Blackbird escrita por LittleIero


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Então, é oneshot. Frerard. E espero que gostem, saiu da minha mente assim depois de ouvir a música do AB como eu disse, então...



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Dois de Setembro de 2012, 18h45min, cemitério.

A chuva se apertava no cemitério vazio, apenas habitado pelo vigia que foi apenas contratado para cuidar dos pequenos vândalos que havia naquela cidade perigosa. E por um rapaz, não muito alto, um tipo de altura média, cabelos negros como a noite e liso, na altura dos ombros. Seu nome era Gerard. Na sua mão esquerda o rapaz carregava um guarda-chuva fechado, parecia não se importar de estar encharcado, seu terno preto já começava a colar ao corpo, seu cabelo liso estava caído, mais caído do que o normal. Na mão direita carrega um buque de rosas vermelhas. Ele passou o buque para a mão esquerda para que com a mão direita ajeitasse a gravata também vermelha, e logo depois trouxe as belas rosas de volta a mão direita. O rapaz andava com passos apressados, subindo o pequeno morrinho do cemitério, acabou por chegar a um túmulo, o túmulo estava coberto por flores frescas, algumas de colorações e tipos diferente uma da outra, o rapaz jogou o seu buquê no meio daquelas flores, sem se importar onde ela iria cair.

A chuva se apertava e o rapaz não ligava, continuava em pé parado em frente ao túmulo, sem expressar nenhuma reação. Seu guarda-chuva agora estava apoiado ao chão, como uma muleta, dando ao rapaz apoio também, e ele continuava sem expressar nenhuma emoção, como se não fosse preciso, como se todas as emoções um dia já fossem expressas. O rapaz apenas continuava a olhar o túmulo e as flores caídas, até que ouviu o barulho de passos. Uma mulher vestida com um longo vestido preto se aproximava, seus longos cabelos lisos estavam presos a um coque, na face a maquiagem era forte, que dava ainda mais o ar sombrio, ela parecia ter entre trinta a quarenta anos no máximo.  Ela andava em passos lentos com seu salto alto, e se protegia da chuva com um grande guarda-chuva negro. Ela se aproximava do rapaz e o rapaz abria um pequeno sorriso, não de felicidade, mas de alivio. A mulher se aproximou e lhe tocou o ombro, ela moveu os grandes lábios vermelhos na tentativa de falar alguma coisa, mas a voz acabou não saindo.

- Sabia que viria. – decidiu o rapaz falar, já que parecia que a mulher não tinha coragem.

- Pois eu vim. – falou a mulher, em um tom sério. – Nem parece que faz um ano.

- Sinto muito pelo seu filho, você sabe que eu teria feito tudo para impedir. – o rapaz fez uma pausa. – Parece que não faz nem um dia, é a verdade.

- Eu sinto tanto a falta dele. – disse a mulher com uma voz chorosa, colocando as duas mãos entre o rosto.

- Preciso ir. – disse Gerard, se retirando de perto da mulher que ali começava a chorar.

O rapaz se retirou de perto da mulher e começou a andar em passos apressados para fora do cemitério. Um baralho se fez atrás do rapaz, ele se virou para observar e nada viu, se assustou um pouco, mas logo se tranquilizou. “Não é nada”, pensou, talvez não fosse nada mesmo. Um vulto negro passou por ele, não de um humano, mas de um animal, um pássaro, agora ele estava mesmo assustado, mas mais uma vez ele se tranquilizou. “Acho que isso é normal aqui”, pensou, e se lembrou de que essa não era a primeira vez que ele via um vulto negro de um pássaro passando por ele, geralmente na saída do cemitério.

O rapaz seguiu a pé para casa, mesmo que fosse longe, pudesse demorar algumas horas e já estivesse escuro, ele seguiu a pé, como sempre fazia toda vez que saia do cemitério desde o ano anterior. O vento gélido batia em sua face, a chuva agora já havia parado, mas pra ele pouco importava, já estava encharcado mesmo. Um espirro saiu, parecia ser um mau sinal, “estou ficando doente”, pensou, e era o que parecia mesmo. “Falta muito para eu chegar em casa”, pensou ele, de novo, agora se preocupando com o horário, “eu devia ter pego um ônibus, chegarei tarde demais em casa, tenho trabalho amanhã”.  Gerard continuava a andar e a pensar como sua casa era longe, de como ele estava cansado, e também, por ultimo, em como quanto tempo havia se passado desde o acidente de carro que aconteceu no ano passado, que resultou na morte do seu pequeno amado Frank, e resultou a ele seis meses em coma. “Parece que foi ontem”, pensou, enquanto continuava andando, “por que eu ainda me lembro de tudo? Do jeito como recebi a noticia, de tudo”. Pensou o rapaz de novo, dessa vez ele parou sua caminhada e começou a observar atentamente um prédio escuro, sem nenhuma luz acesa, parecia estar tendo as suas dolorosas memórias.

Flashback

Dois de setembro de 2011, 22h50min, estrada principal de saída da cidade.

Gerard dirigia calmamente seu carro na estrada principal de saída da pequena cidade, no banco de trás do carro estava um menino, ele não parecia ter mais de dezesseis anos, sua estatura baixa fazia com que ele se encaixasse perfeitamente deitado na parte de trás, apenas com as pernas levemente dobradas, sem machuca-lo muito. Seu cabelo curto, negro e liso estava bagunçado com algumas mechas caindo à face, assim como suas roupas que estavam amarrotadas por causa dos seus movimentos para se ajeitar no banco, ele trajava uma blusa azul e uma calça jeans escura, seus tênis estavam na porta malas do carro, por isso ele estava apenas de meia, para se confortar mais ao seu sono no banco de trás.

O rapaz Gerard dirigia calmamente como já dito, e também tomava certa cautela por já está escuro e a noite as estradas se tornam mais perigosas, ainda mais aquela estrada. O trânsito, para a surpresa, estava calmo, mas o que preocupava era o clima, toda hora caia um chuvisco, o que obrigava o rapaz a ter mais cuidado ainda, e parecia que toda hora iria chover, mas era apenas uma ameaça. Até que para a surpresa do rapaz, a chuva começou, e começou forte. Agora a estrada estava duplamente perigosa, e o rapaz teve que então dobrar a sua atenção. 

O barulho dos pingos de chuva que batiam no teto do carro era incomodador e acabou por acordar o menino que dormia na parte de trás. Ele se espreguiçou lentamente, e se ajeitou, se sentando no banco do carro, soltou um bocejo, coçou os olhos e olhou para a janela, ficou observando as gotas de chuvas a caírem pelo vidro do carro. Olhou também para Gerard, que dirigia o carro com a atenção redobrada, mas mesmo assim parecia insuficiente.

- Quando começou a chover desse jeito, Gee? – perguntou o menino, com sua voz sonolenta.

- Alguns minutos antes de você acordar, Frank. – respondeu Gerard, sem tentar se desconcentrar do volante.

- Que horas são?

- Acho que umas onze da noite.

- Queria chegar logo na casa da sua tia. Estou cansando.

- Descanse ai no banco de trás, pequeno, parece que isso ainda vai demorar.

- Cansei de ficar ali.

- Então venha pro banco do carona, fica perto de mim.

- Tudo bem. – respondeu o menino, que saiu do banco de trás e foi para o bando do carona, se sentando desconfortavelmente e logo depois se ajeitando, parecia estar melhor agora.

- Melhor?

- Não muito.

O silêncio dominou o carro, Gerard mantinha-se concentrado na estrada, enquanto Frank mantinha-se observando a chuva que caia fortemente, como se o mundo estivesse desabando em água. O caminho continuava tranquilo e os minutos passavam, Gerard já começa a apresentar os primeiros sinais de cansaço, enquanto Frank já dormia apoiando a cabeça na janela.  Gerard deu sua primeira batida de cabeça pelo sono, mas não largava do volante, ele sabia que era arriscado, mas que também era arriscado parar, tudo naquele momento era arriscado.

Gerard deu sua segunda batida de cabeça pelo sono, nesse momento o cansaço já o dominava por completo, e por pouco ele não dormia ao volante. A terceira batida de cabeça pelo sono aconteceu, dessa vez foi mais demorada.

Um caminhão vinha pela contramão e em alta velocidade, o motorista bêbado pouco se importava com isso, o motorista deu mais uma golada em sua bebida, e avistou um farol aceso e um carro em movimento, ele tentou voltar para sua pista, mas há essa hora já havia perdido o controle do caminhão, então, desesperado começou a buzinar, era o que restava, mas parecia que não adiantava.

Gerard ainda se recuperava da sua terceira batida de cabeça pelo sono, já que ele estava cansado. Ele ficou assustado quando de repente começou a ouvir as buzinas e o caminhão se aproximando. Ele tentou se desviar, mas há essa hora já era tarde demais, o caminhão acertou em cheio o seu carro, fazendo um choque entre os dois e deixando ambos em destruição total. E Gerard, Frank e o motorista do caminhão desacordados e feridos.

Fim do flashback

Gerard balançou a cabeça, tentando esquecer as memórias que acabou de ter. E voltou a andar para casa, seus passos agora haviam se tornado mais lentos, talvez para tentar evitar se lembrar de algo. O vento agora, havia se tornado mais forte, e soprava contra o rapaz, o fazendo andar mais lentamente do que já estava andando.

“Consigo lembrar até como recebi a noticia.”, pensou, e conseguia mesmo. Essa era uma memória que nunca saia de sua cabeça, ele também se lembrava de quem lhe deu a noticia, e de quem estava presente lá também, por pouco não esquecerá o dia e nem a hora, mas havia tempos que isso lhe faltava à memória.

Flashback

Onze de fevereiro de 2012, 15h00min, hospital.

No quarto todo branco do hospital estava o rapaz Gerard adormecido, mas isso não iria durar muito tempo, já que alguns minutos depois ele acordou. A mais ou menos quatro dias, Gerard havia saído do coma, e havia se recuperado quase todo fisicamente. Mas mentalmente seu estado ainda era dos piores, além de ter perco boa parte da memória – não chegava a ser uma amnésia, mas ele possuía seus esquecimentos, que aos poucos ia lembrando -, ele também havia começado a ter seus apagões, que a cada dia iam melhorando, mas havia dias, em que seu estado era de muito estresse ou tristeza, que os apagões eram múltiplos.

Como já foi dito, Gerard acordou, se remexeu um pouco na cama na tentativa de se sentar, mas era desconfortável, afinal, ele ainda estava dolorido por causa dos ferimentos, ele com muito esforço conseguiu se sentar na cama. Gerard começou a observar o quarto todo branco, ele ainda não havia se acostumado com aquele lugar, era muito estranho para ele, como tudo que acontecia a sua volta, até as pessoas mais próximas deles, como sua mãe e seus amigos, estavam estranham com ele.

Gerard parou de observar o local quando ouviu um barulho, era a porta do quarto se abrindo, e para sua surpresa não era a enfermeira de novo, pois ela já havia ido ao quarto algumas horas antes, e sim sua mãe. Ela entrou ao quarto e fechou a porta lentamente para que não fizesse um barulho muito forte, e então andou devagar até a cama onde Gerard estava sentado. Ela se sentou na cama junto com ele, colocando a mão em sua perna, e com voz suave lhe cumprimentando:

- Olá, querido.

- Olá, mãe. – Gerard disse com desanimo na voz, sinal de que a visita de sua mãe já não o animava tanto assim. – O que lhe traz de novo aqui?

- Vim lhe ver, de novo. – ela disse, abaixou a cabeça e olhou para ele, dessa vez parecia que sua voz iria sair com um pouco de tristeza. – Queria lhe falar algo também.

- É ruim? Eu quero evitar sensações ruins, por favor, não quero que os apagões voltem.

- É, mas acho que já está na hora de falarmos, melhor agora do que em um momento mais tarde, nunca se sabe o que pode acontecer com você...

- Mãe, já lhe disse, eu não me tornarei louco, é apenas um choque da minha cabeça. - Gerard fez uma pausa para respirar, e tentar encontrar as palavras. – Mãe, sabe muito bem que eu me recuperarei, claro que não serei como novo, mas eu me recuperarei. O médico mesmo disse que é do choque.

- Eu sei, mas nunca lhe sabe...

- Não vamos falar sobre isso. Agora, me diga o que tem para falar?

- É sobre o Frank. – ela falou, tentando achar palavras certas pra falar com seu filho, mas foi interrompida pelas palavras dele.

- O que tem ele? A senhora havia dito que ele estava bem, que havia tido ferimentos leves, que já estava em casa, mas que estava ocupado demais para vir me visitar.

- Sabe filho? Eu menti... – ela fez uma pausa, já começando a encontrar as palavras mais doces possíveis para falar com o filho. – Filho, Frank ficou não foi tão forte quanto você, ele não resistiu... Olha, eu sei que é difícil, mas agora, você vai ter que ser bem forte, viu?

- Mãe, não precisava falar assim, sabe que não sou mais uma criança, eu consigo aceitar bem a realidade... E bem, eu desconfiava, eu meio que sabia.

- Como? – perguntou ela, nervosa e trêmula. – Parece que está aceitando bem os fatos.

- Sabia, que mesmo ele muito ocupado, ele daria um jeito de vir me ver... E mãe, já lhe disse, não sou uma criança, eu aceitaria, de qualquer maneira.

O silêncio dominou o quarto, Gerard nada mais tinha pra dizer, igual sua mãe. Ambos não se comunicavam, e ao menos se olhavam. Ela talvez pela vergonha, pelo medo, pelo fato que seu filho havia aceitado fácil demais a noticia, pelo fato que ele já parecia saber. Ele talvez pelo fato de que nada sentia naquele minuto, além da vontade de chorar, mas que não havia lágrimas, e ele sabia porquê. Ele sempre soube, no fundo, ele desconfiava, era o mínimo que podia ter acontecido pelos amigos evitarem tocarem no nome do Frank, por sempre fugirem do assunto, por ele nunca ter o visitado, por tudo. E era o que realmente havia acontecido, a sua ideia, agora, era concreta.

Fim do flashback.

“Desde então os apagões e pesadelos ficaram mais frequentes”, pensou Gerard, que voltava a andar mais rapidamente, “Eu nunca me recuperei por completo, e desde então comecei a ver um pássaro negro sempre que saio do cemitério”.

O relógio já dava nove da noite e Gerard já começava a se aproximar de casa, agora, com seus passos mais rápidos. Ele parou em um semáforo esperando que desse o sinal vermelho para ele atravessar a rua e por enfim estar no seu prédio. O semáforo deu o sinal vermelho e por fim ele pode atravessar, ele chegou ao seu prédio e como ele esperava estava vazio. Ele subiu ao seu andar e entrou ao seu apartamento, não acendeu nenhuma luz e foi direto ao banheiro, o único cômodo que agora tinha a luz acesa. Ele tirou sua roupa colada do corpo e tomou seu banho rápido, tudo que ele queria agora era descansar.

Ele terminou seu banho rápido, vestiu o seu pijama todo preto e foi correndo para o quarto, onde ele literalmente se jogou na cama e se cobriu deixando apenas a cabeça de fora, sem notar que a janela em que ele havia fechado hoje cedo estava aberta e que certo ser imperceptível o observava. O ser era imperceptível porque ele era tão escuro quanto à noite, e nem mesmo a luz da lua o iluminava.

Gerard começava a ser remexer na cama, sinal que um pesadelo começava. Ele se remexia e o local começava a ficar escuro, e para sua surpresa, ele não estava mais na cama e muito menos vestia o seu pijama todo preto. Agora ele estava em um lugar completamente escuro, iluminado apenas pela luz que perseguia seu corpo, ele agora estava agora vestido com seu terno preto e sua gravata vermelha, igual como ele foi ao cemitério.

De repente, para a sua surpresa, o local de preto se tornou branco e milhares de pássaros negros passaram a sua frente, voando em uma velocidade incrível, quase o derrubando pela força que as asas tinham enquanto voavam. A multidão de pássaro logo foi para a longe e então ele ouviu uma voz melódica e baixa, que cantava algo que não parecia ter muito sentido, mesmo pra aquele momento.

Let the wind carry you home
Blackbird fly away
May you never be broken again.

De repente, para sua surpresa novamente, o lugar fica todo negro, e dessa vez não havia nem uma luz que iluminasse o seu corpo, nada, dessa vez estava tudo completamente escuro. Mas como tudo em um pesadelo é uma surpresa, uma luz apareceu. Era uma luz forte, branca e que quase cegou Gerard.

A luz forte passou e agora tudo o que restava era uma luz fraca, Gerard destampou seus olhos para poder observa-la melhor. Mas além da luz, ali havia um corpo em pé ali, um corpo sem vestimenta alguma, completamente nu, era o que a luz iluminava. No corpo haviam machucados, feridas e cortes profundos, além de algumas pequenas cicatrizes. O rosto estava choroso, como se algo estivesse o ferindo, os olhos de cores indecifráveis estavam cheio de lágrimas e olhavam diretamente para Gerard, o cabelo negro, curto e liso estava com algumas mechas caídas pela face, seu tom de pele era pálido, e os lábios demonstravam toda a dor que sua expressão não podia demonstrar. E além de tudo, podiam-se ver grandes e iluminadas asas negras em suas costas, com suas pontas vermelhas, como a cor de sangue e duas linhas feitas por sangue em baixo dela.

Gerard ficou surpreso com o que via, mesmo sabendo que era um sonho, ou talvez um pesadelo. Ele nunca havia sonhado com o seu amado Frank antes, e agora, se via em um sonho completamente profundo, como se pudesse ser confundido com a realidade.

- Frank... – Gerard chamou baixinho, sua voz não saia, sinal de nervosismo mesmo no sonho. Ele tentou andar até o menino, mas suas pernas tremiam. E mesmo assim, com toda dificuldade do mundo ele conseguiu se aproximar, e o menino, para a sua surpresa, sorriu. Um sorriso fraco, quase que forçado, mas não era, talvez porque doesse ele sorrir de verdade.

- Eu estou bem, Gerard. – falou Frank, a sua voz tinha total calma e era adorável, assim quando vivo na realidade.

- Como pode estar bem? Onde você está? Eu sinto tanto a sua falta, pequeno. – gritou Gerard, sua voz era completamente chorosa, sinal do seu desespero, sinal do seu medo. Ele podia ser forte o quanto fosse, mas a verdade, é que no fundo ele se culpava por tudo, ele sentia medo por nunca ser perdoado pelo seu falecido amado.

- Eu estou bem. – respondeu Frank, mais uma vez com calma na voz, não ligando para o desespero do Gerard. – Eu estou mais perto do que imagina Gerard.

- Frank...

- Eu já te perdoei Gerard. – falou Frank, com sua conhecida calma, para a surpresa de Gerard, que agora sentia lágrimas escorrer pelo seu rosto. Frank então começou a flutuar e como num pequeno voou, começou a se afastar de Gerard, como se estivesse indo para longe, como se não houvesse mais o que fazer ali.

- Frank, por favor, fique. Não vá, não vá outra vez, eu não suportarei de novo.

- Eu estou de volta... Eu estarei com você... Eu estarei te observando.

Gerard abaixou a cabeça, e mais uma vez sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, como se ele não pudesse aguentar, como se todas as palavras que não saiam pela boca, agora, estivessem saindo pelos olhos. Frank ia se afastando, quando de repente começou a se curvar para baixo, como se algo estivesse lhe puxando. Gerard começou a olha-lo, e ele ficou de pé de novo, mas algo começava a brilhar em seu peito, como se algo estivesse a ponto de sair de lá. Logo a luz que cobria seu corpo se apagou, e a única luz que iluminava o local era a que estava a no seu peito, até que explodiu, o corpo do pequeno Frank explodiu-se em pequenos pássaros negros que agora voavam em direção ao Gerard, atacando-o. O local agora estava todo branco, e os pássaros continuavam a atacar o Gerard, mas ele não sentia dor, apenas sentia o incomodo das plumas dos pássaros e de suas lágrimas que escorriam. Até que um último pássaro saiu do corpo, agora caído, do Frank. Esse pássaro seguia voando em direção ao Gerard, mas para sua surpresa ele não o atacou, apenas ficou parado a sua frente, como se lhe encarasse.

Tudo mais uma vez ficou escuro, e dessa vez Gerard acordou. “Foi um sonho estranho”, pensou, enquanto enxugava o rosto. “Eu realmente chorei?”, se perguntou e continuou enxugando suas lágrimas, mas ele ainda sentia como se elas voltassem, como se ele continuasse com a vontade de chorar. “Já é dia?”, se perguntou, e realmente era, o sonho que ele teve parecia que havia durado a noite inteira, um sinal talvez, que esse sonho não era um sonho comum.

- Eu ao menos tive a chance de beija-lo. – falou baixinho, para si mesmo, como se nem as paredes tivessem a necessidade de ouvi-lo.

Gerard se levantou da cama, empurrando o lençol azul que o cobria para o canto, ele seguiu em direção à janela e se apoiou nela. “O ar fresco, deve melhorar minha situação”, pensou ele, e talvez realmente funcionasse. Alguns segundos se passaram e ele avistou uma criaturinha em sua direção, era um pássaro pequeno e negro, que parecia ser um pássaro qualquer se não fosse a cor vermelha na ponta das asas. Gerard deu um sorriso, e colocou um dedo para que o pássaro pousasse lá. Gerard levou o pequeno animal para dentro da cama, onde se sentou, talvez por causa do nervosismo. O sorriso não saia do seu rosto, ele acariciou as plumas do pássaro e quase num sussurro e com a voz falhando disse:

- Você voltou.


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3



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