Lilith A Sacerdotisa Das Trevas. escrita por D S MIRANDA


Capítulo 15
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, mais uma vez desculpa a demora em postar!

Nesse capitulo, aparecerá mais uma peça chave para o desenrolar dessa história.
Vou fazer o máximo para que as postagens possam acontecer pelo menos uma vez por mês.
Agradeço de todo o coração que ainda continuem acompanhando essa aventura comigo...
Agora sem mais delongas Boa leitura! :3



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Brandon


O circulo começou a voltar pouco a pouco ao meu foco, mas eu apenas escutava o som repetitivo do mantra ecoar no fundo da minha mente, vez em quanto, uma ânsia de vômito me dominava, mas eu a continha, o gosto metálico do sangue continuava a me incomodar, mas eu repetia o mantra com o máximo de convicção que eu podia.
De repente o ar começou a se tornar mais rarefeito, mas em contrapartida, eu me sentia mais forte, o meu peito subia e descia com dificuldade, mas os meus instintos estavam mais do que aflorados, eu podia sentir as vibrações mais sutis daquele lugar, eu podia sentir os fios de magia se estendendo e se enroscando ao nosso redor.
— Pela alma, vocês já estão atados, agora vocês serão atados pela carne. - Falou Évora, pegando um punhado sangue coagulado que eu havia cuspido no chão e jogou dentro de um cálice, pegou uma adaga em cima da mesa e com uma paciência cerimonial, ela passou o fio de uma maneira calma e branda, abrindo a pele e retirando um pouco do sangue, estávamos tão envoltos naquele instante que sequer nos importamos com o corte feito em nossa pele, com o sangue de todos dentro do cálice, ela começou a mexer tudo com o dedo indicador em sentido horário, por três vezes e mais 3 vezes em sentidos anti-horário. - Sanguinem.
Omnia erunt unum.
Sic anima unitur sanguine demum fato fiant.
Sorceress, venefica (lumine umbraque constaret) angelum suum.
Septentrionem, orientem, meridiem, occidentem et centrum.
Terram, aquam, ignem, aerem et spiritu.
Mors non est finis, sicut in principio.
Et sic fiat! ( Pelo sangue.
Todos se tornarão um.
Pelo sangue o caminho da alma se une e por fim o destino se cumpre.
Feiticeira, bruxa ( luz e trevas), anjo e elfo.
Norte, leste, sul, oeste e centro.
Terra, água, fogo, ar e espirito.
A morte não é o fim, ela é apenas o começo.
Que assim seja e assim se faça!) - Bradou Évora ao universo. - Agora descansem crianças, vocês tiveram uma longa jornada até aqui.

Elisabeth


O dia mal tinha nascido e eu já estava de pé, o cheiro acolhedor da casa de Évora convidava a um passeio, abri mansamente a cortina do quarto, e segui para a cozinha, onde eu ouvi um burburinho de conversa e o barulho da lenha ardendo no fogão, dei os passos mais leves que pude, quando cheguei à porta da cozinha e encontrei Évora e Ravenna conversando alegremente, como mãe e filha enquanto bebericavam um chá fumegante em um copo de barro, os olhos de ambas brilhavam de emoção a cada palavra trocada, sem perceber, me encostei ao umbral da porta e fiquei ali, as observando e me deixando ser levada por pensamentos aleatórios que iam da minha infância na casa dos meus pais, na minha infância e adolescência no internato, do amor que meus pais demostravam cada vez que nos víamos, da possibilidade de Demetria ter desejado me usar para alcançar um nível mais alto de magia, tudo isso borbulhava dentro de mim, me jogando de um lado pra o outro, foi quando Ravenna percebeu minha presença.
— Querida venha até aqui... Pegue um pouco de chá e se sente conosco.
— Obrigada - Me aproximei delas, a minha vida estava tão desnorteada, que eu precisava do mínimo de carinho, ou referencia á seguir.
Fiquei ali sentada no chão, com a cabeça encostada no banco junto á perna de Évora.
— Você se parece muito com a sua mãe... Os mesmos olhos curiosos, a mesma coragem velada, o jeito de fugir da realidade... tão linda quanto ela...- Falou Évora colocando as suas mãos encarquilhadas em meus cabelos.
— Você conheceu a minha mãe?
— Conheci sim... Tive o prazer de a ter como filha.
— Quer dizer que você é a minha avó?
— Sim Elisabeth... Eu sou a sua avó sim e Ravenna é a sua tia, assim como a sua mãe eu tentei pôr um fim á guerra entre o povo das sombras e da luz, mas minhas duas filhas nasceram como se não houvesse um filete de sangue da luz em suas veias, mas Kristal, sua mãe, Já estava cansada em ver os dois povos sofrendo tanto que decidiu por um fim a tudo isso e se dedicou por anos em busca de um feitiço que pudesse dar inicio á profecia, durante anos ela estudou, buscou e se aperfeiçoou, se tornando a mais poderosa sacerdotisa das trevas, ela conseguia criar eclipses com apenas um pensamento, ela não precisava de rituais elaborados para que os deuses a escutassem, nem mesmo de palavras antigas como os primeiros magos e bruxas, sua mãe era especial e disso ninguém pode duvidar, mas ao encontrar o seu pai ela percebeu o motivo de trevas e luz não poderem conviver num mesmo plano: Apenas a luz acolhe a luz e apenas a treva acolhe a treva, mesmo que um dependa do outro para manter o equilíbrio, um só existe plenamente na ausência do outro, mas nenhum dos dois povos quer ceder e abandonar o seu espaço indo para outro continente ou para uma ilha fora do mapa, ambos querem e devem manter em vista exatamente esse direito de se manter nas terras de seus ancestrais que aqui chegaram e se firmaram, de dia temos uma boa incidência de sol e a noite temos um dos pontos mais escuros do planeta, além de haver bolsões de magia pura e antiga, aqui o véu é tão fino que seres misticos podem se materializar sem o menor esforço, essa foi uma das descobertas da sua mãe, além do mais, foi ela quem programou que você e os guardiães viriam até aqui para serem treinados.
—Acho que entendi o motivo de eu e Liris termos nos unido, mas eu quero saber como ela fez para que isso acontecesse, que eu me lembre, dois fetos só podem ser fundidos naturalmente até o quarto dia de gestação, após isso, é impossível.
— Naturalmente sim, mas vocês foram unidas e seladas quando deram indícios de que seus poderes seriam diferentes, Kristal realmente cogitou que era a hora de deixar os problemas do mundo nas mãos de outra pessoa, mas foi quando ela teve uma visão que pôs fim á todas as suas duvidas, ou ela selava os poderes de vocês, ou ao nascer, vocês poriam fim a esse mundo, mas ela era apenas uma bruxa, com força para mover coisas além da sua imaginação? Sim, mas, ainda assim, humana, ela queria poder selar o poder de vocês duas, mas isso seria impossível, pois o selo só é valido quando há um sacrifico, e foi o que a sua mãe fez, na noite mais escura, ela convocou á parteira universal, para que a guiasse em sua jornada, na visão dela, você não podia ser criada em locais com muita magia para que seu poder não surgisse com tamanha força rompendo de vez o selo, ela com a ajuda de seu pai abriram um portal que cruzasse o tempo e o espaço, seu pai manteve aberto o portal entoado um dos feitiços de sua mãe para que ela chegasse ao seu destino. Assim que chegou ao local demarcado pela visão, ela as uniu num só corpo e com toda a sua energia selou os seus poderes, mas ao selar seus poderes o seu corpo devia sucumbir de imediato, mas Kristal havia feito um trato com Diana, a parteira universal que permitisse que ela desse à luz antes de que seu corpo abandonasse a terra, Diana, entregou a ela um pequeno pedaço de cristal em um colar que ficava entre um de seus fios prateados, depois que sua mãe morreu, seu pai parou de entoar o feitiço e morreu logo em seguida, pois aquele era o preço, selar dois poderes tão distintos tinham que levar duas vidas consigo.
— Oh meu Deus.... Agora mais do que nunca, eu preciso entender a minha missão, eu preciso saber o que fazer para que a vida de meus pais biológicos não tenham sido dadas em vão.
— Fica tranquila minha criança, o destino tem lá seus caprichos, mantenha a sua mente aberta aos avisos e se exercite, pois quando chegar a hora não haverá avisos... Minha neta
— Obrigada Vovó.
Mais tarde naquele dia saímos da casa de Évora em direção á um riacho que ela disse ser lindo, a trilha era curta e margeada por plantas das mais diversas, mas diante daqueles fatos revelados tão recentemente, ainda reverberavam dentro de mim, Rarwey estava ao meu lado com os braços em volta de mim e suas asas roçando levemente em minha pele, à nossa frente iam Ravenna e Évora revivendo a memória de Kristal, pois sabiam que nunca mais iriam a ver, ela se sacrificou para que eu tivesse uma chance de viver e uma chance de lutar pela liberdade de ser quem eu sou e atrás de nós iam Vérnie e Brandon, eles pareciam tinham uma serenidade no rosto e exalavam paixão, sentimento que eu nutria por Rarwey, mas que estava soterrado em baixo de tantas emoções e revelações.
{...}
Estava sentada numa pedra olhando o nada e tudo ao mesmo tempo, a minha frente eu via a natureza virgem daquele santuário onde eu não era uma intrusa, eu era uma das partes daquele ecossistema, eu via a tecedura da magia em todos os lugares, vias os elementais agindo, podia ver calmamente os silfos batendo suas asas formando a brisa calma que beijava de leve a minha face e balançava as folhas dos arbustos do meu lado, em uma pedra as salamandras enxiam-se do calor provindo do sol, suas costas irradiavam chamas que oscilavam do laranja ao azul, nas águas do lago as ondinas, as pequenas sereias, formavam as oscilações das águas e na mata os gnomos tratavam do crescimento das plantas, ajudando o florescimento da primavera.
Os fios da magia da luz e das sombras bailavam ao meu redor, naquele momento me senti grata por tudo o que estava vivendo, mas, ainda assim, a saudade dos meus pais veio à tona, mesmo quase não tendo convivido com eles desde os meus sete anos, mas nas ocasiões em que nos encontravam eles, eram tudo para mim e eu para eles.
— O mundo por seus pensamentos — Falou Rarwey se aproximando de mim calmamente de mim.
— Estou apenas com saudades de casa... E agradecida por ter a oportunidade de ter você do meu lado... Na verdade... Todos vocês.

Gevanni


Desdemona entrou na minha cela como um tufão, seus olhos brilhavam escarlate, fazendo com que um medo primitivo me dominasse e antes que eu pudesse me dar conta, já tinha me posto de pé em um salto deixando cair alguns livros da minha escrivaninha, eu tremia por inteiro, o brilho de seus olhos voltaram ao seu tom escuro e só nesse momento, o meu coração voltou a sua pulsação normal, mas isso durou menos de uma fração de segundos, pois quando as suas mãos tocaram levemente a o meu rosto o ar deixou de entrar nos meus pulmões, o rosto dela foi se aproximando de mim e então ela riu, seus olhos se tornaram fendidos iguais os de uma serpente e os dentes se tornaram levemente pontiagudo.
— Respira garoto! Todo dia é a mesma coisa, eu sou quase uma mãe pra você—Falou no meio de uma gargalhada macabra, que de novo me gelou os ossos. — Diga adeus a sua cela, a partir de hoje sua dívida comigo será paga.
— O que terei de fazer? — Falei fazendo uma leve reverencia.
— Você irá em uma missão... Você será infiltrado aos guardiões e lá você será os meus olhos e os meus ouvidos... Você parte essa noite, pegue poucas coisas, apenas o essencial, não quero levantar suspeitas.
— Tudo bem, em menos de 10 minutos estarei pronto. — Fingi uma coragem que nem em sonho eu teria.
— Ótimo, me espere aqui, um dos meus guardas vai te guiar até o portal da sua liberdade.
—Tudo bem! Obrigado. — Eu mal conseguia me manter sobre as minhas pernas — Depois que a cela se fechou, meu corpo cedeu sobre o que eu um dia chamei de cama, um amontoado de feno e alguns retalhos costurados por mim mesmo.


Estou mais próximo da liberdade do que um dia eu sonhei, quando eu finalmente estiver fora do alcance das garras dessa maldita bruxa, eu vou finamente me transformar no mago mais poderoso do universo, vou ser maior que o mais poderoso bruxo da luz ou das trevas, eu vou ser o mago que domina ambos os elementos e finalmente vou fazer Desdemona experimentar o que é ter grilhões lhe prendendo a alma, ela vai saber o que é viver sobre a mira de um poder maior do que o seu... Ah se ela vai... Eu juro pela minha alma imortal que ela vai...
— Anda garoto nós não temos o dia inteiro, leve apenas uma manta e um pouco de água, é só o que você vai precisar.
— Claro senhor, vou apenas colocar algo mais apresentável, para não desonrar a presença de nossa Grã sacerdotisa.
— Faz o que achar melhor, volto daqui a pouco, esteja pronto.
— Sim senhor – Falei abaixando a cabeça, esperando que ele saísse.
Assim que ele saiu, enfiei a mão no monte de feno e peguei o meu grimório, um pequeno livro, onde continha os mais poderosos encantamentos dos livros de Desdemona, eu tive que os catalogar um por um por anos a fio, eram mais de um milhão, mas hoje agradeço ter tido tanto tempo mergulhado nas profundezas das bibliotecas, por mais de vezes fui encontrado desacordado, algumas vezes havia quase morrido de fome e de sede, mas hoje esse grimório era uma das armas mais poderosas contra Desdemona, ou qualquer outro que se voltasse contra mim. Assumo que tenho o grimório inteiro decorado, mas prefiro ler e reler as páginas feitas pelos grandes mestres, como se eles estivessem ali me ajudando a executar o feitiço.
Já do lado de fora, encontrei com Desdemona e seus infinitos guarda-costas, eles montavam em lobos de tamanhos colossais, o meu sangue que já corria frio nas veias, congelou de vez, Desdemona tinha um gosto bem cruel de vez em quando usava seus lobos para caçar pessoas, eu senti no fundo do meu ser que dessa vez era eu quem ia ser a vítima, pois estávamos apenas nós no pavimento central e não havia o tão corriqueiro choro das almas atormentadas a quem ela decidira torturar.
— Que trouxa é essa? Eu não falei para carregar poucas coisas? - Berrou Desdemona do alto de um lobo de seus três metros de altura.
— S-sim... Eram apenas alguns livros, mas não vou precisar deles. — Falei soltando-os ao lado do meu corpo que tremia por inteiro, nem tanto pelo frio, mas sim pelas presenças aterradoras daqueles serem, que se eu sobrevivesse com certeza povoariam para sempre os meus pesadelos.
— Gevanni querido, quantas vezes eu te falei que sou quase uma mãe para você – Falou Desdemona escorregando pela lateral do lobo, agora eu tinha certeza de que ia haver uma caçada e que eu ia ser a vítima, ela usava o seu famoso vestido de montaria, apesar de ser lavado sempre após uma caçada, ele ainda cheira a sangue, não sei se é porque eu o lavava desde antes de eu conseguir lembrar, ou porque eu sabia que o próximo sangue a tingir de mais preto aquele vestido seria o meu, mas o cheiro do sangue estava gravado em minha mente eu conseguia sentir há quilômetros, mais uma vez o meu estômago se revirou e o sangue voltou a correr frio nas minhas veias — Eu não vou te fazer mal nenhum, eu preciso apenas que seja convincente o suficiente para que a sua entrada no grupo seja o mais eficaz possível, eu nunca te faria mal algum, dentro da minha capacidade eu o amo, você é o filho que eu nunca pude ter – Falou ela plantando um beijo na minha testa, e limpando desajeitadamente logo em seguida, aquela foi a única demonstração de afeto que eu tive na vida e ia ser tão próxima da minha morte que não tinha motivo para acontecer. — Vou te dar cinco minutos para que saia do castelo e corra em direção à lua, corra como se não houvesse amanhã, se mudar o seu rumos, eles te devorarão e eu não vou poder fazer nada para impedir, na verdade se você mudar de rumo eu mesma te matarei por deserção, compreendido?
— Sim, mestra.
Assim que ela começou a contar, minhas pernas começaram a seguir em direção ao portão aberto, assim que adentrei a floresta ouvi o brado de caçada e o senti o chão tremer diante das patas gigantes daquelas bestas, minhas pernas corriam em direção ao luar, minha mente mandava eu fugir para qualquer lugar menos para onde ela estava me mandando ir, com certeza era uma emboscada, mas eu não sabia fazer outra coisa que não seguir as regras dela, bem ou mal ela era a única mãe que eu tinha.
Os uivos se intensificaram e o estalar das árvores fizeram com que eu parasse de pensar deixando apenas os meus instintos me guiarem, apesar da escuridão, eu conseguia ver os troncos de árvore, e desviar de grandes valas, meu corpo parecia saber do perigo antes mesmo que o meu cérebro pudesse perceber, após mais de uma hora correndo, o meu corpo começava a dar sinais de esgotamento, minhas pernas fraquejavam e pontos escuros me tomavam a visão, eu podia sentir que aquela perseguição estava prestes a acabar, pois eu vi um ponto de luz há base de uns três quilômetros, nesse caso, ou eu chegava lá, ou os lobos de Desdemona chegavam até mim, minhas pernas ganharam um novo animo, mas parecia que os lobos de Desdemona também.
Os pontos escuros se tornaram tão grandes que mal podia enxergar um palmo diante dos meus olhos, passei por um arbusto correndo, sob a luz pálida da lua vi de relance um pequeno grupo de pessoas e dentre eles uma em especial, uma fada de longas madeixas loiras, nesse momento o meu corpo então cedeu e eu finalmente poderia descansar em paz.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por chegarem até aqui, deixem um comentário, uma critica construtiva, dicas, ou apenas um "Oi, estou acompanhando", isso faz esse coração ficar mais feliz e as ideias borbulharem... Bjkos e até logo! :3



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