É engraçado pensar que um dia eu já havia me deitado com ele. Mais engraçado ainda, é saber que já fui dele.

Byun BaekHyun.

Apenas mais um nome na grande lista de Park Chanyeol. Alguns diziam cegamente que eu havia mudado aquele desgraçado. Olhando por esse ponto de vista, realmente eu havia feito a diferença.

Chanyeol era conhecido por a cada dois dias aparecer com uma namorada nova, era o mais popular de toda a faculdade, o mais bonito e gentil. Mas não mudava o fato que ele era um grande filho da puta. E o pior, eu amava ele. E para falar a verdade, ainda amo.

Do tempo em que eu ‘’namorei’’ Chanyeol, já se passaram três anos, mas não foram o suficiente para eu esquecer ele. Por incrível que pareça aquele garoto tinha algo de especial... o sorriso largo, que ia de orelha a orelha. O timbre grave da voz que possuía, os cabelos um pouco ruivos...

Se quisesse, poderia se passar por uma pessoa normal. Com caráter. Mas na realidade, ele não prestava.

Irônico pensar que nas noites de sábados, ele ia até a minha casa apenas para ficar abraçado comigo. Ele dizia gostar do meu cheiro, dos meus braços em volta do seu corpo aconchegando-o em um leve carinho. Costumava dizer que o meu sorriso inocente escondia um ser pervertido e sensual. E eu cometi um erro grave. Eu acreditei.

Em todas as palavras e juras de amor que ele me dizia eu acreditava, achava que ele realmente sentia algo por mim, afinal, ele era um ótimo ator.

Você deve estar se perguntando o que ele fez para a minha pessoa. A resposta?

Nada.

Isso mesmo absolutamente nada. Ou melhor, ele fez sim. Ele me fez se apaixonar por ele. É por isso que eu odeio tanto Chanyeol, me fez quebrar a juramento solene que fiz quando menor.

Nunca iria me apaixonar. Em hipótese nenhuma.

Mas infelizmente (ou felizmente) eu não me arrependo de nutrir um sentimento mais forte por ele. Das noites que passávamos apenas abraçados sentindo as nossas respirações se mesclarem, o calor que o corpo dele emitia, poder sentir a pele quente dele quando roçava na minha. Ou até mesmo das noites em que bebíamos até vomitar tudo para fora do estômago e terminar a madrugada gemendo em meio ao sexo como se o mundo fosse acabar naquele instante.

Ele me fazia rir por coisas pequenas e sem sentido, era como uma criança num corpo de um adulto, o que me fazia acreditar ser o único que já tinha visto esse lado dele...
Esquecer Chanyeol definitivamente estava fora de questão, por mais que meu ódio se misturasse com um amor esquecido, eu não queria perder as lembranças dos momentos em que passei com ele. Querendo ou não, ele me afetava. Diretamente. E de todas as formas.

Afogar meus sentimentos em bebidas não levariam a nada, eu havia abandonado Chanyeol, eu tinha medo de nunca conseguir me assumir, de nunca poder revelar ao mundo que eu amava meu dongsaeng. Vê-lo chorar partiu meu coração em vários pedaços, eu nunca mais poderia chama-lo de meu.
Eu queria poder sair correndo a abraça-lo dizer que tudo ficaria bem e que eu aquilo era apenas uma brincadeira de mal gosto. Dizer que eu nunca iria deixá-lo.

Mas se eu fizesse isso as consequências seriam graves. Tanto para mim, quanto para ele.

Quando completamos oito meses de relacionamento, cheguei a conclusão que não poderíamos manter nosso amor por debaixo dos panos. Antes de tudo, eu deveria conversar com o Sr. Park.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria feito aquilo.

Sim, seria a escolha mais sensata no momento, mas não foi. Contei tudo, absolutamente tudo ao homem. Até pensei que ele aprovou nós dois juntos, o casal ‘’BaekYeol’’ como nossos colegas carinhosamente nos chamavam. Mas estava redondamente enganado. Com toda a frieza do mundo, o meu ‘sogro’ disse as palavras que ainda teimavam me atormentar as minhas noites.

‘’- Se afaste do meu filho, ele já tem o casamento arranjado com uma boa menina. E você, seu verme não vai atrapalhar o futuro dele... Suma da vida de Chanyeol, ou eu mando ele pra longe. Você sabe do pequeno problema que ele tem... é a desculpa perfeita para interna-lo em um hospício. Pelo menos lá, ele vai estar longe de aberrações como você sr. Byun’’

A partir daí minha vida se tornou um inferno. Passei a ignorar Chanyeol na faculdade, não atendia suas ligações, apagava os sms’s com a vontade louca de responder. Cheguei até apagar o número da lista de contatos. Até que alcancei meu limite.

Puxei Chanyeol para dentro de uma das salas de limpeza em um dia comum de aula e desabei. Derramei todas as lágrimas que podia e selei nossos lábios pela última vez. E sinceramente, aquele simples roçar me marcou para sempre.

–Não se esqueça que eu te amo, ok?
–Hyung... não esqueço não... eu também te amo... mas por que me ignorou todo esse tempo?

A imagem do seu rosto sendo encharcados por lágrimas me fazia querer morrer e queimar no inferno pelo resto da eternidade.

–Foi preciso Yeollie... acabou.

As palavras proferidas me machucam até hoje, não tive coragem de ver a reação dele após aquela revelação. Apenas saí correndo, desaparecendo. Eu já tinha tudo preparado, iria passar 5 anos em Londres para me especializar em fotografia, conseguir um bom emprego e se pudesse, esquecer Chanyeol.

Desde aquele dia, eu passava as madrugadas me remoendo, chorando cada vez mais. Bebendo cada vez mais.
Meu companheiro de apartamento, LuHan, era quem me consolava. Só ele sabia o quanto eu ainda amava o garoto ruivo desastrado e hiperativo.

E aqui estou. Culpando Chanyeol pelo meu erro.

••••

BaekHyun suspirou insatisfeito após mais uma sessão com seu psicólogo. Agradeceu a ele mais uma vez pela consulta e saiu do prédio, sentindo a chuva fina caindo sobre seu rosto. Mais um dia comum em Londres, sem nenhuma surpresa.

A chuva veio novamente.

Aproveitaria seu dia de folga para sentar na sua varanda com uma xícara quente de café em cima da mesinha e um bom livro de ficção, lembrando do passado com a vista privilegiada para o rio Tâmisa, sentindo a brisa calma chicotear os fios dos seus cabelos inalando aquele ar típico dos dias chuvosos.

Afinal, ainda amava aquele vagabundo denominado Park Chanyeol.