Eu tinha o costume de escrever meus sentimentos em qualquer papel que encontrasse pela frente. Meu mundo apenas se baseava em escrever, desenhar e ouvir músicas, até uma certa noite em que conheci um rapaz, ele era mais novo que eu pouco tempo eu acho, porém ele parecia mais velho. Ele foi do tipo companheiro pra mim. O nome dele era Hangeng. Eu e ele ficávamos em um campo de flores perto de minha casa, nos encontramos misteriosamente em um restaurante ali perto e assim permaneceu por muito tempo, uma amizade conhecida de maneira estranha, mas que daria início à um grande amor.

Bati meus olhos no meu relógio de pulso, tentando disfarçar, eram 3:30 da manhã, Hangeng conversava muito comigo, não me deixava ir pra casa antes das 1:00 de forma alguma. Eu não achava ruim ficar com ele até altas horas acordado, ao contrário para falar a verdade, porém eu tinha que trabalhar no dia seguinte, eu estava adormecendo no meu escritório, e sonhava com Hangeng [...] Aquele homem tomava conta dos meus pensamentos, era o dia sonhando com as belas feições dele e a noite conversando com ele. Eu chorava as vezes perto dele, desabafava todos os meus problemas familiares, ele sempre me ouvira e consolava.

“Hangeng-ssi! Obrigado pelo abraço!”

Eu sempre dissera isso quando chorava, e ele envolvia-me entre seus braços. Hangeng era um rapaz que não demonstrava seus sentimentos, não era de propósito, era falta de hábito, ele me dissera algumas vezes que eu fui o primeiro melhor amigo dele. Fico pensando as vezes como um garoto tão atraente quanto ele não tivera amigos antes, pelo menos ‘melhores’ amigos. Eu ficava contente em ser o primeiro.

Ele tirava flores de cerejeiras que caia sobre meus cabelos todos os dias, me olhava e sorria. Era um mundo inteiro aquele sorriso de canto que ele dava pra mim enquanto acariciava meus cabelos. Eu e Hangeng compartilhávamos os mesmos sentimentos, as mesmas alegrias – apesar de não ser tantas – até começamos a compartilhar o mesmo canudinho do suco que eu trazia todos os dias comigo. Tinha dias que brincávamos e conversávamos como se fossemos crianças. Esses eram um dos melhores dias, ao contrário dos outros que no qual eu compartilhava minhas dores com ele.

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Hangeng e eu até aí não trocamos nenhum beijo ou frase de amor, mas isso estava estampado nas nossas faces. Eu não tinha aquela vontade louca em beija-lo ou algo do tipo, ele era perfeito como meu melhor amigo, eu nunca queria mudar essa amizade. Ela poderia mudar pra melhor com o beijo que eu as vezes pensava, ou talvez não..? Hangeng passava seus dedos de leve sempre sobre meu rosto, com muita suavidade e delicadeza. Ele me tratava como o garoto que ele nunca queria perder. Nós éramos feitos um para o outro. Eu deitava-me sobre o colo dele, ele se encostava na árvore e ficávamos assim por todo nosso tempo que passávamos juntos.

Quando um novo dia surge, era final de semana, formos de tarde para o bosque, Hangeng me abraçou e começou a soar uma música calma em meus ouvidos. Ele me apertava como se não fosse me soltar, estávamos sentados como sempre, com flores caindo à nossas cabeças mas só que desta vez, ele cantava. Eu nunca teria ouvido aquela linda voz cantar... A voz dele era tão calma e sinfônica que me fazia bem, chegava até dentro de meu peito. Era uma música que eu tinha conhecimento, assim aconteceu, a primeira vez que cantamos juntos, e a primeira vez que nossos lábios se tocaram [...]

Eu gostava do jeito calado de Hangeng-ssi, eu conseguia ver muitas qualidades nele, apenas observando a forma com que o mesmo passava os dedos em meu rosto e me beijava. Ficamos assim por vários meses. Estava oficializado que éramos namorados? Ainda não.

“Heemin-hyung.. eu nunca conseguirei ficar mais sem você aos meus braços”

Ele me disse essas palavras, tocaram algo dentro de meu peito, era tão bom e confuso... Era como se algo gritasse em meu peito “HeeChul, você o ama, só que ainda não disse isso à ele”. Eu não conseguia falar, pra falar a verdade, nunca pensei em falar essa tal coisa de ‘eu te amo’... Era mesmo essencial? Eu acho que não. Hangeng via o jeito que nos amávamos, nem precisamos de muitas palavras durante 1 ano, pra que dizer mais algo? Eu só quero ficar com ele dessa forma, só nós dois como sempre foi. Sem palavras, sem pensamentos, sem mais nada pra interferir, era tudo tão perfeito.

Durante um bom tempo depois de nosso relacionamento proceder, Hangeng me levou para um lugar... Ele estava com vontade de provar a carne. Eu não o neguei, eu nunca o negaria. Eu queria experimentar, como é fazer isso com alguém que se ama. Nós permanecemos calados do começo ao fim, apenas gemidos soavam pelos corredores daquela casa vazia, escura. Dava vontade de chorar, gritar, eu não sabia ao certo o motivo, não era de dor, não era de tristeza, era algo completamente contrário disso. Hangeng deitou-se ao meu lado. Seu corpo é bastante lindo, ele era todo detalhado, curvas.. Esculpido por anjos. Seus dedos passavam entre meus cabelos, ele acariciava de uma maneira mais profunda enquanto me encarava. O silêncio tomou conta daquele local enquanto nos beijávamos profundamente durante minutos longos e que eu desejaria que fossem eternos.

Eu suspirei forte, era hora de pedir algo que eu queria à Hangeng, o homem da minha vida. Eu queria estar com ele para sempre, eu não sabia como dizer isso à ele. Era algo mais formal... Algo para oficializar de verdade que somos um casal. O nome disse acho que era “casamento”.

Meu coração disparou, coloquei as mãos fechadas sobre o peito e abaixei a cabeça. Não encarei-o de forma alguma. Eu estava com medo, Hangeng estranhou o modo que eu estava em pé da frente dele.

“Eu quero casar com você”

Ele recusou. Ele não quis. Ele disse que essa coisa de casamento não servia pra ele. Coração [...] Por que dói tanto assim? É algo tão desgraçado. Minha vida estava desmoronando mesmo. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, desciam por ele todo até caírem lentamente ao chão. Hangeng limpou com cautela uma ultima lágrima que escorreu.

“Isso não é necessário para nosso relacionamento, entenda hyung, ficaremos juntos com ou sem matrimônio”

Eu não consegui ouvi-lo. Eu apenas o deixei sozinho naquela campo florido, mas que agora parecia morto. Eu não voltei pra aquele campo por um bom tempo. Hangeng não se deu ao bom senso de ir me procurar. Ele apenas me mandou uma mensagem que dizia que queria me dar um tempo pra pensar. E enquanto mais afastado ele ficava, mais meu coração implorava por ele, e se despedaçava mais.

Hengeng.. Devemos continuar de onde estávamos? Eu nunca chorei por sua causa antes. Isso está mesmo certo? Meu coração grita por choro, mas eu não quero mais derramar lágrimas por ti. Eu apenas queria realmente um tempo pra pensar. Eu precisava de você ao meu lado algumas vezes em que chorei sozinho, as lágrimas chamadas inesperadas. Hangeng... Eu te quero pra mim agora, dizer o que eu sinto por você... Mas... Você sente o mesmo por mim? É realmente amor tudo isso que passamos?

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Aquele foi o dia mais escuro e temido da minha vida. Estava tudo tão cinza, um clima tenso.. Eu segurava um guarda-chuvas preto, a garoa estava à minha volta. O silêncio da tristeza tomava conta daquele local. Esse foi o dia em que eu perdi o homem da minha vida. O homem que eu tanto precisei e duvidei. Ele estava agora à 7 palmos de baixo da terra faz cerca de 2 horas. Eu permanecia de pé, olhando a terra vermelha que tapava sua cova escorrendo aos meus pés. Era mentira não é HeeChul? Fiquei ali por mais um bom tempo, fazendo a única coisa que tinha escolha: relembrar. Relembrar que não fui capaz de dizer pra ele o que eu queria, o que precisava e eu não percebi. Hangeng havia sofrido um acidente de carro, ele tinha ido pra alguma loja, e na volta se acidentou. Peritos acharam uma caixinha preta no banco do passageiro ao seu lado. Essa caixa preta se encontrava fechada na palma de minha mão até então; abri-la. Lá continha duas alianças, com ambos nossos nomes. E um recado em um pequeno papel azul, dizendo as seguintes e ultimas palavras dele para mim..

“Antes de pedi-lo em casamento, eu queria o seu perdão, pelo quão idiota eu fui de te rejeitar. HeeChul, eu amo você. Por favor, você me perdoa?”

Fechei o papel. “Eu te perdoo” respondi colocando uma aliança em meu dedo. E eu sempre lhe amarei mais, Hangeng.