Destino escrita por Eve


Capítulo 31
Capítulo Trinta e Um


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, é o que dizem por aí. Capítulo dedicado à Lizzy di Angelo pela recomendação, aos que deixaram comentários nos capítulos passados (eu leio todos, só não tive tempo de responder) e àqueles que foram me procurar pelas mensagens, tumblr, e twitter. Sem o empurrãozinho de vocês eu provavelmente não voltaria.



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XXXI

 

 

Os últimos dias resumiam muito bem a bagunça que a vida de Atena havia virado. Suas responsabilidades variavam de comandar um castelo e educar um grupo de jovens e crianças até organizar um evento quase tão festivo quanto diplomático, lidando com todos os pormenores de negociações entre famílias de vassalos e burocracias da nobreza, tudo isso enquanto tentava entender sua relação com Poseidon, seu marido-de-mentira que a cada dia parecia menos com sua designação inicial e se aproximava mais de um companheiro de verdade. Era difícil lembrar-se do acordo que fizeram sobre seu casamento de fachada quando ela dividia cada pedaço de sua vida com ele tão facilmente como se eles se conhecessem desde sempre. Era difícil lembrar os motivos pelos quais ela não quisera ser sua esposa quando ele a encontrava de surpresa no meio de um dia atarefado para ambos, e a tirava de sua pressa apenas para beijá-la como se Atena fosse um objeto de adoração. E além de tudo, era difícil lembrar que eles estavam sob uma ameaça de guerra vinda de sua própria família (quando ela passara a considerar os Valence sua família?) quando depois de um dia particularmente cansativo ela se permitia dormir no conforto dos braços de Poseidon, estranhamente tranquilizada e certa sobre o futuro.

Por Deus. Que verdadeira tragédia havia virado todas as suas determinações fixas de orgulho e promessas de ódio eterno àquele casamento forçado. Era preferível jogar todas essas aflições para o fundo mais obscuro de sua mente e apenas se deixar levar pelos rumos dos acontecimentos, como ela vinha fazendo há algum tempo, desde que percebera seus sentimentos começando a mudar.

— Milady. – Era James, o mais velho de seus intendentes recém-treinados, a chamando. – Acabamos de receber a última confirmação de presença para o baile. Isso totaliza 10 famílias de vassalos ou potenciais vassalos que iremos receber.

— Que ótima notícia! – Ela se permitiu responder, sem deixar transparecer nada do conflito que se passava em sua mente há apenas um segundo. – Faça uma relação de quais serão as maiores comitivas e as famílias mais importantes, e reserve os quartos da torre leste para estes. As comitivas menores ficam na torre norte. Prepare os quartos extras da ala dos criados, e avise as tabernas e estabelecimentos da cidade que se preparem para provavelmente abrigar pessoas de fora.

— Sim, senhora.

— E mande Anne vir com Bia e Penélope aqui, pois ainda tenho instruções a passar a elas.

James fez uma reverência e saiu rapidamente para cumprir suas tarefas. Alguns minutos depois, as três garotas que Atena havia mandado chamar estavam à porta de seus aposentos. Atena fez um gesto para que elas se sentassem à mesa junto dela.

— Penélope, temos que preparar a cozinha para alimentar pelo menos 200 pessoas durante o tempo em que tivermos com hóspedes aqui no castelo, fora o banquete do dia do baile. Faça uma lista com tudo que vai precisar ser trazido da cidade ou de fora, quantas assistentes a mais devem ser colocadas para te ajudar, e tudo o mais que você precisar.

Penélope apenas assentiu. Atena ainda não havia se acostumado com o jeito discreto e reservado de sua cozinheira-chefe. Elas não tinham muito contato direto, pois na maioria das vezes Atena apenas passava as ordens a Bia, seu verdadeiro braço direito, que as fazia cumprir em todos os setores do castelo, incluindo na cozinha.

— Bia, você vai supervisionar a preparação dos aposentos de nossos hóspedes, e comandar o abastecimento do nosso estoque de velas, lenha, e o que mais for necessário para o conforto das famílias.

— Vamos precisar trazer mais pessoas para cuidar das necessidades de cada quarto – Bia acrescentou. – O número de criadas que tenho agora não será o suficiente.

— Sem problemas, você tem minha permissão para trazer quem mais for necessário. E Anne – Atena agora se direcionava à sua jovem intendente – você vai ficar responsável pelo recebimento dos carregamentos de cerveja, vinho, licor, e outras bebidas que estão chegando para abastecer o castelo e o baile. Também quero que chame quem ainda estiver disponível para ajuda-la a preparar a comemoração para o povo da cidade. Devemos levar um pouco da festividade para fora dos muros do castelo, ou eles não ficarão nada contentes.

— Sim, milady. – Anne respondeu.

— Isso é tudo, eu acredito. Caso surja alguma outra tarefa, mandarei avisá-las.

As três se levantaram, fizeram suas reverências e saíram. Atena se permitiu relaxar em sua desconfortável cadeira e fechar os olhos por alguns segundos, aliviada por finalmente estar com tudo encaminhado para este baile. Ainda faltavam algumas semanas até o tão aguardado dia, mas mesmo assim ela chegara a pensar que não seria possível organizar tudo a tempo.

Atena voltou à realidade quando ouviu a porta se abrir. Sem surpresa, ela viu Poseidon entrar na sala e prontamente caminhar até ela, inclinar-se até que seus rostos estivessem à mesma altura e depositar um beijo rápido em seus lábios, para em seguida ocupar seu lugar de sempre e começar a lidar com sua papelada.

— Parece preocupada. – Ele comentou casualmente. – Algum problema?

— Não, nada. É apenas cansaço. – Ela respondeu, observando enquanto seu esposo pegava a pena e o tinteiro na gaveta ao seu lado e começava a assinar alguns decretos. Ele floreou seu nome em uma petição, colocando-a de lado em seguida e voltando seus intensos olhos verdes para Atena.

— Devia ir descansar, então. Tire o resto da manhã de folga. – Ele disse.

Atena sorriu com a gentileza daquela frase. Ela não estava acostumada a ter alguém cuidando do seu bem-estar.

— É exatamente o que farei. – Ela respondeu, levantando-se de seu lugar, mas então se lembrou de algo e parou a meio caminho de sair. – Temos alguma nova notícia de Cronos?

Poseidon franziu o cenho ao ouvir o nome de seu pai.

— Não, nada desde a última carta. Suponho que isso signifique que não teremos mais avisos. Ele provavelmente já está também reunindo os vassalos e preparando seu exército.

A preocupação na voz dele era perceptível. Atena inclinou-se em sua direção e pegou a mão dele na sua, na tentativa de dar um aperto tranquilizador. Poseidon levou suas mãos unidas à boca e beijou os dedos dela suavemente. Nenhum dos dois falou mais nada. As coisas entre eles não precisavam de muitas palavras.

E foi com essa constatação surpreendentemente natural que Atena se retirou, deixando que Poseidon continuasse seu trabalho sem mais distrações.


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