Soul Mate escrita por luud-chan


Capítulo 1
Capítulo Único: Alma gêmea


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma oneshot que já tinha feito há alguns meses, Mas só agora deu para postar, espero que gostem.

É baseada nesse vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=jRAhQE6kEfs).

Boa Leitura! ;)



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Soul mate

O dia estava terrivelmente chuvoso para um dia de verão. Poderia ser um dia qualquer se não fosse levado em conta a onda de pensamentos e nostalgia que carregava. O mundo nunca tinha parecido tão complicado como naquele momento, para não dizer estranho. Não conseguia mais entender aqueles complicados conceitos humanos.

Era o que Kuchiki Rukia parecia pensar naquele momento.

Mesmo as fortes gotas de chuva molhando todo o seu pequeno corpo, deixando-a em um estado deplorável e a mercê de um grande resfriado ou até mesmo uma pneumonia — caso não estivesse em um gigai; mas isso simplesmente não importava. Porque estava imersa em milhares de coisas que queria e que precisava entender.

Parou perto de uma casa qualquer e encostou-se no muro, parando de caminhar. Seus pés jaziam cansados, não fazia a mínima ideia do quanto tinha andado. Olhou para o céu, totalmente nublado com as nuvens tempestuosas cobrindo toda a sua extensão, levantou suas mãos, tentando entender.

Refletiu por instantes.

Até umas horas atrás, não se sentia dessa maneira. Depois de um longo dia na escola com Ichigo e os outros, voltou para casa sozinha, pois ele teria que ficar para as aulas de recuperação. De certo modo, ficara um pouco feliz com isso, porque poderia pegar os seus — os dele — mangás de terror e ler sem que o ruivo a perturbasse.

Mas não fora isso que aconteceu. Ao invés de ir diretamente ao lugar que guardava o que queria, outra coisa tinha chamado sua atenção. Ao lado da caixa em que ele estava acostumado a guardar os mangás, tinha algumas brochuras um tanto surradas e quase que imediatamente aquilo chamou sua atenção e não pôde conter a curiosidade e pegou-as.

Olhou a capa de cada um, lendo os títulos que preenchiam as brochuras. Haviam muitos nomes que nunca havia ouvido falar, mas um em especial tinha chamado sua atenção. Era um título que conhecia por ter ouvido Orihime tagarelar sobre ele, falando o quanto era lindo e trágico: Romeu e Julieta.

Sentou na cama de Ichigo com a brochura nas mãos e abrira cuidadosamente, percebendo que as páginas estavam amareladas e um pouco amassadas, provavelmente de serem passadas várias e várias vezes. Começou a ler atentamente a cada palavra e logo estava presa a leitura e não conseguia parar.

Estava tão presa no livro que não percebeu o barulho de Ichigo chegando. Continuava lendo cada vez mais interessada, ainda mais por causa das palavras “alma gêmea” que aparecia várias vezes. O que seria exatamente? Por um minuto ficou presa nos próprios devaneios.

Kurosaki Ichigo abriu a porta do quarto calmamente, estranhando o silêncio. Deparou-se com Rukia sentada em sua cama na posição de índio, totalmente absorta em algo. De primeira, ele não viu o que ela segurava, apenas observou sua face concentrada, o cenho levemente franzido e os lábios semicerrados, ao mesmo tempo que parecia calma, parecia irritada. Como isso era possível? Foi então que notou o que ela segurava e em questão de segundos ficou irritado.

— O que você está fazendo? — a voz do ruivo soou áspera por algum motivo e Rukia levantou os olhos para ele.

— Lendo? — respondeu com o tom de voz habitual meio incerta no que deveria dizer. Não era meio que... Óbvio?

Ele encarou-a por alguns segundos antes de andar até ela e tomar a brochura bruscamente de suas pequenas mãos. A morena ficou sem entender nada, parecia que era algo “secreto” que não devia ter mexido, mas se era tão secreto porque estaria em um lugar a mostra onde qualquer um poderia ver ou pegar? Mesmo com essas indagações, manteve-se em silêncio. Pela expressão irritada do ruivo, percebeu que era melhor não falar nada. Era a primeira vez que a tinha tratado rudemente e ainda assim, não se abalou. Era deveras forte.

— Certo — murmurara pensativa, levantando da cama e indo na direção da porta. — Estou saindo.

Rukia estranhou a atitude de Ichigo, mas não se importou muito naquele instante, conversaria com ele depois e pediria desculpas por ter “mexido” em suas coisas. No momento, o que ocupava sua mente era “alma gêmea” e apenas isso.

Apesar de ser uma boa shinigami e saber tudo que achava possível sobre almas, “alma gêmea” era um termo que não tinha aprendido quando estava na academia. Já tinha ouvido algumas meninas de sua classe comentar sobre isso, algo como “Ele realmente é minha alma gêmea”. Mas que diabos isso significava? Era impossível que alguém tivesse a mesma alma que outra.

Humanos eram realmente muito esquisitos.

Porém, lembrava-se vagamente de uma conversa com Kaien-dono, sobre algo muito parecido com isso. Mas o termo era “coração gêmeo”... Será que tinha alguma ligação? Não tinha muito certeza.

Ainda com isso em mente, com os pés descansados, recomeçou a andar sem rumo, com o desejo de sanar sua dúvida.

I&R

Passado o fervor do momento, Ichigo realmente se deu conta do que tinha feito. Em nenhum momento quis ser rude com Rukia, mas naquele momento, ficou cego. Aquelas brochuras eram realmente preciosas para ele, tinham pertencido a sua mãe, era uma das únicas coisas que tinha, que ajudava a mantê-la viva. E não se perdoaria se deixasse algo acontecer com aquilo.

Amaldiçoou a si mesmo. Era um idiota mesmo! Tinha sido rude com ela sem motivo algum. Será que estava magoada? Para ter saído daquela maneira, devia estar. Sentiu-se totalmente estúpido. Pegou o guarda chuva que estava perto do guarda roupa e saiu correndo para fora, atrás de Rukia.

Correu entre as ruas e becos, olhando minuciosamente tudo, ainda estava anoitecendo, mas por causa do temporal estava escuro e relampeava. O ruivo olhou para o céu. Estava preocupado e pensava se a morena estaria bem. Andou por mais alguns quarteirões e a viu.

Estava no mesmo lugar em que sua mãe havia morrido.

Observou-a de longe e viu que Rukia olhava para o céu como se procurasse algo, além de estar encharcada. Voltou em si e correu na direção dela, não demorou mais que alguns segundos para que a alcançasse. A shinigami ouviu os passos vindo em sua direção e levantou os olhos, dando de cara com Ichigo. Ela o encarou e o ruivo sustentou o olhar, observou bem a expressão dela. Cobriu-a com o enorme guarda chuva e quebrou o silêncio:

— O que está fazendo aqui? Se ficar na chuva, vai ficar resfriada — disse suavemente, escolheu bem as palavras. Ainda estava tentando pensar em uma maneira de desculpar-se.

— Estou em um gigai. Não fico resfriada — rebateu, ignorando a primeira pergunta do rapaz.

— Rukia... — tentou começar, mas ela o interrompeu:

— Ichigo. O que é uma alma gêmea? — perguntou com os olhos curiosos.

— O quê? — O rapaz não tinha entendido direito.

— O que é uma alma gêmea?

Ele coçou a cabeça meio sem graça e pensou um pouco, lembrou-se de uma citação que tinha visto em um livro e começou a “recitar”:

— É, uh... Bem... É como um melhor amigo, mas muito mais. É a única pessoa no mundo que te conhece melhor que qualquer um. É alguém que faz de você uma pessoa melhor. Na verdade, ela não faz de você uma pessoa melhor, você faz isso porque ela te inspira. A alma gêmea é alguém que você leva consigo para sempre. E é a única pessoa que conhece, aceita e acredita em você antes de qualquer outra pessoa fazer ou quando ninguém mais o faria. E não importa o que aconteça, você sempre vai amá-la. Nada pode mudar isso. — Ele deu uma pausa e voltou a falar: — Faz sentido?

Rukia pareceu refletir sobre o assunto e guardou silêncio, o que deixou Ichigo um tanto aflito.

— Por que está perguntando sobre isso? — indagou curioso.

— Vi em um daqueles livros seus — murmurou e o ruivo achou a chance perfeita para desculpar-se com ela.

— Rukia... Sobre aquilo... — A hesitação dele chamou a atenção dela, e por isso, cravou os olhos nele aguardando. — Me desculpe por ter sido rude com você naquela hora. Não era a minha intenção. Afinal, você não sabia...

— Tudo bem. A culpa foi minha por mexer nas suas coisas sem permissão. Não precisa se desculpar. — Então, ela sorriu. Um dos mais lindos que ele já havia visto. — Vamos para casa, a tempestade está piorando. Ao contrário de mim, você fica doente.

— Certo. — O shinigami substituto assentiu bem mais aliviado, muito feliz por não ter a magoado.

Ela seguiu ao lado dele debaixo do guarda-chuva em silêncio. Ainda refletindo sobre a explicação que Ichigo lhe dera. Ser uma alma gêmea parecia deveras trabalhoso, mas também parecia ser gratificante.

— Ichigo — chamou-o calmamente.

— Sim? — respondeu sem fitá-la.

— Você tem uma alma gêmea? — perguntou isso tão de repente, que tinha o pegado desprevenido. Ele quase deixou o guarda-chuva cair. Quase.

— Que tipo de pergunta é essa? — resmungou, virando o rosto para que ela não visse seu rosto corando.

— Além de tolo é surdo agora? — sibilou, provocativa.

— Não é isso! — berrou e virou-se para ela. — É só que... Isso não é o tipo de pergunta que se faz tão casualmente — disse coçando o queixo e a morena riu suavemente do seu visível constrangimento.

— Tudo bem, senhor sensível. É alguém que eu conheço? — continuou apenas para provoca-lo, realmente se divertindo com aquilo.

— Bem... — Fingiu pensar e respondeu: — Conhece sim.

— Uh, sério? — exclamou, de repente interessada. — Me fale sobre ela.

Os dois se olharam por um breve segundo sem deixar de andar. Ele sorriu, pensando se deveria dizer alguma coisa e a morena continuou aguardando com grande expectativa. Depois de um longo minuto, Ichigo resolveu falar:

— Ela é uma pessoa muito, muito irritante. Mas devo admitir que mesmo sendo tão irritante, ela me faz muito bem. E creio que não exista no mundo, alguém que me faça sentir o que eu sinto quando ela está comigo. — A morena sentiu o coração acelerar e fez esforço para manter a respiração ritmada. — E tenho certeza que não poderei amar ninguém como a amo... E você?

— Eu acho que não preciso dizer para você saber — declarou constrangida. — Se bem que estamos em uma situação muito esquisita. — Ichigo assentiu super sem graça com aquela situação.

Ficaram em silêncio por mais um tempo e o ruivo pigarreou atraindo a atenção dela.

— Só estamos em uma situação esquisita por não saber exatamente o que somos um para o outro.

— De certa forma. Apesar de sermos amigos, esse título não parece o suficiente para descrever tudo. — Pensou um pouco antes de continuar: — E namorados... Ér, também não parece o certo.

— Sabe, eu acho que não precisamos de títulos. Acho que será o suficiente enquanto tivermos um ao outro e nos amarmos. Enquanto tivermos certeza disso, estaremos bem.

— Você está certo. Afinal, somos almas gêmeas, certo? — comentou com um sorriso satisfeito.

— Isso mesmo. E isso, é eterno — decretou com um lindo sorriso.

E mesmo que Ichigo e Rukia não soubessem, eles estariam ligados pela eternidade, pela linha do destino. E um dia, o morango e a morte entenderiam que títulos jamais seriam necessários para nomear o que significavam para o outro.

Afinal, eram almas gêmeas.


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Notas finais do capítulo

ehehe, espero que tenham gostado! ;) Foi muito gostoso escrever essa oneshot, quando vi o vídeo e as citações, eu pensei nos dois na mesma hora, com toda essa coisa de Alma Gêmea, realmente achei que combinava MUITO com eles! xD

Bem, espero que tenham gostado e que façam essa ficwriter feliz, deixando reviews. Independente de quando você tenha lido isso aqui. ;)

Obrigada por terem lido até o final, beijo!

Notas editadas em: 27/01/2014



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