Enquanto corria em direção aos agentes que tentavam recuperar o caminhão, Rudolph se viu acompanhado de Claire.

— E aí, capitão? – disse ela, como se estivessem apostando uma simples corrida entre amigos, e não num campo de batalha cercados por inúmeros inimigos. – Qual é o plano agora? Esses caras acabaram de chamar os amigos deles para a festa. Nós estamos infinitamente em menor número. Não creio que possamos aguentar todo esse reforço deles.

— Não – concordou Rudolph. – Temos que recuar. Primeiro, vou tirar esse caminhão daqui. Quero que você e os agentes retornem para o Quinjet e preparem-se para puxar o caminhão para dentro dele. Faça com que os Vingadores entrem no outro Quinjet, o que está sobrevoando a área, e providencie uma equipe para cuidar do Barton assim que estiverem a bordo.

— Entendido – disse Claire. – Pelo visto nem a fórmula alienígena é suficiente para dar conta dessas aberrações geneticamente modificadas.

            Rudolph parou de correr e encarou-a, perplexo.

— Como você sabe...

— Ora, capitão, relaxa. Seu segredo está seguro comigo. Eu entendo mais sobre a sua fórmula do que você pode imaginar. – Ela sorriu maliciosamente. – É melhor correr. Eu vejo você no Quinjet!

            E ela correu em direção à nave. Ainda confuso, Rudolph voltou a correr para o caminhão, decidido a averiguar a agente Finn e o que ela dizia saber sobre o soro em um momento posterior. Afinal, segundo Fury, só ele e Rudolph sabiam que o agente havia recebido o soro antes de ser encontrado pela SHIELD.

            Ele alcançou o cerco dos soldados que atacavam os agentes que tentavam recuperar o caminhão. Rudolph abriu caminho distribuindo socos e pontapés nos soldados, e gritou orientações aos agentes em volta do caminhão.

            Enquanto os agentes entravam pela traseira do caminhão, expulsando os poucos soldados que ainda estavam dentro dele, Fuentes se lançou pela janela da frente, quebrando-a e aterrissando no assento do motorista. Como imaginava, a chave ainda estava presa ao volante. Ele deu a partida, o motor roncou e o veículo partiu em disparada, esmagando alguns soldados que tentavam impedir o avanço do caminhão.

            Enquanto dirigia, Rudolph sacou sua lança, e brandia ela contra seus inimigos no lado externo do caminhão, espetando o olho de um dos soldados, cortando a orelha de outro, e perfurando o peito de alguns deles. Quando estava se aproximando do Quinjet, ele guardou novamente a arma. Um dos soldados conseguiu abrir a porta do lado do carona e tentou alcançar Rudolph, mas o porto-riquenho sacou rapidamente um dos revólveres em sua cintura e efetuou cinco disparos contra o oponente, que caiu imóvel na areia ao cair do caminhão da SHIELD.

            Quando o caminhão conseguiu enfim chegar à nave, Rudolph desligou o motor e desceu do banco do motorista, pedindo passagem aos demais agentes e orientando-os para que prendessem o veículo ao interior do Quinjet. Ele saiu correndo da nave e voltou para o deserto, correndo em direção ao grupo que protegia Barton. Steve, Thor, Natasha e o resto dos agentes havia conseguido dar conta da maioria dos inimigos, com apenas alguns remanescentes mantendo a ofensiva, mas a duras penas. Rhodes havia conseguido libertar Tony dos soldados que haviam tentado arrancá-lo de dentro da armadura, e os dois agora estavam soltando as amarras que prendiam o Hulk, enquanto efetuavam disparos com seus raios repulsores e mísseis nos soldados que ainda tentavam cercar o Hulk. Rudolph reparou que Peter e Logan atuavam em combate como se fossem parceiros de longa data, com Peter enroscando os soldados em sua teia e atirando-os para Logan, que os cortava com suas garras. Aquela tática dos dois provavelmente havia salvado o grupo que protegia Barton da ofensiva terrorista. Isso e ajuda do segundo Quinjet que havia efetuado múltiplos disparos contra as forças inimigas. Agora, a nave estava pousando atrás dos Vingadores, e Natasha orientou os agentes a levarem o inconsciente Gavião Arqueiro para dentro dela.

— Steve! – chamou Rudolph pelo comunicador, correndo para alcançar o grupo. – Faça os Vingadores embarcarem nesse Quinjet, por favor!

— É pra já!— retrucou o veterano da Segunda Guerra, e imediatamente ele e Thor seguiram o grupo de Natasha para dentro da nave, enquanto Logan e Parker davam conta dos últimos soldados em volta deles.

            Rudolph alcançou os dois e sacou sua lança, perfurando os soldados que estavam ao seu alcance até que o último deles caiu inerte na areia mexicana. Ele olhou para Peter e Logan, e agradeceu a ambos com um aceno de cabeça.

— E agora, chefe? – disse Peter em tom brincalhão.

            Rudolph olhou para longe. Stark e Rhodes haviam conseguido liberar o Hulk, mas o grandalhão estava bastante ferido e, aos poucos, estava voltando à sua forma de Banner. Tony o carregou consigo enquanto Rhodes despistava os últimos agentes inimigos e atirava contra o segundo tanque. Rudolph esboçou um sorriso, mas hesitou ao ver o alinhamento dos demais soldados que haviam chegado pelos novos tanques, que pareciam se preparar para reiniciar a ofensiva.

— Stark, Rhodes! Vão para o Quinjet com Banner! – gritou ele pelo comunicador. Quando ambos assentiram pela transmissão, ele se voltou para Logan e Peter. – Vocês dois, entrem também. Vou esperar eles três se juntarem a nós. Não temos condições de dar combate ao resto da armada dos Emirados nesse momento. Precisamos traçar uma nova estratégia. Vão!

            Eles assentiram e correram para o Quinjet. Pelo canto do olho, Rudolph viu o primeiro Quinjet se preparando para decolar. Ele pensou nos agentes que estavam a bordo do segundo Quinjet e pediu a Natasha, pelo rádio, que mandasse os agentes da SHIELD saírem para a outra nave, mas a ruiva respondeu que não havia mais nenhum agente na nave, só os Vingadores.

— E Rudolph – acrescentou ela. – Precisamos decolar logo se quisermos fazer o Clint melhorar. Aqui na nave só tem material de primeiros socorros. Eu já fiz o que podia, mas ele precisa de um atendimento mais apropriado. Diga ao Stark e aos outros para embarcarem logo!

— Pode deixar! – respondeu ele.

— E a agente Finn fez questão de subir a bordo conosco. Ela está no assento de piloto, dizendo que são ordens do Nick – acrescentou Natasha. – Disse ainda que nem eu, nem você, nem ninguém tem autoridade para retirá-la da nave além do próprio diretor.

            Droga, pensou Rudolph, ainda desconfiado da outra agente.

— Que seja! Depois veremos o que fazer com ela! Vou buscar Banner, Stark e Rhodes! – anunciou ele, e desligou a transmissão.

            Ele correu ao encontro de Stark, e este colocou Banner sobre as costas de Rudolph. O Homem de Ferro e o Máquina de Combate continuaram efetuando disparos até que o segundo tanque explodiu; Rudolph alcançou a nave, onde Steve e Thor retiraram Banner de seus ombros e o deitaram numa maca, próximo de onde Barton estava deitado. Ao mesmo tempo, o primeiro Quinjet decolou e ganhou velocidade, partindo em direção ao invisível Helicarrier.

            Quando o segundo tanque foi destruído, as tropas dos Emirados recomeçaram a se movimentar, avançando em direção ao Quinjet. Stark e Rhodes entraram na nave, e Rudolph ordenou que Natasha fechasse as comportas. Claire Finn fez a nave levantar voo e aumentou a velocidade dos propulsores, afastando-os do enorme exército que vinha atrás deles, até que o deserto de Tijuana, manchado pelo sangue dos super-soldados terroristas e dos agentes da SHIELD que morreram ao combatê-los, virou apenas uma imagem longínqua no horizonte.

            Rudolph andou a passos largos e irritados em direção ao assento do piloto, checando a situação de cada um dos passageiros. Natasha colocava curativos em Bruce, cuja forma humana exibia várias cicatrizes grandes. Barton continuava deitado, respirando, mas inconsciente e cheio de ataduras. Logan e Peter haviam desabado na parede do avião e conversavam tranquilamente no chão, enquanto Stark e Rhodes saíam das armaduras e preparavam-se para guarda-las em um dos anexos do Quinjet até que voltassem ao solo. Steve e Thor conversavam enquanto observavam Natasha atender Bruce; os dois acenaram levemente para Rudolph quando ele passou por eles. Finalmente, ele alcançou a frente da nave, onde Claire Finn estava sentada, conduzindo-os para o norte.

— Espero que tenha uma explicação razoável para tudo isso, agente Finn – disse Fuentes, cuspindo as palavras sobre a outra agente.

— Fica tranquilo, Capitão Marvel – respondeu ela. – Quando pousarmos, vou te explicar tudo. Uma pena não termos vencido em sua primeira missão.

— Vou aguardar ansiosamente pelas suas palavras, agente – retrucou ele. – Ao menos, não perdemos muitos dos agentes, e todos aqui na nave estão vivos. Mas, no momento, minha maior curiosidade é: para onde está nos levando?

            Ela sorriu sem tirar os olhos do horizonte à sua frente.

— Para o lugar onde o diretor me orientou a leva-los caso tivéssemos que fazer uma saída emergencial como essa. Um refúgio.