Não há outra saída. Ela dizia para si mesma enquanto chorava encostada na parede e sobre sua poltrona vermelha aveludada. Nada mais importava, mesmo que ela manchasse seu aposento caro ou ao menos o mundo estivesse em um apocalípse, não iria fazer diferença. Ela só queria não estar mais ali, entre os vivos.
Desejava somente sumir daquele lugar, encontrar um paraíso distante onde pudesse permanecer, para sempre. O motivo? Estava grávida, o simples teste de farmácia havia dado positivo, indicando que dentro de seu corpo havia um ser que estava por vir.
 Duas garrafas de Vodka já estavam vazias. Sem o mínimo de consciência, tomou pílulas e bebidas. Ela não se importava com o bebê, sabia que isso o prejudicaria posteriomente, mas continuou até acabar. O máximo que os ''remédios'' fizeram, foram adormece-la, somente.
Seriam muitos problemas que estavam por vir. A gravidez afetaria totalmente sua vida, tanto profissional como a universitária.
Passou algumas horas e ela havia acordado de seu profundo sono, não conseguiu segurar as lágrimas e chorou, chorou e chorou. O dia seria intenso, teria que contar toda a verdade para o pai, ela teria de ser forte, pois uma notícia dessa, mudaria completamente a vida dos dois.
Nem ao menos trocou de roupa e nem fizera o cabelo. Somente enxugou as lágrimas e fora pra faculdade.
 Só havia ela na sala de aula. Não conseguia para de pensar, estava perdida, literalmente. Todos tinham ido embora e só ela permaneceu, com a esperança de Andrew aparecer a qualquer momento.
 Olhava e fitava todos os cantos, até mesmos para os lápis que estavam sobre sua mesa, sem nenhum propósito.
 Havia um papel em branco, sem no mínimo um risco, talvez estivesse igual a sua vida a partir de agora, sem respostas.
 Havia chegado a hora. Andrew sem no mínimo de inocência, agarrou Audrey e tentou beijá-la. Ela por si estava como sempre fria, e acabou se esquivando, impedindo que ele tocasse em seus lábios.
__ Para por favor. Precisamos conversar. É um assunto sério Andrew.- disse Audrey aflita.
__ Como quiser Lady Audrey.- disse ele com um certo sarcasmo no tom de voz.
__ Vamos para o pátio, lá é melhor.
__ Está nevando e muito frio.
__ Não importa, venha comigo.
Audrey sentou-se sobre a neve, mas Andrew a fez deitar e a beijou ligeramente.
__ Para Andrew! É sério! Não estou brincando! Levante-se agora, precisamos conversar.
__ Já parei, você também hein... é tão grave assim?
Um silêncio permaneceu entre os dois. Audrey e Andrew se levantaram rapidamente e...
__ Estou grávida.
Andrew sequer falou uma palavra, fcou quieto, engoliu a seco a notícia. Ele sabia que essa gravidez iria acabar com seus futuros planos.
_ Grávida? Como assim grávida?
__ Você está surdo Andrew? Eu disse que estou grávida.
Neste exato momento Audrey começou a chorar, lembrou de tudo que estaria por vir.
__ Não fique assim Audrey eu vou estar aqui, sempre ao seu lado. Eu assumo a responsabilidade de criar um filho, somos jovens, eu sei, mas não adianta chorar agora, não há como impedir. O que está feito, está feito.
Ela não esperava essa reação, ninguém esperava. Andrew era apenas um garoto mimado e rico como todos na faculdade. Não seria surpresa se rejeitassem ou ao menos ignorassem o próprio filho. Para ela, todos eram iguais... irresponsáveis e imaturos.
__ Lave o rosto e vá para a cafeteria. Fico te esperando, tente se acalmar e vá, tudo bem?
Audrey demonstrou um ''sim'' com um tímido sorriso. Ela estava mais aliviada, não era realmente aquilo que ela esperava, mas Andrew a surpreendeu.
Sem no mínimo de noção do tempo, Audrey ajeitou seus cabelos, retocou a maquiagem e cessou as lágrimas. Fora pra cafeteria já tarde, sem querer saber se Andrew estava preocupado com a hora.
''Onde está Audrey?'', ele se perguntava de cinco em cinco minutos, ela estava demorando demais para chegar a República e ir até a cafeteria. Sem demoras, Andrew logo escolheu o que o casal iria comer. Sopa para Audrey e suco para Andrew.
Finalmente, os dois já estavam juntos na cafeteria Repúblique com um nome nem tão original. Estava totalmente vazia, só havia os dois e a moça gorda de verruga preta que servia a comida, curioso, pois dias de semana custumavam ser disputados os lugares nas mesas.
Andrew logo perguntou:
__ Por que você demorou tanto? Sabia que eu tive que encarar aquela verruga preta nojenta sozinho?
__ Ah, Andrew. Por favor, sem piadas agora.
_ Audrey, por favor, tenta se acalmar. Eu já disse que vou estar aqui sempre.
__ Não Andrew, não é por isso que estou chorando. É por simplesmente esse bebê prejudicar minha vida. Vou ter de parar o ballet clássico para cuidar dele e ainda trancar a faculdade.
Ele se calou. Não disse mais uma palavra sequer, não havia dúvidas de que sua amada precisava de ajuda.
Foram entre goles de suco laranja azedo e colheradas de sopa de legumes, que os dois entendiam que precisavam ser fortes e estarem juntos para encararem futuros problemas.
_ Já vou indo Andrew, preciso descansar e fazer as tarefas. Boa noite amor.
Para quem era fria, uma ação dessas e uma simples fala faziam a diferença. Audrey estaria mudando seu comportamento?