Dancing Until Morning Comes escrita por anachin


Capítulo 15
Capítulo 15 - Casa vazia


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap! Novas leitoras surgindo, eu fico tão feliz! Eu disse bem vinda "pessoalmente" pra cada uma, mas quero dizer de novo. Gente, vocês me deixam tão feliz! Obrigada por comentarem =D
Sugestoes/criticas/elogios/Kichin/pedradas, já sabem!



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Capítulo 15

Casa vazia

Mal podia acreditar que já era fim de semana. Eu estava sobrecarregada da escola, do John e do trabalho. Não tanto da Begum, porque eu adorava todo mundo lá – menos a minha irmã –, mas sim estava cansada da minha irmã mandando em mim. Eu raramente conseguia ir lanchar com todos no meio da tarde e isso era triste (mesmo que o Kichin sempre desse um jeito de me levar um sanduíche depois, não era a mesma coisa). Me sentia uma escrava, ou talvez a Cinderela. Eu estava começando a gostar de ficar em volta de todos, mas não podia porque sempre tinha algo pra fazer pra minha irmã. Estou há um mês nisso. Kichin sempre que podia me salvava para eu ajudá-lo na outra sala, e eu agradecia imensamente. Ele, no começo quando eu estava aqui, não era tão próximo quanto está agora, nem um pouco. Ele parecia ir falar sempre com a minha irmã e eu achava curioso. Será que ele gosta/gostava dela? Coitado.

Mas ele parecia se irritar quando Charlie vinha falar com ele nos últimos dias e as coisas estavam cada vez mais estranhas por aqui. Eu estava ficando super curiosa sobre todo mundo, mas ninguém parecia entender o motivo das alfinetadas dos dois. Eles pareciam bem amigos – talvez algo mais do que isso – antes.

Mamãe havia se casado há uma semana e estava arrumando as malas com Luke para viajarem para o Caribe. Ela estava eufórica, Luke parecia bem feliz também. A cerimônia dos dois no fim de semana passado foi bem simples, tanto que a festa foi aqui em casa mesmo. Ela estava linda com aquele vestido branco gigante, com cauda, véu e grinalda. Os dois se casaram somente no civil, então por isso tudo mais simples. Meus parentes vieram e os do John também. Os meninos da Begum também vieram e eu acabei me surpreendendo. Charlie por pouco não fez uma bagunça vendo Kichin a ignorando a cerimônia inteira e quase tive que apartar mais uma briga dos dois no meio dos votos. Mamãe e Luke queriam gastar o dinheiro, que era para ser usada em uma mega festa, com uma viagem por quase três semanas para algum lugar distante e bonito. E foi o que fizeram. Em duas horas estariam embarcando para o Caribe, e isso queria dizer: casa vazia.

É, para mim não fazia muita diferença, afinal eu já me trancava no quarto o fim de semana inteiro. Na maior da parte do tempo dormindo. Me sentia bem cansada ultimamente.

Mas nesse sábado foi bem diferente. Charlie não estava em casa, e depois dos pombinhos viajarem, eu me joguei no sofá. Fiquei tentando bolar alguma coisa para fazer durante o dia, já que John tinha me abandonado também. Mas não demorou muito para meu tédio acabar. A campainha havia tocado.

Será que mamãe se esqueceu de alguma coisa?

Olhei pela janelinha da porta e arregalei os olhos. Abri a porta rapidamente.

– Oi... – Falei vendo Kichin com meio mundo de sacolas. – Deixa eu te ajudar. – Falei rindo, pegando algumas sacolas.

Ele fechou a porta atrás de mim e finalmente pode me dizer oi.

Colocamos tudo na cozinha e eu fiquei olhando pra aquelas sacolas, sem entender nada.

– E então, estava no tédio de novo? – ele riu pelo nariz. Digamos que andamos conversando. – Ah, me esqueci de dizer quando cheguei: surpresa.

Ri um pouco disso.

Meu lado anti-social era jogado um pouco de lado quando se tratava do pessoal da Begum.

– Mais ou menos. O que te traz aqui?

– Não disse? Surpresa. – Ele disse divertido.

Engraçado, quanto mais ele brigava com a minha irmã, mais ele vinha aqui em casa. Ele era algo como “inversamente proporcional”. Eu não me importava, porque adorava conversar com ele. Era bastante legal.

– O que temos aqui? – Falei mexendo nas sacolas. – Já percebeu que sempre você me traz comida?

Ele riu bastante disso. Me sentia um bicho de estimação. Mas não me importava muito com isso, sério.

– É, talvez nossa amizade seja movida à comida. – Ele disse e eu assenti.

– Com certeza.

– E o John?

– Saiu. Geralmente sábado ele passa o dia inteiro fora. Às vezes até visita a mãe dele.

– Sempre me esqueço que vocês não são irmãos.

– Somos agora. – Falei divertida.

Ele pareceu pensar um pouco.

– E seu pai?

Ele falou rapidamente, talvez pensando que não era um bom assunto.

– Ele faleceu dois anos depois que eu nasci. – Falei lavando as mãos na pia, de costas pra ele.

– Ah, desculpe. – Ele disse sem graça e eu assenti negativamente.

– Só a Charlie conviveu com ele, eu nem me lembro de nada. – Falei dando de ombros.

No final das contas, fomos fazer um bolo de chocolate. Algo simples, afinal estávamos morrendo de fome e o almoço daqui de casa de hoje foi bem simples, afinal a mamãe tinha que terminar de arrumar as coisas pra viagem dela.

Saboreávamos o bolo, quando infelizmente o ambiente ficou pesado. Adivinha o que aconteceu? Charlie havia chegado com muitas, mas muitas sacolas mesmo. Olhamos confusos para ela e ela revirou os olhos quando nos viu na cozinha.

– Vocês não cansam? – Ela disse jogando tudo em cima do balcão. – Nunca vi um grude tão grande.

Reviramos os olhos. Depois que eu entrei na Begum, realmente ficamos bem mais próximos. Ele era muito simpático comigo e a companhia dele me fazia muito bem. Sem contar que ele estava me ensinando seus “passos especiais” ultimamente entre uma brecha ou outra entre as aulas. Era fantástico.

Continuamos a comer o bolo, ignorando as reclamações da Charlie. Ela tirava várias garrafas de dentro das sacolas e isso havia me chamado atenção. Mas nada comparado ao que vinha depois. Dois caras, por mais ou menos vinte minutos, entravam e saíam da cozinha para fora da casa carregando vários engradados.

– O que é isso? – Kichin cochichou para mim. Dei de ombros.

– Charlie, o que é isso? – Falei sem emoção, vendo-a pagando os caras e logo depois voltando para a cozinha, respondendo.

– Festa?! – ela disse soando óbvio.

Ai meu Deus. Da última vez que isso aconteceu, ganhei um irmão e um padrasto.

– E tem algum motivo para isso?

– E desde quando festa precisa de motivo para acontecer? – Ela disse rindo divertida. – Ah, Hide, se quiser ficar para a festinha que eu to organizando, à vontade. Irá acontecer daqui a duas horas e sem hora para acabar!

Olhei para Kichin, que por sua vez me olhou.

Meu olhar se resumia a “pelo amor de Deus, não me deixa sozinha com a minha irmã”.

– Não sei... – Kichin disse receoso.

– Por favor, eu te imploro, fica. – Eu cochichei para ele, que achou graça do meu desespero.

– Não se preocupe, Hide, aqui vai ter atrações que eu tenho certeza absoluta que você e Meggy vão amar.

O que ela andou aprontando?

– O que terá então? – Falei.

– Hum... Como eu poderia dizer? Stripers? Homens lindos tirando a roupa para todos os meus amigos presentes?

STRIPERS? Arregalei os olhos, Kichin tampou o rosto com a mão.

– Está maluca? Mamãe nunca permitiria isso aqui dentro de casa!

Espera aí, Charlotte, homens?! – Ele disse indignado. – O que quis dizer com “atrações que eu com certeza iria amar”? Está me chamando de gay?

Charlotte riu e eu fiquei sem graça.

– Eu não sou gay.

– Geralmente dançarinos são.

– Mas eu não sou.

E a confusão havia começado... Pareciam duas crianças brigando.

Depois de meia hora de bate boca, ouvi algo surpreendente de Kichin:

– Quer saber de uma coisa? Eu vou ficar.

– Viu, eu disse. Você é gay. – Charlie disse e eu já estava esparramada na mesa, esperando as duas crianças decidirem quem fica com o pedaço maior do bolo. Modo de falar, o bolo já havia terminado há séculos.

Kichin revirou os olhos.

– Acha mesmo que eu vou deixar a Megan aqui no meio dessa pouca vergonha?

Olhei para ele, me sentando normal. Achei engraçado o termo “pouca vergonha”.

– Ah, qual é Hide, ela vai adorar. Estou fazendo um favor pra ela.

– Favor? – Me pronunciei. – Está maluca? Isso está fora de cogitação.

– Não adianta, a festa vai acontecer vocês querendo ou não. Agora vou deixar o casalzinho careta aqui se entupindo de chocolate que eu tenho uma festa para organizar.

Nos olhamos e suspiramos.

– Ela me tira do sério. – Ele disse passando as mãos no rosto e no cabelo. Ficou meio assanhado e eu ri discretamente.

– Concordo. Mas chega um momento das nossas vidas que temos que aprender a ignorar.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Até a próxima!



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