Destino escrita por Eve


Capítulo 39
Capítulo Trinta e Nove


Notas iniciais do capítulo

Mais uma sessão de agradecimentos: chegamos aos 230 acompanhamentos e eu me sinto extremamente honrada pela oportunidade que cada um de vocês me concedeu. Há vários dias em que eu sequer suporto ler uma linha dessa história; pensar que a maioria de vocês me aguenta aqui há anos é estarrecedor. Muito, muito obrigada mesmo.



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XXXIX

 

 

A pequena antessala estava mergulhada no mais absoluto silêncio desde que Poseidon falara pela última vez. Atena ainda não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir.

— Está me mandando embora? - Ela enfim perguntou, sua voz soando muito mais baixa e incerta do que há alguns minutos.

Poseidon balbuciou uma resposta negativa, mas ela sequer estava ouvindo direito. Deu-lhe as costas para que não visse o quanto fora afetada por aquela sugestão; o choque inicial dava agora lugar à respiração trêmula e sensação de formigamento que precediam o choro. Apoiou-se no parapeito da janela e inspirou profundamente algumas vezes o ar fresco que vinha de fora para se recompor.

Ela havia passado os últimos dias tentando manter-se suficientemente ocupada e distraída pelo trabalho complicado da tecelagem para que não tivesse tempo de vagar pelos pensamentos que preferia evitar, mas depois de um tempo a tarefa virava apenas um conjunto de gestos mecânicos e ela inevitavelmente se flagrava refletindo sobre os acontecimentos recentes. Havia pensado que nada nunca iria se comparar à decepção que sentira ao vê-lo dividindo sua cama com outra; que a indignação e abandono que a dominaram ao presenciar aquela cena e remoê-la por dias e dias seguidos seriam o máximo de mágoa que Poseidon poderia causá-la.

Aparentemente, estivera errada. A dor e a revolta daquela traição não eram nada quando comparadas à sensação verdadeiramente devastadora provocada pelo ato tão leviano de seu marido ao sugerir a anulação do casamento. Mesmo em seus momentos mais desesperançosos, ela nunca havia considerado aquela possibilidade. Talvez devesse; era mesmo a forma mais fácil e rápida de pôr um fim a essa questão de uma vez por todas. Mas ela não queria. Apesar de todo seu orgulho ferido e da vontade de fugir daquela situação degradante, acabar com o arranjo que tinham era uma medida extrema que nem uma vez sequer havia passado pela sua mente. E a aborrecia profundamente que ele parecesse tão disposto a desistir num piscar de olhos de tudo que haviam construído até ali.

— Foi você quem me trouxe até aqui. - Ela quebrou o silêncio mais uma vez, e a raiva já substituía rapidamente a apatia de antes. - Você propôs esse casamento, você me escolheu antes mesmo que eu sequer soubesse da sua existência, você me arrastou para o centro das disputas por poder da sua família, você provocou aquela cena ridícula ao trazer uma meretriz para dentro de nossa casa.

— E por isso mesmo estou ofe... - Ele começou a replicar, mas ela não queria ouvir suas justificativas. Respirou fundo e virou-se de volta para ele antes de interrompê-lo. Queria ver sua reação ao que diria; não poderia estar realmente considerando a possibilidade de que ela aceitaria esse insulto disfarçado de generosidade.

— Eu não pedi por nada disso e ainda assim, cumpri meu papel. Sorri e repeti os votos quando me mandaram, assumi os deveres e a senhoria de um castelo em uma terra forasteira, permaneci ao seu lado quando Cronos o ameaçou, estou há semanas me dedicando para que todas as negociações sejam um sucesso e possamos vencer a guerra que bate à nossa porta, e agora espera que eu simplesmente dê as costas a tudo isso?! - A exaltação transbordava da sua voz, que ecoava alta pelo cômodo. - Espera que eu aceite ser despachada de volta como algum tipo de rejeitada?

De volta para onde, aliás? A visita ao Olimpo havia mostrado de forma sutil mas eficiente que ela não mais pertencia à sua terra natal; tampouco ainda possuía um lugar na corte junto de Deméter e Perséfone. Atlântida era seu lar agora, o único que ela gostaria de ter.

Poseidon não a respondeu imediatamente e ela não esperou pela sua deliberação. Não tinha estruturas para ouvir mais do que ele tivesse a dizer sem desabar por completo, e não faria isso ali na sua frente. Desviou o olhar e só hesitou um pouco antes de dar a volta no cômodo em direção à porta. Agradeceu aos céus quando ele não tentou impedir sua passagem, e em questão de segundos havia alcançado as escadas buscando se afastar tanto quanto possível da fonte de suas atribulações.

 


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Notas finais do capítulo

Um aviso: o Nyah anda cortando aleatoriamente frases das respostas que escrevo aos reviews de vocês, então caso tenham recebido algo meio estranho provavelmente esse foi o motivo. A próxima atualização será dupla de novo e inshallah os capítulos novos estarão aqui bem mais rápido do que de costume.
Beijos e abraços, e muito obrigada por tudo mais uma vez ♥