Destino escrita por Eve


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Oito


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá. Meados de janeiro, foi o que eu disse, mas uma viagem fora dos planos me impediu de postar mais cedo. De qualquer maneira, aqui estão. Queria dedicar os três capítulos de hoje às maravilhosas Kate Lewis, Athena Valdez, Tris Baudelaire e Ella, que deixaram recomendações lindas e graciosas que ainda não tive a oportunidade de agradecer. Então, muito obrigada, meninas.



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XXVIII

 

Ainda chovia quando Poseidon acordou na manhã seguinte. O castelo estava mais frio e mais sombrio devido às nuvens pesadas que cobriam todo o céu. Sem a luz do sol para acordá-lo como acontecia todos os dias, Poseidon percebeu que estava muito atrasado. Então vestiu-se depressa e desceu as escadas correndo direto para o térreo, sem parar para o desjejum.

Chegando ao vestíbulo, surpreendeu-se com o que viu. Esperava encontrá-lo vazio, mas o espaço estava cheio de pessoas, das quais a maioria eram jovens ou crianças. Elas andavam animadas, observando tudo a seu redor, algumas arriscando subir os degraus das escadas para examinar os andares superiores. E no meio dessa bagunça, estava Atena.

Poseidon sorriu involuntariamente ao vê-la. Sua esposa usava hoje um vestido cinza como seus olhos, com um pesado manto por cima, e seus cabelos dourados estavam firmemente presos em uma trança que se apoiava em seu ombro esquerdo e descia pelo seu tronco, alinhando-se suavemente com a cintura delicada. Caminhou até ela, desviando de algumas das crianças que agora corriam livremente pelo salão. Atena conversava com Bia e não viu quando ele se aproximou por trás. Ele esperou até que a criada se retirasse para então entrar em seu campo de visão e dizer:

— Bom-dia. – Ela pareceu surpresa ao vê-lo ali. Observando-a agora de perto, ele viu que Atena estava muito pálida e seus lábios levemente rachados, provavelmente devido ao vento frio e seco que corria pelo castelo.

— Bom-dia. – Respondeu naquela sua voz delicada e mansa, quase preguiçosa. Era impossível, ao olhar para ela, não se lembrar da noite anterior, e de como a expressão impassível dela se desfez quando ele a beijou sob a chuva.

— Posso saber o que significa isso tudo? – Poseidon perguntou, fazendo um gesto que abrangia as crianças ao seu redor.

Atena olhou em volta como que para certificar-se do que estava fazendo, e então respondeu:

— São nossos futuros intendentes. Começarei a treiná-los hoje. – Com o mesmo tom desinteressado, perguntou em seguida: – Por que não apareceu para o desjejum?

— Dormi demais. – Poseidon admitiu. – Inclusive, estou atrasado para resolver algumas coisas lá embaixo agora.

“Lá embaixo” era a expressão que ele usava desde criança para se referir a qualquer região compreendida do espaço externo do castelo em diante, muito embora o feudo fosse uma colina onde a parte externa ficava em cima.

— Devia ir logo, então. – Ela falou, erguendo uma sobrancelha como se desaprovasse o atraso dele.

— É, eu devia. – Poseidon concordou, mas não deu um passo para sair dali. Na verdade, o que ele fez foi se aproximar ainda mais dela, precisando apenas de um segundo para anular a distância entre os dois, e antes que Atena pudesse dizer qualquer coisa, beijou-a.

Ela afastou-se um pouco pra trás, surpresa, mas então relaxou contra seu corpo e ergueu uma mão suavemente até sua nuca, segurando-o firmemente ali. Poseidon sorriu contra os lábios dela, antes que estes se abrissem para os seus na mesma sincronia perfeita da noite anterior. Ele envolveu sua cintura com um braço, puxando-a para mais perto enquanto aprofundava o beijo. Poseidon poderia continuar daquela maneira pelo resto da manhã, mas cedo demais Atena se afastou, ofegante e obviamente surpresa pelo que tinha acabado de fazer. Olhou em seus olhos um pouco perdida, e então enrubesceu.

— Eu... – Ela tentou falar, mas sua voz era praticamente um murmúrio. Pigarreou. – Você devia mesmo ir.

Poseidon sorriu, e ainda beijou seus lábios brevemente mais uma vez antes de partir. Então lhe deu as costas antes que recebesse um tapa, e desceu alegremente o corredor até a área dos criados. Planejava passar na cozinha para pegar uma fruta qualquer antes de descer até a estribaria, e estava tão distraído em seu caminho que quase não viu, em um dos corredores adjacentes, Ulisses pressionando alguém contra a parede.

Parou e observou. Não havia nenhuma tocha acesa naquele corredor desprovido de iluminação natural, então tudo o que ele via era dois vultos, mas era impossível não reconhecer o porte do italiano. Havia um vulto menor entre ele e a parede, obviamente uma mulher, e eles estavam bem próximos, mas não se beijando. Poseidon pigarreou para chamar a atenção dos dois, e imediatamente eles se separaram quase assustados.

— Posso saber o que está acontecendo aí? – Perguntou. Ulisses caminhou até onde Poseidon estava, permitindo que suas feições ficassem à vista, e falou com seu forte sotaque:

— Nada, milorde. Com licença. – E se retirou rapidamente dali. A garota que estava com ele tentou sair despercebida, mas Poseidon a reconheceu imediatamente.

— Penélope?! – Ele não poderia estar mais surpreso. O que a delicada e talentosa Penélope fazia com aquele cavaleiro meia boca metido a galã?

— S-sim, meu senhor? – A garota falou hesitantemente, curvando-se em uma reverência.

— O que... O que estava acontecendo aqui?

— Não estávamos fazendo nada desrespeitoso, milorde, eu lhe juro. Eu estava apenas conversando com Sir Ulisses.

Poseidon suspirou. Já imaginava que tipos de truques baratos Sir Ulisses estaria utilizando para levá-la para a cama.

— Penélope, querida... O que quer que ele tenha lhe prometido, por favor, não acredite. Eu conheço bem o tipo desse Ulisses, e sei o que ele está buscando em você.

A moça ficou extremamente vermelha.

— Me ofende que o senhor pense que eu me entregaria dessa forma, milorde. Com licença. – E saiu dali rapidamente.

Bem, ela não poderá dizer que não foi alertada, pensou, e em seguida seguiu também seu rumo.

...

O dia não foi muito produtivo. A chuva que continuou forte o impedia de resolver qualquer coisa fora do castelo, então ele acabou confinado a seu escritório. Atena não aparecera para ajudá-lo, uma vez que dedicara seu dia apenas aos pequenos futuros intendentes. Então suas únicas companhias foram as cartas e petições e o que mais aparecesse e precisasse de sua assinatura. No momento, ele ocupava-se de escrever inúmeras cartas a senhores de feudos vizinhos, pois Atlântida precisava renovar seus acordos de vassalagem, além de tentar obter novos. Ele almoçou ali mesmo, decidido a acabar tudo naquele mesmo dia para que pudesse enviar todas as cartas logo, e a tarde passou num pulo. Quando finalmente concluiu tudo o que tinha de fazer, recostou-se em sua cadeira e pegou a carta que repousava sobre sua mesa há dias.

Seu pai a havia enviado poucas semanas após o casamento. Poseidon ainda não a havia lido, pois tinha uma boa ideia do conteúdo e já repudiava a ideia. Mesmo assim, não podia adiar aquilo para sempre. Então, mesmo que a contragosto, abriu o envelope com o selo negro de seu pai e preparou-se para o que vinha a seguir.

A carta era curta e objetiva. Não demorou dois minutos para terminá-la. E dizia exatamente aquilo que ele temia: Cronos exigia que seu filho submetesse Atlântida a Ótris por meio de um acordo de vassalagem que duraria enquanto os dois feudos existissem. Isso significava basicamente que todo o povo de seu feudo trabalharia para sustentar Ótris, enquanto Poseidon e seus descendentes estariam sob o comando de Cronos.

Poseidon nunca aceitaria aquilo. Mas dizer não a seu pai só podia significar uma coisa: Ele teria de lutar para garantir seu domínio.

...

Estava exausto e preocupado quando a noite chegou. Ainda chovia torrencialmente, e tudo o que ele desejava era um banho muito quente e então dormir bem enterrado nas cobertas. Foi prontamente atendido em seu primeiro desejo, mas quando se preparava para deitar, uma agitação no cômodo ao lado chamou sua atenção. Caminhou até a porta que dividia seu quarto e o de Atena e a abriu suavemente, encontrando uma cena um tanto curiosa do outro lado.


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