Mais um dia como os outros. Acordei e fiquei-me pela cama. Não tinha vontade de me levantar, não tinha vontade de fazer nada. Estava farta de tudo, das bocas que me mandavam, das rasteiras, dos bilhetes ameaçadores, estava farta de viver. E tudo graças a Chris.

Já era meio-dia, e estar na cama não era vida para ninguém. Levantei-me e senti que era chumbo, passei a mão pelo cabelo e olhei-me ao espelho. Aquilo que via não me animava de todo. Porque tinha de ser assim? De ter um cabelo tão.. tão selvagem? Uns olhos tão grandes e.. e de ser tão.. tão feia? Porquê? Estava farta daquilo. Vesti uns jeans e o primeiro top que vi no armário, peguei as chaves de casa e saí para bem longe.

Já estava a caminhar à horas, quando dei por mim estava perdida no meio do nada. Puxei com força os cabelos e gritei como se não houvesse amanhã, não dava para continuar assim. Ando ás voltas, à procura de sinais de vida, voltei a agarrar os cabelos e mandei-me para o chão.

– Porquê? Porque tem tudo de me correr tão mal? Primeiro estou sozinha e depois perco-me? Boa, Filipa, estás a ir bem ! - Gritei eu

Ao fundo ouve-se um carro a aproximar-se.

– Boa! Agora estou a ficar maluca, já oiço coisas.. Fuuu!

O carro pára e alguém aproxima-se.

– Estás bem? O que se passa? Que fazes aqui? - disse uma voz doce.

– Estou perdida! - exclamei eu. - Nada me corre bem!

– Queres boleia? - disse ele com um sorriso do outro mundo

– Boleia!? Sim, claro que quero!

Os meus olhos brilhavam. Comecei a subir o olhar para fitar de frente aquele doce rapaz, que tinha parado a sua viagem para ajudar uma desconhecida.

– Entra (sorrindo) . Prazer, o meu nome é Liam.

– Olá, o meu nome é Fátima. Quer dizer.. Filipa!

– O que fazes aqui? No meio do nada?

– Vim apanhar ar, e acabei por vir dar aqui.

Aquele rapaz olhava-me com uns olhos brilhantes e ria-se do que eu tinha dito.

– Que foi? É verdade!! - disse eu meio chateada

– Nada Nada. Vives onde?

– WolverHampton.. (dei a morada)

– Boa, ia agora para lá.

Só podia ser um sonho, aquele rapaz vivia mesmo ao pé de mim eu nunca tinha dado de caras com ele. Serei assim tão idiota ou apenas me desliguei do mundo? Deixa, eu agora estava no paraíso. Não conseguia tirar os meus olhos do chão. Tinha um sorriso bobo e..Oh não, ele não fez isto! Ele tinha posto a mão dele na minha perna!

– Chegámos.

– Muito Obrigada.

Sais do carro e não conseguias parar de sorrir.

– Mais uma coisa.

– Sim? - disse entusiasmada

– Gostei de te conhecer - retorquiou ele com um ar envergonhado

Sorrio e entro em casa. Começo a rodopiar, numa melodia quase que angelical. Como podia ter tudo mudado assim de um momento para o outro? Como?