Crônicas Vampíricas - Lâmina De Prata escrita por Ryduzaki


Capítulo 15
Capítulo 15 - Segunda Chance Parte 2




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P.O.V Narrador:

Uma mão branca e cadavérica emerge das águas de um poço abandonado em um terreno baldio. Aos poucos, vai se revelando o que era. Um jovem de uns 18 anos, pele pálida, cabelos negros, olhos vermelhos em brasa, ele sai do poço e desaba no chão.

A água estava em seus pulmões, lhe dando uma sensação intoxicante. Começou a tossir até sentir o gosto de seu sangue na boca.

Passava da meia-noite. As ruas estavam praticamente vazias. O poço de onde Rafael emergiu para o mundo dos vivos ficava em um terreno de mato alto ao nível de um rio que cortava uma cidade, mais acima, uma calçada. Alguns prédios residenciais em volta, indicando que seria um lugar no centro.

Rafael ainda estava tonto pela viagem. Estava nu e encharcado. Mas isso não era o mais assustador, ele olha para sua mão onde estava tatuado o Pentagrama.

Todo seu antebraço havia se transformado. Até a linha do cotovelo, a pele se tornou uma espécie de couro negro arroxeado, a mão era grande e possuía garras afiadas e curvas, como as de um falcão. Como se não bastasse, havia lago se mexendo atrás dele. Uma cauda como se fosse feita da mesma pele e cor que a mão e se mexia para todos os cantos. Estava na base da coluna e terminava em um triângulo, típico e comum aos demônios.

‘’Transformações físicas como a velha falou’’ pensou Rafael ‘’ Não imaginei que fossem tão chamativas’’.

O vampiro se levanta, na verdade, isso podia ser posto em dúvida. Demônio ou vampiro? Ou a mistura dos dois?

Ele escala o barranco e espia a rua, estava vazia. Do outro lado, uma loja de roupas e materiais esportivos. Em passos rápidos e leves, a porta de vidro da loja está ali. Embasando com sua respiração. Ele a atravessa como se ali não houvesse nada, poderes novos e úteis são sempre bem-vindos.

Calça jeans, uma camiseta negra e tênis. Rafael começa a procurar uma jaqueta comprida, apenas para disfarçar a mão demoníaca.

-Voltou cedo... – uma voz familiar enche o lugar, como um eco. Era Ethel, parado na porta do estabelecimento. A luz da rua o deixava sombreado, aumentando seu aspecto sinistro. Usava sempre o terno negro com sapatos sociais da mesma cor, o cabelo branco e lustroso caindo sobre os olhos escarlates. Parecia bem jovem e ao mesmo tempo, maduro e sábio. Em sua cintura, repousava uma espada florete com a lâmina parecendo uma agulha prateada, o copo (parte que equivale à guarda de uma espada comum) era decorado por um rubi em forma de losango, o punho era feito de couro negro e parecia confortável. Sua mão repousava na arma. – Vejo que voltou bem diferente... gostou da temporada no Purgatório? – sua voz era áspera e entretida.

-Foi bem... revigorante. – respondeu Rafael – Perdemos muito tempo?

-Tempo? Mal se passou 3 dias desde que você se foi.

-Pareceram anos...

-O tempo é diferente, dependendo o lugar. Fuso horário Interdimensional, algum dia você se acostuma.

Rafael para e pega um jaqueta de moleton escura e a veste, era alguns números maior, mas disfarçava bem seu antebraço.

-O que faremos agora?

-Agora eu farei. Perdi 10 anos por sua culpa. Agora é hora de recuperar o tempo perdido.

-O que isso significa?

-Significa você fora de tudo de agora em diante. Tenho a Lâmina de Prata e duas virgens, mais do que o suficiente para completar o ritual. Não preciso de mais nada.

O tom da voz de Ethel era firme, áspero e com ódio refletido nas entrelinhas das frases.

-Não entendo. Explique-se.

-É exatamente o que você ouviu, não vejo modo de ser mais direto do que isso.

-Sabe – Rafael anda nervoso e recosta em um dos balcões com os braços cruzados sobre o peito -, enquanto estive no Purgatório, refleti e pensei a respeito...

-É mesmo? – entretenimento é claramente notado na voz do vampiro mais antigo – Pois divida comigo.

-Quando estávamos no terraço daquele prédio e você conta minha historia de vida. Há coisas que não se encaixam. O fato de eu ter um irmão e ele ter morrido contra o sol é um deles, se fosse assim, você também teria morrido.

-Garoto esperto... não lhe menti em nada, apenas ocultei alguns fatos.

-Que fatos são esses?

Ethel suspira, sua expressão sempre calma e serena vira uma mistura de vergonha e raiva, como se algo dentro dele estivesse brigando.

-Naquela mesma noite, quando fugi com você e seu irmão, eu abandonei vocês em frente a um casebre de camponeses. Fui pego na mesma noite e queimado, uma sensação que não quero sentir novamente. – um suspiro longo e sofrido – Vocês cresceram, quando completaram 5 anos, viram seu irmão usando sua velocidade sobrenatural e a super força. Foi levado à igreja e o padre o condenou por bruxaria. Morte na fogueira. Você foi largado na floresta para morrer, por que se acreditava que os laços demoníacos eram nos gêmeos. Você vagou por dias, meses, anos, até finalmente ser encontrado por Bianca em um posto de gasolina abandonado.

-Foram anos... muitos anos. Então você era o vampiro de que a velha me falou, aquele que voltou a Terra com poderes incríveis.

-Sim e o objetivo de juntar a Lâmina era para impedir o retorno do seu irmão. Ele quer vingança tanto comigo quanto com você. Ele vai retornar e será um caos. Quem retorna daquele lugar volta renovado, exalando poder. Quanto mais tempo lá, mais força.

-Agora que sei de tudo e da verdade – Rafael fala, sombrio – Faremos isso juntos, podemos contra ele.

-Talvez, mas há coisas que talvez não possamos controlar. Os servos de seu irmão já devem estar procurando pela Lâmina e pelas virgens, querem invocá-lo e não bani-lo. Quanto antes encontrarmos os servos, melhor será. Nossa chance de vitória irá aumentar.

-Ótimo, por onde começamos?

-Vamos pra casa. Há garotas que estão com saudade. – ele sorri de forma incompreendida.

* * *

Bianca abraça Rafael com tanta força que nem mesmo um urso aperta tão forte. Isabela também o abraça, mas de forma mais fraternal. João que estava sentado em uma das poltronas da ampla sala, apenas se limitou a um sorriso do tipo ‘’Bom que voltou’’.

Isabela parecia mais musculosa e hábil, mesmo assim não havia perdido sua beleza esbelta e encantadora.

João não tinha mais os longos cabelos, agora estavam aparados e destacava mais seu rosto. Ele mesmo parecia mais alto e forte. O treinamento que Ethel havia prometido surtiu um bom efeito.

-Vem João, esses dois têm muito que conversar... – disse Isabela, pegando o garoto e o arrastando para fora da sala. Ethel que estava parado a porta, também desaparece.

Com Bianca e Rafael a sós, ela começa:

-Fiquei preocupada, sei que você sabe se cuidar... mesmo assim, te ver despencando daquele jeito. – pausa dramática – Em fim, sorte que conseguimos recuperar você e os Pedaços.

-Vocês juntaram a Lâmina? – pergunta Rafael, surpreso.

-Sim. Está com Ethel.

-Ele lhe disse o plano?

-A respeito de seu irmão, não se preocupe. Amanha pela manha iniciaremos uma busca minuciosa atrás do locar de invocação.

Um suspiro aliviado é expelido pelo jovem demônio. Ele se senta em uma poltrona.

-Assim é bom. Em breve esse inferno acaba.

Bianca o olha de forma pesarosa, como se não o estivesse reconhecendo.

-Você está bem?

-Agora compreendo as coisas – a voz dele soa de forma dura – Não se pode esconder a verdadeira natureza. Não importa como. Sua essência é sempre a mesma, pode adormecer por algum tempo, mas sempre acorda e com fome.

-Do que está falando?

-É apenas uma conclusão.

-Quanta filosofia hein...

-E tem mais. Como você se sentiu enquanto eu estive ‘’morto’’?

-Triste, é claro, passei uma noite chorando no ombro de Isabela.

-Eu me importo com você – Rafael se levanta da poltrona e põe as mãos no rosto de Bianca – Enquanto estive no Purgatório, vi vários tipos de magia. Sei o quanto sofre, seja por mim ou outra coisa. Quero que isso acabe.

Ao mesmo tempo em que as palavras eram verdadeiras, alguma coisa soava como dúvida. Então ele continua:

-Eu quero poupá-la de desesperos e dor que estão por vir.

-Como pretende fazer isso? – a voz da garota soava inocente, como uma criança.

-Quero que renuncie aos seus poderes e memórias. Se você se tornar uma garota comum, não sofrerá por nada. Há magias que fazem isso de forma perfeita.

Ela recua alguns passos, assustada.

-Mas, mas... – as palavras lhe fogem a mente, assim como o ar nos pulmões – Não consigo entender, isso é algo sem fundamento, não, vou continuar até o fim.

Rafael baixa a cabeça.

-Lamento então, apenas lamento...

Então ele dá as costas e segue pelo corredor da casa, como se a conhecesse. Ele entra em um dos quartos, parecia ser de hóspedes, as paredes pintadas de branco, um grande armário de madeira e um banheiro. A janela estava aberta e esvoaçava a cortina. Ele fecha a porta atrás de si. Respirando fundo, tranca a porta.

Sob a escuridão do quarto, ele se deita na cama e fica olhando para o teto. Rafael sabe o que vai acontecer, seus poderes que lhe dão pedaços do futuro ainda funcionam. Ele quer impedir a dor dela.

Rafael sabe que o que está por vir, irá fazê-la mudar de ideia.


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