meu braço, e não tinha nenhum corte, eu estava com medo de enlouquecer.

Rarwey

Acordei sobressaltado, como se alguma coisa estivesse começando a mudar na minha vida, era uma sensação estranha, algo que eu sentia no fundo da minha alma, era medo de tudo e medo de nada, resolvi tomar um banho pra ver conseguia relaxar.

A água descia pelo meu corpo, levando consigo todas as impurezas, eu estava realmente relaxado, quando eu vi tudo ficar borrado, e ouvi um barulho estridente vindo de dentro da minha cabeça, eu me joguei no chão do Box e tapei os ouvidos na vã tentativa de abafar o som, depois tudo começou a ficar escuro, eu só ouvia sons de passos no piso de madeira, algumas pessoas murmuravam ao longe, era como se eu estivesse em um dejavú.

A água do chuveiro continuava a cair, só que eu ainda estava seco, enrolado na toalha, minhas mãos tremiam, meu coração batia descompassado, acabei tomando um banho rápido para poder descer para tomar o meu café da manhã e dar uma volta a cavalo.

Brandon

Eu havia tido alguns sonhos estranhos neles Vernie aparecia vestida de noiva, mesmo de longe eu sentia que ela me amava de um jeito único e puro, éramos um só, de repente o tudo virou nada, eu só pude ouvir um baque surdo e tudo ficou escuro, depois do alto eu pude ver o corpo de Vernie dentro de uma cova rasa, ela ainda respirava, quando começaram a jogar terra em cima dela, eu tentei ajudá-la, mas eu estava inútil eu não podia me mexer, eu queria salvá-la, mas não podia, eu acordei me debatendo, tentando me soltar do meu lençol, eu estava desesperado, o medo de que isso realmente acontecesse com Vernie, acordei, fiz minha higiene matinal, e desci para tomar o meu café da manhã.

Vernie

Eu estava andando no meu quarto quando de repente eu senti uma dor no pé da barriga, eu caí ajoelhada, era uma dor muito forte, quando eu olhei pra baixo eu vi uma poça de sangue se formando embaixo de mim, de repente eu ouvi um estampido, e logo depois tudo era fogo e fumaça, eu via apenas a silhueta de Brandon, ele estava preso entre um pedaço flamejante, ele tentava passar, só que cada vez mais um pedaço do teto caia a sua frente, ele estava começando a sufocar com a fumaça, ele gritava e agonizava, eu estava invalida no chão, uma dor muito forte não me deixava me mexer, ele estava agonizando, eu tentava falar, mas eu só podia ver as chamas, quando de repente, a ultima viga caiu e o levou, o levou para sempre, mas antes de ele partir eu ouvi um sussurrar:

-Eu te amo e não se...

Acordei espantada, era estranho, mas esse sonho tinha sido tão real, que eu ainda sentia o calor das chamas, mas tudo estava em seu devido lugar, eu estava com uma sensação estranha, não era apenas um medo, era um tipo de receio, mas mesmo assim eu precisava seguir minha vida, tinha sido apenas um pesadelo, bem real, mas só um pesadelo.