Acho que poucos têm o direito de contar essa história. Na verdade, acredito que só eu a saiba por completo, mesmo que ela ainda não tenha acabado. Meu nome é Robbin, e já fui um Mago Ajudante do Rei Julian de Arkos (todo rei tinha um mago nessa época). Andava nas mais altas cortes, com roupas de escarlate com diamantes, que não eram possíveis de serem compradas nem com o escravo mais caro do reino. O tal rei havia em mim suprema confiança, o que me fez ser Chefe do Esquadrão de Magia.

Fui desenvolvendo minhas técnicas de magia, ajudando as pessoas da minha vila, com coisas simples como cura, até habilidades de batalha.

Só que tudo mudou quando acidentalmente errei uma pequena magia. Para qualquer pessoa comum, é inaceitável um mago de renomado nome, errar simples magias. O que aconteceu foi que ao pronunciar errado “Egbogi”, transformei um ser humano doente em dragão, o qual eu mesmo não conseguia admitir como filho, pois o via como uma horrenda criatura, uma besta. Graças a isso o dragão se revoltou, e com enormes labaredas e extrema velocidade, destruia pouco a pouco a pequena vila situada no Reinado de Arkos, na qual eu morava. Decidi tomar a decisão de combate-lo, então lutei com todas as minhas forças para proteger a todos e derrotá-lo, mas não foi o suficiente, pois mesmo com o dragão morto, no mínimo, metade da vila estava destruída e 200 homens e valentes guerreiros mortos.

Fui banido, regeitado, excluido da sociedade, as pessoas não confiavam mais em mim, havia até quem acreditava que tudo aquilo que havia acontecido tinha sido parte de um plano, e eu só estava esperando para voltar. O próprio rei, auxiliado por aqueles que se dizem sábios – e que são todos gananciosos – escreveu por meio de carta, uma ordem de execução. Fugi, e desde então, criei um ódio imenso pelas pessoas.

Acontece – que vida de fuga não é nada fácil, e por isso tentei me redimir. Me metendo com magia negra, criei um diário que tinha o poder de mudar o futuro, possibilitando o usuário a escrever a sua própria história. Foi entregue ao rei como um presente de desculpa pelo que aconteceu, porém, como o rei, mais uma vez auxíliado por seus sábios extremamente gananciosos, decidiu usar o diário por um ano inteiro, conseguindo tudo o que queria. Porém, uma maldição caiu nele, e o mesmo, morreu com um simples e fino corte na testa, que ao cair no diário, se transformou em três iniciais. Porém, todas as outras gerações desconheceram essa história, a tratando apenas como uma “lenda”.

Esse mesmo diário foi passado de família real em família, destruindo exércitos, e acabando com a pobreza e desgraça social, até que um dia, o poder se libertou. Aquelas iniciais, ficaram cravadas na parte de dentro da capa, e tudo o que era escrito sumia após o período de vida do usuário acabar, acarretando, uma reunião entre os três lendários reis e magos, que resultou no banimento em definitivo do “amaldiçoado” diário, e o mesmo foi jogado no mar e tratado como descaso por épocas, até ser reencontrado por mim, e guardado a sete-chaves.

Acho que vocês já devem ter parado para pensar como passei por tudo isso, se sou um simples ser humano.

Pois é sou imortal. O intenso uso de magia negra, fui esconjurado com essa praga, que me fez ver a vida e a morte das pessoas que mais amei, sabendo, que mesmo existindo céu ou inferno, nunca mais iria vé-los. Por isso vivo exilado em uma ilha que não aparece nos mapas, o que garante a minha segurança, porque não posso mais usar da magia.

Não acreditava mais na existência do diário, porque, em meu último feito negro, foi fazer com que o diário fosse levado para uma era futura, de modo que houvesse paz no mundo. Mas, tudo mudou quando o tempo do reaparecimento chegou, e um garoto chamado Johnnie Walker que nasceu e mora em Londres o achou, começando essa história que chamaremos de “O Diário do Mago”.

Pobre coitado do Johnnie, ele mal sabe sua vida pacata e chata irá mudar drasticamente, além de estar sendo vigiado por alguem como eu – quem que gostaria de um velho te perseguindo? – mas não me apresentarei, porque, digamos, minha situação física não é mais lá das melhores.