Sam P.O.V

No dia seguinte pela manhã, estávamos novamente no aeroporto, mas dessa vez um particular. O jatinho da companhia Puckerman era incrível e Charlie parecia esfuziante em andar nele.

_ Charlie, quer ajuda com a bagagem? – tentei, já prevendo a grosseria.

_ Ah, pode levar Sam. – disse ela tranquilamente – Tio Noah, posso ir sentada com você?

_ Claro pequena. – concordou ele sorrindo – Quinn, tem problema?

_ Hã, não, claro que não. – disse Quinn, sorrindo amarelo – Pode ir com o tio Noah querida.

A pequena pulou no colo dele, deixando suas malas e coisas aos meus pés. Eu suspirei, apanhando-as, enquanto Santana passava rindo.

_ Que foi? – perguntei mal humorado, enquanto ela se abaixava para me ajudar.

_ Para de tentar se dar com a Charlie cara. – respondeu a morena – Conheço a menina, ela odeia bajulação, assim como a Quinn. E além do que, você é namorado da mãe dela, ela não vai te dar folga.

_ E o que eu devo fazer? – perguntei revirando os olhos.

_ Para começar, acrescentar mais álcool na sua dieta. – listou ela – E depois, vou bater um papo com minha princesa Q... Você está precisando de um bom trato entre quatro paredes.

Eu corei enquanto ela gargalhava, subindo no avião. Não sei o que Quinn tem na cabeça, mas vou conversar sério com ela sobre manter Charlie perto dessa mulher.

Noah P.O.V

_ Tio Noah? – ouvi Charlie chamando e ergui os olhos de meu desenho, encarando-a. Seus cabelos estavam presos numa trança feita pela mãe havia pouco e sua testa vincada de concentração – Que cor são seus olhos?

_ Porque meu bem? – perguntou Quinn, que estava ao lado dela também pintando. Rachel e Santana babavam nos ombros uma da outra alguns assentos para trás e Sam lia em silêncio, me lançando olhares mortais de tempo em tempo.

_ Eu estou desenhando a nossa família. – explicou a pequena sorrindo – Essa sou eu, e essa é você mamãe. Essa é a tia Santana, e a tia Rachel. E esse aqui vai ser o tio Noah. – ela disse, mostrando a todos no desenho.

_ E porque eu estou no meio? – perguntei rindo e ela corou.

_ Porque já que eu não tenho papai e a tia Santana não é casada, você é o homem da família. – explicou ela, como se fosse obvio – Então você tem que ficar entre todas nós.

Vi Quinn lançar um sorriso triste a nossa filha, enquanto acariciava seus cabelos. Sorri da mesma forma, pegando a mãozinha de Charlie e beijando.

_ Para mim é um prazer ser o homem da família. – assegurei – E meus olhos são castanho-esverdeados.

_ Como eu faço essa cor? – perguntou ela confusa e eu e Quinn rimos.

_ Faz a bolinha marrom e depois passa o verde por cima e vamos ver como fica. – propôs a loira e a pequena concordou – E faz os peitos da tia Santana maior, ou ela vai ficar brava. – disse em voz baixa e nós três tentamos não rir muito alto.

Não pude deixar de imaginar que as coisas poderiam ser assim todos os dias, se não fosse o que aconteceu naquela noite e... Droga, eu poderia ter tido tudo. Será que Charlie não teria nascido prematura? Será que eu e Quinn estaríamos juntos? Teríamos outros filhos?

Me imaginei colocando Charlie na cama todas as noites, num quarto de princesa como ela disse que tinha, lhe contando histórias e dando ‘boa noite’, para depois entrar em meu quarto e encontrar minha loira a minha espera.

Mas eu tinha jogado isso fora, tinha sido burro. Eu deveria estar lá naquela manhã, quando Quinn acordou. Devia ter deixado meu nome certo, não que Wayne fosse errado, porque era como me chamavam na empresa. Mas eu devia ter ficado. E devia ter demitido Heather do emprego de minha secretária assim que cheguei, não apenas dias depois quando ela confessou que uma mulher havia ligado procurando por mim e ela havia dito que não havia nenhum Wayne ali. Era Quinn, eu sei que era.

E agora eu tinha uma promessa com Rachel, e não podia rompê-la. Meu pai ficaria irritadíssimo e o Sr. Berry também. Eu havia feito minhas escolhas e precisava arcar com as consequências.

Quinn P.O.V

_ Quinn, acorda. – ouvi alguém chamando e abri os olhos lentamente, me deparando com um mau humorado Sam – Logo chegaremos. – informou ele, voltando a se sentar.

Vi que Rachel e Santana ainda babavam nos ombros uma da outra e que Charlie ressonava tranquilamente no peito de Noah, que tinha um sorriso bobo enquanto dormia.

_ Não devia deixar ela se apegar tanto a um estranho. – sugeriu Sam – E nem muito perto de Santana. Ela é uma má influência.

_ Santana é minha amiga desde os seis anos. – retruquei irritada – E Noah é noivo de Rachel, logo marido. Não será nenhum estranho.

_ Mas EU sou seu namorado. – revidou ele nervoso – Eu Quinn. E não sei você, mas eu realmente penso em ter uma vida ao seu lado. E isso inclui a Charlie. Então ao invés de ficar toda alegre que ela está se apegando ao ‘noivo da Rachel’, se preocupe em fazê-la se afeiçoar a mim.

_ Ela se afeiçoa a quem ela quiser. – decretei me levantando – E talvez seja hora de pensar que esse descaso dela por você seja um sinal de que o que existe entre nós não tenha futuro.

_ O que você está dizendo? – perguntou irritado.

_ Não sei Sam, realmente não sei. – admiti frustrada – Talvez eu precise pensar e essa viagem me ajude nisso. Apenas fica na sua, está bem?

E dizendo isso, me tranquei no banheiro até o capitão anuncia que iríamos pousar.